Êxodo 2.23 a 25 “Muito tempo depois, morreu o rei do Egito.
Os israelitas gemiam e clamavam debaixo da escravidão; e o seu clamor subiu até
Deus. Ouviu Deus o lamento deles e lembrou-se da aliança que fizera com Abraão,
Isaque e Jacó. Deus olhou para os israelitas e viu qual era a situação deles”.
O resgate
Você já deve ter desejado mudança, transformação. Quem de
nós nunca olhou para alguma coisa na vida da gente ou de quem amamos e não
pensou: “Deus, eu preciso mudar! Ele precisa mudar! Nós precisamos mudar”! Às
vezes nós atingimos patamares tais que só uma transformação profunda (um
resgate divino) poderá nos salvar do desastre. Êxodo conta a história do
resgate do povo de Deus; A história de como Deus transforma escravos em
evangelistas, andarilhos em adoradores. No capítulo 1, Moisés narrou o cuidado
amoroso de Deus pelo seu povo ao longo deste processo. Agora, no capitulo 2,
nós lemos sobre a providência de Deus na vida daqueles que ele tanto ama. Leia
mais uma vez, e observe com atenção, o último verso de Êxodo capítulo 2:
(“Ouviu Deus o lamento deles e lembrou-se da aliança que fizera com Abraão,
Isaque e Jacó. Deus olhou para os israelitas e viu qual era a situação deles”).
Como é bom saber que há um Deus que olha para nós, percebe a nossa situação e
age para suprir as nossas necessidades; um Deus que sempre atua com providência
na vida daqueles que o buscam. Essa é a história do Êxodo, é a história do
resgate de um povo.
O resgatador
A providência de Deus é multiforme. Ele age de diferentes
maneiras, pois é bastante criativo. Há, no entanto, um jeito todo especial de
Deus agir: ele usa pessoas, gente como eu e você, humanos como nós, com as
mesmas paixões que nós (Tiago 5.17). Por isso que a história do cuidado, da providência
e do resgate de Deus se entrelaça com a história de indivíduos e de suas
famílias. Veja: em Êxodo 1 há o cuidado de Deus pelo seu povo, usando a vida de
José e das parteiras dos hebreus: Sifrá e Puá; em Êxodo 2, a história da
providência de Deus se entrelaça com a vida de Moisés e de seus familiares. Tudo
o que acontecerá no Êxodo, a fim de que Deus liberte o povo da angustia da
escravidão, dependerá da vida do homem sobre quem o livro passa, agora, a
narrar. Moisés é o resgatador.
Em Êxodo 3 nós encontramos a história do chamado de Moisés,
mas, antes, o livro se ocupa em narrar o cuidado de Deus com o seu povo em meio
ao sofrimento (Êxodo 1) e a providência de Deus para o seu povo levantando um
resgatador (Êxodo 2). Daí é que virá o chamado (Êxodo 3). É desafiador, muitas
vezes até intimidador, saber que os próximos grandes atos de Deus na história
poderão acontecer através da vida de muitos de nós. Pense nisso por um
instante. Grandes mudanças políticas, transformações familiares ou sociais profundas,
a salvação de indivíduos etc. Quanta coisa Deus ainda pretende realizar pela
frente e tudo só será feito quando os seus Moisés forem levantados. Ou seja,
quando eu e você estivermos aptos para os chamados de Deus. Êxodo 2, portanto,
é a história da providência de Deus levantando um resgatador.
O registro
Passemos agora ao registro de como Deus levantou o
resgatador de Israel. Essa história, em toda sua beleza e profundidade,
preserva para nós lições valiosíssimas sobre a providência de Deus ainda hoje.
Observe:
Deus, como sempre, é o personagem principal dessa história.
Ele usa pessoas como José, Sifrá, Puá e Moisés, mas ele é quem levanta e
sustenta essas pessoas. Ele nos usa e é através de nós que ele muitas vezes age
cuidadosa e providencialmente, mas nós não somos os personagens principais.
Deus é. Deus não precisa de nós. Ele apenas escolhe quem e quando usar. Na
falta de um ou de outro, ele, Deus, sempre terá alguém de sua escolha para
prosseguir. Quer ver? Qual é o nome da mãe de Moisés? Joquebede! E do pai de
Moisés? Anrão! Quais são os nomes da irmã e do irmão de Moisés? Miriã e Arão.
Como é que nós sabemos disso? Está na Bíblia! Certo, está na Bíblia, mas não
está em Êxodo 2. Sim, os nomes dos pais e dos irmãos de Moisés não aparecem em
Êxodo 2! O Texto diz simplesmente assim:
Êxodo 2.1 a 4 “Um homem da tribo de Levi casou-se com uma
mulher da mesma tribo, e ela engravidou e deu à luz um filho. Vendo que era
bonito, ela o escondeu por três meses. Quando já não podia mais escondê-lo,
pegou um cesto feito de junco e o vedou com piche e betume. Colocou nele o
menino e deixou o cesto entre os juncos, à margem do Nilo. A irmã do menino
ficou observando de longe para ver o que lhe aconteceria”.
Os nomes dos pais e dos irmãos de Moisés só vão aparecer em
Êxodo 6.20, sendo que o da irmã só em Êxodo 15.20 e 21. Por quê? Porque Deus é
o personagem principal nessa história que se inicia. Nós, humanos, somos apenas
os seus coadjuvantes. Nossas famílias são apenas o palco dessa história de
Deus. O nosso nome não importa. Deus põe e tira quem ele quiser, quando ele
desejar e da forma que ele achar melhor. Por isso que, por mais que sejamos
importantes, quando morrem os Josés e os Moisés, não há com o que se preocupar.
Deus cuidará de levantar os seus Josués, os seus Davis, etc.
Ah! E tem mais um detalhe, Anrão, pai de Moisés, era casado
com Joquebede, sua tia (“irmã de seu pai”, Êxodo 6.20). Chocante, não é! Mas
naquele tempo ainda era permitido pela lei e prática comum entre os povos.
Somente mais tarde foi que Deus legislou contra tal costume (Levíticos 18.12).
Outro fato curioso sobre a providencia de Deus registrado em Êxodo 2 está nas
ocorrências dos verbos “ver”, “olhar”, “observar” e “descobrir” ou “perceber”.
Expressões relacionadas e ou derivadas desses verbos aparecem pelo menos 11
vezes ao longo dos 25 versículos. Todo mundo vê alguma coisa: Joquebede vê,
Miriã vê, a filha do Faraó vê, Moisés vê e Deus também vê. Todos estão vendo.
Êxodo 2.2 “e ela engravidou e deu à luz um filho. Vendo que
era bonito, ela o escondeu por três meses”.
Êxodo 2.4 “A irmã do menino ficou observando de longe para
ver o que lhe aconteceria”.
Êxodo 2.5 e 6 “A filha do faraó descera ao Nilo para tomar
banho. Enquanto isso as suas servas andavam pela margem do rio. Nisso viu o cesto
entre os juncos e mandou sua criada apanhá-lo. Ao abri-lo viu um bebê chorando.
Ficou com pena dele e disse: "Este menino é dos hebreus”.
Êxodo 2.11 a 13 “Certo dia, sendo Moisés já adulto, foi ao
lugar onde estavam os seus irmãos hebreus e descobriu como era pesado o
trabalho que realizavam. Viu também um egípcio espancar um dos hebreus. Correu
o olhar por todos os lados e, não vendo ninguém, matou o egípcio e o escondeu
na areia. No dia seguinte saiu e viu dois hebreus brigando. Então perguntou ao
agressor: Por que você está espancando o seu companheiro”?
Êxodo 2.25 “Deus olhou para os israelitas e viu qual era a
situação deles”.
Tanto “ver” assim só pode estar revelando uma coisa: Deus vê
e quando ele vê ele age em favor de seu povo amado. Então, o que nós podemos
aprender sobre a providência de Deus e a forma como ele abençoa as pessoas;
sobre o Deus que vê, em Êxodo 2? Pretendemos destacar quatro lições sobre a
providência de Deus:
A providência de Deus na preservação de Moisés. (Êxodo2. 1 a
8)
A providência de Deus na preparação de Moisés. (Êxodo 2.9 e 10)
A providência de Deus na precipitação de Moisés. (Êxodo 2.11
a 22)
A providência de Deus na peregrinação de Moisés. (Êxodo 2.22
a 25)
Agora, o mais importante, não perca de vistas! Tudo isso acontece
no seio da família, tanto da família biológica como da família adotiva de
Moisés. Ou seja: a família unida nunca será vencida, ela é parte essencial do
plano de Deus para resgatar o pecador.
1 - A providência de Deus na preservação de Moisés. Sobre a
providência de Deus na preservação de Moisés, o texto diz assim, veja de novo:
Êxodo 2.1 a 8 “Um homem da tribo de Levi casou-se com uma
mulher da mesma tribo, e ela engravidou e deu à luz um filho. Vendo que era
bonito, ela o escondeu por três meses. Quando já não podia mais escondê-lo,
pegou um cesto feito de junco e o vedou com piche e betume. Colocou nele o
menino e deixou o cesto entre os juncos, à margem do Nilo. A irmã do menino
ficou observando de longe para ver o que lhe aconteceria. A filha do faraó
descera ao Nilo para tomar banho. Enquanto isso as suas servas andavam pela
margem do rio. Nisso viu o cesto entre os juncos e mandou sua criada apanhá-lo.
Ao abri-lo viu um bebê chorando. Ficou com pena dele e disse: Este menino é dos
hebreus. Então a irmã do menino aproximou-se e perguntou à filha do faraó: A
senhora quer que eu vá chamar uma mulher dos hebreus para amamentar e criar o
menino? Quero, respondeu ela. E a moça foi chamar a mãe do menino”.
A providência de Deus na preservação de Moisés foi obra da
fé dos pais de Moisés (Hebreus 11.23). Tal fé produziu neles: Coragem (para
esconder Moisés por três meses), criatividade (para fabricar o cesto, mesma
palavra hebraica para arca) e compromisso (entregando a Deus o filho, quando o
deixaram no Nilo e ficaram o observando).
Agora, se “a fé vem por se ouvir à palavra” (Romanos 10.17),
como e qual mensagem os pais de Moisés teriam ouvido para agirem como agiram?
Flávio Josefo (reconhecido historiador judeu do primeiro século e que era de
linhagem sacerdotal), em sua obra famosa, História dos Hebreus (no Brasil está
publicado pela Editora CPAD), escreveu algo importante, que sempre correu de
boca em boca entre os judeus. Vale a pena você ter conhecimento. Ouça: “Um
hebreu de nome Anrão, muito estimado entre os seus, vendo que a sua mulher
estava grávida, ficou muito preocupado, por causa do edito que iria exterminar
a sua nação. Recorreu então a Deus, rogando-lhe que tivesse compaixão de um
povo que sempre o havia adorado e fizesse cessar a perseguição que os ameaçava
de ruína total. Deus, tocado por aquela oração, apareceu-lhe em sonho e
disse-lhe que esperasse: que Ele se lembrava da piedade do povo e da de seus
antepassados; que se tranquilizassem, pois teria cuidado de todos em geral e
dele em particular; que o filho de que a sua mulher estava grávida era o menino
de quem os egípcios temiam tanto o nascimento e por causa de quem faziam morrer
todos os meninos dos israelitas; que ele viria, contudo, felizmente ao mundo,
sem ser descoberto pelos encarregados daquela cruel devassa; que ele, contra
todas as esperanças, seria criado e educado e libertaria o seu povo da
escravidão; que tão grande feito eternizaria a sua memória, não somente entre
os hebreus, mas entre todas as nações da terra; que, por mérito dele, o seu
irmão seria educado até tornar-se um grande sacerdote, sendo que todos os
descendentes deste seriam honrados com a mesma dignidade. Anrão narrou à sua
esposa, de nome Joquebede, a visão que tivera, Joquebede deu à luz, e viu-se
que era verdadeira a predição do oráculo. Foi um parto feliz e fácil, que as
parteiras egípcias nem chegaram a conhecer. Criaram secretamente a criança
durante três meses. Então Anrão, por causa da ordem do rei, temendo ser
descoberto e sofrer juntamente com o filho a pena de morte e com receio de que
assim o que lhe fora predito não se cumprisse, julgou conveniente abandonar à
providência de Deus a conservação de uma criança que lhe era tão cara. Pensou
que poderia conservar o filho em oculto, mas viveriam, ele e o menino, em
perigo constante, ao passo que, entregando-o nas mãos de Deus, acreditava
firmemente que Ele teria meios de confirmar a veracidade da promessa. Após
tomar essa resolução, ele e a mulher fizeram um berço de juncos do tamanho da
criança e, para impedir que a água nele penetrasse, revestiram-no de betume.
Puseram dentro o menino e colocaram o berço sobre as águas do rio,
abandonando-o à Providência”.
A providência de Deus contemplou a fé de Anrão e Joquebede:
(Hebreus 11.23 “Pela fé, os pais de Moisés o esconderam por três meses tão logo
ele nasceu, pois viram que a criança era linda e não tiveram medo de
desobedecer ao decreto do rei”). Além da fé dos pais de Moisés, houve ainda a
compaixão da filha do faraó, fruto da ideia da providência dos deuses para a
vida dela e do futuro do Egito; eis o relato de Josefo: “Termutis, a filha do
faraó, vendo o bebê cheio de tanta graça e não tendo filhos, resolveu adotá-lo.
Levou-o ao rei, seu pai, e, depois de falar-lhe da beleza do menino e da
inteligência que já se manifestava nele, disse: Foi um presente que o Nilo me
fez, de maneira admirável. Recebi-o em meus braços, resolvi adotá-lo e vo-lo
ofereço como sucessor, pois não tendes filhos. Com essas palavras, ela o
colocou entre os braços do rei, que o recebeu com prazer e, para obsequiar a
filha, estreitou-o nos braços, colocando-lhe o diadema sobre a cabeça”.
A providência de Deus sempre contempla a nossa fé e age,
pela soberania do Senhor, movendo os corações de pessoas chave ao longo do
processo. É impressionante notar como Deus: Usou a fé simples de um casal
indefeso; usou o misticismo de um faraó sem herdeiro para o trono; e usou a
carência de uma mulher sem filhos para fazer cumprir seus planos! Ele ainda age
assim.
2 - A providência de Deus na preparação de Moisés. Sobre a
forma como Deus preparou Moisés, o texto diz assim:
Êxodo 2.9 e 10 “Então a filha do faraó disse à mulher: Leve
este menino e amamente-o para mim, e eu lhe pagarei por isso. A mulher levou o
menino e o amamentou. Tendo o menino crescido, ela o levou à filha do faraó,
que o adotou e lhe deu o nome de Moisés, dizendo: Porque eu o tirei das águas”.
Na providência de Deus, a mãe de Moisés, por possivelmente
cinco ou seis anos, foi paga pela filha do faraó para amamentar e cuidar do
menino (seu próprio filho!). Não resta dúvida de que ao longo desses anos,
Anrão e Joquebede ensinaram ao filho o temor do Senhor, passando a ele a
tradição oral dos descendentes de Adão, Abraão e demais. Após ser entregue ao
palácio real, Moisés deve ter passado mais uns 35 anos (até completar 40,
quando ele fugiu para Midiã) com a filha de faraó. Ao longo desses anos,
“Moisés foi educado em toda a sabedoria dos egípcios e era poderoso em palavras
e ações” (Atos 7.22). O resgatador de Israel, portanto, foi preparado tanto no
temor do Senhor como em toda sabedoria das ciências humanas, tornando-se um
grande notável. Todo esse treinamento seria usado mais tarde por Moisés na
organização de Israel e na condução desse povo pelos quarenta anos de
peregrinação no deserto.
Há um fato muito curioso sobre Moisés, durante esses trinta
e cinco anos de preparação no Egito, sob os cuidados da filha de faraó. Flávio
Josefo conta que: “A fronteira do Egito foi devastada pelos etíopes, que lhe
estão próximos. Os egípcios marcharam com um exército contra eles, mas foram
vencidos no combate e retiraram-se com desonra. Os etíopes, orgulhosos de
tamanha vitória, julgaram que era covardia não aproveitar a boa sorte e
começaram a se vangloriar de poderem conquistar todo o Egito. E lá entraram,
por diversos lugares. A quantidade de despojos que arrebataram e o fato de não terem
encontrado resistência alguma aumentaram-lhes a esperança de conseguir um feliz
resultado na empreitada. Assim, avançaram até Mênfis, chegando até o mar. Os
egípcios, reconhecendo-se muito fracos para resistir a tão grande força,
mandaram consultar um oráculo, e, por ordem secreta de Deus, a resposta que
receberam foi que somente um homem havia, um hebreu! Do qual podiam esperar
auxílio. O rei não teve dificuldade em julgar, por essas palavras, que Moisés
era o hebreu em questão, ao qual o céu destinava salvar o Egito, e pediu à
filha para fazê-lo general de todo o exército”.
Josefo prossegue para contar que com muita sabedoria,
estratégia e valentia (a narrativa é impressionante e vale muito a pena ser
lida. História dos Hebreus pagina 141 e 142), Moisés conseguiu “reconduzir os
egípcios vitoriosos de volta à sua pátria”. A providência de Deus preparou
espiritual e militarmente o resgatador Moisés. Nossos anos de preparação no
seio da família nunca são desperdiçados. Saibamos aproveitá-los: Tempo com os
pais em casa, aprendendo de Deus; tempo na igreja: EBD, nos PGs, nos cultos
etc.; tempo na escola e na universidade. Enfim, Deus usa cada período da vida
para nos preparar. Pais, não abram mão desse tempo. Filhos saibam aproveitar. A
família unida em torno desses princípios jamais será vencida.
3 - A providência de Deus na precipitação de Moisés. Sobre a
providência na precipitação de Moisés, o texto diz assim:
Êxodo 2.11 a 22 Certo dia, sendo Moisés já adulto, foi ao
lugar onde estavam os seus irmãos hebreus e descobriu como era pesado o
trabalho que realizavam. Viu também um egípcio espancar um dos hebreus. Correu
o olhar por todos os lados e, não vendo ninguém, matou o egípcio e o escondeu
na areia. No dia seguinte saiu e viu dois hebreus brigando. Então perguntou ao
agressor: Por que você está espancando o seu companheiro? O homem respondeu:
Quem o nomeou líder e juiz sobre nós? Quer matar-me como matou o egípcio?
Moisés teve medo e pensou: Com certeza tudo já foi descoberto! Quando o faraó
soube disso, procurou matar Moisés, mas este fugiu e foi morar na terra de
Midiã. Ali assentou-se à beira de um poço. Ora, o sacerdote de Midiã tinha sete
filhas. Elas foram buscar água para encher os bebedouros e dar de beber ao
rebanho de seu pai. Alguns pastores se aproximaram e começaram a expulsá-las
dali; Moisés, porém, veio em auxílio delas e deu água ao rebanho. Quando as
moças voltaram a seu pai Reuel, este lhes perguntou: Por que voltaram tão cedo
hoje? Elas responderam: Um egípcio defendeu-nos dos pastores e ainda tirou água
do poço para nós e deu de beber ao rebanho. Onde está ele? Perguntou o pai a
elas. Por que o deixaram lá? Convidem-no para comer conosco. Moisés aceitou e
concordou também em morar na casa daquele homem; este lhe deu por mulher sua filha
Zípora. Ela deu à luz um menino, a quem Moisés deu o nome de Gérson, dizendo:
Sou imigrante em terra estrangeira”.
Deus é tão maravilhoso em sua providência que até os erros
ele usa para o bem daqueles que o amam. Moisés agiu errado. Ele se precipitou. Não
era daquela forma que Deus queria que ele fizesse “justiça”. Por mais que a sua
motivação estivesse certa, aquele não era o método nem o momento de Deus
(Lembre-se: A vontade de Deus sempre envolverá motivação, método e momento). Deus,
soberano e gracioso que é, usa toda a consequência do pecado de Moisés para já
retirá-lo do Egito, pois já era tempo, e iniciar um novo processo de preparação
na sua vida, isto é: humilhação, esvaziamento de si mesmo, dependência total de
Deus. Alguém já disse que Deus levou 40 anos para tornar Moisés em “alguém” e
depois mais 40 anos para fazer de Moisés um “ninguém”, para só depois começar a
usá-lo. Por que Deus faz isso conosco? Por que ele nos prepara tanto e depois
(ou ao mesmo tempo) nos humilha tanto? Deus quer todas as nossas habilidades,
mas com humildade, mansidão e amor.
Em Midiã, Moisés estava aprendendo a: Ouvir melhor a Deus,
longe da agitação do Egito; a cuidar de ovelhas e de rebanhos, o que ele faria
nos quarenta anos de deserto; a viver no deserto; e a ser manso e humilde para
cuidar do povo rebelde de Deus. Ele aprendeu, pois adiante, em Números 12.3,
eis o que nós lemos: “Ora, Moisés era muito humilde, mais que qualquer outra
pessoa na terra”. A providência de Deus nos contempla mesmo quando nós erramos.
Isso é graça, e a família unida saberá aproveitar e crescer com esses momentos.
Ela será imbatível.
4 - A providência de Deus na peregrinação de Moisés. Sobre a
providência na peregrinação de Moisés, eis o que o texto diz:
Êxodo 2.21 a 25 “Moisés aceitou e concordou também em morar
na casa daquele homem; este lhe deu por mulher sua filha Zípora. Ela deu à luz
um menino, a quem Moisés deu o nome de Gérson, dizendo: Sou imigrante em terra
estrangeira. Muito tempo depois, morreu o rei do Egito. Os israelitas gemiam e
clamavam debaixo da escravidão; e o seu clamor subiu até Deus. Ouviu Deus o
lamento deles e lembrou-se da aliança que fizera com Abraão, Isaque e Jacó.
Deus olhou para os israelitas e viu qual era a situação deles”.
Enquanto Moisés vivia como peregrino em Midiã, Israel
continuava sob a dura mão do faraó. Por que o Egito os tratava assim? Flávio
Josefo nos conta que os profetas dos egípcios disseram ao faraó que nasceria um
menino entre os hebreus e que ele humilharia o Egito. A reação foi instantânea:
“O rei, assustado com a predição e seguindo o conselho daquele que lhe fazia
essa advertência, publicou um edito pelo qual ordenava que se deveriam afogar
todas as crianças hebréias do sexo masculino e ordenou às parteiras do Egito
que observassem exatamente quando as mulheres fossem dar à luz, porque não
confiava nas parteiras de sua nação. Esse edito ordenava também que aqueles que
se atrevessem a salvar ou criar alguma dessas crianças seriam castigados com a
pena de morte, juntamente com toda a família”.
Depois que Moisés nasceu e foi levado ao faraó pela sua
filha, algo interessante aconteceu. Josefo registra que assim que o rei colocou
o diadema sobre a cabeça, Moisés, como uma criança que se diverte, tirou-o e o
jogou ao chão, pisando-lhe em cima. Essa ação foi considerada de péssimo
augúrio, e o doutor da lei que predissera o quanto seria funesto o nascimento
daquele menino para o Egito ficou tão nervoso que desejou matá-lo
imediatamente. “Eis aí, majestade”, disse ele, dirigindo-se ao rei, “este menino,
do qual Deus nos faz saber que a morte deve garantir a vossa paz. Vede que o
fato confirma a minha predição, pois apenas nasceu e já despreza a vossa
grandeza, calcando aos pés a vossa coroa. Matando-o, todavia, fareis perder aos
hebreus a esperança que nele depositam e salvareis o vosso povo de um grande
temor”. Termutis, ouvindo-o falar desse modo, levou o menino sem que o rei se
opusesse, porque Deus afastava do espírito de Faraó o pensamento de fazê-lo
morrer.
Desde então faraó e todos os egípcios viveram suspeitando de
Moisés. Josefo informa que a coisa ficou pior assim que Moisés, depois de
adulto, liderou a vitória sobre os etíopes. Portanto, quando Moisés matou o
egípcio e isso chegou aos ouvidos de faraó, foi à gota d’água. O fato é que
Israel passou anos sob a crueldade dos egípcios, até que Deus, quando estava
com o seu resgatador preparado, decidiu agir.
Êxodo 2.23 a 25 “Muito tempo depois, morreu o rei do Egito.
Os israelitas gemiam e clamavam debaixo da escravidão; e o seu clamor subiu até
Deus. Ouviu Deus o lamento deles e lembrou-se da aliança que fizera com Abraão,
Isaque e Jacó. Deus olhou para os israelitas e viu qual era a situação deles”.
A providência de Deus
Esse fato na vida de Israel me faz lembrar das palavras do
salmista, que dizem: (Salmos 30.5 “Pois a sua ira só dura um instante, mas o
seu favor dura a vida toda; o choro pode persistir uma noite, mas de manhã
irrompe a alegria”).
Quando Deus parecer estar demorando para agir, lembre-se: (1
Pedro 3.8 e 9 “Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil
anos, e mil anos como um dia. O Senhor não demora em cumprir a sua promessa,
como julgam alguns. Ao contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que
ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento”).
Você sente que está precisando da graça de Deus, salvando e
provendo para a sua vida? Sente que
precisa da graça de Deus para transformar você ou alguém que você ama? Carece
da graça de Deus para salvar a sua família? Faça como os Israelitas: Clame. O
Senhor ouvirá o seu gemido, olhará para você e agirá com salvação. Cristo
nascerá no seu coração, no seio de sua família e na medida em que você for
nutrindo essa vida em você, na medida em que ele for crescendo, tomando todos
os espaços vazios, limpando todos os cantos sujos, você provará transformação.
A família unida que não foi vencida
Essa é a conclusão de dez mensagens sobre família, melhor: Sobre
como a graça de Deus na vida da gente, na vida do genro, do sogro, do pai, da
mãe, do filho, do irmão, do jovem, do adolescente, do velhinho, da sogra, da
nora. Como a graça de Deus no coração de cada um de nós tem o poder de, uma vez
salvos, nos transformar de glória em glória. A família é o ambiente preferido
de Deus para a nossa salvação, transformação e preparação para a vida e para a
vocação que todos nós temos. Essa é uma das grandes lições que nós aprendemos
hoje e também nas mensagens anteriores da série Cenas memoráveis em famílias do
Antigo Testamento.
Permitam-me, pois, algumas palavras de aplicação ao
concluirmos tudo hoje:
Haverá choques cataclísmicos na família (igreja), pois é
formada de pecadores que trazem no coração ogivas nucleares do pecado que são
capazes de mandar para o espaço e tornar em cinzas o universo de paz e de
esperança. Portanto, não se surpreenda, não duvide, não devolva na mesma moeda
e não desista. Há esperança para a família (igreja), pois no coração da
família, à partir do seu coração, é possível nascer e crescer o Senhor Jesus
Cristo, o Príncipe da paz. Portanto, clame pela graça salvadora e
transformadora de Jesus; arrependa-se do pecado e da forma pecaminosa de viver;
corra para Jesus e leve-o para casa.
Há oportunidades na família (igreja), pois é no seio
familiar que Deus faz nascer, crescer e prepara os seus heróis de fé. Portanto,
não veja os desafios e as dificuldades da vida familiar como problemas, mas
como oportunidades para se crescer na graça e no conhecimento de Jesus Cristo.
A família unida, em Cristo, nunca, jamais, será vencida.
Essa é a lição que as cenas memoráveis de famílias do Antigo
Testamento nos ensinam.
Graça, misericórdia e paz a voz todos
Fonte: sibgoiania