30/08/2020

Cenas inesquecíveis 05 - O garotão que o pecado quase tragou

 


Hebreus 11.32 a 34 “Que mais direi? Não tenho tempo para falar de Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas, os quais pela fé conquistaram reinos, praticaram a justiça, alcançaram o cumprimento de promessas, fecharam a boca de leões, apagaram o poder do fogo e escaparam do fio da espada; da fraqueza tiraram força, tornaram-se poderosos na batalha e puseram em fuga exércitos estrangeiros”.

A triste história de um herói

Da mitologia grega aos desenhos animados dos canais infantis, de Hércules ao Hulk, os super-heróis são imortais na nossa imaginação. Até os cristãos possuem os seus e, de todos eles, talvez Sansão seja um dos mais admirados pela garotada nas Escolas Bíblicas de Férias. As manchetes de suas histórias não deixam a desejar para as histórias de qualquer super-herói da Marvel ou da DC Comics, com uma diferença, claro! Elas são todas verídicas. Observe:

Juízes 14.5 e 6 “Sansão foi para Timna com seu pai e sua mãe. Quando se aproximavam das vinhas de Timna, de repente um leão forte veio rugindo na direção dele. O Espírito do Senhor apossou-se de Sansão, e ele, sem nada nas mãos, rasgou o leão como se fosse um cabrito. Mas não contou nem ao pai nem à mãe o que fizera”.

Juízes 14.19 “Então o Espírito do Senhor apossou-se de Sansão. Ele desceu a Ascalom, matou trinta homens, pegou as suas roupas e as deu aos que tinham explicado o enigma. Depois, enfurecido, foi para a casa do seu pai”.

Juízes 15.14 a 16 “Quando ia chegando a Leí, os filisteus foram ao encontro dele aos gritos. Mas o Espírito do Senhor apossou-se dele. As cordas em seus braços se tornaram como fibra de linho queimada, e os laços caíram das suas mãos. Encontrando a carcaça de um jumento, pegou a queixada e com ela matou mil homens. Disse ele então: Com uma queixada de jumento fiz deles montões. Com uma queixada de jumento matei mil homens”.

Juízes 16.2 e 3 “Disseram ao povo de Gaza: Sansão está aqui! Então cercaram o local e ficaram à espera dele a noite toda, junto à porta da cidade. Não se moveram a noite inteira, dizendo: Ao amanhecer o mataremos. Sansão, porém, ficou deitado só até à meia-noite. Levantou-se, agarrou firme a porta da cidade, juntamente com os dois batentes, e os arrancou, com tranca e tudo. Pôs tudo nos ombros e levou ao topo da colina que fica defronte de Hebrom”.

Juízes 16.28 a 30 “E Sansão orou ao Senhor: Ó Soberano Senhor, lembra-te de mim! Ó Deus, eu te suplico, dá-me forças, mais uma vez, e faze com que eu me vingue dos filisteus por causa dos meus dois olhos! Então Sansão forçou as duas colunas centrais sobre as quais o templo se firmava. Apoiando-se nelas, tendo a mão direita numa coluna e a esquerda na outra, disse: Que eu morra com os filisteus! Então, ele as empurrou com toda a força, e o templo desabou sobre os líderes e sobre todo o povo que ali estava. Assim, na sua morte, Sansão matou mais homens do que em toda a sua vida”.

Impressionante! No entanto, apesar de tudo isso, a história de Sansão é uma história triste, muito triste. A história de Sansão é a história de um herói que Deus usou apesar de seus fracassos. Deus cumpriu o seu propósito para Israel através da vida de Sansão, mas observar a vida desse homem é assistir a triste história de um herói. A cena memorável de hoje nos apresenta o garotão que o pecado quase tragou. Observemos, pois, a vida dele e vejamos quais lições nós podemos aprender.

1 - Um começo promissor. Sansão era uma grande promessa para Israel, que atravessava momentos lamentáveis de crises e de opressão:

Juízes 13.1 “Os israelitas voltaram a fazer o que o Senhor reprova, e por isso o Senhor os entregou nas mãos dos filisteus durante quarenta anos”.

Repetiu-se a historia do livro de Juízes: O povo de Israel tornou a fazer o que era mal perante o Senhor e todos foram entregues aos filisteus. Os filisteus eram metalúrgicos e suas armas, que eram de ferro, eram mais poderosas do que as armas dos israelitas, que eram de bronze. O valente e poderoso Sansão, portanto, nasceu com a grande promessa de ser quem começaria a libertar Israel das mãos desses bárbaros filisteus. A tarefa seria completada por Saul e Davi.

Juízes 13.2 a 5 “Certo homem de Zorá, chamado Manoá, do clã da tribo de Dã, tinha mulher estéril. Certo dia o anjo do Senhor apareceu a ela e lhe disse: Você é estéril, não tem filhos, mas engravidará e dará à luz um filho. Todavia, tenha cuidado, não beba vinho nem outra bebida fermentada, e não coma nada impuro; e não se passará navalha na cabeça do filho que você vai ter, porque o menino será nazireu, consagrado a Deus desde o nascimento; ele iniciará a libertação de Israel das mãos dos filisteus”.

Sansão foi criado em um lar que temia ao Senhor (Juízes 13.15 a 23). Seu pai era um homem de oração (Juízes 13.8) e sua mãe era uma mulher de imensa maturidade espiritual (Juízes 13.22 e 23).

Juízes 13.6 a 8, 21 a 25 “Então a mulher foi contar tudo ao seu marido: Um homem de Deus veio falar comigo. Era como um anjo de Deus, de aparência impressionante. Não lhe perguntei de onde tinha vindo, e ele não me disse o seu nome, mas ele me assegurou: Você engravidará e dará à luz um filho. Todavia, não beba vinho nem outra bebida fermentada, e não coma nada impuro, porque o menino será nazireu, consagrado a Deus, desde o nascimento até o dia da sua morte. Então Manoá orou ao Senhor: Senhor, eu te imploro que o homem de Deus que enviaste volte para nos instruir sobre o que fazer com o menino que vai nascer”; “Como o Anjo do Senhor não voltou a manifestar-se a Manoá e à sua mulher, Manoá percebeu que era o Anjo do Senhor. Sem dúvida vamos morrer! Disse ele à mulher, pois vimos a Deus! Mas a sua mulher respondeu: Se o Senhor tivesse a intenção de nos matar, não teria aceitado o holocausto e a oferta de cereal das nossas mãos, nem nos teria mostrado todas essas coisas, nem nos teria revelado o que agora nos revelou. A mulher deu à luz um menino e pôs-lhe o nome de Sansão. Ele cresceu, e o Senhor o abençoou, e o Espírito do Senhor começou a agir nele quando ele se achava em Maané-Dã, entre Zorá e Estaol”.

Sansão foi educado por pais dedicados e preocupados em discernir corretamente a vontade de Deus para a vida da família (Juízes 13.3 a 14). Todos se abstiveram de varias coisas em benefício da criança, conforme requeria o voto nazireu (Juízes 13.4 e 5). A mãe e o pai mantinham um diálogo saudável (Juízes 13.6 e 7) e juntos buscavam em Deus todos os recursos necessários para melhor educar o filho (Juízes 13.8 a 14). Sansão seria um nazireu consagrado a Deus (Juízes 13.5), o que significava que desde sempre ele se: Absteria do vinho para manter a sobriedade necessária para compreender e guardar a Lei; não tocaria em cadáver para testificar que ele vivia uma vida pura, sem contaminações; não cortaria o cabelo para demonstrar visivelmente sua dedicação ao Senhor e publicamente confessar que o seu vigor vinha de Deus.

Sobre o voto nazireu: Se o serviço prestado à casa de Deus era privilégio apenas dos homens da tribo de Levi e o sacerdócio privilégio apenas da casa de Arão, o Senhor decidiu dar uma oportunidade de consagração de vida a todos que o quisessem servir com maior esmero, daí o nazireado (Números 6.1 a 8).

Os pais educam e o filho cresce: Sansão nasceu como uma grande promessa, face a imensas oportunidade; nasceu num lar temente a Deus, de pais decididos a educá-lo da melhor forma possível, no temor do Senhor; ele começa a vida com uma dedicação inigualável ao Senhor; mas quando chegou o momento dele sair do ninho, ele escolheu trilhar um caminho pervertido. É quando começa a triste história desse herói. Fica uma grande lição aos pais e à igreja: Devemos dedicar toda a nossa vida irrestritamente ao Senhor e servir de modelo aos nossos filhos e discípulos; temos que investir da melhor forma que pudermos na educação deles; precisamos discipulá-los da melhor maneira que conseguirmos, mas se ainda assim eles escolherem um caminho de morte isso se dará pelo fato de que somos seres com vontade e decisão próprias.

2 - Um Caminho pervertido. Vejamos o caminho de perversão trilhado por Sansão. Sansão não mediu esforços para saciar a cobiça do seu coração (Juízes 14.1 a 4; 16.1; 16.4). A primeira descrição que se faz dele fora da casa de seus pais é que ele desceu e viu uma mulher (Juízes 14.1), desconsiderou o desejo dos pais (Juízes 14.2-3) e quebrou o mandamento do Senhor (não possuir mulheres da terra de Canaã, Deuteronômio 7.1 a 4). Sansão passou a vida saciando seus impulsos carnais; não via virtudes, apenas atendia aos seus impulsos:

Juízes 14.1 a 4 Sansão desceu a Timna e viu ali uma mulher do povo filisteu. Quando voltou para casa, disse a seu pai e a sua mãe: Vi uma mulher filistéia em Timna; consigam essa mulher para ser minha esposa. Seu pai e sua mãe lhe perguntaram: Será que não há mulher entre os seus parentes ou entre todo o seu povo? Você tem que ir aos filisteus incircuncisos para conseguir esposa? Sansão, porém, disse ao pai: Consiga-a para mim. É ela que me agrada. Seus pais não sabiam que isso vinha do Senhor, que buscava ocasião contra os filisteus; pois naquela época eles dominavam Israel”.

Juízes 16.1 a 4 “Certa vez Sansão foi a Gaza, viu ali uma prostituta, e passou a noite com ela. Disseram ao povo de Gaza: Sansão está aqui! Então cercaram o local e ficaram à espera dele a noite toda, junto à porta da cidade. Não se moveram a noite inteira, dizendo: Ao amanhecer o mataremos. Sansão, porém, ficou deitado só até à meia-noite. Levantou-se, agarrou firme a porta da cidade, juntamente com os dois batentes, e os arrancou, com tranca e tudo. Pôs tudo nos ombros e levou ao topo da colina que fica defronte de Hebrom. Depois dessas coisas, ele se apaixonou por uma mulher do vale de Soreque, chamada Dalila”.

Sansão amava um rabo de saia e não mediu esforços para saciar a cobiça do coração. Sansão relativizou todos os conteúdos que ele havia aprendido das Escrituras e os manuseou como melhor lhe parecia (Juízes 14.5 a 9; 16.17), ele quebrou o voto nazireu: Não saia das vinhas (vale de Timna, Juízes 14.5); contaminou-se com o cadáver do leão (Juízes 14.8 e 9, note que ele decidiu não contar para os pais de onde vinha o mel: Na cabaça dele estava tudo ok, mas, como os pais nunca entenderiam, ele decidiu não contar a origem do produto); o único voto que ele achava estar guardando era o de não permitir que seu cabelo fosse cortado (Juízes 16.17).

Juízes 16.17 “Por isso ele lhe contou o segredo: Jamais se passou navalha em minha cabeça, disse ele, pois sou nazireu, desde o ventre materno. Se fosse rapado o cabelo da minha cabeça, a minha força se afastaria de mim, e eu ficaria tão fraco quanto qualquer outro homem”.

Tendo quebrado todos os outros votos, por que não quebrou mais este? Por que ele nunca cortou o cabelo? É que o cabelo era o único sinal visível do voto nazireu na vida dele. Sansão vivia uma religião de faz de conta. O problema com sinais sem vida é que, conforme nós verificamos na vida de Sansão, eles não nos livram de cair no pecado. Sansão parecia um nazireu, pois seu cabelo era longo, mas vivia como um filisteu, pois era guiado pelos olhos contaminados do coração. Em outras palavras: fazia tudo o que não podia e não devia e, quando dava, ia à igreja e se dizia crente. Sansão relativizou todos os conteúdos que ele havia aprendido das Escrituras. Sansão se entregou ao descompromisso, à irreverência e ao descontrole de seus contemporâneos filisteus (Juízes 14. 8 a 19). Ele promoveu baladas para os seus chegados filisteus, fez charadas e, quando contrariado agiu como um animal.

Juízes 14.8 a 20 “Algum tempo depois, quando voltou para casar-se com ela, Sansão saiu do caminho para olhar o cadáver do leão, e nele havia um enxame de abelhas e mel. Tirou o mel com as mãos e o foi comendo pelo caminho. Quando voltou aos seus pais, repartiu com eles o mel, e eles também comeram. Mas não lhes contou que tinha tirado o mel do cadáver do leão. Seu pai desceu à casa da mulher, e Sansão deu ali uma festa, como era costume dos noivos. Quando ele chegou, trouxeram-lhe trinta rapazes para o acompanharem na festa. Vou propor-lhes um enigma, disse-lhes Sansão. Se vocês puderem dar-me a resposta certa durante os sete dias da festa, então eu lhes darei trinta vestes de linho e trinta mudas de roupas. Se não conseguirem dar-me a resposta, vocês me darão trinta vestes de linho e trinta mudas de roupas. Proponha-nos o seu enigma, disseram. Vamos ouvi-lo. Disse ele então: Do que come saiu comida; do que é forte saiu doçura. Durante três dias eles não conseguiram dar a resposta. No quarto dia disseram à mulher de Sansão: Convença o seu marido a explicar o enigma. Caso contrário, poremos fogo em você e na família de seu pai, e vocês morrerão. Você nos convidou para nos roubar? Então a mulher de Sansão implorou-lhe aos prantos: Você me odeia! Você não me ama! Você deu ao meu povo um enigma, mas não me contou a resposta! Nem a meu pai e à minha mãe expliquei o enigma, respondeu ele. Por que deveria explicá-lo a você? Ela chorou durante o restante da semana da festa. Por fim, no sétimo dia, ele lhe contou, pois ela continuava a perturbá-lo. Ela, por sua vez, revelou o enigma ao seu povo. Antes do pôr-do-sol do sétimo dia, os homens da cidade vieram lhe dizer: O que é mais doce que o mel? O que é mais forte que o leão? Sansão lhes disse: Se vocês não tivessem arado com a minha novilha, não teriam solucionado o meu enigma. Então o Espírito do Senhor apossou-se de Sansão. Ele desceu a Ascalom, matou trinta homens, pegou as suas roupas e as deu aos que tinham explicado o enigma. Depois, enfurecido, foi para a casa do seu pai. E a mulher de Sansão foi dada ao amigo que tinha sido o acompanhante dele no casamento”.

Além disso, tudo, Sansão se deixou dominar pela ira e pela vingança. Como ele era temperamental! Conforme já lemos, ele emburrou, voltou para a casa do papai e abandonou a noiva no altar (Juízes 14.15-20). Depois, agiu por vingança:

Juízes 15.1 a 8 “Algum tempo depois, na época da colheita do trigo, Sansão foi visitar a sua mulher e levou-lhe um cabrito. Vou ao quarto da minha mulher, disse ele. Mas o pai dela não quis deixá-lo entrar. Eu estava tão certo de que você a odiava, disse ele, que a dei ao seu amigo. A sua irmã mais nova não é mais bonita? Fique com esta no lugar da irmã. Sansão lhes disse: Desta vez ninguém poderá me culpar quando acertar as contas com os filisteus! Então saiu, capturou trezentas raposas e as amarrou aos pares pela cauda. Depois prendeu uma tocha em cada par de caudas, acendeu as tochas e soltou as raposas no meio das plantações dos filisteus. Assim ele queimou os feixes, o cereal que iam colher, e também as vinhas e os olivais. Os filisteus perguntaram: Quem fez isso? Responderam-lhes: Foi Sansão, o genro do timnita, porque a sua mulher foi dada ao seu amigo. Então os filisteus foram e queimaram a mulher e seu pai. Sansão lhes disse: "Já que fizeram isso, não sossegarei enquanto não me vingar de vocês. Ele os atacou sem dó nem piedade e fez terrível matança. Depois desceu e ficou numa caverna da rocha de Etã”.

Quanta diferença de Davi que, quando enfrentou os filisteus, agiu pelo zelo que tinha pelo Senhor Deus de Israel:

1 Samuel 17.26 “Davi perguntou aos soldados que estavam ali ao seu lado: "O que receberá o homem que matar esse filisteu e salvar a honra de Israel? Quem é esse filisteu incircunciso para desafiar os exércitos do Deus vivo”?

Sansão era um inconsequente que, dominado pela ira e pelo desejo de vingança, sempre colocava todos, Israel e a família que o amava, em situação de risco.

Juízes 15.9 a 13 “Os filisteus foram para Judá e lá acamparam, espalhando-se pelas proximidades de Leí. Os homens de Judá perguntaram: Por que vocês vieram lutar contra nós? Eles responderam: Queremos levar Sansão amarrado, para tratá-lo como ele nos tratou. Três mil homens de Judá desceram então à caverna da rocha de Etã e disseram a Sansão: Você não sabe que os filisteus dominam sobre nós? Você viu o que nos fez? Ele respondeu: Fiz a eles apenas o que eles me fizeram. Disseram-lhe: Viemos amarrá-lo para entregá-lo aos filisteus". Sansão disse: "Jurem-me que vocês mesmos não me matarão. Certamente que não! Responderam. Somente vamos amarrá-lo e entregá-lo nas mãos deles. Não o mataremos. E o prenderam com duas cordas novas e o fizeram sair da rocha”.

Sansão, na verdade, era um arruaceiro:

Juízes 16.1 a 4 Certa vez Sansão foi a Gaza, viu ali uma prostituta, e passou a noite com ela. Disseram ao povo de Gaza: "Sansão está aqui! Então cercaram o local e ficaram à espera dele a noite toda, junto à porta da cidade. Não se moveram a noite inteira, dizendo: Ao amanhecer o mataremos. Sansão, porém, ficou deitado só até à meia-noite. Levantou-se, agarrou firme a porta da cidade, juntamente com os dois batentes, e os arrancou, com tranca e tudo. Pôs tudo nos ombros e levou ao topo da colina que fica defronte de Hebrom. Depois dessas coisas, ele se apaixonou por uma mulher do vale de Soreque, chamada Dalila”.

Sansão era tão carnal, que não se dava conta do poder de Deus sobre a vida dele (Juízes 15.12) nem se percebeu quando Deus o entregou a si mesmo. Veja como é triste:

Juízes 16.20 “Então ela chamou: Sansão, os filisteus o estão atacando! Ele acordou do sono e pensou: Sairei como antes e me livrarei. Mas não sabia que o Senhor o tinha deixado”.

Mais uma vez, que diferença entre Sansão (o todo-poderoso autossuficiente garotão) de Davi (o homem segundo o coração de Deus), que sempre foi consciente de que sua força vinha do Senhor (1 Samuel 17.31 a 40, 45 e 47). Para Sansão, a sua força vinha dele mesmo (Juízes 15.15 e 16), por ele manter seu cabelo longo (Juízes 16.17); ele entendia que tudo lhe era permitido fazer, desde que o cabelo não fosse cortado, como muitos que fazem o que lhes dão na cabeça e de quando em tempo vão à uma programação especial na igreja e pensam estar tudo bem. A tristeza, no caso de Sansão, é que sua força se foi e ele nem sabia disso (Juízes 16.20); nem se deu conta de que Deus não era mais com ele. Lamentavelmente, é como muitos que morrem espiritualmente e acham que ainda estão vivos, fortes e vigorosos. Na verdade, gente assim, nunca foi crente!

3 - Uma cicatriz profunda. Tendo visto o futuro promissor e o caminho pervertido de Sansão, vejamos agora a cicatriz profunda que ficou na vida dele. Nem é preciso dizer o quanto aquele garotão fez seus pais e familiares sofrerem (Juízes 14.2 e 3; 16.31). Também não precisamos destacar como ele viveu uma vida turbulenta, cheia de intrigas, desavenças e perseguições, tudo fruto de seu estilo de vida carnal e violento. O mais triste, porém, é observar como Sansão se entregou de mãos beijadas aos seus inimigos. Observe:

Juízes 16.18 a 21; 23 a 27 “Quando Dalila viu que Sansão lhe tinha contado todo o segredo, enviou esta mensagem aos líderes dos filisteus: Subam mais esta vez; pois ele me contou todo o segredo. Os líderes dos filisteus voltaram a ela levando a prata. Fazendo-o dormir no seu colo, ela chamou um homem para cortar as sete tranças do cabelo dele, e assim começou a subjugá-lo. E a sua força o deixou. Então ela chamou: Sansão, os filisteus o estão atacando! Ele acordou do sono e pensou: Sairei como antes e me livrarei. Mas não sabia que o Senhor o tinha deixado. Os filisteus o prenderam, furaram os seus olhos e o levaram para Gaza. Prenderam-no com algemas de bronze, e o puseram a girar um moinho na prisão”; Então os líderes dos filisteus se reuniram para oferecer um grande sacrifício a seu deus Dagom e para festejar, comemorando: O nosso deus entregou o nosso inimigo Sansão em nossas mãos. Quando o povo o viu, louvou o seu deus: O nosso deus nos entregou o nosso inimigo, o devastador da nossa terra, aquele que multiplicava os nossos mortos. Com o coração cheio de alegria, gritaram: Tragam-nos Sansão para nos divertir! E mandaram trazer Sansão da prisão, e ele os divertia. Quando o puseram entre as colunas, Sansão disse ao jovem que o guiava pela mão: Ponha-me onde eu possa apalpar as colunas que sustentam o templo, para que eu me apoie nelas. Homens e mulheres lotavam o templo; todos os líderes dos filisteus estavam presentes, e no alto, na galeria, havia cerca de três mil homens e mulheres vendo Sansão, que os divertia”.

O escárnio do inimigo era a marca da vida de Sansão. Ele viveu e morreu cego.

4 - Uma chance proporcionada. Seria esse o fim de Sansão se não fosse pela graça de Deus. Afinal, com o Senhor, sempre existe chance de recomeço:

Juízes 16.21 e 22 “Os filisteus o prenderam, furaram os seus olhos e o levaram para Gaza. Prenderam-no com algemas de bronze, e o puseram a girar um moinho na prisão. Mas, logo o cabelo da sua cabeça começou a crescer de novo”.

Com o cabelo de Sansão crescia nova oportunidade de quebrantamento e recomeço. Deus sempre ouve o clamor de um coração quebrantado:

Juízes 16.27 a 30 “Homens e mulheres lotavam o templo; todos os líderes dos filisteus estavam presentes, e no alto, na galeria, havia cerca de três mil homens e mulheres vendo Sansão, que os divertia. E Sansão orou ao Senhor: Ó Soberano Senhor, lembra-te de mim! Ó Deus, eu te suplico, dá-me forças, mais uma vez, e faze com que eu me vingue dos filisteus por causa dos meus dois olhos! Então Sansão forçou as duas colunas centrais sobre as quais o templo se firmava. Apoiando-se nelas, tendo a mão direita numa coluna e a esquerda na outra, disse: Que eu morra com os filisteus! Então, ele as empurrou com toda a força, e o templo desabou sobre os líderes e sobre todo o povo que ali estava. Assim, na sua morte, Sansão matou mais homens do que em toda a sua vida”.

Deus é gracioso, pois além de salvar o pecador, ele usa até os fracassos dele para fazer cumprir os seus planos soberanos (Juízes 13.4; 16.30). O pecado, Deus sempre perdoa, quando nós nos arrendemos e o buscamos com fé. As cicatrizes, porém, ficam na pele. Há uma história, narrada por Jaime Kemp, que conta sobre como o esquimó (habitante do entorno do Círculo Polar Ártico) caça e mata o lobo, e que ilustra muito bem o poder destrutivo do pecado. Observe:

“O esquimó espalha uma camada de sangue de animal sobre a lâmina de uma faca bem afiada. Depois a congela e repete este processo até que a faca tenha se tornado um picolé de sangue, onde a lâmina fica bem escondida e imperceptível naquele “sorvete de sangue”. O próximo passo é fixar a faca no chão, com a lâmina voltada para cima, permitindo que o sangue fique visível. O lobo, seguindo seu faro natural, descobre a isca. Ele lambe o sangue congelado e, impelido pelo seu apetite voraz, lambe cada vez mais intensa, ambiciosa e impacientemente o picolé de sangue. Em poucos minutos ele comeu todas as camadas de sangue congelado, e a lâmina da faca já pode ser vista e tocada. Porém, seu desejo por um banquete não o deixa perceber que a faca está cortando sua língua e garganta. Então ele passa a devorar seu próprio sangue. Seu apetite carnívoro é tão incontrolável que ele se autodestrói. Pela manhã seu corpo está inerte. Ele está morto sobre a neve, aguardando o caçador esquimó para apanhá-lo”.

O garotão que o pecado quase tragou

Permitam-me terminar com algumas pinceladas de aplicação prática:

Não desperdice o privilégio de ter nascido num lar cristão; não despreze a educação recebida dos pais, especialmente se ela foi cristã; não jogue fora a oportunidade abençoada de viver uma vida consagrada ao Senhor; fique atento às suas fraquezas e lute contra elas. Lembre-se: o inimigo sabia mais das fraquezas de Sansão do que ele mesmo conseguia perceber, é tanto que ele sempre usou mulheres nos momentos cruciais da vida de Sansão, até o dia em que furou os seus olhos. O inimigo fez-lhe um favor.

Se você fracassou e tem vivido na pior, clame pelo Deus de Sansão. Recomece sua vida com Deus: pare de saciar a cobiça dos olhos; de relativizar e de distorcer as Escrituras em benefício próprio; abandone o descompromisso e a irreverência dos seus contemporâneos; não se deixe dominar pelos impulsos do coração; reconheça que todo dom perfeito na sua vida vem do Senhor e não de você mesmo.

Sansão foi lembrado como homem de fé porque clamou pelo socorro de Deus; pela fé ele aprendeu a tirar força da fraqueza (Hebreus 11.32 a 34). No entanto, foi preciso Deus cegá-lo para ele descobrir que andava cego; foi preciso Deus torná-lo escravo para ele ver que a vida só vale a pena ser vivida quando se vive para servir a Deus e o próximo; foi preciso Deus abandoná-lo para ele descobrir que o Senhor está sempre perto daqueles que o invocam com arrependimento e fé; foi preciso morrer para a vida valer a pena.

Você consegue ver o Evangelho na vida de Sansão? O garotão, o filho pródigo que deixou a casa do Pai, aquele que o pecado quase tragou, finalmente caiu em si e clamou pela graça de Deus. Voltando para casa, descobriu o Pai de braços abertos para recebê-lo! E você, o que fará?

Fonte: sibgoiania

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