Provérbios
10.1 a 32
10.1 - Os
provérbios de Salomão concentram-se no filho sábio, como nos capítulos 1 a 9, e
o comparam com o filho louco. O termo “filho” é genérico, a questão central não
é ser filho em vez de filha, mas sim se ele (a) é sábio (a) ou louco (a). O
comportamento de um filho afeta ambos os pais. Os pais têm sua fonte de alegria
ou tristeza no filho que demonstra capacidade para a vida. O tempo dos verbos
sugere que o filho sábio alegra seus pais continuamente e que o filho louco
traz contínuos dissabores aos seus pais.
10.2 - Este
versículo é um alerta contra confiar na riqueza, e não na retidão pessoal. Os
perversos podem ser ricos, mas essa riqueza não lhes adiantará de nada depois
de mortos. Neste caso, a morte é algo a temer, se a pessoa não conhece Deus. O
fato de a integridade libertar da morte pressagia certa esperança de vida após
a morte.
10.3 - Este
versículo fala de como Deus generosamente provê as necessidades da alma dos
justos, mas retribui com Sua justiça aos ímpios. Provérbios assim ressaltam (1)
as circunstâncias como deveriam ser e (2) o fim dos ímpios (SaImos 73.17). Não
indicam necessariamente a vida como ela sempre é, nem o que os ímpios estão
vivendo neste momento.
10.4 -
Muitas vezes os Provérbios vinculam preguiça à pobreza, e trabalho duro à
riqueza (versículo 2). Este provérbio determina a norma.
10.5 - A
expressão “ajunta no verão” compara a pessoa habilidosa a vergonhosa,
baseando-se no quanto trabalham durante a época da colheita. A descrição da
segunda pessoa é particularmente dura: o que dorme na sega.
10.6 - A
idéia apresentada por este provérbio põe em contraste uma aura abençoada que
paira sobre o justo com o cheiro pútrido da violência que emana do ímpio.
10.7 -
Naquela época, o nome da pessoa era significativo e importante. Quando o nome
da pessoa era lembrado pelas gerações futuras como bom, atribuía-se grande
valor a vida dessa pessoa. Mas quando a memória de um nome era poluída, era
como se esta pessoa jamais tivesse vivido.
10.8 - O
termo hebraico traduzido como “será transtornado” significa “está arruinado”, e
provem da mesma raiz de “apodrecerá” no versículo 7. Este tipo de paralelismo
poético deve ter agradado os israelitas da Antiguidade.
10.9 -
Muitos provérbios comparam dois caminhos na vida. A expressão “anda em
sinceridade” significa obedecer a Lei de Deus como um plano de vida. Escolher
caminhos tortuosos e desdenhar do propósito da Lei que Deus generosamente nos
apresentou.
10.10 -
Embora muitos provérbios comparem dois comportamentos, as duas partes deste
provérbio falam de más ações. Além disso, a segunda parte deste provérbio é
idêntica a segunda parte do versículo 8. Trata-se de um vínculo que dá liga ao
trecho.
10.11 - Aqui
há mais um provérbio tratando da boca (Provérbios 10.6,8 e 10). Este versículo
apresenta a fala como produto externo da realidade interna. A expressão
manancial de vida é praticamente uma imagem divina, uma antítese bastante forte
a palavra “violência”.
10.12 - Este
versículo trata das relações interpessoais, e não da salvação. O ódio é uma
arma do diabo para gerar contendas, mas a pessoa sábia reage às transgressões
ou desentendimentos com amor, tolerância e desejo forte de fazer o bem. Caso o
indivíduo revidasse as ofensas de forma negativa, o ódio seria despertado no
coração de ambas as pessoas envolvidas na situação, configurando em uma atitude
sem sabedoria.
10.13 - Este provérbio declara que as palavras podem ter um papel positivo, o de
comunicar sabedoria. A palavra “vara” se refere ao castigo, neste caso,
merecido. As palavras “falto de entendimento” vem da expressão idiomática
hebraica “falto de coração”. Aquele a quem “falta coração” e é comparado
desfavoravelmente ao que e sábio de coração (versículo 8).
10.14 e 15 -
A expressão “escondem” [“acumulam”, na NVI] a sabedoria é um tema forte nos
textos de orientação dos capítulos 1 a 9 (Provérbios 1.1 a 3 e 3.1). O
versículo 14 compara a busca de conhecimento do sábio com a fala vazia do tolo.
Já no versículo 15, a fazenda [“riqueza”, na NVI] é comparada a uma fortaleza.
Neste caso, quer dizer que uma cidade rica terá maior segurança para suportar
os ataques inimigos do que uma cidade pobre. Naquela época, só as cidades
muradas estavam preparadas para resistir às forcas adversárias.
10.16 e 17 -
Estes versículos apresentam a doutrina dos dois caminhos: o do justo, que leva
a vida; e o do ímpio, que conduz ao pecado. A expressão “as produções do ímpio”
assemelha-se com o que Paulo escreveu em Romanos 6.23: o salário do pecado e a
morte.
10.18 a 21 -
Estes versículos falam dos perigos da fala, especialmente a mentira e a
difamação. Para evitar estes pecados é preciso praticar a autocontenção.
10.22 - O
vínculo da riqueza com a benção do Senhor é explicitado neste versículo. Nesta
sentença, Yahweh concede ausência de tristezas e fartura de riquezas. Que
benção!
10.23 e 24 -
A palavra traduzida como “divertimento” geralmente significa “riso alegre”
(Salmos 126.2). Às vezes, quer dizer “risada vazia” (Provérbios 14.13,
Eclesiastes 7.3 e 6). Aqui, o provérbio emprega a palavra de forma
completamente negativa. Para o tolo, a perversidade não passa de um jogo. Ele
inventa as regras conforme progride. Para ele, só perderia se fosse pego. Mas
quem tem entendimento tem uma perspectiva de longo prazo. No fim, ele consegue
o que deseja, enquanto a justiça se abate sobre o ímpio.
10.25 - A
natureza breve dos perversos é comparada a estabilidade dos justos. Assim como
o Salmos 1.3 e 4, onde os justos são comparados a uma árvore, e os ímpios, a
moinha, neste provérbio a tempestade sopra e espalha os ímpios, mas não tira os
justos do lugar. O perpetuo fundamento dos justos é a fé em Deus, assim como as
águas que alimentam a árvore do Salmos 1.3.
10.26 - O
preguiçoso é uma figura cômica nos provérbios. Aqui o preguiçoso irrita aquele
que o mandou cumprir uma tarefa. Ele é como o sabor ácido do vinagre na boca,
como uma fumaça que irrita a vista.
10.27 - Este
versículo contem a primeira aparição da expressão temor do Senhor nos capítulos
10 a 22 (Provérbios 1.7 e 29, 2.5, 8.13 e 9.10). O vinculo da devoção com a
vida longa e da perversidade com a morte precoce é outro tema comum em
Provérbios 3.1 e 2.
10.28 - O
justo tem algo por que esperar com alegria; o ímpio não (versículo 24)
10.29 - Cada
pessoa vê o caminho do Senhor de forma diferente. Quem é inocente o vê como
refugio da tempestade e do calor do dia. Os iníquos o vêem somente como fonte
de terror. A perspectiva de quem vê faz toda a diferença; o caminho do Senhor
continua sempre o mesmo, puro.
10.30 - Este
provérbio demonstra forte confiança na sobrevivência definitiva dos justos e no
juízo final dos ímpios. Em nossa experiência limitada, podemos ver os ímpios
com sucesso e os justos batalhando para sobreviver. Mas no juízo final (Salmos
73) inverterão os seus destinos.
10.31 e 32 -
Estes versículos formam outro par de sentenças sobre a fala verdadeira e a
falsa. Podem ser comparados a Provérbio 10.11,13, 20 e 21 e Tiago 3. Esta
repetição com variações indica a importância da verdade e da mentira tanto
naquela época como no mundo moderno.
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