30/08/2020

Cenas inesquecíveis 10 - A família unida que não foi vencida


 

Êxodo 2.23 a 25 “Muito tempo depois, morreu o rei do Egito. Os israelitas gemiam e clamavam debaixo da escravidão; e o seu clamor subiu até Deus. Ouviu Deus o lamento deles e lembrou-se da aliança que fizera com Abraão, Isaque e Jacó. Deus olhou para os israelitas e viu qual era a situação deles”.

O resgate

Você já deve ter desejado mudança, transformação. Quem de nós nunca olhou para alguma coisa na vida da gente ou de quem amamos e não pensou: “Deus, eu preciso mudar! Ele precisa mudar! Nós precisamos mudar”! Às vezes nós atingimos patamares tais que só uma transformação profunda (um resgate divino) poderá nos salvar do desastre. Êxodo conta a história do resgate do povo de Deus; A história de como Deus transforma escravos em evangelistas, andarilhos em adoradores. No capítulo 1, Moisés narrou o cuidado amoroso de Deus pelo seu povo ao longo deste processo. Agora, no capitulo 2, nós lemos sobre a providência de Deus na vida daqueles que ele tanto ama. Leia mais uma vez, e observe com atenção, o último verso de Êxodo capítulo 2: (“Ouviu Deus o lamento deles e lembrou-se da aliança que fizera com Abraão, Isaque e Jacó. Deus olhou para os israelitas e viu qual era a situação deles”). Como é bom saber que há um Deus que olha para nós, percebe a nossa situação e age para suprir as nossas necessidades; um Deus que sempre atua com providência na vida daqueles que o buscam. Essa é a história do Êxodo, é a história do resgate de um povo.

O resgatador

A providência de Deus é multiforme. Ele age de diferentes maneiras, pois é bastante criativo. Há, no entanto, um jeito todo especial de Deus agir: ele usa pessoas, gente como eu e você, humanos como nós, com as mesmas paixões que nós (Tiago 5.17). Por isso que a história do cuidado, da providência e do resgate de Deus se entrelaça com a história de indivíduos e de suas famílias. Veja: em Êxodo 1 há o cuidado de Deus pelo seu povo, usando a vida de José e das parteiras dos hebreus: Sifrá e Puá; em Êxodo 2, a história da providência de Deus se entrelaça com a vida de Moisés e de seus familiares. Tudo o que acontecerá no Êxodo, a fim de que Deus liberte o povo da angustia da escravidão, dependerá da vida do homem sobre quem o livro passa, agora, a narrar. Moisés é o resgatador.

Em Êxodo 3 nós encontramos a história do chamado de Moisés, mas, antes, o livro se ocupa em narrar o cuidado de Deus com o seu povo em meio ao sofrimento (Êxodo 1) e a providência de Deus para o seu povo levantando um resgatador (Êxodo 2). Daí é que virá o chamado (Êxodo 3). É desafiador, muitas vezes até intimidador, saber que os próximos grandes atos de Deus na história poderão acontecer através da vida de muitos de nós. Pense nisso por um instante. Grandes mudanças políticas, transformações familiares ou sociais profundas, a salvação de indivíduos etc. Quanta coisa Deus ainda pretende realizar pela frente e tudo só será feito quando os seus Moisés forem levantados. Ou seja, quando eu e você estivermos aptos para os chamados de Deus. Êxodo 2, portanto, é a história da providência de Deus levantando um resgatador.

O registro

Passemos agora ao registro de como Deus levantou o resgatador de Israel. Essa história, em toda sua beleza e profundidade, preserva para nós lições valiosíssimas sobre a providência de Deus ainda hoje. Observe:

Deus, como sempre, é o personagem principal dessa história. Ele usa pessoas como José, Sifrá, Puá e Moisés, mas ele é quem levanta e sustenta essas pessoas. Ele nos usa e é através de nós que ele muitas vezes age cuidadosa e providencialmente, mas nós não somos os personagens principais. Deus é. Deus não precisa de nós. Ele apenas escolhe quem e quando usar. Na falta de um ou de outro, ele, Deus, sempre terá alguém de sua escolha para prosseguir. Quer ver? Qual é o nome da mãe de Moisés? Joquebede! E do pai de Moisés? Anrão! Quais são os nomes da irmã e do irmão de Moisés? Miriã e Arão. Como é que nós sabemos disso? Está na Bíblia! Certo, está na Bíblia, mas não está em Êxodo 2. Sim, os nomes dos pais e dos irmãos de Moisés não aparecem em Êxodo 2! O Texto diz simplesmente assim:

Êxodo 2.1 a 4 “Um homem da tribo de Levi casou-se com uma mulher da mesma tribo, e ela engravidou e deu à luz um filho. Vendo que era bonito, ela o escondeu por três meses. Quando já não podia mais escondê-lo, pegou um cesto feito de junco e o vedou com piche e betume. Colocou nele o menino e deixou o cesto entre os juncos, à margem do Nilo. A irmã do menino ficou observando de longe para ver o que lhe aconteceria”.

Os nomes dos pais e dos irmãos de Moisés só vão aparecer em Êxodo 6.20, sendo que o da irmã só em Êxodo 15.20 e 21. Por quê? Porque Deus é o personagem principal nessa história que se inicia. Nós, humanos, somos apenas os seus coadjuvantes. Nossas famílias são apenas o palco dessa história de Deus. O nosso nome não importa. Deus põe e tira quem ele quiser, quando ele desejar e da forma que ele achar melhor. Por isso que, por mais que sejamos importantes, quando morrem os Josés e os Moisés, não há com o que se preocupar. Deus cuidará de levantar os seus Josués, os seus Davis, etc.

Ah! E tem mais um detalhe, Anrão, pai de Moisés, era casado com Joquebede, sua tia (“irmã de seu pai”, Êxodo 6.20). Chocante, não é! Mas naquele tempo ainda era permitido pela lei e prática comum entre os povos. Somente mais tarde foi que Deus legislou contra tal costume (Levíticos 18.12). Outro fato curioso sobre a providencia de Deus registrado em Êxodo 2 está nas ocorrências dos verbos “ver”, “olhar”, “observar” e “descobrir” ou “perceber”. Expressões relacionadas e ou derivadas desses verbos aparecem pelo menos 11 vezes ao longo dos 25 versículos. Todo mundo vê alguma coisa: Joquebede vê, Miriã vê, a filha do Faraó vê, Moisés vê e Deus também vê. Todos estão vendo.

Êxodo 2.2 “e ela engravidou e deu à luz um filho. Vendo que era bonito, ela o escondeu por três meses”.

Êxodo 2.4 “A irmã do menino ficou observando de longe para ver o que lhe aconteceria”.

Êxodo 2.5 e 6 “A filha do faraó descera ao Nilo para tomar banho. Enquanto isso as suas servas andavam pela margem do rio. Nisso viu o cesto entre os juncos e mandou sua criada apanhá-lo. Ao abri-lo viu um bebê chorando. Ficou com pena dele e disse: "Este menino é dos hebreus”.

Êxodo 2.11 a 13 “Certo dia, sendo Moisés já adulto, foi ao lugar onde estavam os seus irmãos hebreus e descobriu como era pesado o trabalho que realizavam. Viu também um egípcio espancar um dos hebreus. Correu o olhar por todos os lados e, não vendo ninguém, matou o egípcio e o escondeu na areia. No dia seguinte saiu e viu dois hebreus brigando. Então perguntou ao agressor: Por que você está espancando o seu companheiro”?

Êxodo 2.25 “Deus olhou para os israelitas e viu qual era a situação deles”.

Tanto “ver” assim só pode estar revelando uma coisa: Deus vê e quando ele vê ele age em favor de seu povo amado. Então, o que nós podemos aprender sobre a providência de Deus e a forma como ele abençoa as pessoas; sobre o Deus que vê, em Êxodo 2? Pretendemos destacar quatro lições sobre a providência de Deus:

A providência de Deus na preservação de Moisés. (Êxodo2. 1 a 8)

A providência de Deus na preparação de Moisés. (Êxodo 2.9 e 10)

A providência de Deus na precipitação de Moisés. (Êxodo 2.11 a 22)

A providência de Deus na peregrinação de Moisés. (Êxodo 2.22 a 25)

Agora, o mais importante, não perca de vistas! Tudo isso acontece no seio da família, tanto da família biológica como da família adotiva de Moisés. Ou seja: a família unida nunca será vencida, ela é parte essencial do plano de Deus para resgatar o pecador.

1 - A providência de Deus na preservação de Moisés. Sobre a providência de Deus na preservação de Moisés, o texto diz assim, veja de novo:

Êxodo 2.1 a 8 “Um homem da tribo de Levi casou-se com uma mulher da mesma tribo, e ela engravidou e deu à luz um filho. Vendo que era bonito, ela o escondeu por três meses. Quando já não podia mais escondê-lo, pegou um cesto feito de junco e o vedou com piche e betume. Colocou nele o menino e deixou o cesto entre os juncos, à margem do Nilo. A irmã do menino ficou observando de longe para ver o que lhe aconteceria. A filha do faraó descera ao Nilo para tomar banho. Enquanto isso as suas servas andavam pela margem do rio. Nisso viu o cesto entre os juncos e mandou sua criada apanhá-lo. Ao abri-lo viu um bebê chorando. Ficou com pena dele e disse: Este menino é dos hebreus. Então a irmã do menino aproximou-se e perguntou à filha do faraó: A senhora quer que eu vá chamar uma mulher dos hebreus para amamentar e criar o menino? Quero, respondeu ela. E a moça foi chamar a mãe do menino”.

A providência de Deus na preservação de Moisés foi obra da fé dos pais de Moisés (Hebreus 11.23). Tal fé produziu neles: Coragem (para esconder Moisés por três meses), criatividade (para fabricar o cesto, mesma palavra hebraica para arca) e compromisso (entregando a Deus o filho, quando o deixaram no Nilo e ficaram o observando).

Agora, se “a fé vem por se ouvir à palavra” (Romanos 10.17), como e qual mensagem os pais de Moisés teriam ouvido para agirem como agiram? Flávio Josefo (reconhecido historiador judeu do primeiro século e que era de linhagem sacerdotal), em sua obra famosa, História dos Hebreus (no Brasil está publicado pela Editora CPAD), escreveu algo importante, que sempre correu de boca em boca entre os judeus. Vale a pena você ter conhecimento. Ouça: “Um hebreu de nome Anrão, muito estimado entre os seus, vendo que a sua mulher estava grávida, ficou muito preocupado, por causa do edito que iria exterminar a sua nação. Recorreu então a Deus, rogando-lhe que tivesse compaixão de um povo que sempre o havia adorado e fizesse cessar a perseguição que os ameaçava de ruína total. Deus, tocado por aquela oração, apareceu-lhe em sonho e disse-lhe que esperasse: que Ele se lembrava da piedade do povo e da de seus antepassados; que se tranquilizassem, pois teria cuidado de todos em geral e dele em particular; que o filho de que a sua mulher estava grávida era o menino de quem os egípcios temiam tanto o nascimento e por causa de quem faziam morrer todos os meninos dos israelitas; que ele viria, contudo, felizmente ao mundo, sem ser descoberto pelos encarregados daquela cruel devassa; que ele, contra todas as esperanças, seria criado e educado e libertaria o seu povo da escravidão; que tão grande feito eternizaria a sua memória, não somente entre os hebreus, mas entre todas as nações da terra; que, por mérito dele, o seu irmão seria educado até tornar-se um grande sacerdote, sendo que todos os descendentes deste seriam honrados com a mesma dignidade. Anrão narrou à sua esposa, de nome Joquebede, a visão que tivera, Joquebede deu à luz, e viu-se que era verdadeira a predição do oráculo. Foi um parto feliz e fácil, que as parteiras egípcias nem chegaram a conhecer. Criaram secretamente a criança durante três meses. Então Anrão, por causa da ordem do rei, temendo ser descoberto e sofrer juntamente com o filho a pena de morte e com receio de que assim o que lhe fora predito não se cumprisse, julgou conveniente abandonar à providência de Deus a conservação de uma criança que lhe era tão cara. Pensou que poderia conservar o filho em oculto, mas viveriam, ele e o menino, em perigo constante, ao passo que, entregando-o nas mãos de Deus, acreditava firmemente que Ele teria meios de confirmar a veracidade da promessa. Após tomar essa resolução, ele e a mulher fizeram um berço de juncos do tamanho da criança e, para impedir que a água nele penetrasse, revestiram-no de betume. Puseram dentro o menino e colocaram o berço sobre as águas do rio, abandonando-o à Providência”.

A providência de Deus contemplou a fé de Anrão e Joquebede: (Hebreus 11.23 “Pela fé, os pais de Moisés o esconderam por três meses tão logo ele nasceu, pois viram que a criança era linda e não tiveram medo de desobedecer ao decreto do rei”). Além da fé dos pais de Moisés, houve ainda a compaixão da filha do faraó, fruto da ideia da providência dos deuses para a vida dela e do futuro do Egito; eis o relato de Josefo: “Termutis, a filha do faraó, vendo o bebê cheio de tanta graça e não tendo filhos, resolveu adotá-lo. Levou-o ao rei, seu pai, e, depois de falar-lhe da beleza do menino e da inteligência que já se manifestava nele, disse: Foi um presente que o Nilo me fez, de maneira admirável. Recebi-o em meus braços, resolvi adotá-lo e vo-lo ofereço como sucessor, pois não tendes filhos. Com essas palavras, ela o colocou entre os braços do rei, que o recebeu com prazer e, para obsequiar a filha, estreitou-o nos braços, colocando-lhe o diadema sobre a cabeça”.

A providência de Deus sempre contempla a nossa fé e age, pela soberania do Senhor, movendo os corações de pessoas chave ao longo do processo. É impressionante notar como Deus: Usou a fé simples de um casal indefeso; usou o misticismo de um faraó sem herdeiro para o trono; e usou a carência de uma mulher sem filhos para fazer cumprir seus planos! Ele ainda age assim.

2 - A providência de Deus na preparação de Moisés. Sobre a forma como Deus preparou Moisés, o texto diz assim:

Êxodo 2.9 e 10 “Então a filha do faraó disse à mulher: Leve este menino e amamente-o para mim, e eu lhe pagarei por isso. A mulher levou o menino e o amamentou. Tendo o menino crescido, ela o levou à filha do faraó, que o adotou e lhe deu o nome de Moisés, dizendo: Porque eu o tirei das águas”.

Na providência de Deus, a mãe de Moisés, por possivelmente cinco ou seis anos, foi paga pela filha do faraó para amamentar e cuidar do menino (seu próprio filho!). Não resta dúvida de que ao longo desses anos, Anrão e Joquebede ensinaram ao filho o temor do Senhor, passando a ele a tradição oral dos descendentes de Adão, Abraão e demais. Após ser entregue ao palácio real, Moisés deve ter passado mais uns 35 anos (até completar 40, quando ele fugiu para Midiã) com a filha de faraó. Ao longo desses anos, “Moisés foi educado em toda a sabedoria dos egípcios e era poderoso em palavras e ações” (Atos 7.22). O resgatador de Israel, portanto, foi preparado tanto no temor do Senhor como em toda sabedoria das ciências humanas, tornando-se um grande notável. Todo esse treinamento seria usado mais tarde por Moisés na organização de Israel e na condução desse povo pelos quarenta anos de peregrinação no deserto.

Há um fato muito curioso sobre Moisés, durante esses trinta e cinco anos de preparação no Egito, sob os cuidados da filha de faraó. Flávio Josefo conta que: “A fronteira do Egito foi devastada pelos etíopes, que lhe estão próximos. Os egípcios marcharam com um exército contra eles, mas foram vencidos no combate e retiraram-se com desonra. Os etíopes, orgulhosos de tamanha vitória, julgaram que era covardia não aproveitar a boa sorte e começaram a se vangloriar de poderem conquistar todo o Egito. E lá entraram, por diversos lugares. A quantidade de despojos que arrebataram e o fato de não terem encontrado resistência alguma aumentaram-lhes a esperança de conseguir um feliz resultado na empreitada. Assim, avançaram até Mênfis, chegando até o mar. Os egípcios, reconhecendo-se muito fracos para resistir a tão grande força, mandaram consultar um oráculo, e, por ordem secreta de Deus, a resposta que receberam foi que somente um homem havia, um hebreu! Do qual podiam esperar auxílio. O rei não teve dificuldade em julgar, por essas palavras, que Moisés era o hebreu em questão, ao qual o céu destinava salvar o Egito, e pediu à filha para fazê-lo general de todo o exército”.

Josefo prossegue para contar que com muita sabedoria, estratégia e valentia (a narrativa é impressionante e vale muito a pena ser lida. História dos Hebreus pagina 141 e 142), Moisés conseguiu “reconduzir os egípcios vitoriosos de volta à sua pátria”. A providência de Deus preparou espiritual e militarmente o resgatador Moisés. Nossos anos de preparação no seio da família nunca são desperdiçados. Saibamos aproveitá-los: Tempo com os pais em casa, aprendendo de Deus; tempo na igreja: EBD, nos PGs, nos cultos etc.; tempo na escola e na universidade. Enfim, Deus usa cada período da vida para nos preparar. Pais, não abram mão desse tempo. Filhos saibam aproveitar. A família unida em torno desses princípios jamais será vencida.

3 - A providência de Deus na precipitação de Moisés. Sobre a providência na precipitação de Moisés, o texto diz assim:

Êxodo 2.11 a 22 Certo dia, sendo Moisés já adulto, foi ao lugar onde estavam os seus irmãos hebreus e descobriu como era pesado o trabalho que realizavam. Viu também um egípcio espancar um dos hebreus. Correu o olhar por todos os lados e, não vendo ninguém, matou o egípcio e o escondeu na areia. No dia seguinte saiu e viu dois hebreus brigando. Então perguntou ao agressor: Por que você está espancando o seu companheiro? O homem respondeu: Quem o nomeou líder e juiz sobre nós? Quer matar-me como matou o egípcio? Moisés teve medo e pensou: Com certeza tudo já foi descoberto! Quando o faraó soube disso, procurou matar Moisés, mas este fugiu e foi morar na terra de Midiã. Ali assentou-se à beira de um poço. Ora, o sacerdote de Midiã tinha sete filhas. Elas foram buscar água para encher os bebedouros e dar de beber ao rebanho de seu pai. Alguns pastores se aproximaram e começaram a expulsá-las dali; Moisés, porém, veio em auxílio delas e deu água ao rebanho. Quando as moças voltaram a seu pai Reuel, este lhes perguntou: Por que voltaram tão cedo hoje? Elas responderam: Um egípcio defendeu-nos dos pastores e ainda tirou água do poço para nós e deu de beber ao rebanho. Onde está ele? Perguntou o pai a elas. Por que o deixaram lá? Convidem-no para comer conosco. Moisés aceitou e concordou também em morar na casa daquele homem; este lhe deu por mulher sua filha Zípora. Ela deu à luz um menino, a quem Moisés deu o nome de Gérson, dizendo: Sou imigrante em terra estrangeira”.

Deus é tão maravilhoso em sua providência que até os erros ele usa para o bem daqueles que o amam. Moisés agiu errado. Ele se precipitou. Não era daquela forma que Deus queria que ele fizesse “justiça”. Por mais que a sua motivação estivesse certa, aquele não era o método nem o momento de Deus (Lembre-se: A vontade de Deus sempre envolverá motivação, método e momento). Deus, soberano e gracioso que é, usa toda a consequência do pecado de Moisés para já retirá-lo do Egito, pois já era tempo, e iniciar um novo processo de preparação na sua vida, isto é: humilhação, esvaziamento de si mesmo, dependência total de Deus. Alguém já disse que Deus levou 40 anos para tornar Moisés em “alguém” e depois mais 40 anos para fazer de Moisés um “ninguém”, para só depois começar a usá-lo. Por que Deus faz isso conosco? Por que ele nos prepara tanto e depois (ou ao mesmo tempo) nos humilha tanto? Deus quer todas as nossas habilidades, mas com humildade, mansidão e amor.

Em Midiã, Moisés estava aprendendo a: Ouvir melhor a Deus, longe da agitação do Egito; a cuidar de ovelhas e de rebanhos, o que ele faria nos quarenta anos de deserto; a viver no deserto; e a ser manso e humilde para cuidar do povo rebelde de Deus. Ele aprendeu, pois adiante, em Números 12.3, eis o que nós lemos: “Ora, Moisés era muito humilde, mais que qualquer outra pessoa na terra”. A providência de Deus nos contempla mesmo quando nós erramos. Isso é graça, e a família unida saberá aproveitar e crescer com esses momentos. Ela será imbatível.

4 - A providência de Deus na peregrinação de Moisés. Sobre a providência na peregrinação de Moisés, eis o que o texto diz:

Êxodo 2.21 a 25 “Moisés aceitou e concordou também em morar na casa daquele homem; este lhe deu por mulher sua filha Zípora. Ela deu à luz um menino, a quem Moisés deu o nome de Gérson, dizendo: Sou imigrante em terra estrangeira. Muito tempo depois, morreu o rei do Egito. Os israelitas gemiam e clamavam debaixo da escravidão; e o seu clamor subiu até Deus. Ouviu Deus o lamento deles e lembrou-se da aliança que fizera com Abraão, Isaque e Jacó. Deus olhou para os israelitas e viu qual era a situação deles”.

Enquanto Moisés vivia como peregrino em Midiã, Israel continuava sob a dura mão do faraó. Por que o Egito os tratava assim? Flávio Josefo nos conta que os profetas dos egípcios disseram ao faraó que nasceria um menino entre os hebreus e que ele humilharia o Egito. A reação foi instantânea: “O rei, assustado com a predição e seguindo o conselho daquele que lhe fazia essa advertência, publicou um edito pelo qual ordenava que se deveriam afogar todas as crianças hebréias do sexo masculino e ordenou às parteiras do Egito que observassem exatamente quando as mulheres fossem dar à luz, porque não confiava nas parteiras de sua nação. Esse edito ordenava também que aqueles que se atrevessem a salvar ou criar alguma dessas crianças seriam castigados com a pena de morte, juntamente com toda a família”.

Depois que Moisés nasceu e foi levado ao faraó pela sua filha, algo interessante aconteceu. Josefo registra que assim que o rei colocou o diadema sobre a cabeça, Moisés, como uma criança que se diverte, tirou-o e o jogou ao chão, pisando-lhe em cima. Essa ação foi considerada de péssimo augúrio, e o doutor da lei que predissera o quanto seria funesto o nascimento daquele menino para o Egito ficou tão nervoso que desejou matá-lo imediatamente. “Eis aí, majestade”, disse ele, dirigindo-se ao rei, “este menino, do qual Deus nos faz saber que a morte deve garantir a vossa paz. Vede que o fato confirma a minha predição, pois apenas nasceu e já despreza a vossa grandeza, calcando aos pés a vossa coroa. Matando-o, todavia, fareis perder aos hebreus a esperança que nele depositam e salvareis o vosso povo de um grande temor”. Termutis, ouvindo-o falar desse modo, levou o menino sem que o rei se opusesse, porque Deus afastava do espírito de Faraó o pensamento de fazê-lo morrer.

Desde então faraó e todos os egípcios viveram suspeitando de Moisés. Josefo informa que a coisa ficou pior assim que Moisés, depois de adulto, liderou a vitória sobre os etíopes. Portanto, quando Moisés matou o egípcio e isso chegou aos ouvidos de faraó, foi à gota d’água. O fato é que Israel passou anos sob a crueldade dos egípcios, até que Deus, quando estava com o seu resgatador preparado, decidiu agir.

Êxodo 2.23 a 25 “Muito tempo depois, morreu o rei do Egito. Os israelitas gemiam e clamavam debaixo da escravidão; e o seu clamor subiu até Deus. Ouviu Deus o lamento deles e lembrou-se da aliança que fizera com Abraão, Isaque e Jacó. Deus olhou para os israelitas e viu qual era a situação deles”.

A providência de Deus

Esse fato na vida de Israel me faz lembrar das palavras do salmista, que dizem: (Salmos 30.5 “Pois a sua ira só dura um instante, mas o seu favor dura a vida toda; o choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria”).

Quando Deus parecer estar demorando para agir, lembre-se: (1 Pedro 3.8 e 9 “Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Ao contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento”).

Você sente que está precisando da graça de Deus, salvando e provendo para a sua vida?  Sente que precisa da graça de Deus para transformar você ou alguém que você ama? Carece da graça de Deus para salvar a sua família? Faça como os Israelitas: Clame. O Senhor ouvirá o seu gemido, olhará para você e agirá com salvação. Cristo nascerá no seu coração, no seio de sua família e na medida em que você for nutrindo essa vida em você, na medida em que ele for crescendo, tomando todos os espaços vazios, limpando todos os cantos sujos, você provará transformação.

A família unida que não foi vencida

Essa é a conclusão de dez mensagens sobre família, melhor: Sobre como a graça de Deus na vida da gente, na vida do genro, do sogro, do pai, da mãe, do filho, do irmão, do jovem, do adolescente, do velhinho, da sogra, da nora. Como a graça de Deus no coração de cada um de nós tem o poder de, uma vez salvos, nos transformar de glória em glória. A família é o ambiente preferido de Deus para a nossa salvação, transformação e preparação para a vida e para a vocação que todos nós temos. Essa é uma das grandes lições que nós aprendemos hoje e também nas mensagens anteriores da série Cenas memoráveis em famílias do Antigo Testamento.

Permitam-me, pois, algumas palavras de aplicação ao concluirmos tudo hoje:

Haverá choques cataclísmicos na família (igreja), pois é formada de pecadores que trazem no coração ogivas nucleares do pecado que são capazes de mandar para o espaço e tornar em cinzas o universo de paz e de esperança. Portanto, não se surpreenda, não duvide, não devolva na mesma moeda e não desista. Há esperança para a família (igreja), pois no coração da família, à partir do seu coração, é possível nascer e crescer o Senhor Jesus Cristo, o Príncipe da paz. Portanto, clame pela graça salvadora e transformadora de Jesus; arrependa-se do pecado e da forma pecaminosa de viver; corra para Jesus e leve-o para casa.

Há oportunidades na família (igreja), pois é no seio familiar que Deus faz nascer, crescer e prepara os seus heróis de fé. Portanto, não veja os desafios e as dificuldades da vida familiar como problemas, mas como oportunidades para se crescer na graça e no conhecimento de Jesus Cristo.

A família unida, em Cristo, nunca, jamais, será vencida.

Essa é a lição que as cenas memoráveis de famílias do Antigo Testamento nos ensinam.

Graça, misericórdia e paz a voz todos

Fonte: sibgoiania

Cenas inesquecíveis 09 - A sogra que a nora amou

 


Rute 1.15 a 19 “Então Noemi a aconselhou: Veja, sua concunhada está voltando para o seu povo e para o seu deus. Volte com ela! Rute, porém, respondeu: Não insistas comigo que te deixe e não mais a acompanhe. Aonde fores irei, onde ficares ficarei! O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus! Onde morreres morrerei, e ali serei sepultada. Que o Senhor me castigue com todo o rigor, se outra coisa que não a morte me separar de ti! Quando Noemi viu que Rute estava de fato decidida a acompanhá-la, não insistiu mais. Prosseguiram, pois, as duas...”.

O problema entre sogras e noras

Segundo os parachoques de caminhão, são os homens que mais se incomodam com as sogras. De acordo com uma pesquisa da universidade de Cambridge, no entanto, quem mais reclama mesmo das sogras são as mulheres: 60% das noras contra 15% dos genros estudados pela psicóloga Terri Apter tinham problemas com as sogras. Mas será que o direito à reclamação é sempre dos genros e noras, nunca das sogras? A mesma pesquisa aponta que noras e sogras reclamam umas das outras em proporções idênticas. Como as duas são feitas da mesma carne e osso que o restante da humanidade, reclamações divididas são um bom indício de que, se às vezes quem exagera é a sogra, outras quem azeda a relação é a nora. Mesmo que não ganhe fama nos parachoques.

Para a psicoterapeuta familiar Elisabete Meneses, a imagem da sogra problemática é uma construção cultural. Eis o que ela disse: “Ainda que ganhe respaldo psicanalítico diante da hipótese recorrente de que a sogra pode ver na nora uma ameaça que tenta “roubar-lhe” o filho, isso não significa que esse seja um problema padrão das sogras, muito menos que elas sejam as únicas que podem encontrar obstáculos na relação. Não existe um papel mais ou menos problemático no triângulo nora-sogra-filho. Os indivíduos vão se comportar de acordo com as relações que construíram ao longo da vida. A mãe pode ser ciumenta, o filho pode ser dependente e a nora pode ser territorialista antes mesmo de o casal se formar. Quando todos partem de relações saudáveis, é difícil criarem neuroses pelo simples fato de construírem uma família”.

Quando a gente observa as principais reclamações que sogras e noras fazem umas das outras, fica evidente que a culpa é sempre do coração pecaminoso. A verdade é que sogras não são bruxas e noras não são princesas, ambas são pecadoras. Quer ver uma coisa?

Vocês sabem quais são as principais reclamações que noras fazem sobre sogras? Observem:

“Ela é manipuladora e sempre quer atenção”. “Ela não respeita meu espaço”. “Ela se mete nas nossas decisões”. “Ela tem ciúmes do filho”. “Ela não nos apoia em nada”.

Agora, vocês sabem quais são as principais reclamações que sogras fazem sobre noras?

“Ela não trata bem o meu filho”. “Ela não sabe cuidar da casa nem dos filhos”. “Ela não se importa comigo (carinho, atenção)”. “Ela não ajuda em nada (folgada)”. “Ela só dá valor na família dela”.

Percebeu? As principais queixas sempre surgem da mesma fonte: Um coração centrado em si mesmo, que não se entrega à graça e ao cuidado de Deus. Eis, por exemplo, o que a psicóloga Elisabeth Mendes prescreve para uma das causas mais comuns dos conflitos entre sogras e noras. Observe com cuidado o que ela escreve e tente discernir teologicamente essa resposta: “Encarar a relação com a sogra como uma competição é um dos erros mais comuns das noras. Muitas mulheres já entram nessa relação na defensiva, e a partir daí tudo é motivo para transformar pequenos atritos e mal-entendidos do cotidiano em grandes problemas que podem minar a relação”.

O problema entre sogras e noras, entre genros e sogros, enfim, o problema entre seres humanos é sempre um problema do coração; quem reina ou quem governa tanto o meu mundo interior como o meu mundo exterior, Deus ou eu mesmo? Sempre que nos colocamos no centro surgem choques de relacionamentos.

O triunfo de Rute

O texto que temos para hoje narra a cena memorável de Rute com sua sogra Noemi. A história é belíssima. Aliás, o livro todo é lindíssimo, um dos meus preferidos na Bíblia. A história se abre com tragédia e se fecha com triunfo. É a história de como Deus tomou uma moabita com o nome de Rute, tirou-a da morte e das trevas e fez dela parte do povo da aliança com Deus. Essa não é apenas a história da bisavó de Davi (sim, Rute foi a bisavó de Davi por parte de pai!), mas de como essa mulher foi transformada; é a história de uma pecadora perseguida pela graça. Observe a nota com a qual o livro se encerra: (Rute 4.21 e 22 “Salmom gerou Boaz; Boaz gerou Obede; Obede gerou Jessé; e Jessé gerou Davi”).

Três viúvas na bacia para pedicure

A cena memorável que nós temos para hoje nos apresenta três viúvas: Noemi e suas duas noras, Orfa e Rute. Elas acabaram de perder seus maridos (Rute 1.3 a 5) e se encontram todas numa situação dificílima, pois viviam em sociedade patriarcal, totalmente dependentes dos esposos. O estado de Noemi, a sogra, era ainda pior, pois ela era natural de Belém na Judeia e jamais deveria ter ido morar em Moabe, terra montanhosa na margem oriental do Mar Morto; atualmente, Jordânia. Para se ter uma ideia do desprezo que judeus nutriam por moabitas, observe o salmista: (Salmos 60.8 “Moabe é a bacia em que me lavo, em Edom atiro a minha sandália; sobre a Filístia dou meu brado de vitória”)!

Ao falar dos moabitas, Deus os coloca em categoria tão baixa quanto à bacia usada por escravos para lavar os pés de seus senhores. Mas lá era o lugar onde Noemi se encontrava, ela e suas duas noras moabitas, Rute e Orfa. Interessante, pois mergulhadas naquela bacia para pedicure cheia de água quente do sofrimento, Noemi, Orfa e Rute tomam decisões que revelam bem o que estava em seus corações. Sim, pressões, atritos e sofrimento (água quente) sempre extraem o que há de melhor ou de pior nos nossos corações. Diante do sofrimento, cada uma delas precisava tomar uma decisão, e assim elas fizeram. Observe comigo o que cada uma decidiu fazer e o que as suas escolhas revelam sobre os seus corações e as possíveis consequências de seus atos. Veremos que Noemi escolheu voltar para casa, Orfa escolheu virar as costas e Rute escolheu viver com Deus.

1 - Noemi escolheu voltar para casa. Observe:

Rute 1.3 a 7 “Morreu Elimeleque, marido de Noemi, e ela ficou sozinha, com seus dois filhos. Eles se casaram com mulheres moabitas, uma chamada Orfa e a outra Rute. Depois de terem morado lá por quase dez anos, morreram também Malom e Quiliom, e Noemi ficou sozinha, sem os dois filhos e o seu marido. Quando Noemi soube em Moabe que o Senhor viera em auxílio do seu povo, dando-lhe alimento, decidiu voltar com suas duas noras para a sua terra. Assim ela, com as duas noras, partiu do lugar onde tinha morado. Enquanto voltavam para a terra de Judá”.

A princípio você pensa: Que joia, Noemi ouviu a voz de Deus. Só que não! Ela não estava atrás de Deus. Ela estava atrás de pão. Aliás, foi por falta de pão que o marido, ela e os filhos deixaram Belém e partiram para Moabe. Veja:

Rute 1.1 e 2 “Na época dos juízes houve fome na terra. Um homem de Belém de Judá, com a mulher e os dois filhos, foi viver por algum tempo nas terras de Moabe. O homem chamava-se Elimeleque, sua mulher Noemi e seus dois filhos Malom e Quiliom. Eram efrateus de Belém de Judá. Chegaram a Moabe, e lá ficaram”.

Deus não fala com eles e eles não oram pedindo a direção de Deus; eles simplesmente decidem tentar a vida noutro lugar. Para essa família era mais importante sobreviver do que fazer a vontade de Deus. Mas, esse tipo de coisa só acontecia nos dias de Rute, não é mesmo? Hoje não. Hoje todo mundo quer viver para agradar a Deus. Viver só para sobreviver é coisa do passado. Só que não! Hoje, como bem expressou o salmista, todo mundo trabalha duro, dorme tarde, busca o pão e não se dá conta de que o provedor é Deus (Salmos 127.1 e 2); essa gente só quer casa e conforto, não quer Deus.

Qual é o problema com esse tipo de mentalidade; viver para casa e conforto?

 

Primeiro, transforma Deus num lobista, num agenciador de negócios, alguém que existe para abrir portas para mim, trabalhar pelos meus interesses profissionais, sociais e de bem-estar; um captador de recursos. Veja o caso de Noemi: quando a coisa apertou em Belém, eles fugiram para Moabe; quando a coisa apertou em Moabe, ela voltou para Belém. A vida dela é um ziguezague, cheia de idas e vindas, cheia de cabeçadas. Cade Deus? Deus é o padeiro da história. Se tem pão à gente fica, se falta pão a gente dá no pé e vai procurar noutra padaria; e quando o padeiro resolver fazer mais pão a gente volta. Deus é um lobista, um padeiro. Ele não passa de um agenciador de negócios.

Segundo, transforma lugares e pessoas em objetos de consumo, não em alvos de amor. Veja o caso de Noemi: é triste, mas ela não vê o povo com amor, não vê a cidade como lugar para se viver para abençoar e não apenas para plantar e colher e sugar. Todos são meros competidores. Assim é que, quando falta pasto em Belém, eles vão tentar a vida em Moabe; quando fica sem espaço em Moabe, ela volta para Belém. Enquanto isso, nada de significativo e de amoroso foi feito nem em Belém nem em Moabe.

Terceiro, transforma a vida numa busca pelo sucesso e o bem-estar, não em uma oportunidade para se exercer a vocação, espalhando o reino de Deus aonde se vai ou aonde se chega. Veja o caso de Noemi: A princípio, ela puxa as noras pelos braços e leva-as consigo, mas depois ela cai em si e manda-as voltar. Observe:

Rute 1.8 a 15 “Noemi disse às duas noras: Vão! Voltem para a casa de suas mães! Que o Senhor seja leal com vocês, como vocês foram leais com os falecidos e comigo. O Senhor conceda que cada uma de vocês encontre segurança no lar doutro marido". Então deu-lhes beijos de despedida. Mas elas começaram a chorar bem alto e lhe disseram: Não! Voltaremos com você para junto de seu povo! Disse, porém, Noemi: Voltem, minhas filhas! Por que viriam comigo? Poderia eu ainda ter filhos, que viessem a ser seus maridos? Voltem, minhas filhas! Vão! Estou velha demais para ter outro marido. E mesmo que eu pensasse que ainda há esperança para mim, ainda que eu me casasse esta noite e depois desse à luz filhos, iriam vocês esperar até que eles crescessem? Ficariam sem se casar à espera deles? De jeito nenhum minhas filhas! Para mim é mais amargo do que para vocês, pois a mão do Senhor voltou-se contra mim! Elas então começaram a choram bem alto de novo. Depois Orfa deu um beijo de despedida em sua sogra, mas Rute ficou com ela. Então Noemi a aconselhou: Veja, sua concunhada está voltando para o seu povo e para o seu deus. Volte com ela”!

Viu? Ela só pensa em termos do que ela pode dar e não do que Deus pode fazer. Ela chega a nos passar a impressão de que temia que suas noras se decepcionassem da mesma forma que ela havia se decepcionado com Deus. Noemi parece não se importar que Orfa voltasse para os deuses dela (Rute 1.15). Que diferença a atitude de Noemi em relação à atitude de Moisés com seu cunhado:

Números 10.29 a 32 “Então Moisés disse a Hobabe, filho do midianita Reuel, sogro de Moisés: Estamos partindo para o lugar sobre o qual o Senhor disse: Eu o darei a você. Venha conosco e lhe trataremos bem, pois o Senhor prometeu boas coisas para Israel. Ele respondeu: Não, não irei; voltarei para a minha terra e para o meu povo. Moisés, porém, disse: Por favor, não nos deixe. Você sabe onde devemos acampar no deserto e pode ser o nosso guia. Se vier conosco, partilharemos com você todas as coisas boas que o Senhor nos der”.

Ao tratar a vida com Deus de forma utilitária (toma lá, dá cá), consumista (uso e consumo de gentes e de lugares) e imediatista ou mundana (bem-estar terreno), Noemi colheu frutos amargos, muito amargos. Ela ficou sem chão onde colocar os pés; afinal, perdeu marido e filhos que haviam se tornado ídolos, e perdeu também o bem-estar de casa. Pior de tudo, porém, ela ficou céptica, perdeu a fé em Deus. É muito triste de se ler as declarações que ela faz de Deus:

Rute 1.19 a 22 “Prosseguiram, pois, as duas até Belém. Ali chegando, todo o povoado ficou alvoroçado por causa delas. Será que é Noemi? Perguntavam as mulheres. Mas ela respondeu: Não me chamem Noemi, chamem-me Mara, pois o Todo-poderoso tornou minha vida muito amarga! De mãos cheias eu parti; mas de mãos vazias o Senhor me trouxe de volta. Por que me chamam Noemi? O Senhor colocou-se contra mim! O Todo-poderoso me trouxe desgraça! Foi assim que Noemi voltou das terras de Moabe, com sua nora Rute, a moabita. Elas chegaram a Belém no início da colheita da cevada”.

Noemi não enxerga que tudo aquilo não passava de consequência por seus erros dos passado, ou seja: Agir sem consultar a Deus. Também ela não enxerga que Deus estava prestes a reconstruir a vida dela através de sua nora Rute: (“Foi assim que Noemi voltou das terras de Moabe, com sua nora Rute, a moabita. Elas chegaram a Belém no início da colheita da cevada”). Ao escolher apenas voltar para casa, Noemi não só deixou de viver todo o seu potencial para abençoar, como também chamou para si mais tristezas e amarguras. Sogras assim, aliás, pessoas assim, que tiram os olhos de Deus e vivem só para si mesmos ou para a casa, tornam-se amargas e difíceis de conviver.

2 - Orfa escolheu virar as costas. Observe:

Rute 1.14 e 15 “Elas então começaram a choram bem alto de novo. Depois Orfa deu um beijo de despedida em sua sogra, mas Rute ficou com ela. Então Noemi a aconselhou: Veja, sua concunhada está voltando para o seu povo e para o seu deus. Volte com ela”!

Se o coração de Noemi estava apenas na casa e nas coisas que ela não conseguiu manter em casa, vemos no texto que o coração de Orfa estava na sua parentela, no lugar onde ela nasceu e cresceu, nos seus ídolos pagãos. Noras assim, aliás, pessoas assim, que tiram os olhos de Deus e vivem só para si mesmas, para seus usos e costumes, para a sua religião ou idolatria, viram as costas para os outros. Elas até choram, mas nada de mais acontece.

Rute 1.15 a 19 “Então Noemi a aconselhou: Veja, sua concunhada está voltando para o seu povo e para o seu deus. Volte com ela! Rute, porém, respondeu: Não insistas comigo que te deixe e não mais a acompanhe. Aonde fores irei, onde ficares ficarei! O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus! Onde morreres morrerei, e ali serei sepultada. Que o Senhor me castigue com todo o rigor, se outra coisa que não a morte me separar de ti! Quando Noemi viu que Rute estava de fato decidida a acompanhá-la, não insistiu mais. Prosseguiram, pois, as duas...”.

Tendo escolhido viver com Deus, com o Deus de Israel, Rute conseguiu amar a sogra. A fé de Rute em Deus deu a ela:

Nova determinação. Não insista comigo para deixá-la e voltar (versículo 16); servir Noemi;

Nova direção. Aonde você for, irei; (versículo 16); seguir Noemi;

Nova dependência. Onde você viver, lá viverei. (versículo 16); viver contente;

Novo desejo. Seu povo será o meu povo, (versículo 16); estar com o outro;

Nova devoção. E seu Deus, o meu Deus. (versículo 16); adorar a Deus;

Nova dedicação. Onde você morrer, ali morrerei e serei sepultada. Que o Senhor me castigue severamente se eu permitir que qualquer coisa, a não ser a morte, nos separe”! (versículo17); cuidado de Noemi.

Rute escolheu viver com Deus e assim ela conseguiu amar e servir Noemi.

A sogra que a nora amou

A sogra que a nora amou tinha, sim, qualidades, mas elas não eram o bastante para manter as noras por perto. Tanto é assim que Orfa foi embora, virou-lhe as costas. O que uniu Rute a Noemi foi o Deus de Israel. Se Deus não for o centro do coração, mas a casa, nós nos amarguramos; se Deus não for o centro do coração, mas familiares, oportunidades, religiosidade, usos e costumes ou ídolos quaisquer, nós viramos as costas para o outro quando a situação apertar. A única coisa capaz de fazer nora amar sogra de verdade, e vice versa, a única coisa capaz de unir em amor pessoas tão diferentes na mesma família é o amor que ambas as partes nutrem pelo mesmo Deus. Só Cristo salva, santifica, satisfaz e une corações. Quer ver? Observe como termina a história do livro de Rute:

Rute 4.13 a 17 “Boaz casou-se com Rute, e ela se tornou sua mulher. Boaz a possuiu, e o Senhor concedeu que ela engravidasse e desse à luz um filho. As mulheres disseram a Noemi: Louvado seja o Senhor, que hoje não a deixou sem resgatador! Que o seu nome seja celebrado em Israel! O menino lhe dará nova vida e a sustentará na velhice, pois é filho da sua nora, que a ama e que lhe é melhor do que sete filhos! Noemi pôs o menino no colo, e passou a cuidar dele. As mulheres da vizinhança celebraram o seu nome e disseram: Noemi tem um filho! E lhe deram o nome de Obede. Este foi o pai de Jessé, pai de Davi”.

Não se iluda, netos não unem sogras e noras, eles podem, aliás, separar ainda mais uma da outra, agravando conflitos. Filhos não unem pai e mãe, o contrário disso é muito mais verdadeiro. Quantos pais e quantas mães não se separam, escondendo-se atrás dos filhos? Muitos, infelizmente! Veja, por exemplo, a síndrome do ninho vazio, por aí espalhada.

O que alegrou Rute e Noemi, e as uniu ainda mais, foi o nascimento de “um resgatador para sua família” (Rute 4.14). A alusão é a Jesus Cristo (tipologia). Ele é o resgatador que “restaura” e que “cuida” de todos os seus filhos, do nascimento à sepultura (Rute 4.15).

A sogra que a nora amou só foi amada porque a nora amava o Deus da sogra. Cristo tem que ser o seu amor. Só assim você deixará a amargura, unir-se-á aos sogros ou às noras e genros, e viverá com esperança para o futuro. Essa é a lição que a cena memorável da sogra que a nora amou nos ensina. Se Cristo não for o seu amor, a casa será, familiares serão, preferências pessoais serão, enfim, tudo o mais será; o resultado será colisão de interesses e separação.

Receba Jesus e faça dele o resgatador de sua vida e de sua família. Essa é a lição que a cena memorável da sogra que a nora amou nos ensina.

Fonte: sibgoiania

Cenas inesquecíveis 08 - O adolescente que matou um gigante

 


1 Samuel 17. 48 a 51 “Quando o filisteu começou a vir na direção de Davi, este correu depressa na direção da linha de batalha para enfrentá-lo. Retirando uma pedra de seu alforje ele a arremessou com a atiradeira e atingiu o filisteu na testa, de tal modo que ela ficou encravada, e ele caiu com o rosto no chão. Assim Davi venceu o filisteu com uma atiradeira e uma pedra; sem espada na mão ele derrubou o filisteu e o matou. Davi correu e se pôs de pé sobre ele; e desembainhando a espada do filisteu acabou de matá-lo, cortando-lhe a cabeça com ela. Quando os filisteus viram que seu guerreiro estava morto, recuaram e fugiram”.

Matar um leão por dia

“Matar um leão por dia” é frase bastante comum na boca do brasileiro. São tantos os problemas em casa, com os filhos, no trabalho, na escola dos filhos, com o patrão, com o colega de trabalho, além disso, a crise e tão brava e a falta de dinheiro é tão grande, que as pessoas acabam endividadas, sem ter como produzir e sem saber por onde começar a resolver todos os seus problemas de ordem pessoal, profissional e até de saúde. Como não adianta pensar em todos os problemas ao mesmo tempo, porque não se vai conseguir resolvê-los de imediato nem no atacado, então a pessoa se põe a fazer uma coisa de cada vez; ou seja: “matar um leão por dia”, fazer todo o que for possível para resolver cada problema a cada dia, já que não se conseguirá resolvê-los todos de uma vez e num dia só. Assim é a vida de muitos brasileiros: Matar um leão por dia.

Gigantes lá fora e gigantes aqui dentro

Além desses problemas gigantescos, que nos desafiam e nos humilham todos os dias, há os monstruosos gigantes do pecado que dilaceram a alma e o coração de todos nós na medida em que matamos um leão por dia. Quer ver? Quem de vocês que me ouvem não enfrenta algum ou alguns dos gigantes que Paulo chamou de obras da carne? Observe o duelo de gigantes que, enquanto crentes, nós travamos dentro de nós todos os dias e a todo instante:

Gálatas 5.17 a 21 “Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam. Mas, se vocês são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da lei. Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus”.

Gente, assim é a vida: Lá fora, na correria, há gigantes poderosos para serem derrotados, matamos um leão por dia; enquanto aqui dentro, no coração, há gigantes monstruosos para serem destruídos, a mortificação das obras da carne. A vida de quem quer viver piedosamente é um duelo contra gigantes: Gigantes lá fora e gigantes aqui dentro.

Gigante Desespero

John Bunyan, em “O Peregrino”, a alegoria que ele escreveu sobre a vida cristã, resume-os a um só: Gigante Desespero. No capítulo 16 do livro, Bunyan conta sobre a experiência de Cristão e Esperança, mantidos presos pelo gigante Desespero em seu castelo da dúvida. Lá, eles são surrados pelo gigante, o gigante os aconselha a se suicidarem, Cristão entra em desespero, Esperança o conforta trazendo-lhe palavras de esperança à memória, o gigante, em contrapartida, ameaça fazê-los em pedaços, até que, finalmente, Cristão saca do peito uma chave chamada promessa que destranca todas as portas para fora do castelo da dúvida. Vale a pena ler para vocês a conclusão do capítulo 16, quando Cristão e Esperança já estão, finalmente, libertos:

“Os dois seguiram e chegaram novamente à estrada do Rei; assim, ficaram a salvo, porque estavam fora da jurisdição do gigante. Ora, quando atravessaram os degraus, começaram a planejar o que fariam naquele lugar dos degraus, para impedir de caírem nas mãos do gigante Desespero os peregrinos que viessem depois deles. Concordaram em levantar ali um pilar e gravar em um de seus lados esta sentença: Do outro lado desses degraus está o caminho que conduz ao Castelo da Dúvida, guardado pelo gigante Desespero, que despreza o Rei do País Celestial e busca destruir seus santos peregrinos. Muitos, pois, que passaram por ali depois, leram o que estava escrito e escaparam do perigo. Feito isso, eles cantaram: “Saímos do caminho e, então, descobrimos. O que significa caminhar por terras proibidas. E quem vier atrás tenha muito cuidado; Para que, por descuido, não sofra como nós. Para que, por transgressão, Não se tomem prisioneiros. No castelo da dúvida, cujo dono é o gigante Desespero”.

O adolescente que matou um gigante

Gigantes impedem o progresso dos cristãos no propósito para o qual Deus nos chamou. Eles nos roubam da alegria no Senhor e nos aprisionam com dúvidas e sofrimentos desesperadores. Então, como nós podemos matar esses gigantes para que possamos prosseguir em liberdade, vitoriosos e alegres no serviço do Senhor? A resposta a esta pergunta nos traz à cena memorável de hoje à noite: A conhecida história de Davi e Golias.

1 - O cenário da batalha. Gigantes não respeitam os nossos momentos. Eles surgem no tempo deles, segundo as agendas deles. Muitas vezes eles aparecem como resultado de uma sucessão de erros pessoais. Veja o caso de Israel, por exemplo: A nação vivia um novo sistema político, a monarquia; o rei era uma realidade nova para todos, algo que eles ainda estavam assimilando. Sem falar que Saul ainda não apresentava capacidade plena de liderança e parece que ele nunca atingiria tal patamar. Afinal, desde a sua unção como rei, até o momento do ataque de Golias, nós podemos observamos inúmeros erros de liderança por ele cometidos. Todos fruto de um caráter não preparado para liderar. Eram muitos os problemas que Saul enfrentava ao mesmo tempo: Nações de todos os lados que precisavam ser vencidas (1 Samuel 14.47 e 48). Por causa de falta de fé e de desobediência, Saul foi rejeitado por Deus e começou a atravessar crises pessoais e políticas profundas: Davi já havia sido ungido rei em seu lugar e o juízo de Deus, através de um espírito maligno, o atormentava (1 Samuel 16.1 a 23). Fora isso, os Filisteus intensificam os seus ataques, arrastando Israel para próximo de seu território, no vale:

1 Samuel 17.1 a 3 e 19 “Os filisteus reuniram seu exército para a batalha e acamparam em Efes-Damim, entre Socó, em Judá, e Azeca. Em resposta, Saul reuniu as tropas israelitas perto do vale de Elá. Assim, os filisteus e os israelitas ficaram frente a frente, em colinas opostas, com o vale entre eles”; “Os irmãos de Davi estavam com Saul e o exército israelita no vale de Elá, lutando contra os filisteus”.

O cenário de nossas batalhas continua sendo o mesmo: Os gigantes não respeitam a fragilidade dos momentos que estamos vivendo; não consideram a quantidade de problemas que já estamos enfrentando; não se compadecem das crises que estamos atravessando; não travam suas batalhas conosco em terreno seguro para nós; antes, eles se aproveitam de nossa insegurança e instabilidade; de nossas fraquezas e do acumulo de nossas responsabilidades; eles se alimentam de nossos erros e dos nossos fracassos; eles se alegram em nos arrastar para os vales. É sempre assim, os gigantes aparecem e se aproveitam dos nossos piores momentos: quando já estamos fragilizados, sobrecarregados, feridos, despreparados… os gigantes chegam e nos arrastam para os vales. Como são esses gigantes? Do que eles são capazes?

2 - O caráter do gigante. Os gigantes são cruéis, eles estão a serviço do inimigo de nossas almas, afinal, “nós não lutamos contra inimigos de carne e sangue, mas contra governantes e autoridades do mundo invisível, contra grandes poderes neste mundo de trevas e contra espíritos malignos nas esferas celestiais” (Efésios 6.12). Assim é que os gigantes veem para nos matar, roubar-nos e nos destruir. Afinal, como eles são?

A - Eles impressionam com força e arsenal de guerra. 1 Samuel 17.4 a 7 “Então Golias, um guerreiro filisteu de Gate, saiu das fileiras do exército filisteu. Ele tinha 2,90 metros de altura, usava um capacete de bronze e vestia uma couraça de escamas de bronze que pesava 60 quilos. Também usava caneleiras de bronze e carregava no ombro um dardo de bronze. A haste de sua lança era pesada e grossa, como o eixo de um tear, e a ponta de ferro da lança pesava cerca de sete quilos. Seu escudeiro caminhava à frente dele”.

Problemas nunca chegam pequenos: São sempre poderosos e bem acompanhados.

B - Eles intimidam com insultos e pela reputação. 1 Samuel 17.8 a 11 e 24 e 25 “Golias parou e gritou para as tropas israelitas: “Por que saíram todos para lutar? Eu sou filisteu, e vocês são servos de Saul. Escolham um homem para vir aqui e lutar comigo! Se ele me matar, seremos seus escravos. Mas, se eu o matar, vocês serão nossos escravos! Desafio hoje os exércitos de Israel. Mandem um homem para lutar comigo! Quando Saul e os israelitas ouviram isso, ficaram aterrorizados e muito abalados”; “Quando os israelitas viram Golias, começaram a fugir, apavorados. Vocês viram aquele homem?”, perguntavam uns aos outros. “Ele sai todos os dias para desafiar Israel. O rei ofereceu uma grande recompensa para quem o matar. Dará uma de suas filhas como esposa e isentará toda a família dele de pagar impostos”!

Os gigantes que nos atacam, agem para nos intimidar com seus insultos e reputação cruel. Sua imagem não sai de nossa mente; seus insultos não se calam em nossos corações; eles intimidam e paralisam.

C - Eles persistem e insistem sem cansar. 1 Samuel 17.16 “Durante quarenta dias, pela manhã e à tarde, o guerreiro filisteu se apresentava diante do exército israelita e o desafiava”.

Os ataques dos gigantes, assim como Golias, são insistentes, “pela manhã e à tarde” e persistentes “durante quarenta dias”. A insistência e a persistência dos gigantes que nos atacam levam muitos ao desespero: O medo que não vai embora; angustia que não some; a tristeza que não sai do coração; a tentação que não da trégua; a perda que não é substituída; a situação que não melhora; o consolo que não chega; a mudança que não ocorre; a espera que não chega ao fim; a solidão que não é preenchida; o erro que não é reparado; a enfermidade que não sara; o desafio que não é vencido; hábito pecaminoso que não é derrotado entra dia e sai dia, entra mês e sai mês, entra ano e sai ano, e as coisas parecem nunca melhorar; elas, aliás, parecem piorar. Há casos em que chega a ser desesperador. Ouça o que Cristão, prisioneiro no castelo da dúvida e surrado pelo gigante Desespero, disse ao companheiro Esperança:

“Irmão, o que faremos? A vida que desfrutamos no momento é horrível! De minha parte, não sei se é melhor viver ou morrer logo. Minha alma escolhe antes o estrangulamento do que a vida, e o túmulo seria mais confortável para mim do que essa masmorra! Seremos governados pelo gigante? (A história continua e). À tardinha, o gigante desceu novamente à masmorra, para ver se seus prisioneiros haviam aceitado seu conselho [de se suicidarem]. Mas, quando lá chegou, estavam vivos, meramente vivos. Porque agora, por falta de pão e água e por causa dos ferimentos da surra, podiam apenas respirar. Mas, como disse, achou-os vivos. Diante disso, caiu em um acesso de raiva e disse que, visto terem desobedecido seu conselho, seria melhor não haverem nascido. Ao ouvirem essas palavras, tremeram grandemente, e acho que Cristão teve um desmaio. Porém, voltando a si, recomeçaram seu diálogo sobre o conselho do gigante: se era melhor segui-lo ou não. Ora, Cristão novamente pareceu a favor, mas Esperança apresentou sua segunda resposta”.

Os gigantes persistem e insistem, mas nunca se cansam de nos atacar. Vence os que têm esperança nas promessas de Deus.

D - Eles insultam os guerreiros de Deus. Além de insuflar medo no coração dos soldados de Israel (versículos 11, 24), Golias despreza a capacidade de Davi, desdenha de suas armas e descreve o que almejava fazer com ele. Veja como o gigante é atrevido:

1 Samuel 17.41 a 44 “Golias, com seu escudeiro à frente, caminhava em direção a Davi, rindo com desprezo do belo jovem ruivo. Gritou para Davi: Por acaso sou um cão para que você venha a mim com um pedaço de pau? E amaldiçoou Davi em nome de seus deuses. Venha cá, e darei sua carne às aves e aos animais selvagens! Berrou Golias”.

Os gigantes sempre desprezaram a nossa capacidade, desdenharam de nossas armas e pintam horrores no nosso coração. Seu objetivo é nos matar através do desespero.

E - Eles investem para nos destruir. Golias chega ao seu limite e decide partir para acabar com Davi. 1 Samuel 17.48 “… o filisteu se aproximou para atacar…”. Aquilo que antes era apenas ataques verbais e visuais, estava, agora, prestes a se tornar realidade. Golias partiu na direção de Davi. Conviver muito tempo na terra de gigantes não é saudável, pode ser letal. Ou nós aprendemos a matar gigantes ou eles nos matam.

3 - As características do guerreiro. Tendo visto o cenário da batalha e o caráter do gigante, vejamos agora as características do guerreiro:

A - Guerreiros são formados nos bastidores das lutas. Guerreiros servem com obediência, dedicação e responsabilidade nas pequenas coisas:

1 Samuel 17.12 a 22 “Davi era filho de um efrateu, de Belém de Judá, chamado Jessé. Este tinha oito filhos e já era idoso na época de Saul. Os três filhos mais velhos de Jessé tinham ido para a guerra com Saul: Eliabe, o mais velho, Abinadabe, o segundo e Samá, o terceiro. Davi era o caçula. Os três mais velhos seguiram Saul, mas Davi ia ao acampamento de Saul e voltava para apascentar as ovelhas de seu pai, em Belém. Durante quarenta dias o filisteu aproximava-se, de manhã e de tarde, e tomava posição. Nessa ocasião Jessé disse a seu filho Davi: Pegue uma arroba de grãos tostados e dez pães e leve-os rapidamente para seus irmãos no acampamento. Leve também estes dez queijos ao comandante da unidade deles. Veja como estão seus irmãos e traga-me alguma garantia de que estão bem. Eles estão com Saul e com todos os homens de Israel no vale de Elá, lutando contra os filisteus. Levantando-se de madrugada, Davi deixou o rebanho com outro pastor, pegou a carga e partiu, conforme Jessé lhe havia ordenado. Chegou ao acampamento na hora em que, com grito de batalha, o exército estava saindo para suas posições de combate. Israel e os filisteus estavam se posicionando em linha de batalha, frente a frente. Davi deixou o que havia trazido com o responsável pelos suprimentos, correu para a linha de batalha para saber como estavam seus irmãos”.

Servindo nas pequenas coisas, guerreiros vão acumulando experiências com Deus:

1 Samuel 17.31 a 37 “As palavras de Davi chegaram aos ouvidos de Saul, que o mandou chamar. Davi disse a Saul: Ninguém deve ficar com o coração abatido por causa desse filisteu; teu servo irá e lutará com ele. Respondeu Saul: Você não tem condições de lutar contra este filisteu; você é apenas um rapaz, e ele é um guerreiro desde a mocidade. Davi, entretanto, disse a Saul: Teu servo toma conta das ovelhas de seu pai. Quando aparece um leão ou um urso e leva uma ovelha do rebanho, eu vou atrás dele, atinjo-o com golpes e livro a ovelha de sua boca. Quando se vira contra mim, eu o pego pela juba, atinjo-o com golpes até matá-lo. Teu servo é capaz de matar tanto um leão quanto um urso; esse filisteu incircunciso será como um deles, pois desafiou os exércitos do Deus vivo. O Senhor que me livrou das garras do leão e das garras do urso me livrará das mãos desse filisteu. Diante disso Saul disse a Davi: Vá, e que o Senhor esteja com você”.

Um guerreiro vitorioso é formado nos bastidores: acumulando experiências com Deus à medida que servem com obediência, dedicação e responsabilidade nas pequenas coisas.

B - Guerreiros ouvem os desafios como algo que lhes diz respeito. 1 Samuel 17.23 e 26 “Enquanto falava com eles, Golias, o guerreiro filisteu de Gate, saiu das fileiras do exército filisteu. Davi o ouviu gritar seu desafio habitual”; “Então Davi perguntou aos soldados que estavam por perto: O que receberá o homem que matar esse filisteu e acabar com suas provocações contra Israel? Afinal de contas, quem é esse filisteu incircunciso para desafiar os exércitos do Deus vivo”?

C - Guerreiros fixam os olhos na recompensa. 1 Samuel 17.24 a 27 “Quando os israelitas viram Golias, começaram a fugir, apavorados. Vocês viram aquele homem? Perguntavam uns aos outros. Ele sai todos os dias para desafiar Israel. O rei ofereceu uma grande recompensa para quem o matar. Dará uma de suas filhas como esposa e isentará toda a família dele de pagar impostos! Então Davi perguntou aos soldados que estavam por perto: O que receberá o homem que matar esse filisteu e acabar com suas provocações contra Israel? Afinal de contas, quem é esse filisteu incircunciso para desafiar os exércitos do Deus vivo? Os soldados repetiram o que tinham dito e confirmaram: “Sim, essa será a recompensa para quem o matar”.

Eis o que disse Oswald Sanders: “Os olhos que olham são comuns. Olhos que veem são raros”. Homens e mulheres que derrubam gigantes olham para as recompensas, olham para as alegrias da vitória sobre os gigantes. Foi assim também com Jesus:

Hebreus 12.2 “Mantenhamos o olhar firme em Jesus, o líder e aperfeiçoador de nossa fé. Por causa da alegria que o esperava, ele suportou a cruz sem se importar com a vergonha. Agora ele está sentado no lugar de honra à direita do trono de Deus”.

D- Guerreiros não dão ouvidos às vozes da incredulidade.

Vozes que machucam. 1 Samuel 17.28 e 29 “Quando Eliabe, irmão mais velho de Davi, o ouviu falando com os soldados, ficou furioso e perguntou: O que você está fazendo aqui? Não devia estar tomando conta daquelas poucas ovelhas? Conheço sua arrogância e suas más intenções. Você quer apenas ver a batalha! O que eu fiz agora? Disse Davi. Só fiz uma pergunta”.

Vozes que menosprezam. 1 Samuel 17.31 a 33 “Alguém contou ao rei Saul o que Davi tinha dito, e o rei mandou chamá-lo. Davi disse a Saul: Ninguém se preocupe por causa desse filisteu. Seu servo vai lutar contra ele. Saul respondeu: Você não conseguirá lutar contra esse filisteu e vencer! É apenas um rapaz, e ele é guerreiro desde a juventude”.

Vozes que metem medo. 1 Samuel 17.41 a 44 “Golias, com seu escudeiro à frente, caminhava em direção a Davi, rindo com desprezo do belo jovem ruivo. Gritou para Davi: Por acaso sou um cão para que você venha a mim com um pedaço de pau? E amaldiçoou Davi em nome de seus deuses. Venha cá, e darei sua carne às aves e aos animais selvagens!”, berrou Golias”.

Guerreiros não dão ouvidos à vozes da incredulidade: Voz que machuca, menospreza e mete medo. Eles ouvem a voz de Deus e seguem sozinhos, se preciso for, seguem com fé: 1 Samuel 17.32 e 37 “Davi disse a Saul: Ninguém se preocupe por causa desse filisteu. Seu servo vai lutar contra ele”; E disse ainda: O Senhor que me livrou das garras do leão e do urso também me livrará desse filisteu”.

E - Guerreiros perseveram com armas espirituais. 1 Samuel 17.38 a 40 “Então Saul deu a Davi sua própria armadura, incluindo uma couraça e um capacete de bronze. Davi prendeu a espada sobre a armadura e tentou dar alguns passos, pois nunca tinha usado essas coisas. Não consigo andar com tudo isso, pois não estou acostumado, disse a Saul, e tirou a armadura. Pegou cinco pedras lisas de um riacho e as colocou em sua bolsa de pastor. Armado apenas com seu cajado e sua funda, foi enfrentar o filisteu”.

Davi não estava acostumado com aquele aparato todo de Saul; ele estava acostumado com pedras e fundas; acostumado a se ajoelhar para apanhar suas pedras; acostumado a girar, mirar e atirar com a sua funda. Afinal, foi assim que Deus o treinou nos bastidores dos pastos de Israel. Davi sabia que as armas de nossa guerra são as armas que Deus nos dá. Eis o que Paulo disse: “Usamos as armas poderosas de Deus, e não as armas do mundo, para derrubar as fortalezas do raciocínio humano e acabar com os falsos argumentos” (2 Coríntios 10.4). Com as armas de Deus nas mãos, Davi estava disposto a perseverar lutando (cinco pedras, pois se errasse na primeira, teria a segunda, a terceira e até a quinta tentativa). É notável a sua atitude face à grandeza de Golias:

1 Samuel 17.45 a 50 “E Davi disse ao filisteu: Você vem contra mim com espada, com lança e com dardo, mas eu vou contra você em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem você desafiou. Hoje mesmo o Senhor o entregará nas minhas mãos, e eu o matarei e cortarei a sua cabeça. Hoje mesmo darei os cadáveres do exército filisteu às aves do céu e aos animais selvagens, e toda a terra saberá que há Deus em Israel. Todos que estão aqui saberão que não é por espada ou por lança que o Senhor concede vitória; pois a batalha é do Senhor, e ele entregará todos vocês em nossas mãos. Quando o filisteu começou a vir na direção de Davi, este correu depressa na direção da linha de batalha para enfrentá-lo. Retirando uma pedra de seu alforje ele a arremessou com a atiradeira e atingiu o filisteu na testa, de tal modo que ela ficou encravada, e ele caiu com o rosto no chão. Assim Davi venceu o filisteu com uma atiradeira e uma pedra; sem espada na mão ele derrubou o filisteu e o matou”.

Guerreiros, portanto, são formados nos bastidores das lutas; ouvem os desafios como algo que lhe diz respeito; fixam os olhos na recompensa; não dão ouvidos às vozes da incredulidade; e perseveram com armas espirituais.

Assim fez Davi, o adolescente que matou um gigante.

A cena memorável de hoje nos apresenta duas visões de mundo: A do gigante Golias e a do jovenzinho Davi. A primeira, a de Golias, é centrada no homem. A segunda, a de Davi, é centrada em Deus. Uma é antropocêntrica e humanista. A outra e teocêntrica e divina.

Parece que não, mas a maioria vive como Golias, para descobrirem, quando já é tarde demais, que a autoconfiança é um beco sem saída; a arrogância leva ao desastre; e os ídolos nos encantam, mas nos abandonam para morrer (os deuses filisteus deixaram Golias sozinho, 1 Samuel 17.43). Achando-se sábio, Golias descobriu só na hora da morte que a sua visão de mundo era muito limitada. Afinal, ele só concebia batalhas com espadas, lanças e escudos (1 Samuel 17.45); e quando Davi se aproximou, vestido como pastor, empunhando um cajado e carregando apenas uma funda na mão, o gigante baixou a guarda e morreu.

Davi, por outro lado, aprendeu a viver com Deus nas pequenas coisas, acumulou experiências com o Senhor, viveu pela fé e guiou-se pela glória de Deus. Resultado: O adolescente matou um gigante.

Como você vê a vida? Você é o centro ou Deus é o centro? Como você vive a vida? Na sua força ou na força que Deus provê? Como você valoriza a vida? Vive-a para si mesmo ou para a glória de Deus?

Dias maus sempre batem à porta. Gigantes sempre aparecem lá fora e aqui dentro do coração. Como você os derrubará? Chegará o dia em que você terá que enfrentar o maior de todos eles: A morte. Como será? Paulo nos dá uma dica preciosa para derrotar gigantes:

Efésios 6.10 a 13 “Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder. Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo, pois a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais. Por isso, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e permanecer inabaláveis, depois de terem feito tudo”.

Vistam-se de Cristo: Ele é a verdade que sustenta a vida (cinto); Ele é a nossa justiça (couraça); Ele é a nossa paz com Deus (sandálias); Ele é o nome doce que sustenta a nossa fé (escudo); Ele é a nossa salvação (capacete); a Sua Palavra é a nossa arma (espada), poderosa em nós na oração.

Vista-se de Cristo e mate os seus gigantes: Essa é a lição que o adolescente que matou um gigante nos ensina.

Fonte: sibgoiania

Cenas inesquecíveis 07 - O velhinho que morreu feliz

 


Gênesis 25.7 e 8 “Abraão viveu cento e setenta e cinco anos. Morreu em boa velhice, em idade bem avançada, e foi reunido aos seus antepassados”.

O envelhecimento da população

O envelhecimento da população é um fenômeno mundial, segundo especialistas, em decorrência da queda de mortalidade, de grandes conquistas do conhecimento médico, da urbanização adequada das cidades, da melhoria nutricional, da elevação dos níveis de higiene pessoal e dos avanços tecnológicos. Todos esses fatores começaram a ocorrer no final da década de 40 e início dos anos 50. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em menos de uma década a população idosa no Brasil será maior que a população com idade até 14 anos. Em 2055 a participação de idosos na sociedade será maior que a de jovens com idade até 29 anos. A Organização Mundial de Saúde definiu como idoso um limite de 65 anos ou mais de idade para os indivíduos de países desenvolvidos e 60 anos ou mais para indivíduos de países subdesenvolvidos. No Brasil, a idade legal do idoso é igual ou superior a 60 anos. Envelhecer é um processo natural que marca uma etapa da vida de todos nós e caracteriza-se por mudanças físicas, psicológicas e sociais. É uma fase em que, refletindo sobre os anos vividos, o idoso conclui que alcançou muitos objetivos, conquistou muitas coisas e foi grandemente abençoado, mas também sofreu muitas perdas, das quais se destacam como alguns dos aspectos mais afetados os seguintes: a saúde, a força, a memória, os amigos, as pessoas amadas, a independência e o espaço na sociedade. Tudo isso é muito doloroso. Só sabe bem quem está passando por isso, não é mesmo?

Quer ver uma coisa?

Atrelado ao envelhecimento, a sociedade passa por grandes modificações. A tecnologia avança, os meios de comunicação bombardeiam com fatos e dados, a vida é cada vez mais agitada, as transformações culturais (dos hábitos e dos costumes) são velozes, o tempo para se processar as mudanças é cada vez menor e as condições econômicas são mais difíceis, principalmente à medida que as pessoas vivem mais e dependem mais de acompanhamento médico e compra de medicação, por exemplo. Isso tudo exige uma capacidade de adaptação e uma quantidade de dinheiro que o idoso nem sempre possui, fazendo com que essas pessoas enfrentem diversos problemas sociais e emocionais que o afetam como um todo, inclusive espiritualmente. A qualidade de vida, o bem-estar e o envelhecimento saudável requerem uma compreensão mais abrangente e adequada de um conjunto de fatores que compõem o dia a dia do idoso, por exemplo: A situação social, os aspectos psicossociais, a importância da família, as relações interpessoais, dentre outros. Isso nós deixamos aos especialistas do assunto. Nosso objetivo hoje é focar no envelhecimento sob a ótica da fé, buscando aprender como alguém, a exemplo de Abraão, poderá morrer “em boa velhice, depois de uma vida longa e feliz”.

As responsabilidades dos idosos

Antes de mergulharmos na cena memorável de hoje, a história de fé de Abraão, o velhinho que morreu feliz, entendo que seria importante destacar algumas das responsabilidades dos idosos.

Cada posição e cada etapa da vida traz suas próprias responsabilidades especiais. A infância tem os seus deveres, tais como a obediência aos pais, à humildade e a disposição para receber o ensinamento. Um marido e sua esposa têm seus deveres. Os homens e mulheres adultos têm seus deveres; aos homens e mulheres adultos é requerido que sejam bênção no mundo, não simplesmente vivam para si próprios, mas sirvam e abençoem. Desse mesmo modo, portanto, a velhice também tem as suas responsabilidades. Mencionarei apenas algumas delas, baseando-me nas grandes tentações que essa fase da vida oferece: O idoso deve empenhar-se para ser paciente e gentil; deve tentar ser alegre e atencioso para com os outros; deve estar sempre em oração e na leitura da Palavra de Deus (buscando crescer na graça e no conhecimento do Senhor); deve desprender-se desse mundo e estar disposto a deixá-lo; deve manter uma conversação edificante celestial; e buscar dar bom exemplo aos outros (fé, esperança e amor, serviço, discipulado, cuidado mútuo, etc.). Essas são algumas das responsabilidades concernentes aos idosos. Irmãos e irmãs, não as negligencie; esforcem-se para cumpri-las. Elas serão para a sua própria felicidade e para o bem de outros. Assim você desfrutará daquilo que o salmista escreveu sobre a velhice:

Salmos 92.14 e 15 “Mesmo na velhice produzirão frutos; continuarão verdejantes e cheios de vida. Anunciarão: O Senhor é justo! Ele é minha rocha; nele não há injustiça”.

Você acha que não consegue? Leia a oração do salmista, já idoso! Poderá te encorajar a seguir e agir com fé, esperança e amor: (Salmo 71). Esse sim era um velhinho idoso e feliz. Qual foi o seu segredo? Entregou-se com fé aos cuidados de Deus, empregou-se com esperança no serviço à nova geração e viveu amando até o final de seus dias.

Feitas essas considerações, vejamos a nossa cena memorável de hoje.

Estamos todos no velório de Abraão. No caixão está o patriarca da fé, quando, de repente, uma voz do céu quebra aquele silêncio solene e nos diz:

Gênesis 25.7 e 8 “Abraão viveu cento e setenta e cinco anos. Morreu em boa velhice, em idade bem avançada, e foi reunido aos seus antepassados”.

Abraão é o velhinho que morreu feliz. Apesar de todas as dificuldades, dos grandes desafios, das enormes perdas, dos incontáveis dissabores, enfim, apesar das lutas da vida, Abraão não azedou nem morreu amargo e infeliz. A Bíblia diz que ele, aos 175 anos, “morreu em boa velhice, depois de uma vida longa e feliz”. Qual foi o seu segredo? A galeria dos heróis da fé, em Hebreus 11, nos revela o segredo do velhinho que morreu feliz, o segredo foi sua fé na graça futura de Deus. Leia Hebreus 11.8 a 19. Nessa passagem nós encontramos cinco dicas para quem deseja envelhecer e morrer feliz. Observe:

1 - O velhinho que morreu feliz viveu como um peregrino de fé. Hebreus 11.8 “Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como herança, embora não soubesse para onde estava indo”.

2 - O velhinho que morreu feliz exerceu paciência com fé. Hebreus 11.9 e 10 Pela fé peregrinou na terra prometida como se estivesse em terra estranha; viveu em tendas, bem como Isaque e Jacó, coerdeiros da mesma promessa. Pois ele esperava a cidade que tem alicerces, cujo arquiteto e edificador é Deus”.

3 - O velhinho que morreu feliz experimentou o poder da fé. Hebreus 11.11 e 12 “Pela fé, Abraão, e também a própria Sara, apesar de estéril e avançada em idade, recebeu poder para gerar um filho, porque considerou fiel aquele que lhe havia feito à promessa. Assim, daquele homem já sem vitalidade originaram-se descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e tão incontáveis como a areia da praia do mar”.

4 - O velhinho que morreu feliz enxergou pela perspectiva da fé. Hebreus 11.11 a 16 “Pela fé, Abraão, e também a própria Sara, apesar de estéril e avançada em idade, recebeu poder para gerar um filho, porque considerou fiel aquele que lhe havia feito à promessa. Assim, daquele homem já sem vitalidade originaram-se descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e tão incontáveis como a areia da praia do mar. Todos estes ainda viveram pela fé, e morreram sem receber o que tinha sido prometido; viram-nas de longe e de longe as saudaram, reconhecendo que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Os que assim falam mostram que estão buscando uma pátria. Se estivessem pensando naquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, pois preparou-lhes uma cidade”.

Nem Abraão, Isaque ou Jacó, nenhum deles possuiu a terra prometida. De fato, foi apenas 500 anos depois da morte de Jacó que Israel começou a possuir a terra prometida. A vitória que Deus nos garante é a entrada triunfante na Jerusalém celestial. Paulo diz assim: “Tenho certeza de que aquele que começou a boa obra em vocês irá completá-la até o dia em que Cristo Jesus voltar”. (Filipenses 1.6).

5 - O velhinho que morreu feliz deu provas de fé. Hebreus 11.17 a 19 “Pela fé Abraão, quando Deus o pôs à prova, ofereceu Isaque como sacrifício. Aquele que havia recebido as promessas estava a ponto de sacrificar o seu único filho, embora Deus lhe tivesse dito: Por meio de Isaque a sua descendência será considerada. Abraão levou em conta que Deus pode ressuscitar os mortos; e, figuradamente, recebeu Isaque de volta dentre os mortos”.

Feliz é quem consegue desfrutar o que Deus nos dá, estando pronto a abrir mão de tudo, sempre que Deus solicitar. Ou, como melhor colocou Jim Elliot em seu diário: “Não é tolo aquele que abre mão do que não pode reter para ganhar o que não pode perder”. Ele estava fazendo alusão ao um texto de Lucas, que diz assim:

Lucas 16.9 “Usem a riqueza deste mundo para fazer amigos. Assim, quando suas posses se extinguirem, eles os receberão num lar eterno”.

Deus nos deu a vida e nós entregamo-la a ele certos de que, conforme afirmou Jesus, Mateus 16.25 “Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa, a encontrará”. Abraão deu provas de fé e morreu velhinho e feliz. A velhice torna-se muito difícil para quem não aprende envelhecer. Na cena memorável de hoje nós vimos que Abraão morreu velhinho e feliz. Tudo por que ele viveu como um peregrino de fé exerceu paciência com fé, experimentou o poder da fé, enxergou pela perspectiva da fé e deu provas de fé. E você, como tem vivido? Abraão vivia pela fé na graça futura de Deus. Eis mais um texto que comprova:

Romanos 4.18 e 19 “Mesmo quando não havia motivo para ter esperança, Abraão a manteve, crendo [esperando contra a esperança, creu] que se tornaria o pai de muitas nações. Pois Deus lhe tinha dito: Esse é o número de descendentes que você terá! E sua fé não se enfraqueceu, embora ele soubesse que, aos cem anos, seu corpo, bem como o ventre de Sara, já não tinham vigor”.

Ou seja:

Discipline-se para ouvir a Deus: “Vir após mim, tomar a cruz, negar a si mesmo, seguir-me”.

Disponha-se a crer nas promessas de Deus: Ler, memorizar, meditar.

Direcione-se pela Palavra de Deus: Colocar-se sob o ensino da Palavra (Evangelho: Deus, eu, Cristo, resposta).

Quem assim envelhece, morre velhinho e feliz. Essa é a lição que o velhinho que morreu feliz nos ensina.

Fonte: sibgoiania

Cenas inesquecíveis 06 - O irmão com deficiência que a todos superou

 


1 Crônicas 4.9 e 10 “Jabez foi o homem mais respeitado de sua família. Sua mãe lhe deu o nome de Jabez, dizendo: Com muitas dores o dei à luz. Jabez orou ao Deus de Israel: Ah, abençoa-me e aumenta as minhas terras! Que a tua mão esteja comigo, guardando-me de males e livrando-me de dores. E Deus atendeu ao seu pedido”.

Deficiente mas não desqualificado

Os Jogos Olímpicos 2016 ajuntaram no Rio cerca de 10.700 atletas de 205 nações. Como não poderia deixar de ser, o corpo de cada um daqueles competidores foi cuidadosamente esculpido e incansavelmente bem-preparado ao longo dos anos, para garantir ótimas performances em cada uma das 42 modalidades esportivas que foram disputadas. Jogadores, ginastas, maratonistas, nadadores, ciclistas, lutadores… enfim, cada atleta tinha o que precisava ter para ser vencedor: altura, peso, musculatura, flexibilidade, preparo, força, destreza, equilíbrio… para citar apenas algumas das qualidades necessárias. Nas Olimpíadas, para ser campeão, é preciso que se esteja na melhor forma, física e mentalmente; para vencer, não pode haver deficiência. Só vencem os melhores.

Graças a Deus que esse não é o caso no jogo da vida. Deficiências não nos desqualificam. A história de Jabez, no Antigo Testamento, por exemplo, narrada no texto que nós acabamos de ler, apresenta-nos um exemplo clássico de alguém que, apesar de sofrer com alguma deficiência, não permitiu que a sua dificuldade prejudicasse a sua performance. Jabez foi um competidor desconhecido, que surgiu do nada na arena do jogo das Escrituras, levou o ouro divino e desapareceu na mesma velocidade com que apareceu, para nunca mais ser mencionado na Bíblia. Agora, ele pode não ter aparecido na galeria dos heróis da fé em Hebreus 11, por exemplo; o nome dele pode até não constar nalguma carta de algum jogo bíblico, mas o seu exemplo — exemplo de fé e de fortaleza — é desafiador, e a sua atitude é revolucionária. Ele até sofria com alguma deficiência, mas não foi desqualificado. Portanto: o que a cena memorável do irmão com deficiência que a todos superou terá para nos ensinar? É o que passamos, agora, a investigar.

Uma espiada em Jabez

Os dois livros de Crônicas foram escritos depois que Israel retornou do cativeiro na Babilônia, entre 450 e 430 a. C. Esdras, que é o autor, selecionou algumas passagens de 1 e 2 Reis, 1 e 2 Samuel e outros documentos para compor seu texto inspirado por Deus. Alguns dos objetivos dessa composição são: Apontar como deveria ser o louvor no novo templo; rever as funções dos levitas e dos sacerdotes; traçar a linhagem de Israel; e recontar a historia da ascensão e da queda da nação, e como Deus lhes deu uma nova chance através da libertação do cativeiro babilônico.

O nosso texto, “a oração de Jabez”, se encontra no meio de uma das mais extensas genealogias da Bíblia (capítulo 1 ao 9). Ler genealogias é complicado e cansativo, pois se trata de uma lista interminável de nomes e de descendentes: “Fulano gerou beltrano que gerou sicrano etc”. Quem gosta de ler esse tipo de coisa? E essa genealogia de Crônicas parece ser a mais cansativa de todas, pois são nove capítulos consecutivos só de nomes. Mas, de repente, no capítulo 4.9 e 10, a genealogia dá uma pausa e em poucas palavras conta a historia de um homem chamado Jabez. É tão rápido e tão inesperado, e desaparece tão de repente, que se você piscar, você perde a cena. Observe:

 

1 Crônicas 4.5 a 12 “Asur, fundador de Tecoa, teve duas mulheres: Helá e Naará. Naará lhe deu Auzã, Héfer, Temeni e Haastari. Esses foram os filhos de Naará. Estes foram os filhos de Helá: Zerete, Zoar, Etnã e Coz, que gerou Anube e Zobeba e os clãs de Aarel, filho de Harum. Jabez foi o homem mais respeitado de sua família. Sua mãe lhe deu o nome de Jabez, dizendo: Com muitas dores o dei à luz. Jabez orou ao Deus de Israel: "Ah, abençoa-me e aumenta as minhas terras! Que a tua mão esteja comigo, guardando-me de males e livrando-me de dores". E Deus atendeu ao seu pedido. Quelube, irmão de Suá, gerou Meir, pai de Estom. Estom gerou Bete-Rafa, Paséia e Teína, fundador de Ir-Naás. Esses habitaram em Reca”.

Percebeu? Se você piscar, você perde a cena. A julgar pelos nomes anteriores e subsequentes à narrativa de Jabez, percebemos que ele viveu durante a época de Josué e da conquista de Canaã. Quem sabe não nasceu em uma família pobre durante os anos de peregrinação de Israel? Contudo, como veremos, com ele tudo foi diferente, Jabez prosperou.

Agora que nós temos a cena em contexto, mergulhemos no que está diante de nossos olhos. O hebraico, língua em que originalmente Esdras escreveu esse texto, é consideravelmente compacto e conciso. Tem muita coisa acontecendo nesses versículos e enxergaremos bastante se formos cuidadosos em nossa observação. Então, vamos lá. Faremos três ponderações: A realidade dolorosa da vida; a possibilidade gloriosa da vitória; e a estratégia fabulosa do vencedor.

1 - A realidade dolorosa da vida. Na maioria das vezes, os nomes das pessoas no Antigo Testamento tinham propósitos e significados. O nome de Jabez é um exemplo clássico do que estamos dizendo: (1 Crônicas 4.9 “Jabez foi o homem mais respeitado de sua família. Sua mãe lhe deu o nome de Jabez, dizendo: Com muitas dores o dei à luz”). Jabez, no hebraico, significa dor, tristeza, angústia. Pergunta: “O que levaria uma mãe a dar ao próprio filho o nome de dor, angústia ou tristeza?”. Sim, o parto em si é um momento de dor, especialmente naquelas circunstâncias, já que não havia anestesia. Porém, é de se duvidar que aquela mãe teria dado ao seu filho o nome de dor, angústia, ou tristeza apenas em razão da dor do parto. Dores de parto nem se comparam com a alegria e o prazer de, momentos depois, ter o filho nos braços e poder amamentá-lo. Toda mãe sabe disso. Então, por que esse nome, por que Jabez, por que dor, tristeza ou angústia?

Alguma coisa de muito marcante teria acontecido ou estava acontecendo, a ponto de marcar tanto aquela mãe, de fazê-la sofrer tanto que, olhando para o filho, ela o chama de dor. Fato é que o prazer de ter o bebê nos braços, diante de seus olhos, não tirou da mãe a dor, a angustia e a tristeza que ela estava sentindo. Mas, o que poderia ter acontecido de tão doloroso? Estudiosos do Antigo Testamento nos apontam algumas possibilidades:

A morte do marido, o que significava que daquele momento em diante ela não teria alguém com quem compartilhar sua alegria nem repartir a carga pesada de criar uma família, sendo ela uma mulher. A pressão da vida pós-Egito e peregrinação no deserto, a família teria que conquistar terras e fazer a vida, tudo a partir do zero, com muito esforço e dedicação; aquilo a desencorajava a ponto de entristecê-la e angustiá-la. A opressão dos cananeus, ela e a família teriam que enfrentar a maldade e a força dos habitantes da terra prometida, de outra forma, como plantar suas lavouras? Será que em tudo aquilo os cananeus não os exploravam, causando-lhes dor e tristeza? A falta de esperança para o futuro, como é que eu vou criar meu filho no meio de tanta crise e com tantos problemas? Alguma deficiência no bebê que a tenha deixado triste o bastante para não se recompor; etc.

Seja o que for, luto, pressão, exploração, desesperança ou decepção, alguma coisa entristecia e angustiava a mãe de Jabez na alma, daí a razão do nome dado ao filho. A biografia de Jabez não esconde a realidade dolorosa da vida. É sofrido viver, e para alguns é mais sofrido do que o normal. Jabez que nos diga! Será que você se identifica com Jabez? Teria você sido rejeitado ou abandonado pelos pais; menosprezado ou perseguido por alguém; abusado na infância; nascido em circunstâncias horrendas — pais lutando para sobreviver; a causa da separação dos pais que, agora, vivem jogando isso na sua cara; nascido com alguma deficiência física ou mental; crescido com angústias inexplicáveis (tristeza, depressão); etc.

2 - A possibilidade gloriosa da vitória. Jabez nasceu em circunstâncias horríveis e recebeu o nome que jamais o faria esquecer. No entanto, apesar de toda a angústia que o cercava desde o nascimento, da dor que o atormentava e da tristeza que o punha para baixo, apesar de tudo, não perca a frase descritiva por trás de seu nome: (1 Crônicas 4.9 “Jabez foi o homem mais respeitado de sua família. Sua mãe lhe deu o nome de Jabez, dizendo: Com muitas dores o dei à luz”).  A palavra hebraica para “respeitado” literalmente quer dizer “pesado”. Usamos o mesmo conceito, em português, quando dizemos: “Esse é um nome de peso”. Ou seja: a ideia é que tal pessoa é digna de respeito e de atenção. Mas, o que Jabez teria feito ou conquistado para ter um nome “respeitado” ou “de peso”? Além do nosso texto, outra passagem que cita o nome de Jabez é o capítulo 2 de 1 Crônicas. Diz assim o texto:

1 Crônicas 2.54 e 55 “Os descendentes de Salma: O povo de Belém e de Atrote-Bete-Joabe, os netofatitas, metade dos manaatitas, os zoreus, e os clãs dos escribas que viviam em Jabez: os tiratitas, os simeatitas e os sucatitas. Esses foram os queneus, descendentes de Hamate, antepassado da família de Recabe”.

Em outras palavras: Jabez pode ter se destacado por ter construído uma cidade grande o bastante para acolher três grandes famílias. Outro dado: rabinos dizem que Jabez era um famoso doutor da Lei e que discipulou muitos homens. Dizem que a sua cidade era uma cidade de escribas (1 Crônicas 2.55). Há também quem escreva que Jabez se destacou nas batalhas contra os Cananeus. Como eles tinham que conquistar terras, é possível que ele tenha se tornado um herói de guerra. Seja como for, Jabez era um homem de piedade e devoção inigualáveis, que fizeram dele um nome de peso entre os homens de Israel.

A crise inicial de Jabez não o impediu de dar a volta por cima e se tornar respeitado. Ele passou pelas mesmas dificuldades de seus irmãos, talvez até por mais lutas do que todos eles, e ainda assim se destacou. Pode ser que os irmãos se deram por vencidos, mas Jabez não, ele deu a volta por cima.

O que o texto bíblico nos ensina? Não importa o começo que temos, se de lutas, dores, privilégios ou alegrias, sempre é possível dar a volta por cima e se tornar respeitado aos olhos de Deus e dos homens. Não interessa o ambiente que nascemos ou crescemos, é possível dar a volta por cima e se destacar com respeito diante de todos. Não interessa o tamanho da dor e da dificuldade que enfrentamos, é possível dar a volta por cima, erguer a cabeça e sair da pior. A vida de Jabez atesta a possiblidade da gloriosa vitória.

3 - A estratégia fabulosa do vencedor. A virada na vida de Jabez aconteceu quando ele invocou com ousadia e seriedade o nome do Senhor. Deus escolheu responder e honrar aquele homem de dolorosíssimo começo. (1 Crônicas 4.10 “Jabez orou ao Deus de Israel: Ah, abençoa-me e aumenta as minhas terras! Que a tua mão esteja comigo, guardando-me de males e livrando-me de dores". E Deus atendeu ao seu pedido”). Houve um dia em que Jabez descobriu o seu Criador, aquele que o formou no ventre de sua mãe, não com dores, mas com deleite e o trouxe a vida; não para sofrer, mas para superar. Então, com fé, ele orou ao seu Deus “e Deus atendeu a seu pedido”. A estratégia fabulosa do vencedor é conhecer e clamar o Senhor Salvador. Foi o que Jabez fez e do que ele jamais se arrependeu. Na oração de Jabez nós encontramos quatro pedidos, os mesmos que nós podemos fazer a Deus quando experimentamos um desejo santo de superarmos as nossas circunstâncias para vivermos para a glória do Senhor.

Primeiro pedido: Enobrecimento divino, “Ah, como seria bom se me abençoasses…”. Jabez queria que Deus rompesse a nuvem escura que estava cobrindo a vida dele, causando-lhe dor e sofrimento desde o dia de seu nascimento. Ele queria que o futuro dele fosse ensolarado, fazendo um contraste marcante com o passado de dores. Jabez queria se destacar com dignidade; ele queria desfrutar de qualidades excelentes para a glória de Deus: “Ah, como seria bom se me abençoasses…”, Jabez pediu por enobrecimento divino.

Segundo pedido: Enlarguecimento divino, “… e expandisses meu território”! À primeira vista, isso parece cobiça, oração de quem crê na teologia da prosperidade. Só que não! Fronteiras aumentadas, territórios expandidos significava, no mundo em que Jabez vivia, maior riqueza, melhor posição na comunidade, mais poder e maior responsabilidade para com Deus e com o povo de Deus. No contexto da aliança, territórios expandidos significava ter mais o que repartir e maior condições de abençoar. Lembra de Abraão? Deus disse:

Genesis 12.1 a 3 “Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra”.

Jabez queria oportunidade para glorificar a Deus e abençoar outras pessoas: “Ah, como seria bom se me abençoasses e expandisses meu território”! Sobre esse trecho da oração de Jabez, J. Oswald Sanders escreveu assim:

“William Carey afirmou: Tente grande coisas para Deus. Espere grandes coisas de Deus. Deus está procurado pessoas que, como Jabez, estão descontentes com uma oportunidade limitada, quando eles poderiam trazer grande glória a Deus se estivessem nalguma esfera mais ampliada. Nossa ambição deveria ser por uma influência mais abrangente para Deus, um amor mais profundo por Deus, uma fé mais forte em Deus e um conhecimento mais crescente de Deus”.

No livro História dos avivamentos religiosos, William E. Allen narra sobre a vida de oração de John Knox (o reformador da Escócia). Eis um pequeno exemplo de como ele orava: “Oh, Senhor, dá-me a Escócia, ou eu morro”! Depois de algum silêncio, clamava outra vez: “Oh Senhor, dá-me a Escócia, ou eu morro”! Outra vez um profundo silêncio. Então, mais uma vez o clamor, com um sentimento mais profundo: “Oh Senhor, dá-me a Escócia, ou eu morro”! Deus lhe deu a Escócia! Jabez pediu por enlarguecimento divino “e Deus atendeu a seu pedido”.

Terceiro pedido: Empoderamento divino, “Sê comigo em tudo que eu fizer…”. Jabez sabia que se Deus expandisse o território dele, ele precisaria da presença poderosa de Deus com ele, senão ele fracassaria. Jabez sabia que a autossuficiência e a arrogância não o levariam muito longe na jornada. Ele precisaria de Deus, do empoderamento divino. Jabez queria capacidade para cumprir os planos de Deus para a sua vida: “Sê comigo em tudo que eu fizer…”. Jabez pediu por empoderamento divino.

Quarto pedido: Encobrimento divino, “… e guarda-me de todo mal e aflição”! Jabez desejava que a proteção de Deus cobrisse sua vida; queria que os males da vida não o fizessem reviver as dores que o acompanhavam desde o seu nascimento. Jabez queria uma nova vida, uma vida que não refletisse o estigma de seu nome de dores. Jabez queria que Deus o guardasse dele mesmo, do mal de seu coração; guardasse-o também dos males dessa vida. Jabez queria uma nova vida: “Sê comigo em tudo que eu fizer e guarda-me de todo mal e aflição”! Jabez pediu por encobrimento divino.

O irmão deficiente que a todos superou

Diante do exposto, permitam-me fazer três perguntas e apresentar três princípios para a vida.

Três perguntas: Será que Deus tem planos para você ter uma posição de destaque? Será que o que Deus tem para você vai muito além do que você pode imaginar? O que impede você de orar como Jabez?

“Ah, como seria bom se me abençoasses e expandisses meu território! Sê comigo em tudo que eu fizer e guarda-me de todo mal e aflição”!

Que grandes coisas você tem pedido para Deus? O que elas revelam sobre você? O que elas revelam sobre Deus? O que elas revelam sobre o seu amor pelo próximo?

Três princípios: Um pequeno começo de lutas não determina uma vida limitada. Nenhuma medida de sucesso é segura sem a presença e o poder de Deus. Quando Deus faz alguém prosperar, não sobra lugar para a culpa, cabe apenas repartir e abençoar.

Essa é a lição que o irmão com deficiência que a todos superou nos ensina. Quer ter um ponto de partida?

Comece pelo evangelho apresentado na história de Jabez: Todos nascemos em dores, é o estigma do pecado que nos apunhala.

Cristo nos salva dessa vida e nos santifica do pecado; ele nos enobrece; leva-nos aos lugares de benção nas regiões celestes.

Cristo enlarguece os nossos horizonte; coloca nossos olhos na eternidade; torna-nos herdeiros deste mundo. Cristo nos empodera para viver a nova vida que recebemos; capacita-nos a superar as tentações e a fazer discípulos; ele está conosco todos os dias de nossas vidas.

Cristo nos encobre com graça sobre graça; ele nos perdoa e nos livra do mal.

O Senhor Jesus Cristo é o nosso Jabez: Nasceu em dores, viveu sem pecado, morreu e ressuscitou pelo pecador, seu nome está acima de todo nome, seu é o mundo e tudo o que nele há, dele é todo poder e autoridade no céu e na terra, ele é o Senhor que vive acima de todo mal, dor e sofrimento.

Creia no Senhor Jesus Cristo. Receba-o como salvador. Tenha a história de sua vida transformada. Deus te abençoe com enobrecimento, enlarguecimento, empoderamento e encobrimento.

Essa é a história do irmão com deficiência que a todos superou

Fonte: sibgoiania