Atos 8.7 a 24 “Muitos espíritos impuros eram expulsos e, aos
gritos, deixavam suas vítimas, e muitos paralíticos e aleijados eram curados.
Por isso, houve grande alegria naquela cidade. Um homem chamado Simão praticava
feitiçaria ali havia anos. Ele deixava o povo de Samaria admirado, e afirmava
ser alguém importante. Todos, dos mais simples aos mais importantes, se
referiam a ele como o Grande Poder de Deus. Ouviam-no com atenção, pois,
durante muito tempo, ele os tinha deixado admirados com sua magia. No entanto,
quando Filipe lhes levou a mensagem sobre as boas-novas do reino de Deus e
sobre o nome de Jesus Cristo, eles creram e, como resultado, muitos homens e
mulheres foram batizados. O próprio Simão creu e foi batizado. Começou a seguir
Filipe por toda parte, admirando-se dos sinais e milagres que ele realizava.
Quando os apóstolos em Jerusalém souberam que o povo de Samaria havia aceitado
a mensagem de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Assim que os dois chegaram,
oraram para que aqueles convertidos recebessem o Espírito Santo, pois, apesar
de terem sido batizados em nome do Senhor Jesus, o Espírito Santo ainda não
havia descido sobre nenhum deles. Então Pedro e João impuseram as mãos sobre
eles, e receberam o Espírito Santo. Simão viu que as pessoas recebiam o
Espírito quando os apóstolos impunham as mãos sobre elas. Então ofereceu-lhes
dinheiro, dizendo: Deem-me este poder também, para que, quando eu impuser as
mãos sobre as pessoas, elas recebam o Espírito Santo. Pedro, porém, respondeu:
Que seu dinheiro seja destruído com você, por imaginar que o dom de Deus pode
ser comprado! Você não tem parte nem direito neste ministério, pois seu coração
não é justo diante de Deus. Arrependa-se de sua maldade e ore ao Senhor. Talvez
ele perdoe esses seus maus pensamentos, pois vejo que você está cheio de amarga
inveja e é prisioneiro do pecado. Simão exclamou: Orem ao Senhor por mim, para
que essas coisas terríveis não me aconteçam”.
A importância do check-up para manter a saúde
Não se discute que para manter a boa saúde é indispensável
que a pessoa adote hábitos saudáveis, cuide da alimentação, pratique atividade
física com regularidade e tenha boas noites de sono, por exemplo. Agora, o que
poucos sabem é que, além de tudo isso, realizar exames de rotina também é de
extrema importância. Os médicos recomendam que homens e mulheres, especialmente
a partir dos 35 anos, devem fazer, anualmente, um check-up, que nada mais é do
que uma bateria de exames solicitada pelos especialistas, que dá um diagnóstico
detalhado acerca do funcionamento das funções do organismo.
As mesmas coisas são necessárias em mataria de fé. Requer-se
do cristão professo que seus hábitos sejam pautados pela Bíblia, que faça da
vontade de Deus a sua comida, que exercite e pratique os mandamentos de Jesus e
também que descanse com fé nos braços do Pai, que, a todos os seus filhos,
prometeu agir com soberana providência. Alguém tem dúvida dessas recomendações?
Penso que não. O problema é que não conseguimos ser firmes e constantes nessas
práticas. Não é mesmo?
Agora, assim como no caso da saúde física, percebo que a
maioria despreza a importância do check-up para manter a saúde espiritual. Não
foi sem razão que Paulo exortou os crentes de Corinto, dizendo:
2 Coríntios 13.5 “Examinem a si mesmos. Verifiquem se estão
praticando o que afirmam crer. Assim, poderão ser aprovados. Certamente sabem
que Jesus Cristo está entre vocês (ou em vocês), do contrário, já foram
reprovados”.
Não fosse pela incoerência entre a profissão de fé e a
prática de vida, e pela certeza de que aqueles cristãos não se importavam com a
saúde espiritual, Paulo jamais teria feito essa afirmação. Na verdade, parece
que o apóstolo, julgando pelos hábitos e pelas práticas da maioria deles,
supunha que havia muitos entre eles que possuíam fé que não salva.
Check-up da fé
Sabendo da importância do check-up para a manutenção da
saúde, convido vocês para olharem comigo, mais uma vez, para a história de
Simão (Atos 8.7 a 24). O nosso objetivo é examinar a fé que ele passou a
professar e ver por que ela não passou no teste de saúde espiritual, ou seja:
Por que Simão estava enfermo para a morte.
Na semana passada nós vimos que Simão tinha uma fé que não
salva, e avaliamos os perigos que esse tipo de fé representa para o indivíduo e
para a igreja. Hoje nós veremos quais são os problemas da fé que não salva.
Semana passada nós vimos a sua cara, hoje nós examinaremos o seu coração.
O check-up da fé revela cinco problemas com a fé que não
salva: Falso positivo, ela tem visão errada da natureza humana, da salvação, do
Espírito Santo e do pecado.
1 - A fé que não salva é falso positivo
Em medicina, falso positivo ocorre em pelo menos duas
ocasiões. Primeiro, ao realizar um exame em que o resultado indica a presença
de uma doença, mas, após investigação aprofundada, descobre-se que não existe a
tal enfermidade, não passou de um engano. Segundo, ao realizar um teste de
gravidez, principalmente esses testes de farmácia, o resultado indica o estado
gestacional, só que adiante contata-se, ou pelo exame de sangue ou pela chegada
da menstruação, que não existe gestação. Era falso positivo.
Pois bem, quem olha para a cara de Simão não vê o seu
coração. A cara revela conversão.
Atos 8.12 e 13 “No entanto, quando Filipe lhes levou a
mensagem sobre as boas-novas do reino de Deus e sobre o nome de Jesus Cristo,
eles creram e, como resultado, muitos homens e mulheres foram batizados. O
próprio Simão creu e foi batizado. Começou a seguir Filipe por toda parte,
admirando-se dos sinais e milagres que ele realizava”.
A cara revela uma coisa, mas o coração revela outra bem
diferente. É falso positivo.
Atos 8.18 a 20 “Simão viu que as pessoas recebiam o Espírito
quando os apóstolos impunham as mãos sobre elas. Então ofereceu-lhes dinheiro,
dizendo: Deem-me este poder também, para que, quando eu impuser as mãos sobre
as pessoas, elas recebam o Espírito Santo. Pedro, porém, respondeu: Que seu
dinheiro seja destruído com você, por imaginar que o dom de Deus pode ser
comprado”.
Simão parecia crente, mas não era. Como vimos na semana
passada, ele vivia para exaltar-se diante dos homens, dividia as pessoas com as
suas atitudes, em vez de uni-las, não exercia amor, e estava cego pela
indiferença.
O crente falso positivo é aquele que, sem a mudança do
coração, sem o novo nascimento, sem a regeneração, sem a conversão, vive
seguindo os rituais e sugando dos relacionamentos. Essa gente não vive da
graça, por meio da fé demonstrada na prática do amor, mas de seguir normas e
leis, de praticar rituais e ordenanças, sem qualquer transformação profunda que
produza frutos piedosos.
Portanto, para saber se você é falso positivo, avalie seu
coração e seu comportamento, veja se o coração se alimenta de fé e de esperança
e se o comportamento espalha amor. Cuidado com falso positivo.
2 - A fé que não salva tem visão errada da natureza humana
Investigação mais profunda do coração de Simão revela que
ele acreditava no seu potencial “divino”, na sua bondade inata, na sua grande
capacidade de ajudar as pessoas por si só, e quando ele não conseguia, ele
buscava ao custo que fosse os poderes necessários para serem agregados aos
seus.
Atos 8.9 a 11, 13, 18 e 19 “Um homem chamado Simão praticava
feitiçaria ali havia anos. Ele deixava o povo de Samaria admirado, e afirmava
ser alguém importante. Todos, dos mais simples aos mais importantes, se
referiam a ele como o Grande Poder de Deus… O próprio Simão creu e foi
batizado. Começou a seguir Filipe por toda parte, admirando-se dos sinais e
milagres que ele realizava. … Simão viu que as pessoas recebiam o Espírito
quando os apóstolos impunham as mãos sobre elas. Então ofereceu-lhes dinheiro,
dizendo: Deem-me este poder também, para que, quando eu impuser as mãos sobre
as pessoas, elas recebam o Espírito Santo”.
Simão nunca deixou de acreditar que ele era intrinsecamente
tão bom que era quase Deus, ou mesmo o próprio Deus encarnado. Sim, a maioria
das pessoas não se vê como Deus (não se vê, digamos, de forma declarada, apesar
de suas práticas demostrarem que sim), mas todo mundo, sem exceção, quando não
há a convicção do Espírito, se acha bom o bastante para merecer e para repartir
as virtudes de Deus.
Enquanto o pecador não reconhece a maldade, a perversão, a
malícia, o egoísmo, a ganância, enfim o pecado que inclina o seu coração para o
mal, não há esperança de salvação para esse pobre pecador. João disse assim:
1 João 1.8 a 10 “Se afirmamos que não temos pecados,
enganamos a nós mesmos e não vivemos na verdade. Mas, se confessamos (grego –
homologéō, admitir, confirmar, conformar-se, confessar) nossos pecados, ele é
fiel e justo para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Se
afirmamos que não pecamos, chamamos Deus de mentiroso e mostramos que não há em
nós lugar para sua palavra”.
A fé que não salva tem visão errada da natureza humana.
Enquanto nós não reconhecermos os nossos pecados, não os confessarmos e não
perseguirmos a humildade, como consequência do arrependimento e do perdão
recebido, não há esperança de salvação nem de restauração, seja com Deus, seja
com o próximo.
3 - A fé que não salva tem visão errada da salvação
A história de Simão deixa claro que para ele a salvação foi
conquistada quando ele passou pelo batismo. Porém, é óbvio que o batismo não o
salvou. Primeiro, porque batismo não salva. Segundo, porque não houve
regeneração nem arrependimento da parte de Simão.
Atos 8.12 e 13 “No entanto, quando Filipe lhes levou a
mensagem sobre as boas-novas do reino de Deus e sobre o nome de Jesus Cristo,
eles creram e, como resultado, muitos homens e mulheres foram batizados. O
próprio Simão creu e foi batizado. Começou a seguir Filipe por toda parte,
admirando-se dos sinais e milagres que ele realizava”.
O que impressionava Simão antes continuou impressionando
Simão depois do batismo: Sinais e milagres, poder divino, manifestações
sobrenaturais. Não foi Cristo que o impressionou, mas apenas os “sinais e
milagres” que podem acompanhar os filhos da fé. Jesus ensinou que a obra de
Deus não é realizar sinais e milagres, mas crer em Cristo, fazer dele o pão e a
água que alimenta e sacia a alma (João 6.29 a 40). Não se recebe salvação
através da ordenança do batismo, mas pela fé no Filho de Deus (Marcos 16.16). A
fé que não salva tem a visão errada da salvação.
4 - A fé que não salva tem visão errada do Espírito de Deus
A notícia do bem-sucedido ministério de Filipe em Samaria
chegou até os apóstolos em Jerusalém, em seguida, eles enviaram para lá Pedro e
João (Atos 8.14). A missão do dois tinha um triplo propósito.
Primeiro, ajudar Filipe na grande colheita.
Segundo, sancionar o trabalho de Filipe entre os samaritanos
(lembre-se de que o evangelho se expandia para além dos judeus).
Terceiro, eles foram suplicar a Deus pela descida do
Espírito Santo.
Atos 8.14 a 17 “Quando os apóstolos em Jerusalém souberam
que o povo de Samaria havia aceitado a mensagem de Deus, enviaram para lá Pedro
e João. Assim que os dois chegaram, oraram para que aqueles convertidos
recebessem o Espírito Santo, pois, apesar de terem sido batizados em nome do
Senhor Jesus, o Espírito Santo ainda não havia descido sobre nenhum deles.
Então Pedro e João impuseram as mãos sobre eles, e receberam o Espírito Santo”.
O último e mais óbvio motivo, pedir pela descida do Espírito
Santo sobre samaritanos convertidos, é o que causa grande confusão desde então,
pois muitos creem que a descida do Espírito Santo na vida de uma pessoa é obra
posterior à conversão. Ou seja, primeiro a pessoa converte e depois ela é
batizada com o Espirito Santo. Ledo engano.
Quem crê assim e prega assim ignora algumas coisas.
Em primeiro lugar, ignora a natureza do livro de Atos, que é
revelar como o Espírito de Deus levou adiante, com poder através dos apóstolos,
a tarefa da grande comissão de Jesus (Mateus 28.19 e 20), como o evangelho saiu
de Jerusalém, chegou à Judeia e à Samaria, até chegar nos lugares mais
distantes da terra (Atos 1.8), unidos todos os povos em Cristo.
Depois, contradiz frontalmente o ensino bíblico que diz que
“se alguém não tem o Espírito de Cristo, a ele não pertence” (Romanos 8.9). Não
existe essa coisa de crente que ainda não foi batizado com o Espírito Santo,
pois todos nós os crentes “fomos batizados em um só corpo pelo único Espírito,
e todos recebemos o privilégio de beber do mesmo Espírito” (1 Coríntios 12.13).
A pergunta, portanto, é: Por que os Samaritanos (e mais
tarde os gentios) tiveram que esperar os apóstolos para, então, receberem o
Espírito Santo?
Por séculos, judeus e samaritanos não se entenderam.
Viveram, aliás, em rixa profunda. Se algo os unia era inveja, rancor e ódio.
Logo, se samaritanos tivessem recebido o Espírito de forma independente dos
judeus (Filipe era de origem helenista ou grega e não um judeu “puro”), o racha
entre eles seria perpetuado. Lembre-se: Se em Babel Deus separou as línguas,
com a chegada do Espírito Santo ele uniu os povos.
Não fosse pela ida de Pedro e João a Samaria, pela oração
deles e, por intermédio deles, a descida do Espírito sobre os samaritanos, a
igreja já teria nascido com um racha: De um lado a igreja dos judeus e do outro
a igreja dos samaritanos. O Senhor, porém, designou uma única igreja, sem qualquer
diferença de raça, de gênero e de posição social no que diz respeito a
privilégios diante de Deus.
Gálatas 3.26 a 29 “Pois todos vocês são filhos de Deus por
meio da fé em Cristo Jesus. Todos que foram unidos com Cristo no batismo se
revestiram de Cristo. Não há mais judeu nem gentio, escravo nem livre, homem
nem mulher, pois todos vocês são um em Cristo Jesus. E agora que pertencem a
Cristo, são verdadeiros filhos de Abraão, herdeiros dele segundo a promessa de
Deus”.
Portanto, a chegada do Espírito Santo, da forma como foi
sobre os samaritanos, serviu para revelar que Deus estava, em Cristo, unindo os
povos. Isso é o que Paulo tinha em mente quando escreveu aos coríntios.
1 Coríntios 12.12 e 13 “O corpo humano tem muitas partes,
mas elas formam um só corpo. O mesmo acontece com relação a Cristo. Alguns de
nós são judeus, alguns são gentios, alguns são escravos e alguns são livres,
mas todos nós fomos batizados em um só corpo pelo único Espírito, e todos
recebemos o privilégio de beber do mesmo Espírito”.
Pois bem, de volta ao nosso ponto: A fé que não salva tem
uma visão errada do Espírito Santo. A fé que não salva não produz conversão,
pois não há arrependimento, a fé que não salva não evidencia a presença do
Espírito, pois não gera transformação, a fé que não salva quer apenas desfrutar
de poder em benefício próprio. Note, portanto, que convertidos arrependidos
recebiam o Espírito, contrário de Simão.
Atos 8.14 a 17 “Quando os apóstolos em Jerusalém souberam
que o povo de Samaria havia aceitado a mensagem de Deus, enviaram para lá Pedro
e João. Assim que os dois chegaram, oraram para que aqueles convertidos
recebessem o Espírito Santo, pois, apesar de terem sido batizados em nome do
Senhor Jesus, o Espírito Santo ainda não havia descido sobre nenhum deles.
Então Pedro e João impuseram as mãos sobre eles, e receberam o Espírito Santo.
Simão viu que as pessoas recebiam o Espírito quando os apóstolos impunham as
mãos sobre elas. Então ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: Deem-me este poder
também, para que, quando eu impuser as mãos sobre as pessoas, elas recebam o
Espírito Santo”. A fé que não salva tem uma visão errada do Espírito Santo.
5 - A fé que não salva tem visão errada do pecado
A última característica da fé que não salva, para a qual eu
chamo a sua atenção nesse texto, é que quando confrontado com o pecado, Simão
não o tratou com a devida importância ou seriedade. Ele não o reconheceu nem o
confessou. Pecado não é de menos.
Atos 8.22 e 23 “Arrependa-se de sua maldade e ore ao Senhor.
Talvez ele perdoe esses seus maus pensamentos, pois vejo que você está cheio de
amarga inveja e é prisioneiro do pecado. Simão exclamou: Orem ao Senhor por
mim, para que essas coisas terríveis não me aconteçam”.
A maldade de Simão consistia em querer usar Deus, o poder do
Espírito Santo, para manter sua aparência diante dos homens. Ele queria lucrar
com a fé. No entanto, quando confrontado, não reconheceu realmente a gravidade
do seu pecado. Ele apenas deu um jeitinho de pedir que se livrasse de alguma
possível consequência. O pecado é sério e mata. O salário dele é a morte, disse
Paulo. Pena que Simão e milhares de milhares igualmente, dentro e fora da
igreja, ignoram ou pensam equivocadamente sobre o pecado. Em essência, o pecado
é falta de fé na bondade, na sabedoria e na providência de Deus. Incrédulos que
são, pecadores desobedecem a Deus e tomam o seu lugar. Quando andam com Deus é
para usá-lo em benefício pessoal. Que tragédia! A fé que não salva tem visão
errada do pecado. O pecado é coisa séria. Não podemos tratá-lo com leviandade.
Check-up da fé
Cuidado com a fé que não salva. Faça hoje mesmo um check-up
de sua fé. A fé que não salva é falso positivo: Ela tem cara de piedade, mas
esconde a perversão atrás de rituais e práticas religiosos. Ela também tem uma
visão errada da natureza humana, da salvação, do Espírito Santo e do pecado.
Portanto, examine a si mesmo.
Fale comigo: mapirola@yahoo.com
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