25/08/2020

Atos dos apóstolos 03 - Operação grande comissão

 

Atos 1.1 a 11 “Em meu livro anterior, Teófilo, escrevi a respeito de tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar, até o dia em que foi elevado aos céus, depois de ter dado instruções por meio do Espírito Santo aos apóstolos que havia escolhido. Depois do seu sofrimento, Jesus apresentou-se a eles e deu-lhes muitas provas indiscutíveis de que estava vivo. Apareceu-lhes por um período de quarenta dias falando-lhes acerca do Reino de Deus. Certa ocasião, enquanto comia com eles, deu-lhes esta ordem: Não saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu Pai, da qual lhes falei. Pois João batizou com água, mas dentro de poucos dias vocês serão batizados com o Espírito Santo. Então os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel? Ele lhes respondeu: Não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade. Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra. Tendo dito isso, foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu da vista deles. E eles ficaram com os olhos fixos no céu enquanto ele subia. De repente surgiram diante deles dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado aos céus, voltará da mesma forma como o viram subir.

Operação lava jato

A operação lava jato começou em 2009, lá em Curitiba. De lá para cá, o Brasil inteiro, diariamente, parece estar com olhos e ouvidos grudados nos meios de comunicação, aguardado uma nova fase. Parece minissérie de televisão. Todo mundo espera ansiosamente pelos próximos capítulos. Para muita gente, essa tem sido uma “programação” empolgante. De fato é.

Há, no entanto, outra operação que há mais de 2 mil anos está nas ruas e que tem um potencial de empolgação infinitamente superior ao de qualquer operação no Brasil e no mundo. Melhor até do que filme, seriado ou novela do cinema, da internet ou da TV: A operação grande comissão.

O que é a operação grande comissão? É a ordem que Jesus nos deixou.

Mateus 28.16 a 20 “Os onze discípulos foram para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes indicara. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. Então, Jesus aproximou-se deles e disse: Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”.

O sentido da história

A história da operação grande comissão é a história que realmente importa.

Olhando para a história, muita gente fica desnorteada. Alguns, desesperados, perguntam: “A história realmente tem sentido? ” É tanto caos, decepção, reviravolta, maldade e catástrofe recorrentes que não é de hoje que o ser humano fica perdido e desencantado com a história humana. Milhares e milhares de pessoas que passaram pela existência ou que vivem ainda hoje, olhando para a história, não hesitariam em fazer coro com Salomão.

Eclesiastes 1.12 a 18 “Eu, o mestre, fui rei de Israel em Jerusalém. Dediquei-me a investigar e a usar a sabedoria para explorar tudo o que é feito debaixo do céu. Que fardo pesado Deus pôs sobre os homens! Tenho visto tudo o que é feito debaixo do sol; tudo é inútil, é correr atrás do vento! O que é torto não pode ser endireitado; o que está faltando não pode ser contado. Fiquei pensando: Eu me tornei famoso e ultrapassei em sabedoria todos os que governaram Jerusalém antes de mim; de fato adquiri muita sabedoria e conhecimento. Por isso me esforcei para compreender a sabedoria, bem como a loucura e a insensatez, mas aprendi que isso também é correr atrás do vento. Pois quanto maior a sabedoria, maior o sofrimento; e quanto maior o conhecimento, maior o desgosto”.

Afinal, qual é o sentido da história? A resposta está em Atos dos Apóstolos.

O livro de Atos dos Apóstolo não apenas contém a história da igreja primitiva. O que Lucas escreveu não é tão-somente um livro de história, narrando as experiências dos primeiros discípulos. A sua obra enfaticamente aponta que há um sentido para a história. Deus está desenrolando a história através da vida de seus discípulos.

O plano de Deus para a história não diz respeito à ascensão e à queda de impérios; a uma raça ou um povo com maior influência e poder sobre os demais. A Bíblia sequer olha para a história como se tivesse principalmente a ver com o sucesso ou as conquistas de indivíduos e nações. James Montgomery Boice bem definiu o sentido da história:

O sentido da história está na obra de Deus: Deus alcançando a massa caída da humanidade e salvando alguns homens e mulheres que teimam em seguir a caminho do inferno, trazendo-os para uma nova comunhão, a igreja, e neles iniciando obra tal que toda a glória é atribuída a Jesus Cristo. É sobre isso que Lucas está escrevendo, à medida que ele descortina esses eventos [no Evangelho e em Atos dos Apóstolos].

O sentido da história, conforme apresentado por Deus, é o que traz sentido para a nossa história. Participar da operação grande comissão, portanto, é o que nos fará verdadeiramente apreciar o sentido da vida e desfrutá-la com prazer até o dia de partirmos para o céu.

A operação grande comissão

Operação para ser bem-sucedida precisa de alguns componentes alinhados, tais como: alvo, mandado, enviados e credenciais. É o que temos em Atos 1.1 a 11 (Os enviados à OGC, o mandado da OGC, a credencial necessária à OGC, o alvo da OGC).

Quem são as pessoas que Deus envia? Qual deve ser a pregação delas? Que poder as reveste? Qual é o propósito da Operação Grande Comissão?

Vejamos um de cada vez.

1 - Os enviados à operação grande comissão

Antes de encerrar seu ministério pessoal na terra, Jesus deliberadamente tomou providências para que ele (através do Espírito Santo) continuasse ainda na terra (através de seus discípulos). Esses homens receberam um preparo singular e Lucas (Atos 1.1 a 11) o esboça em quatro estágios.

A - Escolha e chamado

Atos 1.1 e 2 “Em meu livro anterior, Teófilo, escrevi a respeito de tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar, até o dia em que foi elevado aos céus, depois de ter dado instruções por meio do Espírito Santo aos apóstolos que havia escolhido”.

B - Revelação e instrução

Atos 1.1 a 3 “Em meu livro anterior, Teófilo, escrevi a respeito de tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar, até o dia em que foi elevado aos céus, depois de ter dado instruções por meio do Espírito Santo aos apóstolos que havia escolhido. Depois do seu sofrimento, Jesus apresentou-se a eles e deu-lhes muitas provas indiscutíveis de que estava vivo. Apareceu-lhes por um período de quarenta dias falando-lhes acerca do Reino de Deus”.

C - Comissionamento e envio

Atos 1.8 a 11 “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra. Tendo dito isso, foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu da vista deles. E eles ficaram com os olhos fixos no céu enquanto ele subia. De repente surgiram diante deles dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: “Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado aos céus, voltará da mesma forma como o viram subir”.

D - Promessa e cumprimento

Atos 1.8 “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”.

Este, portanto, foi o preparo dos apóstolos. É claro que, num sentido secundário, todos nós, os discípulos de Cristo, podemos dizer o mesmo, ou seja: fomos eleitos e chamados; estamos sendo instruídos na revelação das Escrituras; recebemos o mesmo comissionamento; e temos a promessa da presença do Senhor conosco pelo Espírito Santo. Somo os enviados à OGC.

2 - O mandado da operação grande comissão

Fomos enviados a quê? Qual é o mandado que do Senhor nós temos em mãos? Fomos enviados a pregar a mensagem do evangelho.

A economia da introdução de Lucas é de tirar o fôlego. Em apenas três versículos ele descreve o mandado completo da operação grande comissão.

Atos 1.1 a 3 “Em meu livro anterior, Teófilo, escrevi a respeito de tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar, até o dia em que foi elevado aos céus, depois de ter dado instruções por meio do Espírito Santo aos apóstolos que havia escolhido. Depois do seu sofrimento, Jesus apresentou-se a eles e deu-lhes muitas provas indiscutíveis de que estava vivo. Apareceu-lhes por um período de quarenta dias falando-lhes acerca do Reino de Deus”.

A grande comissão prega: A pessoa de Jesus Cristo, o que Jesus Cristo fez, o que Jesus Cristo ensinou, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo e o significado do Reino de Deus para a vida do discípulo de Jesus Cristo. Não há outra coisa para se pregar. Não existe outro mandado expedido que precisa ser cumprido, pois o original não expirou: “a respeito de tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar...”.

Devemos anunciar Cristo, seus atos de amor e seus milagres, seus ensinamentos, sua morte e ressurreição e as implicações disso para o dia-a-dia.

3 - A credencial necessária à operação grande comissão

A credencial é o que nos habilita a cumprir o mandado da Operação Grande Comissão. Confere-nos tanto autoridade para ir como poder para cumprir. Portanto, qual é a credencial necessária à operação grande comissão?

Atos 1.4 a 8 “Certa ocasião, enquanto comia com eles, deu-lhes esta ordem: Não saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu Pai, da qual lhes falei. Pois João batizou com água, mas dentro de poucos dias vocês serão batizados com o Espírito Santo. Então os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel? Ele lhes respondeu: Não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade. Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”.

A nossa autoridade é exercida na medida em que testemunhamos de Jesus Cristo; na medida em que anunciamos o evangelho de Cristo de forma a salvar, santificar e edificar as pessoas. Paulo sabia disso e escreveu:

2 Coríntios 10.8 “Pois mesmo que eu tenha me orgulhado um pouco mais da autoridade que o Senhor nos deu, não me envergonho disso, pois essa autoridade é para edificá-los, e não para destruí-los”.

2 Coríntios 13.10 “Por isso escrevo estas coisas estando ausente, para que, quando eu for, não precise ser rigoroso no uso da autoridade que o Senhor me deu para edificá-los, e não para destruí-los”.

Nossa autoridade vem do Evangelho. Não vem de nós, de nossa herança ou de nosso grupo; não vem da força de persuasão e muito menos da força física. Nossa autoridade vem do Evangelho. E sabemos que a estamos exercendo bem quando percebemos a edificação que pelo evangelho estamos promovendo.

A autoridade vem do Evangelho e o poder vem do Espírito. Os dois juntos. Nossas armas não são carnais. Não é pela força nem pelo poder, mas pelo Espírito que nós conquistamos as pessoas e as vemos sendo transformadas.

Totalmente diferente do que aconteceu no cristianismo do período das cruzadas e ainda acontece através de jihadistas muçulmanos, por exemplo. Nossa autoridade vem de Cristo, na medida em que o Espírito de Cristo elucida e aplica na vida das pessoas o evangelho que a elas nós anunciamos.

Crente sem o Espírito e sem o Evangelho não pode falar em nome de Cristo. Da mesma forma, não poderá falar em nome de Cristo o crente que diz ter o Espírito e o Evangelho, mas ao mesmo tempo carrega consigo a espada, age pela força e manipula com palavras de bajulação e exibicionismo. A nossa credencial vem de Cristo pelo Espírito e através do Evangelho. 

4 - O alvo da operação grande comissão

O cristão foi enviado com um mandado e está habilitado com as credenciais de Cristo. Mas, qual é o alvo da operação grande comissão?

Atos 1.6 a 8 “Então os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel? Ele lhes respondeu: Não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade. Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”.

O nosso alvo é, a partir de onde estamos, chegar até os confins da terra, levando o evangelho de Cristo, espalhando o Reino de Deus, enchendo toda a terra com o conhecimento do Senhor.

Não temos como alvo o que tinham, equivocadamente, os primeiros discípulos. Eles queriam “restaurar” o reino político; eles queriam restringir o reino à “Israel”, à etnia judaica; eles queriam um reino geográfico, a partir de “Jerusalém”. Deus, porém, não nos deu como alvo “restaurar” políticas públicas, cristianizando o mundo; nem criar uma raça pura: A raça cristã, como se tais fossem os melhores; menos ainda estabelecer um lugar geográfico como nosso.

Recebemos de Deus como alvo o “vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei” (Mateus 28.19 e 20).

Nosso alvo é testemunhar de Cristo, transformando as pessoas no poder do Espírito Santo com o evangelho, a partir do coração, para que o comportamento delas transforme a sociedade.

Nosso alvo é testemunhar de Cristo, tornando em discípulos de Cristo, pela graça e por meio da fé, todos os povos de cada língua, tribo e nação.

Nosso alvo é testemunhar de Cristo, abrindo mão de tudo o que somos e temos, entregando nossas vidas e valores ao Senhor do Reino, por amor aos perdidos e para a glória de Jesus Cristo.

O nosso alvo é espalhar o reino espiritual de Cristo; é encher a terra do conhecimento do Senhor, através de nossas palavras e posturas.

Operação grande comissão

Com base no que vimos, permitam-me fazer quatro aplicações que falam das quatro dimensões da vida do cristão, conforme nos requer a OGC.

A - Mantenha a vida devocional, Jesus nos chamou para estar com ele. É da vida devocional que virá motivação e poder.

B - Desenvolva uma vida missional, Jesus nos chamou para nos enviar. A vida missional é muito mais que um programa. Vida missional é encarnar Jesus para as pessoas. É viver intencionalmente de forma missionária em tudo o que se faz. É refletir Jesus às pessoas, convidando-as a ouvir e viver o evangelho.

C - Cultive uma vida relacional, Jesus nos chamou para fazer discípulos. A semana tem 168 horas. Tiramos, em média, 4 horas dela para os cultos dominicais e a EBD. E as demais horas? Deveríamos investir, pelo menos, duas horas para relacionamentos discipuladores e outras duas horas para pequenos grupos de comunhão e multiplicação. Dessa forma, seriam 8 horas por semana investidas diretamente na grande comissão.

D - Preze por uma vida educacional, Jesus nos chamou para aprender. Precisamos ser expostos às exposições bíblicas, aos ensinos bíblicos e aos treinamentos. Precisamos ler e estudar. Temos que saber articular bem o conteúdo da Bíblia, especialmente o Evangelho.

Para mantes uma vida devocional, missional, relacional e educacional, sugiro a você três coisas.

A - Separe tempo diário para a sua devoção. Escolha uma versão da Bíblia, um programa de leitura bíblica e um programa de oração.

B - Organize a sua agenda de forma a ter dias e horas para pessoas. Utilize as anotações dos sermões para compartilhar.

C - Seja assíduo aos cultos, EBD e programas de treinamento. Inserindo a sua história na história de Atos dos Apóstolos, eu te garanto, a sua vida terá um sentido pleno. Creia nisso. Junte-se à operação grande comissão.

Fale comigo: mapirola@yahoo.com

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