Atos 8.1 a 8
Atos 8.1b “Uma grande onda de perseguição começou naquele
dia e varreu a igreja de Jerusalém. Todos eles, com exceção dos apóstolos,
foram dispersos pelas regiões da Judeia e de Samaria”.
A crise brasileira
Sobre a crise nacional eu não preciso
me delongar, pois todos sofremos na pele o que se abateu sobre o nosso país em
termos de política, economia, ética, segurança pública, justiça, educação,
saúde, transportes… só para ficar nas áreas mais sensíveis à sociedade.
Nos últimos dois governos falou-se muito em, e até se
experimentou alguma, expansão ou crescimento. Muitos adquiriam casa própria,
conseguiram subir seu patamar econômico, mobiliaram melhor a casa, etc. O
problema é que a expansão não foi duradoura, pois não fizemos bem a tarefa de
casa. As causas da crise brasileira eu deixo para os economistas e os
analíticos políticos. Púlpito não é lugar para isso. Faço apenas uma
constatação: A expansão não durou para a nação brasileira e 2017 “entrou custoso”.
Crescimento sustentável
Todos nós desejamos e precisamos crescer, em todos os
sentidos: Pessoal, profissional e espiritualmente. A nossa igreja também
precisa crescer, em qualidade e em quantidade. O crescimento de que todos nós
carecemos precisa ser sustentável e duradouro. Mas o que será necessário para
desencadear esse crescimento nas nossas vidas e na nossa igreja? A resposta
para essa pergunta está no texto de Atos que temos para hoje, Atos 8.1 a 8.
O crescimento da igreja de Atos foi tão impressionante
quanto duradouro. Seus efeitos nós sentimos ainda hoje, aqui e agora. Afinal,
somos uma igreja fruto daquela expansão. O propósito de Atos dos Apóstolos é
mostrar como os primeiros cristãos levaram adiante a grande comissão de Jesus,
que é fazer discípulos de todas as nações (Mateus 28.19 e 20). Já no início do
livro nós lemos o plano do Senhor:
Atos 1.8 “Vocês receberão poder quando o Espírito Santo
descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em toda parte: Em Jerusalém, em
toda a Judeia, em Samaria e nos lugares mais distantes da terra”.
O que nós temos de Atos 1 até o final de Atos 7 é uma
descrição de como a igreja se estabeleceu em Jerusalém, a primeira parte do
plano de Jesus. A partir de Atos 8, o que nós recebemos é um detalhamento de como
os primeiros discípulos se expandiram para a segunda fase desse movimento
duradouro: Judeia e Samaria. Você notou a transição anotada por Lucas no texto
que lemos inicialmente?
Observe mais uma vez:
Atos 8.1b “Uma grande onda de perseguição começou naquele
dia e varreu a igreja de Jerusalém. Todos eles, com exceção dos apóstolos,
foram dispersos pelas regiões da Judeia e de Samaria”.
Chamo a sua atenção para o texto de hoje para juntos
observamos os princípios adotados pelos primeiros crentes nesta fase de
expansão que se provou duradoura. Há dois princípios que nós, para nos
expandirmos de forma duradoura como igreja, precisamos observar: Siga o plano
de Deus e anuncie a palavra de Deus.
Vejamos
1 - Siga o plano de Deus
O plano de Deus era que o evangelho saísse de Jerusalém em
direção a Judeia e depois Samaria, até chegar “nos lugares mais distantes da
terra”, ou seja: Alcançar todos os povos. O plano ainda é o mesmo: Fazer
discípulos aqui, ali e além, simultaneamente, então virá o fim. Jesus, falando
de acontecimentos futuros, disse assim:
Mateus 24.12 a 14 “O pecado aumentará e o amor de muitos
esfriará, mas quem se mantiver firme até o fim será salvo. As boas-novas a
respeito do reino serão anunciadas em todo o mundo, para que todas as nações as
ouçam, então, virá o fim”.
Por causa disso, nós, igreja e denominação, trabalhamos em
cooperação para executarmos a nossa tarefa através de missões estaduais,
missões nacionais e missões mundiais. Os vocacionados por Deus e chamados por
ele para a obra de missões que saem de nossas igrejas são por nossas juntas
missionárias enviados aos campos brancos para a colheita. Nosso dinheiro e
nossas orações os sustentam lá nos campos. O plano de Deus é que nós avancemos.
E sempre que essa expansão fica ameaçada, ele dá um jeito de nos espalhar. Como
se diz: Se não vai pelo amor, vai pela dor… mas vai!
Atos 8.1b a 4 “Uma grande onda de perseguição começou
naquele dia e varreu a igreja de Jerusalém. Todos eles, com exceção dos
apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e de Samaria. (Alguns homens
devotos vieram e, com grande tristeza, sepultaram Estêvão). Saulo, porém,
procurava destruir a igreja. Ia de casa em casa, arrastava para fora homens e
mulheres e os lançava na prisão. Os que haviam sido dispersos, porém,
anunciavam as boas novas a respeito de Jesus por onde quer que fossem”.
Ao longo da história da igreja, perseguição e sofrimento
raramente impediram a expansão dos cristãos. Pelo contrário, na maioria dos
casos foi como jogar gasolina na fogueira. O que se viu, a exemplo desse texto,
foi uma explosão do evangelho para todos os cantos. A história de Jim Elliot e
seus quatro amigos é uma das histórias missionárias mais empolgantes e
inspiradoras. Permitam-me ler um trecho dela para vocês:
Jim decidiu se dedicar aos índios aucas no Equador (hoje
conhecidos como Huaoranis), que tinham a fama de serem muito violentos e que
não possuíam até então qualquer contato com o mundo exterior. Com o propósito
de levar o evangelho àquele povo, o grupo de cinco amigos começou a elaborar um
plano que ficou conhecido como Operação Auca.
Nate Saint, conseguiu avistar alguns índios aucas
sobrevoando algumas áreas que foram demarcadas no mapa da operação. A partir de
então começaram sistematicamente sobrevoar as áreas dos aucas durante quatro
meses, sempre levando presentes. Amarrado por uma corda, um balde cheio de
roupas, bugigangas, cereais e fotografias dos missionários era levado pelo
avião que em voos baixos deixava cair os presentes. Os índios aucas chegaram a
colocar no balde um papagaio e alguns enfeites de suas vestimentas. Diante do
progresso alcançado, os cinco jovens missionários resolvem montar um
acampamento às margens do rio Curray. Através de uma estação de rádio
comunicavam constantemente com suas esposas que tinham ficado na base da
missão. Pouco tempo depois, um grupo de quatro índios visitaram os missionários
em seu acampamento. Os missionários deram-lhes presentes e alimentos como um
sinal de paz. Outros contatos foram feitos por mais algumas vezes e um daqueles
índios chegou a voar com Nate Saint em seu avião, sobrevoando sua própria
aldeia.
Incentivados por uma visita no dia 7 de janeiro, os
missionários decidiram ir até a aldeia dos aucas. Acordaram cedo no dia
seguinte e louvaram ao Senhor. Nate e Jim, sobrevoando a área da aldeia dos
aucas, avistaram um grupo de 20 a 30 índios se movendo em direção ao
acampamento. Através do rádio comunicaram com suas esposas e decidiram às 16:30
entrarem em contato novamente. Ao chegarem na praia de seu acampamento, Nate e
Jim avisaram aos outros que os aucas estavam vindo. Munidos de armas decidiram
não utilizá-las. Pouco tempo depois chegaram os aucas, e pouco esses cinco
jovens puderam fazer. Foram mortos pelos aucas naquele dia de 8 de janeiro de
1956.
Angustiadas pela demora do contato de seus maridos, suas
esposas solicitaram imediatamente ajuda. Helicópteros e forças do exército
equatoriano sobrevoando o rio Curray encontraram os corpos de quatro
missionários (não foi encontrado o corpo de Ed McCully). Seus corpos foram
encontrados brutalmente perfurados por lanças e machados. O relógio de Nate
Saint foi encontrado parado em 15:12, do que se deduz a hora em que foram
mortos.
As esposas dos missionários, apesar da grande dor que
sofreram, decidiram continuar com a missão, e algum tempo depois foram
sucedidas na evangelização dos aucas. A tribo foi evangelizada e alguns anos
mais tarde, o assassino de Jim Elliot, agora convertido ao Senhor Jesus e líder
da igreja na aldeia, batizou a filha de Jim e Elizabeth no rio onde seu pai
tinha sido morto.
A notícia do massacre chocou o mundo. Para muita gente a
morte de cinco jovens talentosos e promissores parecia uma tragédia sem
sentido. Deus, no entanto, mais uma vez, fez de uma desgraça uma bênção para as
nações. Elisabeth Elliot, viúva de Jim Elliot, na biografia que escreveu
(Através dos portais do esplendor), comentou:
Para o mundo em geral tudo não passou de um triste
desperdício de cinco vidas jovens. Mas Deus tem seus planos e propósitos em
todas as coisas. Houve aqueles cujas vidas foram mudadas pelo que aconteceu às
margens daquele rio. No Brasil, um grupo de índios em uma base nas matas
profundas de Mato Grosso, quando ouviram a notícia, caíram de joelhos e
clamaram o perdão de Deus por não terem se preocupado o bastante com os seus
pares indígenas que ainda não conheciam Jesus Cristo. De Roma, um oficial
americano escreveu para uma das viúvas: “Eu conhecia o seu marido. Ele era para
mim o ideal de como deve ser um cristão”. Um major da Força Aérea americana,
que servia em uma base na Inglaterra, com muitas horas de experiência de voo na
bagagem, imediatamente iniciou planos
para se juntar a uma agência missionária de aviação. Um missionário, da África,
escreveu: “Nosso trabalho nunca mais será o mesmo. Conhecíamos dois dos jovens
mortos. As vidas deles deixaram suas marcas em nossas vidas”.
Da costa na Itália, um oficial da marinha americana se
envolveu num acidente no mar. Enquanto ele flutuava à espera de socorro, ele se
lembrou e recitava para si palavras de Jim Elliot que havia lido em um jornal
missionário: “Quando chegar a hora de morrer, certifique-se de que tudo que
você tem a fazer é morrer”. Ele orou pedindo que fosse resgatado com vida, pois
sabia que havia mais o que fazer antes de morrer. Não estava pronto. Deus
respondeu sua oração, e ele foi resgatado. No estado americano de Iowa, um
jovem de 18 anos ficou orando por uma semana em seu quarto, então revelou aos
seus pais: “Estou devolvendo minha vida completamente a Deus. Vou tentar pegar
o lugar de um daqueles cinco”.
À primeira vista, perseguições, tragédias ou sofrimentos
podem parecer desperdício sem sentido. No entanto, o que realmente importa, é
seguir o plano de Deus. Aqueles cinco missionários mortos pelos índios aucas
sabiam disso. Nate Saint, um dos cinco mártires, tinha escrito em seu diário,
dias antes de morrer, algo que revela o quanto aqueles jovens missionários
estavam mais comprometidos com o plano de Deus para as vidas deles do que com
os prazeres passageiros deste mundo:
Enquanto pesamos o futuro e buscamos a vontade de Deus,
parece certo que devamos arriscar nossas vidas por apenas alguns poucos
selvagens? Na medida em que nos fazíamos essas perguntas, nós percebemos que
esse não é o chamado dos milhares necessitados, mas sim a simples intimação da
Palavra profética de que no último dia haverá alguns de toda tribo na presença
de Jesus, e em nossos corações sentimos que é agradável ao Senhor nos
interessar em fazer uma abertura na prisão auca para Cristo.
A expansão duradoura, seja de uma vida ou de uma igreja, é o
resultado de se seguir o plano de Deus, custe o que custar. Agora, não deixe de
notar quem foram os que levaram adiante aquele plano de expansão duradoura.
Note para quem é o plano de Deus.
Atos 8.1b a 4 “Uma grande onda de perseguição começou
naquele dia e varreu a igreja de Jerusalém. Todos eles, com exceção dos
apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e de Samaria. (Alguns homens
devotos vieram e, com grande tristeza, sepultaram Estêvão). Saulo, porém,
procurava destruir a igreja. Ia de casa em casa, arrastava para fora homens e
mulheres e os lançava na prisão. Os que haviam sido dispersos, porém,
anunciavam as boas novas a respeito de Jesus por onde quer que fossem”.
O plano de expansão do evangelho do reino não era só para os
apóstolos, assim como não é só para pastores e missionários, é para todos os
cristãos dispersos pelo mundo, aonde quer que o Senhor coloque você: Escola,
empresa, hospital, ônibus, condomínio, etc.
O plano de expansão é para todos e nada poderá nos deter,
nem as dores da vida (o luto pela morte de Estêvão) nem a crueldade dos homens
(a fúria de Saulo). As portas do inferno
não resistirão à nossa investida. Se seguirmos o plano de Deus, a nossa
expansão será duradoura.
Continua na próxima mensagem.
Fale comigo: mapirola@yahoo.com
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