06/02/2018

Explicação de provérbios 10



Provérbios 10.1 a 32

10.1 - Os provérbios de Salomão concentram-se no filho sábio, como nos capítulos 1 a 9, e o comparam com o filho louco. O termo “filho” é genérico, a questão central não é ser filho em vez de filha, mas sim se ele (a) é sábio (a) ou louco (a). O comportamento de um filho afeta ambos os pais. Os pais têm sua fonte de alegria ou tristeza no filho que demonstra capacidade para a vida. O tempo dos verbos sugere que o filho sábio alegra seus pais continuamente e que o filho louco traz contínuos dissabores aos seus pais.

10.2 - Este versículo é um alerta contra confiar na riqueza, e não na retidão pessoal. Os perversos podem ser ricos, mas essa riqueza não lhes adiantará de nada depois de mortos. Neste caso, a morte é algo a temer, se a pessoa não conhece Deus. O fato de a integridade libertar da morte pressagia certa esperança de vida após a morte.

10.3 - Este versículo fala de como Deus generosamente provê as necessidades da alma dos justos, mas retribui com Sua justiça aos ímpios. Provérbios assim ressaltam (1) as circunstâncias como deveriam ser e (2) o fim dos ímpios (SaImos 73.17). Não indicam necessariamente a vida como ela sempre é, nem o que os ímpios estão vivendo neste momento.

10.4 - Muitas vezes os Provérbios vinculam preguiça à pobreza, e trabalho duro à riqueza (versículo 2). Este provérbio determina a norma.

10.5 - A expressão “ajunta no verão” compara a pessoa habilidosa a vergonhosa, baseando-se no quanto trabalham durante a época da colheita. A descrição da segunda pessoa é particularmente dura: o que dorme na sega.

10.6 - A idéia apresentada por este provérbio põe em contraste uma aura abençoada que paira sobre o justo com o cheiro pútrido da violência que emana do ímpio.

10.7 - Naquela época, o nome da pessoa era significativo e importante. Quando o nome da pessoa era lembrado pelas gerações futuras como bom, atribuía-se grande valor a vida dessa pessoa. Mas quando a memória de um nome era poluída, era como se esta pessoa jamais tivesse vivido.

10.8 - O termo hebraico traduzido como “será transtornado” significa “está arruinado”, e provem da mesma raiz de “apodrecerá” no versículo 7. Este tipo de paralelismo poético deve ter agradado os israelitas da Antiguidade.

10.9 - Muitos provérbios comparam dois caminhos na vida. A expressão “anda em sinceridade” significa obedecer a Lei de Deus como um plano de vida. Escolher caminhos tortuosos e desdenhar do propósito da Lei que Deus generosamente nos apresentou.

10.10 - Embora muitos provérbios comparem dois comportamentos, as duas partes deste provérbio falam de más ações. Além disso, a segunda parte deste provérbio é idêntica a segunda parte do versículo 8. Trata-se de um vínculo que dá liga ao trecho.

10.11 - Aqui há mais um provérbio tratando da boca (Provérbios 10.6,8 e 10). Este versículo apresenta a fala como produto externo da realidade interna. A expressão manancial de vida é praticamente uma imagem divina, uma antítese bastante forte a palavra “violência”.

10.12 - Este versículo trata das relações interpessoais, e não da salvação. O ódio é uma arma do diabo para gerar contendas, mas a pessoa sábia reage às transgressões ou desentendimentos com amor, tolerância e desejo forte de fazer o bem. Caso o indivíduo revidasse as ofensas de forma negativa, o ódio seria despertado no coração de ambas as pessoas envolvidas na situação, configurando em uma atitude sem sabedoria.

10.13 - Este provérbio declara que as palavras podem ter um papel positivo, o de comunicar sabedoria. A palavra “vara” se refere ao castigo, neste caso, merecido. As palavras “falto de entendimento” vem da expressão idiomática hebraica “falto de coração”. Aquele a quem “falta coração” e é comparado desfavoravelmente ao que e sábio de coração (versículo 8).

10.14 e 15 - A expressão “escondem” [“acumulam”, na NVI] a sabedoria é um tema forte nos textos de orientação dos capítulos 1 a 9 (Provérbios 1.1 a 3 e 3.1). O versículo 14 compara a busca de conhecimento do sábio com a fala vazia do tolo. Já no versículo 15, a fazenda [“riqueza”, na NVI] é comparada a uma fortaleza. Neste caso, quer dizer que uma cidade rica terá maior segurança para suportar os ataques inimigos do que uma cidade pobre. Naquela época, só as cidades muradas estavam preparadas para resistir às forcas adversárias.

10.16 e 17 - Estes versículos apresentam a doutrina dos dois caminhos: o do justo, que leva a vida; e o do ímpio, que conduz ao pecado. A expressão “as produções do ímpio” assemelha-se com o que Paulo escreveu em Romanos 6.23: o salário do pecado e a morte.

10.18 a 21 - Estes versículos falam dos perigos da fala, especialmente a mentira e a difamação. Para evitar estes pecados é preciso praticar a autocontenção.

10.22 - O vínculo da riqueza com a benção do Senhor é explicitado neste versículo. Nesta sentença, Yahweh concede ausência de tristezas e fartura de riquezas. Que benção!

10.23 e 24 - A palavra traduzida como “divertimento” geralmente significa “riso alegre” (Salmos 126.2). Às vezes, quer dizer “risada vazia” (Provérbios 14.13, Eclesiastes 7.3 e 6). Aqui, o provérbio emprega a palavra de forma completamente negativa. Para o tolo, a perversidade não passa de um jogo. Ele inventa as regras conforme progride. Para ele, só perderia se fosse pego. Mas quem tem entendimento tem uma perspectiva de longo prazo. No fim, ele consegue o que deseja, enquanto a justiça se abate sobre o ímpio.

10.25 - A natureza breve dos perversos é comparada a estabilidade dos justos. Assim como o Salmos 1.3 e 4, onde os justos são comparados a uma árvore, e os ímpios, a moinha, neste provérbio a tempestade sopra e espalha os ímpios, mas não tira os justos do lugar. O perpetuo fundamento dos justos é a fé em Deus, assim como as águas que alimentam a árvore do Salmos 1.3.

10.26 - O preguiçoso é uma figura cômica nos provérbios. Aqui o preguiçoso irrita aquele que o mandou cumprir uma tarefa. Ele é como o sabor ácido do vinagre na boca, como uma fumaça que irrita a vista.

10.27 - Este versículo contem a primeira aparição da expressão temor do Senhor nos capítulos 10 a 22 (Provérbios 1.7 e 29, 2.5, 8.13 e 9.10). O vinculo da devoção com a vida longa e da perversidade com a morte precoce é outro tema comum em Provérbios 3.1 e 2.

10.28 - O justo tem algo por que esperar com alegria; o ímpio não (versículo 24)

10.29 - Cada pessoa vê o caminho do Senhor de forma diferente. Quem é inocente o vê como refugio da tempestade e do calor do dia. Os iníquos o vêem somente como fonte de terror. A perspectiva de quem vê faz toda a diferença; o caminho do Senhor continua sempre o mesmo, puro.

10.30 - Este provérbio demonstra forte confiança na sobrevivência definitiva dos justos e no juízo final dos ímpios. Em nossa experiência limitada, podemos ver os ímpios com sucesso e os justos batalhando para sobreviver. Mas no juízo final (Salmos 73) inverterão os seus destinos.


10.31 e 32 - Estes versículos formam outro par de sentenças sobre a fala verdadeira e a falsa. Podem ser comparados a Provérbio 10.11,13, 20 e 21 e Tiago 3. Esta repetição com variações indica a importância da verdade e da mentira tanto naquela época como no mundo moderno.

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