Atos 1.1 a 26
“Em meu livro anterior, Teófilo, escrevi a respeito de tudo
o que Jesus começou a fazer e a ensinar, até o dia em que foi elevado aos céus,
depois de ter dado instruções por meio do Espírito Santo aos apóstolos que
havia escolhido. Depois do seu sofrimento, Jesus apresentou-se a eles e
deu-lhes muitas provas indiscutíveis de que estava vivo. Apareceu-lhes por um
período de quarenta dias falando-lhes acerca do Reino de Deus”.
A operação grande comissão
Recapitulando: O plano de Deus para a história diz respeito
ao cumprimento da grande comissão (Mateus 28.16 a 20). A história que realmente
importa ou o sentido da história está claramente destacado em Atos dos
Apóstolos, pois lá é que se vê que Deus está desenrolando a história humana
através da vida de seus discípulos no avanço da operação grande comissão.
Para ser bem-sucedida, a operação grande comissão precisa de
alvo, mandado, credenciais e pessoas enviadas. Tudo isso também foi visto na
semana passada.
Hoje, retomando Atos 1, nós veremos as forças que lutam para
barrar a operação grande comissão. São pelo menos seis.
1 - A cegueira espiritual
Antes mesmo de Jesus ser elevado aos céus e de os apóstolos
colocarem os pés nas ruas para operarem o mandado divino, o primeiro perigo
para a operação grande comissão já estava latente, qual seja: a cegueira
espiritual.
Atos 1.4 a 8 “Certa ocasião, enquanto comia com eles,
deu-lhes esta ordem: Não saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu
Pai, da qual lhes falei. Pois João batizou com água, mas dentro de poucos dias
vocês serão batizados com o Espírito Santo. Então os que estavam reunidos lhe
perguntaram: Senhor é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel? Ele lhes
respondeu: Não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu
pela sua própria autoridade. Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer
sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e
Samaria, e até os confins da terra”.
Os apóstolos revelaram estar cegos para três verdades
relativas ao reino de Deus (A mensagem de Atos, John Stott, Atos 1.6 a 26).
1.a - O reino de Deus é espiritual quanto ao caráter
Eles queriam “restaurar o reino a Israel” (versículo 6). O
conceito deles era territorial. Sonhavam com o domínio político, o
restabelecimento da monarquia e a libertação de Israel do jugo colonial de
Roma.
O reino de Deus, porém, é diferente dos reinos humanos. A
forma de se exercer o poder é diferente. A referência ao Espírito Santo define
sua natureza. O reino de Deus são os mandamentos de Deus estabelecidos na vida
de seu povo através do Espírito. O reino de Deus não se identifica com qualquer
ideologia política ou social, apesar de, pelos seus valores, conflitar com tudo
quanto se opõe à verdade de Deus nas Escrituras.
O reino de Deus é espiritual, não territorial, quanto ao seu
caráter.
1.b - O reino de Deus é internacional quanto aos seus
membros
Os apóstolos ainda nutriam aspirações
limitadas, nacionalistas. Queriam ver os judeus ganhando independência, como
acontecera na vitória dos Macabeus sobre os sírios no século 2 a.C. O reino de
Deus, no entanto, é para todos os povos: de Jerusalém, passando por Judeia e
Samaria, até os confins da terra.
1.c - O reino de Deus é gradual quanto à expansão
Os apóstolos queriam saber quanto ao tempo: Atos 1.6
“Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel”. Jesus, porém,
abafa a curiosidade e a impaciência, informando-lhes o que realmente importa
saber: Ter poder para chegar aos confins da terra.
Atos 1.7 a 8 “Ele lhes respondeu: Não lhes compete saber os
tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade. Mas
receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas
testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da
terra”.
A cegueira espiritual nos impede de enxergar que o reino de
Deus é:
É espiritual quanto ao caráter: Não são propriedades,
prédios ou programas que importam, mas pessoas com a Palavra de Deus no
coração, praticando a verdade em amor, transformando a sociedade de dentro para
fora.
É internacional quanto aos seus membros: Todos precisam ser
alcançados. Não apenas um grupo específico. Não apenas uma classe econômica ou
social. Não apenas uma faixa etária. Todos precisam vir a Cristo e para a
comunhão da igreja.
É gradual quanto à expansão: No poder do Espírito Santo, sem
afobação e sem impaciência, a igreja avança até alcançar os confins da terra.
A igreja deve enxergar o perigo da cegueira espiritual.
2 - O comodismo dos crentes
No momento em que Jesus foi elevado aos céus, os apóstolos
enfrentaram o segundo perigo para a Operação grande comissão: o comodismo dos
crentes.
Atos 1.9 a 11 “Tendo dito isso, foi elevado às alturas
enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu da vista deles. E eles ficaram
com os olhos fixos no céu enquanto ele subia. De repente surgiram diante deles
dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: Galileus, por que vocês
estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado aos
céus, voltará da mesma forma como o viram subir”.
A primeira implicação desse relato parece ser que eles não
trarão Jesus de volta olhando para o céu. Jesus se foi e eles devem deixá-lo
ir, chegou a hora de desmamar. Virá o Espírito Santo, o Consolador. No tempo de
Deus, Jesus voltará da mesma forma que ele foi elevado aos céus.
A segunda implicação é que eles não poderiam se acomodar,
deveriam continuar sendo testemunhas, pois esse era o comissionamento.
O comodismo dos crentes não pode parar a grande comissão. A
espiritualidade cristã não é do tipo que para tudo e fica olhando para o céu.
Temos que, imediatamente, começar a fazer discípulos, batizando-os e
ensinando-os a guardas as palavras de Jesus.
3 - O conflito dos membros
Assim que Jesus subiu aos céus e os discípulos levaram a
bronca dos anjos, eles ficaram olhando um para a cara do outro. Justamente aí é
que nascia o terceiro perigo para a operação grande comissão.
Atos 1.12 a 14 “Então eles voltaram para Jerusalém, vindo do
monte chamado das Oliveiras, que fica perto da cidade, cerca de um quilômetro.
Quando chegaram, subiram ao aposento onde estavam hospedados. Achavam-se
presentes Pedro, João, Tiago e André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago,
filho de Alfeu, Simão, o zelote, e Judas, filho de Tiago. Todos eles se reuniam
sempre em oração, com as mulheres, inclusive Maria, a mãe de Jesus, e com os
irmãos dele”.
Já pensou como teria sido difícil para eles conviverem bem,
em meio a tanta diversidade?
Pedro, como sabemos, era impulsivo, inconstante, falante e
muitas vezes atrevido. Quarenta dias antes, ele havia negado a Jesus e, depois,
graciosamente, foi restaurado pelo Senhor.
João era da paz, mas quando estourava desejava que fogo
descesse do céu na cabeça das pessoas que o contrariavam.
Tiago, a companhia preferida de Pedro e João, foi o primeiro
a selar sua fé com o próprio sangue.
André, o primeiro dos apóstolos de quem o nome nós
conhecemos, o que levou o próprio irmão, Pedro, a Jesus. Aquele que, aliás,
sempre levava as pessoas a Cristo. O evangelista.
Filipe, que havia levado Natanael a Jesus, também estava lá.
Ele e André tinham sido os primeiros a seguirem Jesus. (Membro fundador)
Tomé, que duvidou da palavra dos demais apóstolos, estava
lá.
Bartolomeu estava lá. Há quem diga ser ele o mesmo Natanael
que disse de Jesus o seguinte: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré”
Mateus, o ex-publicano e autor do primeiro evangelho, estava
lá.
Tiago, filho do famoso Alfeu, estava lá. (Mauricinho)
Simão, o zelote, ex-revolucionário, estava lá.
Judas, filho de Tiago, estava lá.
Além dos onze apóstolos que sobraram, pois Judas Iscariotes
já havia debandado, havia as mulheres (ricas e pobres, de diferentes contextos
sociais, por exemplo: Maria Madalena, mulher que veio do mundo e Maria mãe de
Jesus, mulher de grande valor ético e moral).
Além dos onze e das mulheres, o texto fala dos irmãos de
Jesus que estavam presentes no cenáculo. Aqueles mesmos que duvidavam de Jesus
(João 7.5), mas que agora estavam crendo nele.
Imaginem! Teria sido impossível a convivência entre eles se
não tivessem aprendido, em amor, a superar as diferenças e a perdoar os
pecados. Juntos, deveriam viver acolhendo, compartilhando e encorajando uns aos
outros. Foi o que eles fizeram na Igreja Primitiva. Que bela lição! Para
prosperar, a operação grande comissão precisará superar os conflitos dos
membros.
4 - A cobiça do coração
Atos 1.15 a 19 “Naqueles dias Pedro levantou-se entre os
irmãos, um grupo de cerca de cento e vinte pessoas, e disse: Irmãos era
necessário que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse por boca
de Davi, a respeito de Judas, que serviu de guia aos que prenderam Jesus. Ele
foi contado como um dos nossos e teve participação neste ministério. Com a
recompensa que recebeu pelo seu pecado, Judas comprou um campo. Ali caiu de
cabeça, seu corpo partiu-se ao meio, e as suas vísceras se derramaram. Todos em
Jerusalém ficaram sabendo disso, de modo que, na língua deles, esse campo
passou a chamar-se Aceldama, isto é, campo de Sangue”.
A cobiça roubou o coração de Judas, fê-lo brigar quando era
para servir e, por fim, o destruiu com morte eterna. A cobiça do coração, ainda
hoje, tem parado muitos crentes e igrejas. Pessoas que desperdiçam os melhores
anos de suas vidas, as melhores horas de seu dia, o que são e o que têm com o
reino desta terra.
O que o seu coração tem amado? Que tempo há em sua agenda
para pessoas?
5 - O contra-ataque do diabo
O quinto perigo para a operação grande comissão é o
contra-ataque do diabo. Não está explícito em Atos 1, mas o vemos claramente
noutros textos, como, por exemplo, no evangelho de João. (Veremos também ao
longo de Atos).
João 6.70 e 71 “Então Jesus respondeu: Não fui eu que os
escolhi, os Doze? Todavia, um de vocês é um diabo! (Ele se referia a Judas,
filho de Simão Iscariotes, que, embora fosse um dos Doze, mais tarde haveria de
traí-lo)".
Potencializando os pecados do nosso coração: Cobiça,
conflitos, comodismo e cegueira, há os contra-ataques do diabo que se infiltram
no nosso meio quando a ele damos espaço. Isto é: Através de doutrinas de
demônios, quando se ama o presente século, ao alimentar ressentimento no
coração, ao roubar a glória que é só de Cristo. Porém, apesar dos
contra-ataques do diabo, as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja
de Jesus Cristo.
6 - A carência de voluntários
A parte final de Atos 1, a escolha de Matias, revela um
perigo velado. Sempre que alguém se tomba, sempre que alguém cai ou morre, fica
vago o lugar daquela pessoa. Graças a Deus que a Igreja Primitiva tinha entre dois
nomes para escolher e colocar no lugar de Judas Iscariotes.
Atos 1.21 a 26 ‘Portanto, é necessário que escolhamos um dos
homens que estiveram conosco durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu
entre nós, desde o batismo de João até o dia em que Jesus foi elevado dentre
nós às alturas. É preciso que um deles seja conosco testemunha de sua
ressurreição. Então indicaram dois nomes: José, chamado Barsabás, também
conhecido como Justo, e Matias. Depois oraram: Senhor, tu conheces o coração de
todos. Mostra-nos qual destes dois tens escolhido para assumir este ministério
apostólico que Judas abandonou, indo para o lugar que lhe era devido. Então
tiraram sortes, e a sorte caiu sobre Matias, assim, ele foi acrescentado aos
onze apóstolos”.
Que privilégio o daqueles irmãos. Eles tinham “peças de
reposição”. Havia discípulos habilitados para seguirem com a grande comissão,
gente disposta a se dar e a servir. Hoje, infelizmente, não é bem assim. Falta
gente que conheça Jesus, a doutrina, a história e que se dispõe a servir. Todos
querem ser servidos. A carência de voluntários pode sim reduzir a velocidade da
operação grande comissão.
Os perigos para a operação grande comissão
Pois bem, eis os perigos:
A cegueira espiritual. O comodismo dos crentes. Os conflitos
dos membros. A cobiça do coração. O contra-ataque do diabo. A carência de
voluntários.
Examine-se: Qual desses é (ou são) o seu maior problema?
Para a igreja, quais são?
Esforce-se: Como devemos reagir?
Ouvindo - Aprenda e obedeça a Palavra de Deus.
Orando - Peça a visão de Deus. Ganhe as batalhas em oração.
Oferecendo-se - Disponha-se a aprender.
Ofertando - Rompa com o amor ao dinheiro.
Operando - Aja, faça, envolva-se no poder de Deus.
Que Deus nos abençoe e nos faça romper com os perigos para
prosperarmos com o avanço da Operação grande comissão.
Fale comigo: mapirola@yahoo.com
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