30/08/2020

Cenas inesquecíveis 02 - O pai que não soube educar

 


1 Samuel 2.12 e 13 “Os filhos de Eli eram ímpios; não se importavam com o Senhor, nem cumpriam os deveres de sacerdotes para com o povo; sempre que alguém oferecia um sacrifício o auxiliar do sacerdote vinha com um garfo de três dentes”.

É muito triste quando uma família, aos poucos, vai se desintegrando. Principalmente se os seus membros professam fé em Jesus. Porém, infelizmente, esse tem sido o triste cenário dos dias em que vivemos: Famílias, inclusive cristãs, que aos poucos vão sendo despetaladas. Os motivos são diversos. Para citarmos apenas alguns: Desajustes na sexualidade, pornografia e traição, crises financeiras, brigas e desentendimentos, chegando até à agressões verbais e físicas, frieza espiritual, insubordinação dos filhos, falta de afeto, de romantismo e de diálogo, enfim, a família pede socorro.

Quando a família pede socorro

Um dos gritos de socorro mais comuns das famílias se dá quando a relação pais e filhos se torna falha. Geralmente isso acontece quando os filhos vão deixando a infância, chegando à adolescência e caminhando para a juventude. Sim, também ocorrem falhas na relação pais e filhos durante os anos da infância, mas eles são fáceis de maquiar. Quando a coisa começa a sair do controle, pais dão a bronca nos filhos pequenos, mandam eles calarem a boca, colocam eles de castigo e pronto, pensa-se que está tudo resolvido. Só que não! Quando vai chegando a adolescência, à caminho da juventude, de repente, boom! Explode tudo de uma vez. Daí, não adiante mais mandar calar a boca, bater, colocar de castigo, etc. A fase da pré-adolescência e da adolescência são um pesadelo para muitos pais, precisamente porque não se consegue mais maquiar os problemas que não foram sendo resolvidos do berçário ao final da infância.

O que fazer quando a família pede socorro?

Convido você para juntos caminharmos em 1 Samuel, do capítulo 1 ao 4. Veremos que quando a relação pais e filhos é falha, a família pede socorro; quando o pai não sabe educar, as coisas fogem do controle. Estudaremos a família do sacerdote Eli em busca de lições para pais e filhos.

1 - O perfil da família. Quando lemos 1 Samuel 1 a 4, descobrimos alguns dados importantes que contribuirão para a nossa compreensão da família que pede socorro. O momento histórico era de impiedade. Eli e sua família viveram em um dos piores momentos da vida de Israel. Era a transição entre os juízes e os profetas, logo após o estabelecimento das tribos de Israel em Canaã, e pouco antes da instituição da monarquia em Israel. O livro de Juízes é concluído com a descrição de como eram aqueles dias:

Juízes 21.19 a 25 Há, porém, a festa anual do Senhor em Siló, ao norte de Betel, a leste da estrada que vai de Betel a Siquém, e ao sul de Lebona. Então mandaram para lá os benjamitas, dizendo: Vão, escondam-se nas vinhas e fiquem observando. Quando as moças de Siló forem para as danças, saiam correndo das vinhas e cada um de vocês apodere-se de uma das moças de Siló e vá para a terra de Benjamim. Quando os pais ou irmãos delas se queixarem a nós diremos: Tenham misericórdia deles, pois não conseguimos mulheres para eles durante a guerra, e vocês são inocentes, visto que não lhes deram suas filhas. Foi o que os benjamitas fizeram. Quando as moças estavam dançando, cada homem tomou uma para fazer dela sua mulher. Depois voltaram para a sua herança, reconstruíram as cidades e se estabeleceram nelas. Na mesma ocasião os israelitas saíram daquele local e voltaram para as suas tribos e para os seus clãs, cada um para a sua própria herança. Naquela época não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia certo”.

O problema era tão sério que em Israel já não se ouvia mais a voz de Deus: 1 Samuel 3.1 “O menino Samuel ministrava perante o Senhor, sob a direção de Eli; naqueles dias raramente o Senhor falava, e as visões não eram frequentes”.

A impiedade social sempre afeta drasticamente a família, pois a sequestra das Escrituras. A mãe sem nome, leia e releia 1 Samuel do capítulo 1 ao 4 e você não encontrará o nome da mãe dos filhos de Eli. Teria ela morrido? Teria sido ela tão insignificante na vida da família que não mereceu ser mencionada? Não sabemos, o fato é que, em contraste com Samuel, sobre quem pai e mãe são citados, a mãe dos filhos de Eli não aparece na história. Não é sempre, e todos sabemos que há felizes exceções, mas a ausência de um dos pais torna sempre mais difícil a construção saudável da família. O pai Eli, Eli era um homem de posição importante. Ele era sacerdote e juiz (1 Samuel 2.11 e 4.18). Sua posição em Israel fazia dele um homem respeitado e bastante ocupado. Observe, por exemplo, uma das cenas comuns no dia-a-dia de Eli:

1 Samuel 4.13 “Quando ele chegou, Eli estava sentado, observando sua cadeira, ao lado da estrada, pois seu coração temia pela arca de Deus. O homem entrou na cidade e contou o que havia acontecido, e a cidade começou a gritar”.

Eli também era um homem crente, seu nome significa “Yahweh é meu Deus”. Como líder espiritual, ele conseguia, algumas vezes, ser sensível às manifestações do Senhor:

1 Samuel 3.8 e 9 “O Senhor chamou Samuel pela terceira vez. Ele se levantou, foi até Eli e disse: Estou aqui; o senhor me chamou? Então Eli percebeu que o Senhor estava chamando o menino e lhe disse: Vá e deite-se; se ele chamá-lo, diga: Fala, Senhor, pois o teu servo está ouvindo. Então Samuel foi se deitar”.

A cena que temos nos mostra que Eli já era um homem idoso e com saúde bastante comprometida. Aos noventa e oito anos, Eli sofria de cegueira e obesidade. A cegueira, provavelmente, era por causa do diabetes, fruto da obesidade. Observe alguns textos:

1 Samuel 2.22 “Eli, já bem idoso...”.

1 Samuel 3.2 “Certa noite, Eli, cujos olhos estavam ficando tão fracos que já não conseguia mais enxergar...”.

1 Samuel 4.15 e 18 Eli tinha noventa e oito anos de idade e seus olhos estavam imóveis, e ele já não conseguia enxergar”; “Quando ele mencionou a arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, ao lado do portão, quebrou o pescoço, e morreu, pois era velho e pesado. Ele liderou Israel durante quarenta anos”.

Dado curioso e, no mínimo, intrigante, é que na maior parte do tempo, o sacerdote e juiz Eli ou está sentado ou está deitado. A situação chega a ser tragicômica, pois a sua morte se dá quando ele cai de costas da cadeira e quebra o pescoço. Observe:

1 Samuel 4.18 “Quando ele mencionou a arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, ao lado do portão, quebrou o pescoço, e morreu, pois era velho e pesado. Ele liderou Israel durante quarenta anos”.

O fato é que Eli sempre está sentado ou dormindo. O relato bíblico parece fazer questão de destacar sua apatia, sua preguiça e sua inércia espiritual. A vida dele parecia ser comer, sentar e dormir. Impressionante! Que testamento mais tragicômico!

Os filhos Hofni, Fineias e Samuel. Os dois filhos naturais de Eli são Hofni e Fineias: (1 Samuel 1.3 “Todos os anos esse homem subia de sua cidade a Siló para adorar e sacrificar ao Senhor dos Exércitos. Lá, Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli, eram sacerdotes do Senhor”).

Esses dois rapazes cresceram no ambiente da casa de Deus e também se tornaram sacerdotes, trabalhando ombro a ombro com seu pai, Eli. O problema é que eles não seguiram nos caminhos do Senhor. Hofni e Fineias eram incrédulos e ímpios ao extremo:

1 Samuel 2.12 a 17 “Os filhos de Eli eram ímpios; não se importavam com o Senhor nem cumpriam os deveres de sacerdotes para com o povo; sempre que alguém oferecia um sacrifício o auxiliar do sacerdote vinha com um garfo de três dentes, e, enquanto a carne estava cozinhando, ele enfiava o garfo na panela, ou travessa, ou caldeirão, ou caçarola, e o sacerdote pegava para si tudo o que vinha no garfo. Assim faziam com todos os israelitas que iam a Siló. Mas, antes mesmo de queimarem a gordura, vinha o auxiliar do sacerdote e dizia ao homem que estava oferecendo o sacrifício: Dê um pedaço desta carne para o sacerdote assar; ele não aceitará de você carne cozida, somente crua. Se o homem lhe dissesse: Deixe primeiro a gordura se queimar e então pegue o que quiser, o auxiliar respondia: Não. Entregue a carne agora. Se não, eu a tomarei à força. O pecado desses jovens era muito grande à vista do Senhor, pois eles estavam tratando com desprezo a oferta do Senhor”.

Note que eles se vestiam como sacerdotes, gostavam da pompa sacerdotal, aproveitavam-se da posição para satisfazer seus apetites carnais, mas eram incrédulos para o significado espiritual dos rituais, além de cruéis com os devotos que ofereciam seus sacrifícios a Deus. Além do que, eram imorais e insensíveis diante das exortações do pai:

1 Samuel 2.22 a 25 “Eli, já bem idoso, ficou sabendo de tudo que seus filhos faziam a todo o Israel e que eles se deitavam com as mulheres que serviam na entrada da Tenda do Encontro. Por isso lhes perguntou: Por que vocês fazem estas coisas? De todo o povo ouço a respeito do mal que vocês fazem. Não, meus filhos; não é bom o que escuto se espalhando entre o povo do Senhor. Se um homem pecar contra outro homem, os juízes poderão intervir em seu favor; mas, se pecar contra o Senhor, quem intercederá por ele? Seus filhos, contudo, não deram atenção à repreensão de seu pai, pois o Senhor queria matá-los”.

Além de Hofni e Fineias, Eli também tinha um filho adotivo, Samuel: (1 Samuel 2.11 “Então Elcana voltou para casa em Ramá; mas o menino começou a servir o Senhor sob a direção do sacerdote Eli”). Esse menino Samuel se destacava de seus dois irmãos adotivos, tanto que, contrapondo ao exemplo de Hofni e Fineias, o livro, após relatar os pecados e a desobediência dos dois (1 Samuel 2.12 a 25), registra o seguinte: (1 Samuel 2.26 E o menino Samuel continuava a crescer, sendo cada vez mais estimado pelo Senhor e pelo povo”).

Foi Samuel, e não Hofni e Fineias, quem se tornou verdadeiro discípulo de Eli:

1 Samuel 3.1 e 19 a 21 O menino Samuel ministrava perante o Senhor, sob a direção de Eli; naqueles dias raramente o Senhor falava, e as visões não eram frequentes”; “O Senhor estava com Samuel enquanto este crescia, e fazia com que todas as suas palavras se cumprissem. Todo o Israel, de Dã até Berseba, reconhecia que Samuel estava confirmado como profeta do Senhor. O Senhor continuou aparecendo em Siló, onde havia se revelado a Samuel por meio de sua palavra”.

O segredo da piedade de Samuel com certeza reside nos poucos anos de educação cristã que ele recebeu de sua mãe, enquanto estava sendo por ela amamentado, da mesma forma que Moisés, ainda na infância, recebeu orientação espiritual de sua mãe Joquebede. Veja o que se diz sobre Samuel:

1 Samuel 1.24 Depois de desmamá-lo, levou o menino, ainda pequeno, à casa do Senhor, em Siló, com um novilho de três anos de idade, uma arroba de farinha e uma vasilha de couro cheia de vinho”.

Samuel deveria ter entre três e doze anos de idade quando foi levado e entregue ao sacerdote Eli. Ao receber o chamado de Deus em 1 Samuel 3, Flávio Josefo nos informa que Samuel estava com doze anos de idade. Este, portanto, é o perfil da família de Eli: Seus filhos carnais eram incrédulos, ímpios, imorais e insensíveis. O final deles foi trágico:

1 Samuel 4.10 e 11 “Então os filisteus lutaram e Israel foi derrotado; cada homem fugiu para sua tenda. O massacre foi muito grande: Israel perdeu trinta mil homens de infantaria. A arca de Deus foi tomada, e os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, morreram”.

Que final infeliz!

2 - Os problemas da família. O perfil da família de Eli já nos revelou um dos problemas principais por eles enfrentados, isto é: a relação pais e filhos era falha. No entanto, precisamos nos aprofundar um pouco mais nessa história para descobrir onde, quando e como a relação entre Eli e seus filhos falhou. Nosso texto nos dá três dicas importantes. Observem:

A - Eli não soube ou não quis ver. A reação de Eli, diante do relato que ele recebeu da morte dos filhos e do roubo da arca pelos filisteus, revela algo de errado no coração daquele pai. Parece que ele nunca soube ou nunca quis “ver” os seus filhos. Observe:

1 Samuel 4.12 a 18 Naquele mesmo dia um benjamita correu da linha de batalha até Siló, com as roupas rasgadas e terra na cabeça. Quando ele chegou, Eli estava sentado, observando sua cadeira, ao lado da estrada, pois seu coração temia pela arca de Deus. O homem entrou na cidade e contou o que havia acontecido, e a cidade começou a gritar. Eli ouviu os gritos e perguntou: O que significa esse tumulto? O homem correu para contar tudo a Eli. Eli tinha noventa e oito anos de idade e seus olhos estavam imóveis, e ele já não conseguia enxergar. O homem lhe disse: Acabei de chegar da linha de batalha; fugi de lá hoje mesmo. Eli perguntou: O que aconteceu, meu filho? O mensageiro respondeu: Israel fugiu dos filisteus, e houve uma grande matança entre os soldados. Também os seus dois filhos, Hofni e Finéias, estão mortos, e a arca de Deus foi tomada. Quando ele mencionou a arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, ao lado do portão, quebrou o pescoço, e morreu, pois era velho e pesado. Ele liderou Israel durante quarenta anos”.

Eli parecia estar mais preocupado com a religiosidade que ele nutria pela presença da arca entre eles do que com a saúde espiritual de seus filhos. Já a nora de Eli, esposa de Fineias, parece que tinha mais compaixão pelas pessoas (1 Samuel 4.19 a 21). O texto que acabamos de ler parece indicar que Eli nunca se preocupou em ver os filhos. Parece que ele sempre se escondeu atrás de seu status religioso ou de sua carreira profissional. Já viu algum pai assim? Qualquer semelhança não é mera coincidência.

B - Eli não soube ou não quis agir. As pessoas tentaram advertir Eli, mas ele parece nunca ter-lhes dado ouvidos. Parecia sempre estar dizendo: “Não! Meus filhos, não”! E quando os advertia, assim procedia por causa da opinião dos outros. Observem, mais uma vez, o que lemos anteriormente:

1 Samuel 2.22 a 25 Eli, já bem idoso, ficou sabendo de tudo que seus filhos faziam a todo o Israel e que eles se deitavam com as mulheres que serviam na entrada da Tenda do Encontro. Por isso lhes perguntou: "Por que vocês fazem estas coisas? De todo o povo ouço a respeito do mal que vocês fazem. Não, meus filhos; não é bom o que escuto se espalhando entre o povo do Senhor. Se um homem pecar contra outro homem, os juízes poderão intervir em seu favor; mas, se pecar contra o Senhor, quem intercederá por ele?” Seus filhos, contudo, não deram atenção à repreensão de seu pai, pois o Senhor queria matá-los”.

Eli temia mais os homens do que a Deus. Só agia quando a pressão popular se tornava forte de mais. Ele até parece indicar que usava a sua influencia sobre os juízes sempre que precisava livrar a pele dos filhos. Eli não soube ou não quis ver; não soube ou não quis agir, mas, também…

C - Eli não soube ou não quis ouvir. Outra falha de Eli foi não ter sabido ouvir a advertência de Deus, pela boca de um profeta:

1 Samuel 2.27 a 36 “E veio um homem de Deus a Eli e lhe disse: Assim diz o Senhor: Acaso não me revelei claramente à família de seu pai, quando eles estavam no Egito, sob o domínio do faraó? Escolhi seu pai dentre todas as tribos de Israel para ser o meu sacerdote, subir ao meu altar, queimar incenso e usar um colete sacerdotal na minha presença. Também dei à família de seu pai todas as ofertas preparadas no fogo pelos israelitas. Por que vocês zombam de meu sacrifício e de minha oferta que determinei para a minha habitação? Por que você honra seus filhos mais do que a mim, deixando-os engordar com as melhores partes de todas as ofertas feitas pelo meu povo Israel? Portanto, o Senhor, o Deus de Israel, declara: Prometi à sua família e à linhagem de seu pai, que ministrariam diante de mim para sempre. Mas agora o Senhor declara: Longe de mim tal coisa! Honrarei aqueles que me honram, mas aqueles que me desprezam serão tratados com desprezo. É chegada a hora em que eliminarei a sua força e a força da família de seu pai, e não haverá mais nenhum idoso na sua família, e você verá aflição na minha habitação. Embora Israel prospere, na sua família ninguém alcançará idade avançada. E todo descendente seu que eu não eliminar de meu altar será poupado apenas para lhe consumir os olhos com lágrimas e para lhe entristecer o coração, e todos os seus descendentes morrerão no vigor da vida. E o que acontecer a seus dois filhos, Hofni e Finéias, será um sinal para você: os dois morrerão no mesmo dia. Levantarei para mim um sacerdote fiel, que agirá de acordo com o meu coração e o meu pensamento. Edificarei firmemente a família dele, e ele ministrará sempre perante o meu rei ungido. Então todo o que restar da sua família virá e se prostrará perante ele, para obter uma moeda de prata e um pedaço de pão. E lhe implorará que o ponha em alguma função sacerdotal, para ter o que comer”.

Os filhos faziam o que queriam, mas Eli não via. O povo falava, mas Eli não agia. Até Deus exortou, mas Eli não ouviu, ele preferiu entregar os pontos:

1 Samuel 3.17 e 18 “Eli perguntou: O que o Senhor lhe disse? Não esconda de mim. Deus o castigue, e o faça com muita severidade, se você esconder de mim qualquer coisa que ele lhe falou. Então, Samuel lhe contou tudo, e nada escondeu. Então Eli disse: Ele é o Senhor; que faça o que lhe parecer melhor”.

Que falha a desse pai! Comentando sobre a vida de Eli, Jaime Kemp escreveu assim: “Que palavra contundente e significativa para nós pais! Um alerta que deve causar temor, responsabilidade e ação. Deus não nos julgará por nossas incapacidades, sejam elas profissionais ou relacionais. Ele nos julgará, e à nossa casa, pela ausência de um profundo, sério e comprometido relacionamento familiar”.

Nossas falhas poderão nos custar muito caro! Mas, o que Eli poderia ter feito? Ele deveria ter seguido radicalmente as orientações da lei, levando-as às últimas consequências. No caso de Eli, a lei dizia assim:

Deuteronômio 21.18 a 21 “Se um homem tiver um filho obstinado e rebelde que não obedece a seu pai nem à sua mãe e não os escuta quando o disciplinam, o pai e a mãe o levarão aos líderes da sua comunidade, à porta da cidade, e dirão aos líderes: Este nosso filho é obstinado e rebelde. Não nos obedece! É devasso e vive bêbado. Então todos os homens da cidade o apedrejarão até à morte. Eliminem o mal do meio de vocês. Todo o Israel saberá disso e temerá”.

Deus encara com muita seriedade a disciplina dos que são desobedientes e rebeldes aos pais (quebra do quinto mandamento, Deuteronômio 5.16). Samuel, adiante, nos explica por quê: (1 Samuel 15.23 “Pois a rebeldia é como o pecado da feitiçaria, e a arrogância como o mal da idolatria. Assim como você rejeitou a palavra do Senhor, ele o rejeitou como rei”). Precisamos lutar para não falhar como pais e mães. Precisamos saber ver, saber ouvir e saber agir com relação aos nossos filhos. Quando necessário, peçamos ajuda. Usemos de medidas bíblicas e fortes, quando for preciso. A disciplina não pode jamais deixar de ser aplicada com graça e com verdade. Essa falha entre pai e filhos foi letal para Eli, Hofni e Fineias.

3 - A prescrição para a família. Tendo visto o perfil e traçado o problema da família de Eli, recebamos a prescrição que o texto entrega para as famílias que pedem socorro ou antes que elas peçam socorro. O que o pai que não soube educar teria a nos ensinar?

A - Aqueça o coração para manter a piedade. O problema de Eli não começa com a sua relação com os filhos. Começa com a sua relação com Deus. Ele já não ouvia o Senhor, não via as manifestações de Deus nem agia segundo um homem de Deus.

1 Samuel 3.1 “O menino Samuel ministrava perante o Senhor, sob a direção de Eli; naqueles dias raramente o Senhor falava, e as visões não eram frequentes”.

1 Samuel 1.12 a 16 “Enquanto ela continuava a orar diante do Senhor, Eli observava sua boca. Como Ana orava silenciosamente, seus lábios se mexiam, mas não se ouvia sua voz. Então Eli pensou que ela estivesse embriagada e lhe disse: Até quando você continuará embriagada? Abandone o vinho! Ana respondeu: Não se trata disso, meu senhor. Sou uma mulher muito angustiada. Não bebi vinho nem bebida fermentada; eu estava derramando minha alma diante do Senhor. Não julgues tua serva uma mulher vadia; estou orando aqui até agora por causa de minha grande angústia e tristeza”.

Se Eli não ouvia mais a Deus, não via mais o agir de Deus nem sabia mais agir como um homem de Deus, então, como ele conseguiria ver os filhos, ouvir os filhos e agir para ajudar os filhos? Jamais! Pais, mães e filhos precisam aquecer o coração para manter a piedade, do contrário a família continuará pedindo socorro.

B - Estabeleça e aja de acordo com as suas prioridades. Olhando para a vida de Eli nós ficamos com a impressão de que ele optou por não exercer o papel de sacerdote e juiz de seu próprio lar. Algumas desculpas dadas por ele poderiam ter sido as seguintes: ausência da mãe na vida dos filhos trabalho de mais no sacerdócio em Israel, idade avançada, saúde debilitada, os anciãos do templo que deveriam cuidar dos filhos do sacerdote, etc. Desculpas não faltaram para Eli. Deus, no entanto, não via assim. Nossas responsabilidades e prioridades são inegociáveis e intransferíveis:

1 Samuel 3.11 a 13 “E o Senhor disse a Samuel: Vou realizar em Israel algo que fará tinir os ouvidos de todos os que ficarem sabendo. Nessa ocasião executarei contra Eli tudo o que falei contra sua família, do começo ao fim. Pois eu lhe disse que julgaria sua família para sempre, por causa do pecado dos seus filhos, do qual ele tinha consciência; seus filhos se fizeram desprezíveis, e ele não os repreendeu”.

Filhos, não culpem seus pais, ajam de acordo com suas responsabilidades e suas prioridades. Pais, estabeleçam e ajam de acordo com as suas prioridades, Deus, família, vocação, etc.

C - Reconheça e combata o pecado. Se Eli não queria ou não conseguia mais corrigir os filhos, que ele, no mínimo, os afastasse do sacerdócio. No entanto, parece que Eli, de alguma forma, se beneficiava do pecado dos filhos ou tinha receio de confrontá-los:

1 Samuel 2.29 “Por que vocês zombam de meu sacrifício e de minha oferta que determinei para a minha habitação? Por que você honra seus filhos mais do que a mim, deixando-os engordar com as melhores partes de todas as ofertas feitas pelo meu povo Israel”?

Pai e filhos se engordavam com o mesmo pecado, honrando mais os seus prazeres, luxos e confortos do que a glória de Deus. Reconheça e combata o pecado.

Eli não soube educar. Não soube educar porque:

Não aqueceu o coração em Deus para manter a piedade pessoal. Não estabeleceu nem agiu de acordo com as suas prioridades. Não reconheceu e muito menos combateu o pecado de seu coração e do coração dos filhos.

A esperança para pais e filhos, a esperança para a família está na conversão dos corações. Os últimos versículos do Antigo Testamento diz assim:

Malaquias 4.5 e 6 “Vejam, eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e terrível dia do Senhor. Ele fará com que os corações dos pais se voltem para seus filhos, e os corações dos filhos para seus pais; do contrário eu virei e castigarei a terra com maldição”.

De que forma os corações de pais e filhos se convertem uns aos outros? Quando cada um desses corações se converte a Jesus. Em Cristo, o coração da família inteira se une em convergência e se entende em amor. Em Cristo, todos param de insistir em seus próprios caminhos e passam a seguir o caminho do evangelho: Negam a si mesmos, tomam a cruz e seguem a Jesus, tornam-se pobres em espírito, choram pelo pecado, ficam humildes, têm fome e sede de justiça, ficam misericordiosos, purificam o coração, promovem a paz e se alegram até com as injustiças.

Portanto, a solução para o pai que não soube educar, a solução para as famílias que vivem em guerra, passa, inevitavelmente pelo caminho da conversão do coração a Cristo.

Essa é a lição do pai que não soube educar

Fonte: sibgoiania

Nenhum comentário:

Postar um comentário