25/08/2020

Atos dos apóstolos 04 - Os perigos para operação grande comissão

 

Atos 1.1 a 26

“Em meu livro anterior, Teófilo, escrevi a respeito de tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar, até o dia em que foi elevado aos céus, depois de ter dado instruções por meio do Espírito Santo aos apóstolos que havia escolhido. Depois do seu sofrimento, Jesus apresentou-se a eles e deu-lhes muitas provas indiscutíveis de que estava vivo. Apareceu-lhes por um período de quarenta dias falando-lhes acerca do Reino de Deus”.

A operação grande comissão

Recapitulando: O plano de Deus para a história diz respeito ao cumprimento da grande comissão (Mateus 28.16 a 20). A história que realmente importa ou o sentido da história está claramente destacado em Atos dos Apóstolos, pois lá é que se vê que Deus está desenrolando a história humana através da vida de seus discípulos no avanço da operação grande comissão.

Para ser bem-sucedida, a operação grande comissão precisa de alvo, mandado, credenciais e pessoas enviadas. Tudo isso também foi visto na semana passada.

Hoje, retomando Atos 1, nós veremos as forças que lutam para barrar a operação grande comissão. São pelo menos seis.

1 - A cegueira espiritual

Antes mesmo de Jesus ser elevado aos céus e de os apóstolos colocarem os pés nas ruas para operarem o mandado divino, o primeiro perigo para a operação grande comissão já estava latente, qual seja: a cegueira espiritual.

Atos 1.4 a 8 “Certa ocasião, enquanto comia com eles, deu-lhes esta ordem: Não saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu Pai, da qual lhes falei. Pois João batizou com água, mas dentro de poucos dias vocês serão batizados com o Espírito Santo. Então os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel? Ele lhes respondeu: Não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade. Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”.

Os apóstolos revelaram estar cegos para três verdades relativas ao reino de Deus (A mensagem de Atos, John Stott, Atos 1.6 a 26).

1.a - O reino de Deus é espiritual quanto ao caráter

Eles queriam “restaurar o reino a Israel” (versículo 6). O conceito deles era territorial. Sonhavam com o domínio político, o restabelecimento da monarquia e a libertação de Israel do jugo colonial de Roma.

O reino de Deus, porém, é diferente dos reinos humanos. A forma de se exercer o poder é diferente. A referência ao Espírito Santo define sua natureza. O reino de Deus são os mandamentos de Deus estabelecidos na vida de seu povo através do Espírito. O reino de Deus não se identifica com qualquer ideologia política ou social, apesar de, pelos seus valores, conflitar com tudo quanto se opõe à verdade de Deus nas Escrituras.

O reino de Deus é espiritual, não territorial, quanto ao seu caráter.

1.b - O reino de Deus é internacional quanto aos seus membros

Os apóstolos ainda nutriam aspirações limitadas, nacionalistas. Queriam ver os judeus ganhando independência, como acontecera na vitória dos Macabeus sobre os sírios no século 2 a.C. O reino de Deus, no entanto, é para todos os povos: de Jerusalém, passando por Judeia e Samaria, até os confins da terra.

1.c - O reino de Deus é gradual quanto à expansão

Os apóstolos queriam saber quanto ao tempo: Atos 1.6 “Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel”. Jesus, porém, abafa a curiosidade e a impaciência, informando-lhes o que realmente importa saber: Ter poder para chegar aos confins da terra.

Atos 1.7 a 8 “Ele lhes respondeu: Não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade. Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”.

A cegueira espiritual nos impede de enxergar que o reino de Deus é:

É espiritual quanto ao caráter: Não são propriedades, prédios ou programas que importam, mas pessoas com a Palavra de Deus no coração, praticando a verdade em amor, transformando a sociedade de dentro para fora.

É internacional quanto aos seus membros: Todos precisam ser alcançados. Não apenas um grupo específico. Não apenas uma classe econômica ou social. Não apenas uma faixa etária. Todos precisam vir a Cristo e para a comunhão da igreja.

É gradual quanto à expansão: No poder do Espírito Santo, sem afobação e sem impaciência, a igreja avança até alcançar os confins da terra.

A igreja deve enxergar o perigo da cegueira espiritual.

2 - O comodismo dos crentes

No momento em que Jesus foi elevado aos céus, os apóstolos enfrentaram o segundo perigo para a Operação grande comissão: o comodismo dos crentes.

Atos 1.9 a 11 “Tendo dito isso, foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu da vista deles. E eles ficaram com os olhos fixos no céu enquanto ele subia. De repente surgiram diante deles dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado aos céus, voltará da mesma forma como o viram subir”.

A primeira implicação desse relato parece ser que eles não trarão Jesus de volta olhando para o céu. Jesus se foi e eles devem deixá-lo ir, chegou a hora de desmamar. Virá o Espírito Santo, o Consolador. No tempo de Deus, Jesus voltará da mesma forma que ele foi elevado aos céus.

A segunda implicação é que eles não poderiam se acomodar, deveriam continuar sendo testemunhas, pois esse era o comissionamento.

O comodismo dos crentes não pode parar a grande comissão. A espiritualidade cristã não é do tipo que para tudo e fica olhando para o céu. Temos que, imediatamente, começar a fazer discípulos, batizando-os e ensinando-os a guardas as palavras de Jesus.

3 - O conflito dos membros

Assim que Jesus subiu aos céus e os discípulos levaram a bronca dos anjos, eles ficaram olhando um para a cara do outro. Justamente aí é que nascia o terceiro perigo para a operação grande comissão.

Atos 1.12 a 14 “Então eles voltaram para Jerusalém, vindo do monte chamado das Oliveiras, que fica perto da cidade, cerca de um quilômetro. Quando chegaram, subiram ao aposento onde estavam hospedados. Achavam-se presentes Pedro, João, Tiago e André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o zelote, e Judas, filho de Tiago. Todos eles se reuniam sempre em oração, com as mulheres, inclusive Maria, a mãe de Jesus, e com os irmãos dele”.

Já pensou como teria sido difícil para eles conviverem bem, em meio a tanta diversidade?

Pedro, como sabemos, era impulsivo, inconstante, falante e muitas vezes atrevido. Quarenta dias antes, ele havia negado a Jesus e, depois, graciosamente, foi restaurado pelo Senhor.

João era da paz, mas quando estourava desejava que fogo descesse do céu na cabeça das pessoas que o contrariavam.

Tiago, a companhia preferida de Pedro e João, foi o primeiro a selar sua fé com o próprio sangue.

André, o primeiro dos apóstolos de quem o nome nós conhecemos, o que levou o próprio irmão, Pedro, a Jesus. Aquele que, aliás, sempre levava as pessoas a Cristo. O evangelista.

Filipe, que havia levado Natanael a Jesus, também estava lá. Ele e André tinham sido os primeiros a seguirem Jesus. (Membro fundador)

Tomé, que duvidou da palavra dos demais apóstolos, estava lá.

Bartolomeu estava lá. Há quem diga ser ele o mesmo Natanael que disse de Jesus o seguinte: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré”

Mateus, o ex-publicano e autor do primeiro evangelho, estava lá.

Tiago, filho do famoso Alfeu, estava lá. (Mauricinho)

Simão, o zelote, ex-revolucionário, estava lá.

Judas, filho de Tiago, estava lá.

Além dos onze apóstolos que sobraram, pois Judas Iscariotes já havia debandado, havia as mulheres (ricas e pobres, de diferentes contextos sociais, por exemplo: Maria Madalena, mulher que veio do mundo e Maria mãe de Jesus, mulher de grande valor ético e moral).

Além dos onze e das mulheres, o texto fala dos irmãos de Jesus que estavam presentes no cenáculo. Aqueles mesmos que duvidavam de Jesus (João 7.5), mas que agora estavam crendo nele.

Imaginem! Teria sido impossível a convivência entre eles se não tivessem aprendido, em amor, a superar as diferenças e a perdoar os pecados. Juntos, deveriam viver acolhendo, compartilhando e encorajando uns aos outros. Foi o que eles fizeram na Igreja Primitiva. Que bela lição! Para prosperar, a operação grande comissão precisará superar os conflitos dos membros.

4 - A cobiça do coração

Atos 1.15 a 19 “Naqueles dias Pedro levantou-se entre os irmãos, um grupo de cerca de cento e vinte pessoas, e disse: Irmãos era necessário que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse por boca de Davi, a respeito de Judas, que serviu de guia aos que prenderam Jesus. Ele foi contado como um dos nossos e teve participação neste ministério. Com a recompensa que recebeu pelo seu pecado, Judas comprou um campo. Ali caiu de cabeça, seu corpo partiu-se ao meio, e as suas vísceras se derramaram. Todos em Jerusalém ficaram sabendo disso, de modo que, na língua deles, esse campo passou a chamar-se Aceldama, isto é, campo de Sangue”.

A cobiça roubou o coração de Judas, fê-lo brigar quando era para servir e, por fim, o destruiu com morte eterna. A cobiça do coração, ainda hoje, tem parado muitos crentes e igrejas. Pessoas que desperdiçam os melhores anos de suas vidas, as melhores horas de seu dia, o que são e o que têm com o reino desta terra.

O que o seu coração tem amado? Que tempo há em sua agenda para pessoas?

5 - O contra-ataque do diabo

O quinto perigo para a operação grande comissão é o contra-ataque do diabo. Não está explícito em Atos 1, mas o vemos claramente noutros textos, como, por exemplo, no evangelho de João. (Veremos também ao longo de Atos).

João 6.70 e 71 “Então Jesus respondeu: Não fui eu que os escolhi, os Doze? Todavia, um de vocês é um diabo! (Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, que, embora fosse um dos Doze, mais tarde haveria de traí-lo)".

Potencializando os pecados do nosso coração: Cobiça, conflitos, comodismo e cegueira, há os contra-ataques do diabo que se infiltram no nosso meio quando a ele damos espaço. Isto é: Através de doutrinas de demônios, quando se ama o presente século, ao alimentar ressentimento no coração, ao roubar a glória que é só de Cristo. Porém, apesar dos contra-ataques do diabo, as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja de Jesus Cristo.

6 - A carência de voluntários

A parte final de Atos 1, a escolha de Matias, revela um perigo velado. Sempre que alguém se tomba, sempre que alguém cai ou morre, fica vago o lugar daquela pessoa. Graças a Deus que a Igreja Primitiva tinha entre dois nomes para escolher e colocar no lugar de Judas Iscariotes.

Atos 1.21 a 26 ‘Portanto, é necessário que escolhamos um dos homens que estiveram conosco durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, desde o batismo de João até o dia em que Jesus foi elevado dentre nós às alturas. É preciso que um deles seja conosco testemunha de sua ressurreição. Então indicaram dois nomes: José, chamado Barsabás, também conhecido como Justo, e Matias. Depois oraram: Senhor, tu conheces o coração de todos. Mostra-nos qual destes dois tens escolhido para assumir este ministério apostólico que Judas abandonou, indo para o lugar que lhe era devido. Então tiraram sortes, e a sorte caiu sobre Matias, assim, ele foi acrescentado aos onze apóstolos”.

Que privilégio o daqueles irmãos. Eles tinham “peças de reposição”. Havia discípulos habilitados para seguirem com a grande comissão, gente disposta a se dar e a servir. Hoje, infelizmente, não é bem assim. Falta gente que conheça Jesus, a doutrina, a história e que se dispõe a servir. Todos querem ser servidos. A carência de voluntários pode sim reduzir a velocidade da operação grande comissão.

Os perigos para a operação grande comissão

Pois bem, eis os perigos:

A cegueira espiritual. O comodismo dos crentes. Os conflitos dos membros. A cobiça do coração. O contra-ataque do diabo. A carência de voluntários.

Examine-se: Qual desses é (ou são) o seu maior problema? Para a igreja, quais são?

Esforce-se: Como devemos reagir?

Ouvindo - Aprenda e obedeça a Palavra de Deus.

Orando - Peça a visão de Deus. Ganhe as batalhas em oração.

Oferecendo-se - Disponha-se a aprender.

Ofertando - Rompa com o amor ao dinheiro.

Operando - Aja, faça, envolva-se no poder de Deus.

Que Deus nos abençoe e nos faça romper com os perigos para prosperarmos com o avanço da Operação grande comissão.

Fale comigo: mapirola@yahoo.com

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