Atos 1.8 “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer
sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e
Samaria, e até os confins da terra”.
A expansão da fé cristã
Atos dos Apóstolos é um livro fascinante. Lendo a sua
história, nós encontramos uma dezena de temas cruciais e cativantes, tais
quais:
Cristianismo, igreja, ministério, pregação, conversão,
salvação, Espírito Santo, missões, evangelização, discipulado, plantação de
igreja, formação de líderes, estilo de vida cristã, perseguição e martírio,
oração, compaixão e graça e muitos, muitos outros assuntos estimulantes. Como
nós precisamos desse tônico divino para reacender a chama de Cristo em nossos
corações!
Além do estímulo que nos traz, Atos dos Apóstolos apresenta
a expansão do cristianismo, de Jerusalém a Roma, de Jerusalém, passando por
Judeia e Samaria, até chegar aos confins da terra. Tudo isso em apenas três
décadas!
O impacto do cristianismo
A história narrada por Lucas aconteceu, aproximadamente,
entre os anos 33 e 64 depois de Cristo. Aqueles trinta anos iniciais do
cristianismo mudaram o mundo. A Igreja, de lá para cá, cresceu ao ponto de se
tornar o maior grupo religioso que o mundo jamais conheceu, transformando as
vidas de centenas de milhares de pessoas ao redor do globo. Atualmente, com
mais de dos bilhões de adeptos, o cristianismo representa pouco mais de um
terço da população mundial e é indiscutível o impacto por ele causado na
civilização, na cultura, na família, na educação, na medicina, na liberdade e
nos direitos sociais, etc.
A necessidade que temos de Atos dos Apóstolos
Você sabe o que é mais impressionante? A sementeira de tudo
isso, o período quando essas conquistas fincaram raízes decisivas, foram os 30
anos narrados pelo livro de Atos dos Apóstolos. Nós precisamos dessa história!
O que nós podemos aprender desses cristãos que em tão pouco
tempo conseguiram virar o mundo de cabeça para baixo? Deixando de lado as
diferenças culturais e as singularidades históricas, o que as atitudes e o
estilo de vida da Igreja Primitiva trazem hoje de implicações?
Precisamos abraçar, individual e coletivamente, o padrão de
como Deus age e intervém para fazer o seu Reino avançar. Para continuar
escrevendo a história da Igreja com a mesma paixão e a mesma dedicação
encontradas nos primeiros crentes, nós precisamos do livro de Atos dos
Apóstolos.
A situação histórica de Atos dos Apóstolos
Para compreendermos alguma coisa da magnitude das conquistas
dos primeiros cristãos, antes de mergulharmos no livro de Atos, precisamos
entender duas coisas:
1 - Quais eram as forças que os ajudavam.
2 - Quais as forças que agiam contra eles na cultura em que
estavam.
Eram substanciais, ambas as forças.
1 - Três vantagens para os primeiros crentes
Na importante obra: Evangelização na Igreja Primitiva,
Michael Green traça, já no primeiro capítulo, “Os caminhos da evangelização”.
Ele argumenta que havia a conjugação de três elementos (forças) que
beneficiaram a expansão da Igreja.
1.a - A paz romana
Durante quase 100 anos, o império romano foi rasgado por
sucessivas guerras civis até a ascensão de Augusto César, em 31 a.C. Desde
então, a paz reinou pelo império, trazendo estabilidade e boas comunicações,
através das grandes estradas romanas que facilitaram muito a disseminação do
Evangelho. Lucas relata viagens que antes teriam sido impossíveis. Ficou rápido
e seguro viajar.
1.b - A cultura grega
Outro fator que ajudou no avanço da Igreja de Cristo foi à
cultura grega.
A língua grega: embora o latim fosse à língua oficial, a
maioria falava grego. É importante notar que Paulo discursou aos oficiais
romanos em grego. Esse foi o motivo por que o Novo Testamento foi escrito em
grego, o que assegurou uma compreensão universal.
O pensamento grego: Não se pode separar a língua grega do
pensamento grego. Pensadores gregos começaram a atacar as crueldades, os
adultérios, as traições, as guerras e as mentiras atribuídas aos deuses gregos,
e os criticavam. Os cristãos, portanto, não foram os primeiros a atacar o grosseiro
politeísmo antropomórfico do povo. Os filósofos gregos tinham no desmascarado
muito tempo antes. Platão e Aristóteles, por exemplo, impulsionaram esse
movimento em direção ao monoteísmo.
As religiões gregas: Religiões emotivas e entusiásticas,
para o bem ou para o mal, já existiam no mundo greco-romano. Elas se propunham
a ajudar as pessoas em seus problemas cotidianos, dar-lhes imortalidade e
fazê-los compartilhar suas vidas com os deuses. Ou seja: ao mesmo tempo que
estavam abertos para a espiritualidade, eram totalmente pagãos.
O mundo de Atos dos Apóstolos estava inundado de religiões
esotéricas, ocultistas e de mistério. Havia os cultos de Cibele (Ásia Menor),
Dionísio (Grécia), Ísis e Osíris (Egito), Mitras (Pérsia). Todos prometiam
perdão, pureza, prosperidade (segurança) e imortalidade. Todos tinham seus
rituais e sacrifícios.
Portanto, com a paz romana e a cultura grega, com estradas,
paz e segurança romanas; também com a língua, o pensamento e as expressões de
fé gregas, o cristianismo estava servido de “pontes” para continuar avançando
com a chama do evangelho de Cristo. Mas, havia algo mais…
1.c - A fé judaica
Os romanos nunca entenderam os judeus, mas muitos os
respeitaram e foram atraídos ao judaísmo, especialmente por causa do seu monoteísmo,
do seu livro sagrado (o Antigo Testamento foi traduzido para o grego, a
Septuaginta, no século 2 a.C. em Alexandria) e do seu tipo de culto.
Aplicação
Paulo tinha consciência dessas vantagens para o cristianismo
do primeiro século (paz romana + cultura grega + fé judaica). Aos Gálatas, ele
escreveu:
Gálatas 4.4 e 5 “Mas, quando chegou a plenitude do tempo,
Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da Lei, a fim de
redimir os que estavam sob a Lei, para que recebêssemos a adoção de filhos”.
O apóstolo reconhece o momento histórico exato, preparado
por Deus Pai, para o Filho nascer, crescer, morrer, ressuscitar e enviar seus
discípulos a pregar. Quando depende do Espírito de Deus, o cristão descobre que
Deus é quem abre as portas para ele testemunhar e iniciar um relacionamento
discipulador de sucesso com as pessoas que vão surgindo em seu caminho.
A “plenitude do tempo”, que foi o período de Cristo e de
Atos dos Apóstolos, revela que Deus mesmo é quem constrói as pontes adiante de nós,
fazendo-nos chegar aos que precisam ouvir e receber de nós o ensino do
Evangelho. Essas pessoas estão sendo preparadas por Deus neste exato momento
para que, fruto do nosso trabalho, sejam colhidas para a salvação e a comunhão
da igreja.
2 - Duas barreiras para os primeiros crentes
Além das vantagens, os primeiros crentes encontraram grandes
barreiras no caminho para a evangelização, o discipulado e a plantação de
igrejas. Era uma tarefa árdua a que tinham os primeiros cristãos. Para os
gregos, a mensagem do Evangelho era louca; para os romanos, era fraca (pois, ao
ser confrontado, dava a outra face!); e para os judeus, escandalosa. Crentes em
toda parte enfrentaram oposição, foram criticados e perseguidos como
antissociais, ateístas, promíscuos, desordeiros e esquisitos.
2.a - O Evangelho era escandaloso para os judeus
Não era fácil, e não é até hoje, para um judeu seguir a
Cristo.
Os mensageiros eram, na maioria, iletrados e incultos (Atos
4.13). Os judeus estavam acostumados com os rabis eruditos.
A mensagem soava como afronta ao judaísmo. A proclamação do
nome de Jesus, como o Messias, o mesmo carpinteiro de Nazaré que tinha nascido
de uma mulher fora do casamento, era algo incompreensivelmente escandalosa para
o judeu. Pior ainda, o livro da lei dizia que “o que for pendurado no madeiro é
maldito de Deus” (Deuteronômio 21.23). Então, Jesus, pela sua morte na cruz,
falhou e foi maldito. Era ridículo e ofensivo sugerir que tal indivíduo era o
Messias prometido.
A maneira de ser da igreja era algo blasfemo. Os crentes não
observavam o antigo sistema sacrifical, não praticavam circuncisão e não
frequentavam o templo. Não é para ficar surpreendido com a reação violenta dos
judeus contra a defesa de Estevão (Atos 7.54). Aonde os crentes iam, havia
tumultos, pois eram instigados pelos judeus (Atos 13.50, 14.1 a 5 e 19, 17.5 a
9).
2.b - O Evangelho era loucura para os gentios
O gentio (a pessoa não judia), quando deparava o
cristianismo, achava loucura a fé cristã. Primeiro, por causa da posição
religiosa, que enfrentava oposição e sofria perseguição. Segundo, porque os
crentes pregavam que havia um só Deus e proibiam a confecção e a adoração de
imagens. Os romanos tinham muitos deuses, que formavam parte do culto do
Estado. A pessoa que não se envolvia nas observâncias religiosas dos velhos
deuses tornava-se ameaça ao Estado. Também os romanos não entendiam os crentes
que tinham um rito de “comer o corpo de Jesus”, isso soava-lhes como
canibalismo.
A vida social dos cristãos também não era nada atraente. Não
frequentavam o teatro e não gostavam das histórias dos deuses. Eram tidos como
incultos e antissociais. Havia ainda tensão familiar, quando, por exemplo, a
esposa tornava-se cristã e o marido permanecia no estado de sempre. Era muito
difícil um casamento misto funcionar. Em cada área da vida, o crente daquele
tempo enfrentava muitos obstáculos. Se achamos ser difícil ganhar pessoas para
Cristo hoje, aqui no ocidente, devemos ser gratos por não termos vivido nos
dias da Igreja Primitiva, quando a tarefa era imensamente mais difícil,
custando muitas vezes a própria vida.
As similaridades entre o mundo de Atos e o nosso
É fácil pensar que os primeiros crentes eram totalmente
diferentes de nós. Mas, além do que já vimos, há semelhanças notáveis que devem
nos encorajar.
A - Seu contexto era os centros urbanos, o alvo dos
primeiros crentes era as grandes cidades, tais como: Jerusalém, Antioquia,
Alexandria, Filipos, Roma, Corinto. Todas eram cidades chave. A influência das
cidades grandes é muito importante para a evangelização. Atos, como veremos na
caminhada pelo livro, tem muito a nos ensinar.
B - Seu contexto era de pluralismo de ideias, eles não
flertavam com as outras ideologias, simplesmente proclamavam Cristo com todo o
poder de persuasão ao seu dispor. Havia diferenças na maneira de apresentar o
Evangelho, por exemplo, no meio do paganismo de Listra (Atos 14.11 a 18) e no
contexto filosófico de Atenas (Atos 17.16 a 31). Essa é uma lição importante
para nós, que aprenderemos no caminho.
C - Seu contexto era de rejeição, às vezes, havia apatia,
como em Atenas, outras vezes era oposição total e até perseguição e morte. Os
primeiros cristãos viviam tempos propícios, mas desafiadores, carregados de
toda sorte de dificuldades. Ouça o que Michael Green, sobre eles, escreveu:
Jesus encarregou um pequeno grupo de onze homens para executar sua obra e levar
o evangelho a todo o mundo (Mateus 28.19 a 20). Eles não eram pessoas
importantes, nem bem instruídas, e também não tinham atrás de si pessoas
influentes. Não eram ninguém em seu país e, de qualquer forma, seu Israel não
passava de uma província de segunda classe na extremidade oriental do mapa
romano. Se eles tivessem parado para avaliar as chances de sucesso de sua
missão, mesmo tendo a convicção de que Jesus estava vivo e que seu Espírito os
acompanhava para equipá-los para sua tarefa, eles teriam desanimado; tão
grandes eram as condições adversas. Como eles conseguiram? Mesmo assim eles
conseguiriam.
Trinta anos que mudaram o mundo
Como eles conseguiram? O que eles fizeram em apenas trinta
anos que foi revolucionário e impactante naqueles dias e é ainda agora? A
síntese de tudo está em Atos 1.8, e com ela nós encerramos a mensagem de hoje.
Atos 1.8 “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão
minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins
da terra”.
1. Mudaram o mundo em trinta anos por causa da mensagem
“Serão minhas testemunhas”. Cristo era a essência da
mensagem dos primeiros discípulos: A vida de Cristo, a morte de Cristo e a
ressurreição de Cristo. Paulo sintetizou bem o foco da mensagem da Igreja
Primitiva, quando escreveu aos Coríntios.
1 Coríntios 2.1 a 5 “Eu mesmo, irmãos, quando estive entre
vocês, não fui com discurso eloquente, nem com muita sabedoria para lhes
proclamar o mistério de Deus. Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser
Jesus Cristo, e este, crucificado. E foi com fraqueza, temor e com muito tremor
que estive entre vocês. Minha mensagem e minha pregação não consistiram de
palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do
Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na sabedoria humana, mas
no poder de Deus”.
A mensagem da cruz tinha e tem como propósito salvar e
santificar o pecador, levando-o a reconhecer e a adorar a Deus como Senhor.
2 - Mudaram o mundo em trinta anos por causa do método
“Serão minhas testemunhas”. Eles eram testemunhas,
carregavam na vida e na voz (esse é o significado de mártir, testemunha) a
verdade do evangelho de Cristo. Eram pessoas de caráter e de conduta
transformados. Testemunhavam de forma pública e também particular.
Evangelizavam e discipulavam. Oravam. Adoravam a Deus. Exerciam compaixão e
graça. Formavam líderes. Plantavam igrejas. Esses eram os métodos ou princípios
multiplicadores da Igreja que mudou o mundo em apenas trinta anos.
Assim é que a Junta de Missões Nacionais da Convenção
Batista Brasileira adotou a estratégia atual, chamada de Igreja Multiplicadora.
O que é a visão de Igreja Multiplicadora? Em um movimento de retorno aos
princípios do Novo Testamento, a Igreja Multiplicadora é uma visão de
desenvolver a multiplicação intencional de discípulos baseada em 5 princípios
bíblicos para crescimento: Oração, evangelização discipuladora, plantação de
igrejas, formação de líderes e compaixão e graça. Esses princípios,
desenvolvidos com base nos relacionamentos discipuladores, (vida na vida) e
impulsionados pelos pequenos grupos multiplicadores, resgatam o foco principal
da Igreja de Cristo, que é investir em vidas, obedecendo a grande comissão de
Cristo em nossa “Jerusalém” e até aos confins da Terra! Mudaram o mundo em
trinta anos por causa da mensagem, do método.
3 - Mudaram o mundo em trinta anos por causa da mentalidade
“Serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e
Samaria, e até os confins da terra”. Mudaram o mundo em trinta anos porque não
ficaram com os olhos só em si. Tinham os olhos voltados para fora. Para os
outros, para os que eram iguais e para os que eram diferentes. Queriam alcançar
todos para a glória de Deus. Conhecedor que era do livro de Atos, John Wesley
afirmou: “A minha congregação é o mundo”. Nós cresceremos e mudaremos o mundo
quando erguermos os olhos e vermos que os campos estão brancos para a colheita.
4 - Mudaram o mundo em trinta anos por causa da musculatura
“Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre
vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e
até os confins da terra”. Mudaram o mundo em trinta anos porque tinham músculos
de aço: estavam cheios do Espírito Santo. Oravam e viviam com intrepidez
espiritual.
Trinta anos que mudaram o mundo
O que você precisa mudar para transformar o mundo ao seu
redor? (Comodismo)
A Igreja Primitiva mudou o mundo em apenas 30 anos por
causa…
Da mensagem (Cristo crucificado), do método (oração,
evangelização discipuladora, plantação de igrejas, formação de líderes,
compaixão e graça), da mentalidade (tinham os olhos para os campos), da
musculatura (eram cheios do Espírito Santo).
O que ainda nos falta como igreja para mudarmos o mundo? O
que falta a você para mudar o mundo?
Conheça o evangelho. Assimile os métodos de Atos do
Apóstolo. Tire os olhos de si mesmo. Busque ser cheio do Espírito Santo.
Somente dessa forma é que nós mudaremos o mundo.
Fale comigo: mapirola@yahoo.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário