Atos 3.1 a 10 “Certo dia Pedro e João estavam subindo ao
templo na hora da oração, às três horas da tarde. Estava sendo levado para a
porta do templo chamada Formosa um aleijado de nascença, que ali era colocado
todos os dias para pedir esmolas aos que entravam no templo. Vendo que Pedro e
João iam entrar no pátio do templo, pediu-lhes esmola. Pedro e João olharam bem
para ele e, então, Pedro disse: Olhe para nós! O homem olhou para eles com
atenção, esperando receber deles alguma coisa. Disse Pedro: Não tenho prata nem
ouro, mas o que tenho, isto lhe dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, ande.
Segurando-o pela mão direita, ajudou-o a levantar-se, e imediatamente os pés e
os tornozelos do homem ficaram firmes. E de um salto pôs-se em pé e começou a
andar. Depois entrou com eles no pátio do templo, andando saltando e louvando a
Deus. Quando todo o povo o viu andando e louvando a Deus, reconheceu que era
ele o mesmo homem que costumava mendigar sentado à porta do templo chamada
Formosa. Todos ficaram perplexos e muito admirados com o que lhe tinha
acontecido”.
A arte de Lucas
Além de médico, Lucas era pintor. Claro que estou falando
metaforicamente. Tanto no Evangelho como em Atos, esse companheiro de Paulo nos
legou quadros maravilhosos da vida e do ministério de Jesus, seguido dos
apóstolos. No capítulo dois do livro de Atos, Lucas pintou uma imagem cativante
da primeira igreja cristã em Jerusalém: A igreja modelo. Cheios do Espírito
Santo, seus membros priorizavam ensino, comunhão, adoração e evangelização.
Dessa forma foi que eles reverberaram o poder de Deus, reproduziram o seu amor,
receberam cura e repartiram o evangelho. Tudo era doce e belo.
A tela seguinte do “médico amado” e amigo de Paulo, Atos
capítulo três, expande aquela realidade com traços e cores de maior realismo.
Lucas nos agracia com um quadro da igreja da tela anterior, da igreja modelo em
ação. Aqui nós temos um retrato de como Deus operava milagres, fazia a igreja
cair na graça do povo e diariamente acrescentava os que iam sendo salvos (Atos
2.42 a 47).
A arte de Lucas é fascinante
O que nós enxergamos nesta tela da igreja em ação?
1 - A rotina dos crentes
Atos 3.1 “Certo dia Pedro e João estavam subindo ao templo
na hora da oração, às três horas da tarde”. Pedro e João estão subindo ao
templo para orar. O relógio marcava três horas da tarde. Era o segundo período
de oração. O primeiro havia sido às nove da manhã (Atos 2.15) e o terceiro
seria no final do dia judaico.
Observamos aqui que a rotina dos crentes, da igreja
representada nas pessoas de Pedro e João: Seguia o relógio de Deus, era
definida pelas disciplinas espirituais, Palavra e oração. Sem a rotina
disciplinada em torno de encontros regulares com Deus a igreja perde a força, o
crente definha, desnutre-se e se desidrata. A vida se esvai, flores e folhas
murcham e caem, desaparecem-se os frutos. Não deixe de notar que Pedro e João
frutificaram no caminho para a hora da oração. Essa rotina de espiritualidade é
indispensável para crentes e igrejas: hora de orar, hora de ler e estudar a
Palavra, hora de adorar e nutrir comunhão, hora de evangelizar e discipular.
Sem disciplinas espirituais não há vida e muito menos ação na igreja de Cristo.
Agito é diferente de ação
Muitas pessoas e igrejas vivem de agitos, mas não de ações.
Veja, por exemplo, o caso de Marta e Maria (Lucas 10.38 a 42). Marta se agitava
de um lado para o outro, pensando que estava agindo para servir, quando na
verdade estava agitando-se para se esconder. Maria agia, quedando-se aos pés de
Jesus. Após o que, ela se levantaria
para servir. Agitação e ação não são a mesma coisa. A rotina da igreja precisa
ser definida em torno das disciplinas espirituais, individual e coletivamente:
Palavra, oração, comunhão, cuidado, adoração e evangelização. Nesta mesma ordem
de prioridades.
2 - A ruína do mundo
Além da rotina dos crentes, Lucas pinta para nós a ruína do
mundo, representada na pessoa de um aleijado de nascença. Veja:
Atos 3.1 a 3 “Certo dia Pedro e João estavam subindo ao
templo na hora da oração, às três horas da tarde. Estava sendo levado para a
porta do templo chamada Formosa um aleijado de nascença, que ali era colocado
todos os dias para pedir esmolas aos que entravam no templo. Vendo que Pedro e
João iam entrar no pátio do templo, pediu-lhes esmola”.
O que se observa nesta cena sobre o mundo arruinado?
A congenialidade do pecado. Diante de Pedro e de João estava
“um aleijado de nascença”. Assim nasce a humanidade: Em pecado. A enfermidade
representa aqui a condição de pecador do ser humano. Esse diagnóstico é
fundamental para o tratamento. Afinal, a necessidade do pecador é de perdão e
não de prosperidade, é de santificação e não de entretenimento.
As consequências do pecado. O homem não andava, ele era
levado pelos outros, vivia das migalhas das pessoas, ficava na porta, pois era
impedido de entrar no templo, arrastava-se naquele estado havia mais de 40 anos
(Atos 4.22). Em outras palavras, ele não conseguia se ajudar e não conseguia
ajuda definitiva com ninguém, nem mesmo com a religião que, com a obrigação que
tinha de não permitir a pobreza (Deuteronômio 15.1 a 11), não curava nem
cuidava. O estado deplorável deste homem revela bem o que o pecado faz com o
ser humano: Separa-nos de Deus, rouba de nós a dignidade, a vida plena,
torna-nos impotentes, mendicantes e sem esperança no mundo.
A crueldade do pecado. O pecado nos manipula (o homem achava
que precisava só de dinheiro) e nos torna manipuladores (o homem estava na
porta Formosa, 22 metros de altura, revestida de bronze polido de Corinto,
parecia ouro, fazendo pressão psicológica).
Eis o estado de ruína do mundo: Homens e mulheres atolados
no pecado, sofrendo os piores tipos de consequências, manipulados e
manipulando, carregando uns aos outros e dando esmolas aos miseráveis, na
tentativa de aplacar a consciência. No fundo, ninguém ajuda ninguém.
3 - O recurso da igreja
O último toque de Lucas revela o recurso da igreja diante da
ruína do mundo
Atos 3.6 “Disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que
tenho, isto lhe dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, ande”.
Existe um ditado popular que diz mais ou menos assim: Cada
um só pode dar aquilo que tem a oferecer. Esta verdade está estampada na cena
que temos. A igreja não tinha prata nem ouro, mas tinha Jesus Cristo. Conta-se a história do encontro entre um papa
da ICR e Tomás de Aquino na cidade de Jerusalém, quando o pontífice teria dito
ao teólogo:
Veja você, Tomás, a igreja não pode mais dizer “Não tenho
prata nem ouro”.
Aquino teria respondido:
É verdade, santo padre! Mas a igreja também não pode mais
dizer: “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, ande”.
O recurso da igreja é Jesus Cristo. Ela não pode se
envergonhar em dizer que tudo o que ela tem para oferecer é o evangelho de
Jesus Cristo, nada mais e nada menos. Cristo é tudo o que temos. Graças a Deus
por isso, pois é de Cristo que nós e o mundo precisamos, nada mais e nada
menos. Nele convergem todas as coisas, tanto as do céu como as da terra
(Efésios 1.10).
De que forma a igreja reparte o seu recurso?
Mantendo o olhar compassivo
Atos 3.3 a 6 “Vendo que Pedro e João iam entrar no pátio do
templo, pediu-lhes esmola. Pedro e João olharam bem para ele.... Pregando com
graça e com verdade... e, então, Pedro disse: Olhe para nós! O homem olhou para
eles com atenção, esperando receber deles alguma coisa. Disse Pedro: Não tenho
prata nem ouro, mas o que tenho, isto lhe dou. Em nome de Jesus Cristo, o
Nazareno, ande”.
Discipulando através de relacionamentos
Atos 3.7 e 8 “Segurando-o pela mão direita, ajudou-o a
levantar-se, e imediatamente os pés e os tornozelos do homem ficaram firmes. E
de um salto pôs-se em pé e começou a andar. Depois entrou com eles no pátio do
templo, andando saltando e louvando a Deus”.
O que o recurso da igreja leva para as pessoas?
Salvação, cura, alegria, louvor e encantamento. Atos 3.9 e
10 “Quando todo o povo o viu andando e louvando a Deus, reconheceu que era ele
o mesmo homem que costumava mendigar sentado à porta do templo chamada Formosa.
Todos ficaram perplexos e muito admirados com o que lhe tinha acontecido”.
Ah! Se nos déssemos conta do que realmente temos a oferecer
para as pessoas! Se mantivéssemos compaixão no olhar, pregássemos com graça e
com verdade, e discipulássemos através de relacionamentos. O mundo seria,
“imediatamente”, transformado pelo poder do nome de Jesus Cristo.
A igreja em ação
Lucas pinta a igreja em ação com as cores da rotina dos
crentes, da ruína do mundo e do recurso da igreja. Diante deste quadro,
permitam-me concluir com três aplicações.
1 - Empenhe-se em praticar as disciplinas espirituais:
Palavra, oração, comunhão, adoração, evangelização, etc. A rotina da vida do
crente deve girar em torno desses pilares de sustentação.
2 - Enxergue o mundo da forma como ele é realmente:
Miserável em seus pecados, carente de graça e salvação, necessitados de Jesus
Cristo.
3 - Envolva-se de forma intencionalmente discipuladora na
vida de outras pessoas: Ore por alguns, ore com eles, compartilhe mensagens e
caminhe regularmente ao lado deles, com hora marcada, discipulando.
Fale comigo: mapirola@yahoo.com
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