26/08/2020

Atos dos apóstolos 20 - Check up da fé

 


Atos 8.7 a 24 “Muitos espíritos impuros eram expulsos e, aos gritos, deixavam suas vítimas, e muitos paralíticos e aleijados eram curados. Por isso, houve grande alegria naquela cidade. Um homem chamado Simão praticava feitiçaria ali havia anos. Ele deixava o povo de Samaria admirado, e afirmava ser alguém importante. Todos, dos mais simples aos mais importantes, se referiam a ele como o Grande Poder de Deus. Ouviam-no com atenção, pois, durante muito tempo, ele os tinha deixado admirados com sua magia. No entanto, quando Filipe lhes levou a mensagem sobre as boas-novas do reino de Deus e sobre o nome de Jesus Cristo, eles creram e, como resultado, muitos homens e mulheres foram batizados. O próprio Simão creu e foi batizado. Começou a seguir Filipe por toda parte, admirando-se dos sinais e milagres que ele realizava. Quando os apóstolos em Jerusalém souberam que o povo de Samaria havia aceitado a mensagem de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Assim que os dois chegaram, oraram para que aqueles convertidos recebessem o Espírito Santo, pois, apesar de terem sido batizados em nome do Senhor Jesus, o Espírito Santo ainda não havia descido sobre nenhum deles. Então Pedro e João impuseram as mãos sobre eles, e receberam o Espírito Santo. Simão viu que as pessoas recebiam o Espírito quando os apóstolos impunham as mãos sobre elas. Então ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: Deem-me este poder também, para que, quando eu impuser as mãos sobre as pessoas, elas recebam o Espírito Santo. Pedro, porém, respondeu: Que seu dinheiro seja destruído com você, por imaginar que o dom de Deus pode ser comprado! Você não tem parte nem direito neste ministério, pois seu coração não é justo diante de Deus. Arrependa-se de sua maldade e ore ao Senhor. Talvez ele perdoe esses seus maus pensamentos, pois vejo que você está cheio de amarga inveja e é prisioneiro do pecado. Simão exclamou: Orem ao Senhor por mim, para que essas coisas terríveis não me aconteçam”.

A importância do check-up para manter a saúde

Não se discute que para manter a boa saúde é indispensável que a pessoa adote hábitos saudáveis, cuide da alimentação, pratique atividade física com regularidade e tenha boas noites de sono, por exemplo. Agora, o que poucos sabem é que, além de tudo isso, realizar exames de rotina também é de extrema importância. Os médicos recomendam que homens e mulheres, especialmente a partir dos 35 anos, devem fazer, anualmente, um check-up, que nada mais é do que uma bateria de exames solicitada pelos especialistas, que dá um diagnóstico detalhado acerca do funcionamento das funções do organismo.

As mesmas coisas são necessárias em mataria de fé. Requer-se do cristão professo que seus hábitos sejam pautados pela Bíblia, que faça da vontade de Deus a sua comida, que exercite e pratique os mandamentos de Jesus e também que descanse com fé nos braços do Pai, que, a todos os seus filhos, prometeu agir com soberana providência. Alguém tem dúvida dessas recomendações? Penso que não. O problema é que não conseguimos ser firmes e constantes nessas práticas. Não é mesmo?

Agora, assim como no caso da saúde física, percebo que a maioria despreza a importância do check-up para manter a saúde espiritual. Não foi sem razão que Paulo exortou os crentes de Corinto, dizendo:

2 Coríntios 13.5 “Examinem a si mesmos. Verifiquem se estão praticando o que afirmam crer. Assim, poderão ser aprovados. Certamente sabem que Jesus Cristo está entre vocês (ou em vocês), do contrário, já foram reprovados”.

Não fosse pela incoerência entre a profissão de fé e a prática de vida, e pela certeza de que aqueles cristãos não se importavam com a saúde espiritual, Paulo jamais teria feito essa afirmação. Na verdade, parece que o apóstolo, julgando pelos hábitos e pelas práticas da maioria deles, supunha que havia muitos entre eles que possuíam fé que não salva.  

Check-up da fé

Sabendo da importância do check-up para a manutenção da saúde, convido vocês para olharem comigo, mais uma vez, para a história de Simão (Atos 8.7 a 24). O nosso objetivo é examinar a fé que ele passou a professar e ver por que ela não passou no teste de saúde espiritual, ou seja: Por que Simão estava enfermo para a morte.

Na semana passada nós vimos que Simão tinha uma fé que não salva, e avaliamos os perigos que esse tipo de fé representa para o indivíduo e para a igreja. Hoje nós veremos quais são os problemas da fé que não salva. Semana passada nós vimos a sua cara, hoje nós examinaremos o seu coração.

O check-up da fé revela cinco problemas com a fé que não salva: Falso positivo, ela tem visão errada da natureza humana, da salvação, do Espírito Santo e do pecado.

1 - A fé que não salva é falso positivo

Em medicina, falso positivo ocorre em pelo menos duas ocasiões. Primeiro, ao realizar um exame em que o resultado indica a presença de uma doença, mas, após investigação aprofundada, descobre-se que não existe a tal enfermidade, não passou de um engano. Segundo, ao realizar um teste de gravidez, principalmente esses testes de farmácia, o resultado indica o estado gestacional, só que adiante contata-se, ou pelo exame de sangue ou pela chegada da menstruação, que não existe gestação. Era falso positivo.

Pois bem, quem olha para a cara de Simão não vê o seu coração. A cara revela conversão.

Atos 8.12 e 13 “No entanto, quando Filipe lhes levou a mensagem sobre as boas-novas do reino de Deus e sobre o nome de Jesus Cristo, eles creram e, como resultado, muitos homens e mulheres foram batizados. O próprio Simão creu e foi batizado. Começou a seguir Filipe por toda parte, admirando-se dos sinais e milagres que ele realizava”.

A cara revela uma coisa, mas o coração revela outra bem diferente. É falso positivo.

Atos 8.18 a 20 “Simão viu que as pessoas recebiam o Espírito quando os apóstolos impunham as mãos sobre elas. Então ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: Deem-me este poder também, para que, quando eu impuser as mãos sobre as pessoas, elas recebam o Espírito Santo. Pedro, porém, respondeu: Que seu dinheiro seja destruído com você, por imaginar que o dom de Deus pode ser comprado”.

Simão parecia crente, mas não era. Como vimos na semana passada, ele vivia para exaltar-se diante dos homens, dividia as pessoas com as suas atitudes, em vez de uni-las, não exercia amor, e estava cego pela indiferença.

O crente falso positivo é aquele que, sem a mudança do coração, sem o novo nascimento, sem a regeneração, sem a conversão, vive seguindo os rituais e sugando dos relacionamentos. Essa gente não vive da graça, por meio da fé demonstrada na prática do amor, mas de seguir normas e leis, de praticar rituais e ordenanças, sem qualquer transformação profunda que produza frutos piedosos.

Portanto, para saber se você é falso positivo, avalie seu coração e seu comportamento, veja se o coração se alimenta de fé e de esperança e se o comportamento espalha amor. Cuidado com falso positivo.

2 - A fé que não salva tem visão errada da natureza humana

Investigação mais profunda do coração de Simão revela que ele acreditava no seu potencial “divino”, na sua bondade inata, na sua grande capacidade de ajudar as pessoas por si só, e quando ele não conseguia, ele buscava ao custo que fosse os poderes necessários para serem agregados aos seus. 

Atos 8.9 a 11, 13, 18 e 19 “Um homem chamado Simão praticava feitiçaria ali havia anos. Ele deixava o povo de Samaria admirado, e afirmava ser alguém importante. Todos, dos mais simples aos mais importantes, se referiam a ele como o Grande Poder de Deus… O próprio Simão creu e foi batizado. Começou a seguir Filipe por toda parte, admirando-se dos sinais e milagres que ele realizava. … Simão viu que as pessoas recebiam o Espírito quando os apóstolos impunham as mãos sobre elas. Então ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: Deem-me este poder também, para que, quando eu impuser as mãos sobre as pessoas, elas recebam o Espírito Santo”.

Simão nunca deixou de acreditar que ele era intrinsecamente tão bom que era quase Deus, ou mesmo o próprio Deus encarnado. Sim, a maioria das pessoas não se vê como Deus (não se vê, digamos, de forma declarada, apesar de suas práticas demostrarem que sim), mas todo mundo, sem exceção, quando não há a convicção do Espírito, se acha bom o bastante para merecer e para repartir as virtudes de Deus.

Enquanto o pecador não reconhece a maldade, a perversão, a malícia, o egoísmo, a ganância, enfim o pecado que inclina o seu coração para o mal, não há esperança de salvação para esse pobre pecador. João disse assim:

1 João 1.8 a 10 “Se afirmamos que não temos pecados, enganamos a nós mesmos e não vivemos na verdade. Mas, se confessamos (grego – homologéō, admitir, confirmar, conformar-se, confessar) nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Se afirmamos que não pecamos, chamamos Deus de mentiroso e mostramos que não há em nós lugar para sua palavra”.

A fé que não salva tem visão errada da natureza humana. Enquanto nós não reconhecermos os nossos pecados, não os confessarmos e não perseguirmos a humildade, como consequência do arrependimento e do perdão recebido, não há esperança de salvação nem de restauração, seja com Deus, seja com o próximo.

3 - A fé que não salva tem visão errada da salvação

A história de Simão deixa claro que para ele a salvação foi conquistada quando ele passou pelo batismo. Porém, é óbvio que o batismo não o salvou. Primeiro, porque batismo não salva. Segundo, porque não houve regeneração nem arrependimento da parte de Simão.  

Atos 8.12 e 13 “No entanto, quando Filipe lhes levou a mensagem sobre as boas-novas do reino de Deus e sobre o nome de Jesus Cristo, eles creram e, como resultado, muitos homens e mulheres foram batizados. O próprio Simão creu e foi batizado. Começou a seguir Filipe por toda parte, admirando-se dos sinais e milagres que ele realizava”.

O que impressionava Simão antes continuou impressionando Simão depois do batismo: Sinais e milagres, poder divino, manifestações sobrenaturais. Não foi Cristo que o impressionou, mas apenas os “sinais e milagres” que podem acompanhar os filhos da fé. Jesus ensinou que a obra de Deus não é realizar sinais e milagres, mas crer em Cristo, fazer dele o pão e a água que alimenta e sacia a alma (João 6.29 a 40). Não se recebe salvação através da ordenança do batismo, mas pela fé no Filho de Deus (Marcos 16.16). A fé que não salva tem a visão errada da salvação.

4 - A fé que não salva tem visão errada do Espírito de Deus

A notícia do bem-sucedido ministério de Filipe em Samaria chegou até os apóstolos em Jerusalém, em seguida, eles enviaram para lá Pedro e João (Atos 8.14). A missão do dois tinha um triplo propósito.

Primeiro, ajudar Filipe na grande colheita.

Segundo, sancionar o trabalho de Filipe entre os samaritanos (lembre-se de que o evangelho se expandia para além dos judeus).

Terceiro, eles foram suplicar a Deus pela descida do Espírito Santo.

Atos 8.14 a 17 “Quando os apóstolos em Jerusalém souberam que o povo de Samaria havia aceitado a mensagem de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Assim que os dois chegaram, oraram para que aqueles convertidos recebessem o Espírito Santo, pois, apesar de terem sido batizados em nome do Senhor Jesus, o Espírito Santo ainda não havia descido sobre nenhum deles. Então Pedro e João impuseram as mãos sobre eles, e receberam o Espírito Santo”.

O último e mais óbvio motivo, pedir pela descida do Espírito Santo sobre samaritanos convertidos, é o que causa grande confusão desde então, pois muitos creem que a descida do Espírito Santo na vida de uma pessoa é obra posterior à conversão. Ou seja, primeiro a pessoa converte e depois ela é batizada com o Espirito Santo. Ledo engano.

Quem crê assim e prega assim ignora algumas coisas.

Em primeiro lugar, ignora a natureza do livro de Atos, que é revelar como o Espírito de Deus levou adiante, com poder através dos apóstolos, a tarefa da grande comissão de Jesus (Mateus 28.19 e 20), como o evangelho saiu de Jerusalém, chegou à Judeia e à Samaria, até chegar nos lugares mais distantes da terra (Atos 1.8), unidos todos os povos em Cristo.

Depois, contradiz frontalmente o ensino bíblico que diz que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, a ele não pertence” (Romanos 8.9). Não existe essa coisa de crente que ainda não foi batizado com o Espírito Santo, pois todos nós os crentes “fomos batizados em um só corpo pelo único Espírito, e todos recebemos o privilégio de beber do mesmo Espírito” (1 Coríntios 12.13).

A pergunta, portanto, é: Por que os Samaritanos (e mais tarde os gentios) tiveram que esperar os apóstolos para, então, receberem o Espírito Santo?

Por séculos, judeus e samaritanos não se entenderam. Viveram, aliás, em rixa profunda. Se algo os unia era inveja, rancor e ódio. Logo, se samaritanos tivessem recebido o Espírito de forma independente dos judeus (Filipe era de origem helenista ou grega e não um judeu “puro”), o racha entre eles seria perpetuado. Lembre-se: Se em Babel Deus separou as línguas, com a chegada do Espírito Santo ele uniu os povos.

Não fosse pela ida de Pedro e João a Samaria, pela oração deles e, por intermédio deles, a descida do Espírito sobre os samaritanos, a igreja já teria nascido com um racha: De um lado a igreja dos judeus e do outro a igreja dos samaritanos. O Senhor, porém, designou uma única igreja, sem qualquer diferença de raça, de gênero e de posição social no que diz respeito a privilégios diante de Deus.

Gálatas 3.26 a 29 “Pois todos vocês são filhos de Deus por meio da fé em Cristo Jesus. Todos que foram unidos com Cristo no batismo se revestiram de Cristo. Não há mais judeu nem gentio, escravo nem livre, homem nem mulher, pois todos vocês são um em Cristo Jesus. E agora que pertencem a Cristo, são verdadeiros filhos de Abraão, herdeiros dele segundo a promessa de Deus”.

Portanto, a chegada do Espírito Santo, da forma como foi sobre os samaritanos, serviu para revelar que Deus estava, em Cristo, unindo os povos. Isso é o que Paulo tinha em mente quando escreveu aos coríntios.

1 Coríntios 12.12 e 13 “O corpo humano tem muitas partes, mas elas formam um só corpo. O mesmo acontece com relação a Cristo. Alguns de nós são judeus, alguns são gentios, alguns são escravos e alguns são livres, mas todos nós fomos batizados em um só corpo pelo único Espírito, e todos recebemos o privilégio de beber do mesmo Espírito”.

Pois bem, de volta ao nosso ponto: A fé que não salva tem uma visão errada do Espírito Santo. A fé que não salva não produz conversão, pois não há arrependimento, a fé que não salva não evidencia a presença do Espírito, pois não gera transformação, a fé que não salva quer apenas desfrutar de poder em benefício próprio. Note, portanto, que convertidos arrependidos recebiam o Espírito, contrário de Simão.

Atos 8.14 a 17 “Quando os apóstolos em Jerusalém souberam que o povo de Samaria havia aceitado a mensagem de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Assim que os dois chegaram, oraram para que aqueles convertidos recebessem o Espírito Santo, pois, apesar de terem sido batizados em nome do Senhor Jesus, o Espírito Santo ainda não havia descido sobre nenhum deles. Então Pedro e João impuseram as mãos sobre eles, e receberam o Espírito Santo. Simão viu que as pessoas recebiam o Espírito quando os apóstolos impunham as mãos sobre elas. Então ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: Deem-me este poder também, para que, quando eu impuser as mãos sobre as pessoas, elas recebam o Espírito Santo”. A fé que não salva tem uma visão errada do Espírito Santo.

5 - A fé que não salva tem visão errada do pecado

A última característica da fé que não salva, para a qual eu chamo a sua atenção nesse texto, é que quando confrontado com o pecado, Simão não o tratou com a devida importância ou seriedade. Ele não o reconheceu nem o confessou. Pecado não é de menos.

Atos 8.22 e 23 “Arrependa-se de sua maldade e ore ao Senhor. Talvez ele perdoe esses seus maus pensamentos, pois vejo que você está cheio de amarga inveja e é prisioneiro do pecado. Simão exclamou: Orem ao Senhor por mim, para que essas coisas terríveis não me aconteçam”.

A maldade de Simão consistia em querer usar Deus, o poder do Espírito Santo, para manter sua aparência diante dos homens. Ele queria lucrar com a fé. No entanto, quando confrontado, não reconheceu realmente a gravidade do seu pecado. Ele apenas deu um jeitinho de pedir que se livrasse de alguma possível consequência. O pecado é sério e mata. O salário dele é a morte, disse Paulo. Pena que Simão e milhares de milhares igualmente, dentro e fora da igreja, ignoram ou pensam equivocadamente sobre o pecado. Em essência, o pecado é falta de fé na bondade, na sabedoria e na providência de Deus. Incrédulos que são, pecadores desobedecem a Deus e tomam o seu lugar. Quando andam com Deus é para usá-lo em benefício pessoal. Que tragédia! A fé que não salva tem visão errada do pecado. O pecado é coisa séria. Não podemos tratá-lo com leviandade. Check-up da fé

Cuidado com a fé que não salva. Faça hoje mesmo um check-up de sua fé. A fé que não salva é falso positivo: Ela tem cara de piedade, mas esconde a perversão atrás de rituais e práticas religiosos. Ela também tem uma visão errada da natureza humana, da salvação, do Espírito Santo e do pecado. Portanto, examine a si mesmo.

Fale comigo: mapirola@yahoo.com

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