1 Samuel 2.12 e 13 “Os filhos de Eli eram ímpios; não se
importavam com o Senhor, nem cumpriam os deveres de sacerdotes para com o povo;
sempre que alguém oferecia um sacrifício o auxiliar do sacerdote vinha com um
garfo de três dentes”.
É muito triste quando uma família, aos poucos, vai se
desintegrando. Principalmente se os seus membros professam fé em Jesus. Porém,
infelizmente, esse tem sido o triste cenário dos dias em que vivemos: Famílias,
inclusive cristãs, que aos poucos vão sendo despetaladas. Os motivos são
diversos. Para citarmos apenas alguns: Desajustes na sexualidade, pornografia e
traição, crises financeiras, brigas e desentendimentos, chegando até à
agressões verbais e físicas, frieza espiritual, insubordinação dos filhos,
falta de afeto, de romantismo e de diálogo, enfim, a família pede socorro.
Quando a família pede socorro
Um dos gritos de socorro mais comuns das famílias se dá
quando a relação pais e filhos se torna falha. Geralmente isso acontece quando
os filhos vão deixando a infância, chegando à adolescência e caminhando para a
juventude. Sim, também ocorrem falhas na relação pais e filhos durante os anos
da infância, mas eles são fáceis de maquiar. Quando a coisa começa a sair do
controle, pais dão a bronca nos filhos pequenos, mandam eles calarem a boca,
colocam eles de castigo e pronto, pensa-se que está tudo resolvido. Só que não!
Quando vai chegando a adolescência, à caminho da juventude, de repente, boom! Explode
tudo de uma vez. Daí, não adiante mais mandar calar a boca, bater, colocar de
castigo, etc. A fase da pré-adolescência e da adolescência são um pesadelo para
muitos pais, precisamente porque não se consegue mais maquiar os problemas que
não foram sendo resolvidos do berçário ao final da infância.
O que fazer quando a família pede socorro?
Convido você para juntos caminharmos em 1 Samuel, do
capítulo 1 ao 4. Veremos que quando a relação pais e filhos é falha, a família
pede socorro; quando o pai não sabe educar, as coisas fogem do controle. Estudaremos
a família do sacerdote Eli em busca de lições para pais e filhos.
1 - O perfil da família. Quando lemos 1 Samuel 1 a 4,
descobrimos alguns dados importantes que contribuirão para a nossa compreensão
da família que pede socorro. O momento histórico era de impiedade. Eli e sua
família viveram em um dos piores momentos da vida de Israel. Era a transição
entre os juízes e os profetas, logo após o estabelecimento das tribos de Israel
em Canaã, e pouco antes da instituição da monarquia em Israel. O livro de
Juízes é concluído com a descrição de como eram aqueles dias:
Juízes 21.19 a 25 Há, porém, a festa anual do Senhor em
Siló, ao norte de Betel, a leste da estrada que vai de Betel a Siquém, e ao sul
de Lebona. Então mandaram para lá os benjamitas, dizendo: Vão, escondam-se nas
vinhas e fiquem observando. Quando as moças de Siló forem para as danças, saiam
correndo das vinhas e cada um de vocês apodere-se de uma das moças de Siló e vá
para a terra de Benjamim. Quando os pais ou irmãos delas se queixarem a nós
diremos: Tenham misericórdia deles, pois não conseguimos mulheres para eles
durante a guerra, e vocês são inocentes, visto que não lhes deram suas filhas.
Foi o que os benjamitas fizeram. Quando as moças estavam dançando, cada homem
tomou uma para fazer dela sua mulher. Depois voltaram para a sua herança,
reconstruíram as cidades e se estabeleceram nelas. Na mesma ocasião os
israelitas saíram daquele local e voltaram para as suas tribos e para os seus
clãs, cada um para a sua própria herança. Naquela época não havia rei em
Israel; cada um fazia o que lhe parecia certo”.
O problema era tão sério que em Israel já não se ouvia mais
a voz de Deus: 1 Samuel 3.1 “O menino Samuel ministrava perante o Senhor, sob a
direção de Eli; naqueles dias raramente o Senhor falava, e as visões não eram
frequentes”.
A impiedade social sempre afeta drasticamente a família,
pois a sequestra das Escrituras. A mãe sem nome, leia e releia 1 Samuel do
capítulo 1 ao 4 e você não encontrará o nome da mãe dos filhos de Eli. Teria
ela morrido? Teria sido ela tão insignificante na vida da família que não
mereceu ser mencionada? Não sabemos, o fato é que, em contraste com Samuel,
sobre quem pai e mãe são citados, a mãe dos filhos de Eli não aparece na
história. Não é sempre, e todos sabemos que há felizes exceções, mas a ausência
de um dos pais torna sempre mais difícil a construção saudável da família. O
pai Eli, Eli era um homem de posição importante. Ele era sacerdote e juiz (1 Samuel
2.11 e 4.18). Sua posição em Israel fazia dele um homem respeitado e bastante
ocupado. Observe, por exemplo, uma das cenas comuns no dia-a-dia de Eli:
1 Samuel 4.13 “Quando ele chegou, Eli estava sentado,
observando sua cadeira, ao lado da estrada, pois seu coração temia pela arca de
Deus. O homem entrou na cidade e contou o que havia acontecido, e a cidade
começou a gritar”.
Eli também era um homem crente, seu nome significa “Yahweh é
meu Deus”. Como líder espiritual, ele conseguia, algumas vezes, ser sensível às
manifestações do Senhor:
1 Samuel 3.8 e 9 “O Senhor chamou Samuel pela terceira vez.
Ele se levantou, foi até Eli e disse: Estou aqui; o senhor me chamou? Então Eli
percebeu que o Senhor estava chamando o menino e lhe disse: Vá e deite-se; se
ele chamá-lo, diga: Fala, Senhor, pois o teu servo está ouvindo. Então Samuel
foi se deitar”.
A cena que temos nos mostra que Eli já era um homem idoso e
com saúde bastante comprometida. Aos noventa e oito anos, Eli sofria de
cegueira e obesidade. A cegueira, provavelmente, era por causa do diabetes,
fruto da obesidade. Observe alguns textos:
1 Samuel 2.22 “Eli, já bem idoso...”.
1 Samuel 3.2 “Certa noite, Eli, cujos olhos estavam ficando
tão fracos que já não conseguia mais enxergar...”.
1 Samuel 4.15 e 18 Eli tinha noventa e oito anos de idade e
seus olhos estavam imóveis, e ele já não conseguia enxergar”; “Quando ele
mencionou a arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, ao lado do portão,
quebrou o pescoço, e morreu, pois era velho e pesado. Ele liderou Israel
durante quarenta anos”.
Dado curioso e, no mínimo, intrigante, é que na maior parte
do tempo, o sacerdote e juiz Eli ou está sentado ou está deitado. A situação
chega a ser tragicômica, pois a sua morte se dá quando ele cai de costas da
cadeira e quebra o pescoço. Observe:
1 Samuel 4.18 “Quando ele mencionou a arca de Deus, Eli caiu
da cadeira para trás, ao lado do portão, quebrou o pescoço, e morreu, pois era
velho e pesado. Ele liderou Israel durante quarenta anos”.
O fato é que Eli sempre está sentado ou dormindo. O relato
bíblico parece fazer questão de destacar sua apatia, sua preguiça e sua inércia
espiritual. A vida dele parecia ser comer, sentar e dormir. Impressionante! Que
testamento mais tragicômico!
Os filhos Hofni, Fineias e Samuel. Os dois filhos naturais
de Eli são Hofni e Fineias: (1 Samuel 1.3 “Todos os anos esse homem subia de
sua cidade a Siló para adorar e sacrificar ao Senhor dos Exércitos. Lá, Hofni e
Finéias, os dois filhos de Eli, eram sacerdotes do Senhor”).
Esses dois rapazes cresceram no ambiente da casa de Deus e
também se tornaram sacerdotes, trabalhando ombro a ombro com seu pai, Eli. O
problema é que eles não seguiram nos caminhos do Senhor. Hofni e Fineias eram
incrédulos e ímpios ao extremo:
1 Samuel 2.12 a 17 “Os filhos de Eli eram ímpios; não se
importavam com o Senhor nem cumpriam os deveres de sacerdotes para com o povo;
sempre que alguém oferecia um sacrifício o auxiliar do sacerdote vinha com um
garfo de três dentes, e, enquanto a carne estava cozinhando, ele enfiava o
garfo na panela, ou travessa, ou caldeirão, ou caçarola, e o sacerdote pegava
para si tudo o que vinha no garfo. Assim faziam com todos os israelitas que iam
a Siló. Mas, antes mesmo de queimarem a gordura, vinha o auxiliar do sacerdote
e dizia ao homem que estava oferecendo o sacrifício: Dê um pedaço desta carne
para o sacerdote assar; ele não aceitará de você carne cozida, somente crua. Se
o homem lhe dissesse: Deixe primeiro a gordura se queimar e então pegue o que
quiser, o auxiliar respondia: Não. Entregue a carne agora. Se não, eu a tomarei
à força. O pecado desses jovens era muito grande à vista do Senhor, pois eles
estavam tratando com desprezo a oferta do Senhor”.
Note que eles se vestiam como sacerdotes, gostavam da pompa
sacerdotal, aproveitavam-se da posição para satisfazer seus apetites carnais,
mas eram incrédulos para o significado espiritual dos rituais, além de cruéis
com os devotos que ofereciam seus sacrifícios a Deus. Além do que, eram imorais
e insensíveis diante das exortações do pai:
1 Samuel 2.22 a 25 “Eli, já bem idoso, ficou sabendo de tudo
que seus filhos faziam a todo o Israel e que eles se deitavam com as mulheres
que serviam na entrada da Tenda do Encontro. Por isso lhes perguntou: Por que
vocês fazem estas coisas? De todo o povo ouço a respeito do mal que vocês
fazem. Não, meus filhos; não é bom o que escuto se espalhando entre o povo do
Senhor. Se um homem pecar contra outro homem, os juízes poderão intervir em seu
favor; mas, se pecar contra o Senhor, quem intercederá por ele? Seus filhos,
contudo, não deram atenção à repreensão de seu pai, pois o Senhor queria
matá-los”.
Além de Hofni e Fineias, Eli também tinha um filho adotivo,
Samuel: (1 Samuel 2.11 “Então Elcana voltou para casa em Ramá; mas o menino
começou a servir o Senhor sob a direção do sacerdote Eli”). Esse menino Samuel
se destacava de seus dois irmãos adotivos, tanto que, contrapondo ao exemplo de
Hofni e Fineias, o livro, após relatar os pecados e a desobediência dos dois (1
Samuel 2.12 a 25), registra o seguinte: (1 Samuel 2.26 E o menino Samuel continuava
a crescer, sendo cada vez mais estimado pelo Senhor e pelo povo”).
Foi Samuel, e não Hofni e Fineias, quem se tornou verdadeiro
discípulo de Eli:
1 Samuel 3.1 e 19 a 21 O menino Samuel ministrava perante o
Senhor, sob a direção de Eli; naqueles dias raramente o Senhor falava, e as
visões não eram frequentes”; “O Senhor estava com Samuel enquanto este crescia,
e fazia com que todas as suas palavras se cumprissem. Todo o Israel, de Dã até
Berseba, reconhecia que Samuel estava confirmado como profeta do Senhor. O
Senhor continuou aparecendo em Siló, onde havia se revelado a Samuel por meio
de sua palavra”.
O segredo da piedade de Samuel com certeza reside nos poucos
anos de educação cristã que ele recebeu de sua mãe, enquanto estava sendo por
ela amamentado, da mesma forma que Moisés, ainda na infância, recebeu
orientação espiritual de sua mãe Joquebede. Veja o que se diz sobre Samuel:
1 Samuel 1.24 Depois de desmamá-lo, levou o menino, ainda
pequeno, à casa do Senhor, em Siló, com um novilho de três anos de idade, uma
arroba de farinha e uma vasilha de couro cheia de vinho”.
Samuel deveria ter entre três e doze anos de idade quando
foi levado e entregue ao sacerdote Eli. Ao receber o chamado de Deus em 1 Samuel
3, Flávio Josefo nos informa que Samuel estava com doze anos de idade. Este,
portanto, é o perfil da família de Eli: Seus filhos carnais eram incrédulos,
ímpios, imorais e insensíveis. O final deles foi trágico:
1 Samuel 4.10 e 11 “Então os filisteus lutaram e Israel foi
derrotado; cada homem fugiu para sua tenda. O massacre foi muito grande: Israel
perdeu trinta mil homens de infantaria. A arca de Deus foi tomada, e os dois
filhos de Eli, Hofni e Finéias, morreram”.
Que final infeliz!
2 - Os problemas da família. O perfil da família de Eli já nos
revelou um dos problemas principais por eles enfrentados, isto é: a relação
pais e filhos era falha. No entanto, precisamos nos aprofundar um pouco mais
nessa história para descobrir onde, quando e como a relação entre Eli e seus
filhos falhou. Nosso texto nos dá três dicas importantes. Observem:
A - Eli não soube ou não quis ver. A reação de Eli, diante
do relato que ele recebeu da morte dos filhos e do roubo da arca pelos
filisteus, revela algo de errado no coração daquele pai. Parece que ele nunca
soube ou nunca quis “ver” os seus filhos. Observe:
1 Samuel 4.12 a 18 Naquele mesmo dia um benjamita correu da
linha de batalha até Siló, com as roupas rasgadas e terra na cabeça. Quando ele
chegou, Eli estava sentado, observando sua cadeira, ao lado da estrada, pois
seu coração temia pela arca de Deus. O homem entrou na cidade e contou o que
havia acontecido, e a cidade começou a gritar. Eli ouviu os gritos e perguntou:
O que significa esse tumulto? O homem correu para contar tudo a Eli. Eli tinha
noventa e oito anos de idade e seus olhos estavam imóveis, e ele já não
conseguia enxergar. O homem lhe disse: Acabei de chegar da linha de batalha;
fugi de lá hoje mesmo. Eli perguntou: O que aconteceu, meu filho? O mensageiro
respondeu: Israel fugiu dos filisteus, e houve uma grande matança entre os
soldados. Também os seus dois filhos, Hofni e Finéias, estão mortos, e a arca
de Deus foi tomada. Quando ele mencionou a arca de Deus, Eli caiu da cadeira
para trás, ao lado do portão, quebrou o pescoço, e morreu, pois era velho e
pesado. Ele liderou Israel durante quarenta anos”.
Eli parecia estar mais preocupado com a religiosidade que
ele nutria pela presença da arca entre eles do que com a saúde espiritual de
seus filhos. Já a nora de Eli, esposa de Fineias, parece que tinha mais compaixão
pelas pessoas (1 Samuel 4.19 a 21). O texto que acabamos de ler parece indicar
que Eli nunca se preocupou em ver os filhos. Parece que ele sempre se escondeu
atrás de seu status religioso ou de sua carreira profissional. Já viu algum pai
assim? Qualquer semelhança não é mera coincidência.
B - Eli não soube ou não quis agir. As pessoas tentaram
advertir Eli, mas ele parece nunca ter-lhes dado ouvidos. Parecia sempre estar
dizendo: “Não! Meus filhos, não”! E quando os advertia, assim procedia por
causa da opinião dos outros. Observem, mais uma vez, o que lemos anteriormente:
1 Samuel 2.22 a 25 Eli, já bem idoso, ficou sabendo de tudo
que seus filhos faziam a todo o Israel e que eles se deitavam com as mulheres
que serviam na entrada da Tenda do Encontro. Por isso lhes perguntou: "Por
que vocês fazem estas coisas? De todo o povo ouço a respeito do mal que vocês
fazem. Não, meus filhos; não é bom o que escuto se espalhando entre o povo do
Senhor. Se um homem pecar contra outro homem, os juízes poderão intervir em seu
favor; mas, se pecar contra o Senhor, quem intercederá por ele?” Seus filhos,
contudo, não deram atenção à repreensão de seu pai, pois o Senhor queria
matá-los”.
Eli temia mais os homens do que a Deus. Só agia quando a
pressão popular se tornava forte de mais. Ele até parece indicar que usava a
sua influencia sobre os juízes sempre que precisava livrar a pele dos filhos. Eli
não soube ou não quis ver; não soube ou não quis agir, mas, também…
C - Eli não soube ou não quis ouvir. Outra falha de Eli foi
não ter sabido ouvir a advertência de Deus, pela boca de um profeta:
1 Samuel 2.27 a 36 “E veio um homem de Deus a Eli e lhe
disse: Assim diz o Senhor: Acaso não me revelei claramente à família de seu
pai, quando eles estavam no Egito, sob o domínio do faraó? Escolhi seu pai
dentre todas as tribos de Israel para ser o meu sacerdote, subir ao meu altar,
queimar incenso e usar um colete sacerdotal na minha presença. Também dei à
família de seu pai todas as ofertas preparadas no fogo pelos israelitas. Por
que vocês zombam de meu sacrifício e de minha oferta que determinei para a
minha habitação? Por que você honra seus filhos mais do que a mim, deixando-os
engordar com as melhores partes de todas as ofertas feitas pelo meu povo
Israel? Portanto, o Senhor, o Deus de Israel, declara: Prometi à sua família e
à linhagem de seu pai, que ministrariam diante de mim para sempre. Mas agora o
Senhor declara: Longe de mim tal coisa! Honrarei aqueles que me honram, mas
aqueles que me desprezam serão tratados com desprezo. É chegada a hora em que
eliminarei a sua força e a força da família de seu pai, e não haverá mais
nenhum idoso na sua família, e você verá aflição na minha habitação. Embora
Israel prospere, na sua família ninguém alcançará idade avançada. E todo
descendente seu que eu não eliminar de meu altar será poupado apenas para lhe
consumir os olhos com lágrimas e para lhe entristecer o coração, e todos os
seus descendentes morrerão no vigor da vida. E o que acontecer a seus dois
filhos, Hofni e Finéias, será um sinal para você: os dois morrerão no mesmo
dia. Levantarei para mim um sacerdote fiel, que agirá de acordo com o meu
coração e o meu pensamento. Edificarei firmemente a família dele, e ele
ministrará sempre perante o meu rei ungido. Então todo o que restar da sua
família virá e se prostrará perante ele, para obter uma moeda de prata e um
pedaço de pão. E lhe implorará que o ponha em alguma função sacerdotal, para
ter o que comer”.
Os filhos faziam o que queriam, mas Eli não via. O povo falava,
mas Eli não agia. Até Deus exortou, mas Eli não ouviu, ele preferiu entregar os
pontos:
1 Samuel 3.17 e 18 “Eli perguntou: O que o Senhor lhe disse?
Não esconda de mim. Deus o castigue, e o faça com muita severidade, se você
esconder de mim qualquer coisa que ele lhe falou. Então, Samuel lhe contou
tudo, e nada escondeu. Então Eli disse: Ele é o Senhor; que faça o que lhe
parecer melhor”.
Que falha a desse pai! Comentando sobre a vida de Eli, Jaime
Kemp escreveu assim: “Que palavra contundente e significativa para nós pais! Um
alerta que deve causar temor, responsabilidade e ação. Deus não nos julgará por
nossas incapacidades, sejam elas profissionais ou relacionais. Ele nos julgará,
e à nossa casa, pela ausência de um profundo, sério e comprometido relacionamento
familiar”.
Nossas falhas poderão nos custar muito caro! Mas, o que Eli
poderia ter feito? Ele deveria ter seguido radicalmente as orientações da lei,
levando-as às últimas consequências. No caso de Eli, a lei dizia assim:
Deuteronômio 21.18 a 21 “Se um homem tiver um filho
obstinado e rebelde que não obedece a seu pai nem à sua mãe e não os escuta
quando o disciplinam, o pai e a mãe o levarão aos líderes da sua comunidade, à
porta da cidade, e dirão aos líderes: Este nosso filho é obstinado e rebelde.
Não nos obedece! É devasso e vive bêbado. Então todos os homens da cidade o
apedrejarão até à morte. Eliminem o mal do meio de vocês. Todo o Israel saberá
disso e temerá”.
Deus encara com muita seriedade a disciplina dos que são
desobedientes e rebeldes aos pais (quebra do quinto mandamento, Deuteronômio
5.16). Samuel, adiante, nos explica por quê: (1 Samuel 15.23 “Pois a rebeldia é
como o pecado da feitiçaria, e a arrogância como o mal da idolatria. Assim como
você rejeitou a palavra do Senhor, ele o rejeitou como rei”). Precisamos lutar
para não falhar como pais e mães. Precisamos saber ver, saber ouvir e saber
agir com relação aos nossos filhos. Quando necessário, peçamos ajuda. Usemos de
medidas bíblicas e fortes, quando for preciso. A disciplina não pode jamais
deixar de ser aplicada com graça e com verdade. Essa falha entre pai e filhos
foi letal para Eli, Hofni e Fineias.
3 - A prescrição para a família. Tendo visto o perfil e
traçado o problema da família de Eli, recebamos a prescrição que o texto
entrega para as famílias que pedem socorro ou antes que elas peçam socorro. O
que o pai que não soube educar teria a nos ensinar?
A - Aqueça o coração para manter a piedade. O problema de
Eli não começa com a sua relação com os filhos. Começa com a sua relação com
Deus. Ele já não ouvia o Senhor, não via as manifestações de Deus nem agia
segundo um homem de Deus.
1 Samuel 3.1 “O menino Samuel ministrava perante o Senhor,
sob a direção de Eli; naqueles dias raramente o Senhor falava, e as visões não
eram frequentes”.
1 Samuel 1.12 a 16 “Enquanto ela continuava a orar diante do
Senhor, Eli observava sua boca. Como Ana orava silenciosamente, seus lábios se
mexiam, mas não se ouvia sua voz. Então Eli pensou que ela estivesse embriagada
e lhe disse: Até quando você continuará embriagada? Abandone o vinho! Ana
respondeu: Não se trata disso, meu senhor. Sou uma mulher muito angustiada. Não
bebi vinho nem bebida fermentada; eu estava derramando minha alma diante do
Senhor. Não julgues tua serva uma mulher vadia; estou orando aqui até agora por
causa de minha grande angústia e tristeza”.
Se Eli não ouvia mais a Deus, não via mais o agir de Deus
nem sabia mais agir como um homem de Deus, então, como ele conseguiria ver os
filhos, ouvir os filhos e agir para ajudar os filhos? Jamais! Pais, mães e
filhos precisam aquecer o coração para manter a piedade, do contrário a família
continuará pedindo socorro.
B - Estabeleça e aja de acordo com as suas prioridades. Olhando
para a vida de Eli nós ficamos com a impressão de que ele optou por não exercer
o papel de sacerdote e juiz de seu próprio lar. Algumas desculpas dadas por ele
poderiam ter sido as seguintes: ausência da mãe na vida dos filhos trabalho de
mais no sacerdócio em Israel, idade avançada, saúde debilitada, os anciãos do
templo que deveriam cuidar dos filhos do sacerdote, etc. Desculpas não faltaram
para Eli. Deus, no entanto, não via assim. Nossas responsabilidades e
prioridades são inegociáveis e intransferíveis:
1 Samuel 3.11 a 13 “E o Senhor disse a Samuel: Vou realizar
em Israel algo que fará tinir os ouvidos de todos os que ficarem sabendo. Nessa
ocasião executarei contra Eli tudo o que falei contra sua família, do começo ao
fim. Pois eu lhe disse que julgaria sua família para sempre, por causa do
pecado dos seus filhos, do qual ele tinha consciência; seus filhos se fizeram
desprezíveis, e ele não os repreendeu”.
Filhos, não culpem seus pais, ajam de acordo com suas
responsabilidades e suas prioridades. Pais, estabeleçam e ajam de acordo com as
suas prioridades, Deus, família, vocação, etc.
C - Reconheça e combata o pecado. Se Eli não queria ou não
conseguia mais corrigir os filhos, que ele, no mínimo, os afastasse do
sacerdócio. No entanto, parece que Eli, de alguma forma, se beneficiava do
pecado dos filhos ou tinha receio de confrontá-los:
1 Samuel 2.29 “Por que vocês zombam de meu sacrifício e de
minha oferta que determinei para a minha habitação? Por que você honra seus
filhos mais do que a mim, deixando-os engordar com as melhores partes de todas
as ofertas feitas pelo meu povo Israel”?
Pai e filhos se engordavam com o mesmo pecado, honrando mais
os seus prazeres, luxos e confortos do que a glória de Deus. Reconheça e
combata o pecado.
Eli não soube educar. Não soube educar porque:
Não aqueceu o coração em Deus para manter a piedade pessoal.
Não estabeleceu nem agiu de acordo com as suas prioridades. Não reconheceu e
muito menos combateu o pecado de seu coração e do coração dos filhos.
A esperança para pais e filhos, a esperança para a família
está na conversão dos corações. Os últimos versículos do Antigo Testamento diz
assim:
Malaquias 4.5 e 6 “Vejam, eu enviarei a vocês o profeta
Elias antes do grande e terrível dia do Senhor. Ele fará com que os corações
dos pais se voltem para seus filhos, e os corações dos filhos para seus pais;
do contrário eu virei e castigarei a terra com maldição”.
De que forma os corações de pais e filhos se convertem uns
aos outros? Quando cada um desses corações se converte a Jesus. Em Cristo, o
coração da família inteira se une em convergência e se entende em amor. Em
Cristo, todos param de insistir em seus próprios caminhos e passam a seguir o
caminho do evangelho: Negam a si mesmos, tomam a cruz e seguem a Jesus, tornam-se
pobres em espírito, choram pelo pecado, ficam humildes, têm fome e sede de
justiça, ficam misericordiosos, purificam o coração, promovem a paz e se
alegram até com as injustiças.
Portanto, a solução para o pai que não soube educar, a
solução para as famílias que vivem em guerra, passa, inevitavelmente pelo caminho
da conversão do coração a Cristo.
Essa é a lição do pai que não soube educar
Fonte: sibgoiania
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