25/08/2020

Atos dos apóstolos 12 - A igreja sob ataque

 

Atos 4.1 a 22

O capítulo quatro de Atos registra a primeira perseguição da igreja.

Cheios do Espírito Santo, os primeiros discípulos estavam aprendendo a conviver dentro da igreja (Atos 2) e a compartilhar a fé fora de seus portões (Atos 3). Ainda nas primeiras oportunidades que tiveram de falar de Cristo e de fazer discípulos, aqueles crentes se depararam com o principal adversário do cristianismo: A religião. Pedro e João, a caminho do cárcere, devem ter se lembrado e sido encorajados pelas palavras proféticas de Jesus:

Marcos 13.9 a 11 “Fiquem atentos, pois vocês serão entregues aos tribunais e serão açoitados nas sinagogas. Por minha causa vocês serão levados à presença de governadores e reis, como testemunho a eles. E é necessário que antes o evangelho seja pregado a todas as nações. Sempre que forem presos e levados a julgamento, não fiquem preocupados com o que vão dizer. Digam tão-somente o que lhes for dado naquela hora, pois não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito Santo”.

Pedro e João foram presos por causa do judaísmo. Foi à religiosidade fanática dos judeus que trancou os apóstolos atrás daquelas grades. Toda religião possui a mesma característica fundamental: Seus seguidores estão tentando chegar a Deus, achar Deus ou agradar a Deus através de méritos ou de sacrifícios pessoais. Enquanto na religião o homem tenta ir na direção Deus, no cristianismo Deus vem na direção do homem.

O cristianismo reivindica que o homem é incapaz de encontrar a Deus, mas Deus o encontra; o homem é incapaz de desejar a Deus, mas Deus escolhe os seus e os atrai graciosamente.

A religião vive obcecada com um único pensamento: Ser bom o bastante para merecer o favor de Deus. Ela coloca o ser humano sobre uma esteira de exercícios religiosos, sugando sangue e suor, na expectativa de se obter as medidas exatas que renderão a aprovação de Deus. No entanto, o resultado é sempre o mesmo: Fracasso e frustração. Além de massacrar seus adeptos, a religião hostiliza, persegue, fere e até mata todos os que contradizem seu sistema. Charles Swindoll bem resumiu o ataque da religião ao cristianismo ainda em sua nascente:

A religião zombou da afirmação que Cristo fez de sua divindade. Ela tremeu de raiva quando ele disse que o pecado bloqueia o nosso caminho para Deus. Ela cerrou seus punhos quando os seguidores de Cristo pregaram que ele é a única ponte para a vida eterna. Então, quando ela se deparou com a liberdade que Jesus Cristo provê, a religiosidade legalista estava pronta para combater.

É sempre assim, meus irmãos, a religião sempre rejeita Cristo como único e suficiente Deus salvador, ela não admite a depravação total que o pecado nos legou com todas as suas consequências espirituais, emocionais e sociais, ela abomina o fato maravilhoso de que nós só amamos porque Deus nos amou primeiro e o que de nós se requer é tão somente fé ou a alegria da fé (Filipenses 1.25).

O meu objetivo para hoje é olharmos para a igreja perseguida de Atos 4, buscando aprender com o ataque da religião e com o contra-ataque dos cristãos. Esse quadro pintado por Lucas serve muito bem de paradigma para a caminhada dos crentes em todas as épocas.

O ataque da religião

Desde a chegada do Espírito Santo no dia de Pentecoste, o cristianismo seguia ganhando os corações das pessoas. Tudo estava acontecendo bem debaixo dos narizes dos líderes religiosos de Israel, que pensaram ter dado um jeito naqueles “perturbadores” da paz quando mataram Jesus na cruz. Só que não!

Atos 4.1 a 4 “Enquanto Pedro e João falavam ao povo, chegaram os sacerdotes, o capitão da guarda do templo e os saduceus. Eles estavam muito perturbados porque os apóstolos estavam ensinando o povo e proclamando em Jesus a ressurreição dos mortos. Agarraram Pedro e João e, como já estava anoitecendo, os colocaram na prisão até o dia seguinte. Mas muitos dos que tinham ouvido a mensagem creram, chegando o número dos homens que creram a perto de cinco mil”.

Tentaram caçar a palavra de Pedro e João, mas não conseguiram. As portas do inferno não prevalecem contra a igreja. Através do primeiro sermão de Pedro, foram três mil pessoas (Atos 2.47) e agora, no segundo, mais cinco mil que o Senhor acrescentava à igreja (Atos 4.4). A história da igreja revela que quanto mais se tranca os mensageiros, mais o Senhor destranca a sua Palavra. Apesar de tentar, a perseguição não para o progresso do evangelho.

Observem comigo, em primeiro lugar, as características do ataque religioso.

Quando ameaçada, a religião exercita intimidação. Observe quantas pessoas e quanto poder foram mobilizados para calar três cristãos indefesos, sendo que um deles era um ex-aleijado e recém-convertido.

At 4.1 a 6 “Enquanto Pedro e João falavam ao povo, chegaram os sacerdotes, o capitão da guarda do templo e os saduceus. Eles estavam muito perturbados porque os apóstolos estavam ensinando o povo e proclamando em Jesus a ressurreição dos mortos. Agarraram Pedro e João e, como já estava anoitecendo, os colocaram na prisão até o dia seguinte. Mas muitos dos que tinham ouvido a mensagem creram, chegando o número dos homens que creram a perto de cinco mil. No dia seguinte, as autoridades, os líderes religiosos e os mestres da lei reuniram-se em Jerusalém. Estavam ali Anás, o sumo sacerdote, bem como Caifás, João, Alexandre e todos os que eram da família do sumo sacerdote”.

Mobilizaram todo tipo de gente que puderam, de todas as classes, da classe política, militar e religiosa, para fazer calar o cristianismo. Quando ameaçada, a religião exercita intimidação. Quando insegura, a religião enfatiza tradição. Observe que entre os dignatários presentes estavam homens cujas linhagens retrocediam até às dos sumos sacerdotes do antigo Israel.

Atos 4.6 “Estavam ali Anás, o sumo sacerdote, bem como Caifás, João, Alexandre e todos os que eram da família do sumo sacerdote”.

Esse corpo de veneráveis teve suas origens nos tempos do Antigo Testamento, quando Moisés chamou para perto de si 70 homens que pudessem ajudá-lo a julgar questões civis e religiosas em Israel. Ao longo dos anos, tudo aquilo desaguou na figura do sinédrio. Quando insegura, a religião enfatiza tradição. Quando suspeita, a religião emprega interrogatório. Observe a postura, a petulância e o pouco caso dessa casta religiosa.

Atos 4.7 “Mandaram trazer Pedro e João diante deles e começaram a interrogá-los: Com que poder ou em nome de quem vocês fizeram isso?”

Gente, é sempre assim, os religiosos, tanto os de fé como os seculares, quando ameaçados, exercitam intimidação, quando inseguros, enfatizam tradição, quando suspeitos, empregam interrogatório. Normalmente, intimidação, tradição e interrogatório desencorajam os cristãos a perseverarem na proclamação, mas não foi esse o caso de Pedro. O apóstolo sabia que, não importa quão portentosa ou prodigiosa, a religião tem as suas limitações. Tendo observado as características do ataque religioso, agora observem comigo as suas limitações.

A religião não tem o enchimento do Espírito Santo. Note como e por que Pedro, diante de tamanha intimidação, da pressão da tradição e da humilhação do interrogatório prosseguiu falando corajosamente.

Atos 4.8 e 9 “Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: Autoridades e líderes do povo. Visto que hoje somos chamados para prestar contas de um ato de bondade em favor de um aleijado, sendo interrogados acerca de como ele foi curado”.

A religião é cega para a obra de Jesus Cristo. Aqueles religiosos não tinham como negar o milagre, e a única explicação para aquela cura fabulosa era a obra poderosa do Cristo ressurreto. Eles, no entanto, cegos e preconceituosos que eram, não conseguiam enxergar.

Atos 4.10 e 11 “saibam os senhores e todo o povo de Israel que por meio do nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem os senhores crucificaram, mas a quem Deus ressuscitou dos mortos, este homem está aí curado diante dos senhores. Este Jesus é a pedra que vocês, construtores, rejeitaram, e que se tornou a pedra angular”. A religião fica estática diante da mensagem do evangelho. Pedro estava pregando salvação através de Jesus Cristo.

Observe:

Atos 4.12 “Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos”.

As religiões quase sempre caminham pela estrada do amor e das boas obras. Eventualmente todas elas se deparam com uma encruzilhada no caminho:

Seguir a Cristo ou permanecer no sistema religioso. Essa verdade sempre ofende os religiosos porque eles creem que salvação se obtém com atos intrínsecos de bondade. Ficam, portanto, estáticos diante da mensagem do evangelho e da sua necessidade de salvação. Negam o nome de Jesus.

A religião é silenciada pelas vidas transformadas. A fala de Pedro não derreteu os corações dos membros do Conselho, mas todos eles ficaram, de alguma forma, impressionados.

Atos 4.13 e 14 “Vendo a coragem de Pedro e de João, e percebendo que eram homens comuns e sem instrução, ficaram admirados e reconheceram que eles haviam estado com Jesus. E como podiam ver ali com eles o homem que fora curado, nada podiam dizer contra eles”.

Aqueles religiosos podiam argumentar teoricamente, debater lei e teologia, mas eles não tinham como refutar os fatos: Homens comuns e sem instrução falavam articuladamente e um homem que foi aleijado de nascença agora podia andar. O que dizer? Disseram nada. A religião é silenciada pelas vidas transformadas com o poder do evangelho.

Sem desejo de aceitar, sem condições de explicar e sem palavras para descrever o poder do evangelho, a religião segue seu rumo com politicagem, pressão e perseguição. Note que Lucas só narrou o que vem a seguir porque alguém que um dia foi parte daquele sistema se converteu e relatou tudo o que se passou.

Atos 4.15 a 22 “Assim, ordenaram que se retirassem do Sinédrio e começaram a discutir, perguntando: Que faremos com esses homens? Todos os que moram em Jerusalém sabem que eles realizaram um milagre notório que não podemos negar. Todavia, para impedir que isso se espalhe ainda mais entre o povo, precisamos adverti-los de que não falem com mais ninguém sobre esse nome. Então, chamando-os novamente, ordenaram-lhes que não falassem nem ensinassem em nome de Jesus. Mas Pedro e João responderam: Julguem os senhores mesmos se é justo aos olhos de Deus obedecer aos senhores e não a Deus. Pois não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos. Depois de mais ameaças, eles os deixaram ir. Não tinham como castigá-los, porque todo o povo estava louvando a Deus pelo que acontecera, pois o homem que fora curado milagrosamente tinha mais de quarenta anos de idade”.

O contra-ataque dos cristãos

A forma como Pedro e João reagiram ao ataque dos religiosos ensina como os cristão devem contra-atacar em caso de perseguição. Aliás, o que temos aqui é uma pequena amostra de como nós devemos viver neste mundo.

1 - Andar com Jesus sem se envergonhar

Atos 4.13 “Vendo a coragem de Pedro e de João, e percebendo que eram homens comuns e sem instrução, ficaram admirados e reconheceram que eles haviam estado com Jesus”.

Letrar-se na Bíblia. Seguir Jesus. Ser discípulo. Viver pela fé a vida de Cristo.

2 - Buscar o enchimento do Espírito Santo para falar

Atos 4.8 “Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes”.

Ler, estudar, conhecer e falar as Escrituras. Pedro explica como isso se dá, escrevendo em sua primeira carta.

1 Pedro 4.11 “Se alguém fala, faça-o como quem transmite a palavra de Deus. Se alguém serve, faça-o com a força que Deus provê, de forma que em todas as coisas Deus seja glorificado mediante Jesus Cristo”.

3 - Praticar o amor sem se intimidar

Atos 4.9 e 20 “Visto que hoje somos chamados para prestar contas de um ato de bondade em favor de um aleijado, sendo interrogados acerca de como ele foi curado”, “Pois não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos”.

4 - Destacar o nome de Cristo para o exaltar

Atos 4.10 a 12 “saibam os senhores e todo o povo de Israel que por meio do nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem os senhores crucificaram, mas a quem Deus ressuscitou dos mortos, este homem está aí curado diante dos senhores. Este Jesus é a pedra que vocês, construtores, rejeitaram, e que se tornou a pedra angular. Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos”.

5 - Viver na comunhão da igreja para não desanimar

Atos 4.23 e 24 “Quando foram soltos, Pedro e João voltaram para os seus companheiros e contaram tudo o que os chefes dos sacerdotes e os líderes religiosos lhes tinham dito. Ouvindo isso, levantaram juntos a voz a Deus”

A igreja sob ataque

Igreja e crentes estão sob ataque. Você já percebeu? Sente a perseguição? Como você contra-ataca?

Você anda com Jesus? Os outros notam? Como? Envergonha-se dele?

Como você busca o enchimento do Espírito Santo?

De que forma você pratica o amor?

Com quem você está compartilhado o nome de Cristo?

Como é a sua comunhão na igreja?

Fale comigo: mapirola@yahoo.com

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