Provérbios
1.1 a 33
1.1 - O
prólogo do livro de Provérbios (Provérbios 1.1 a 7) tem três partes: 1º título (v.
1), 2º objetivo (v. 2 a 6) e 3º tema (v. 7). O título, Provérbios de Salomão,
filho de Davi, rei de Israel (v. 1), pode sugerir três coisas: (1) Salomão é
autor do livro, (2) Salomão foi autor das principais contribuições ao livro, ou
(3) Salomão é o patrono da sabedoria em Israel, então seu nome esta neste
título como honorífico. Como há outros autores (Ex: Agur, cap. 30 e Lemuel em Provérbios
31.1 a 10), e algum material de Salomão foi editado muitíssimo depois de sua
morte (Provérbios 25.1), parece mais sensato interpretar as palavras de
abertura do livro como uma combinação da segunda e terceira opções. Salomão não
pode ser o autor de todo o livro, mas é seu contribuinte mais notável e o
modelo do ideal de sabedoria de Israel.
1.2 e 3 - Os
versículos 2 a 6 explicam o objetivo do livro de Provérbios. Os verbos
“conhecer”, “entenderem” e “receber” referem-se às formas de adquirir
sabedoria. A palavra sabedoria se refere à capacidade, o que pode ser adquirida
em sua vida quando se põe em pratica os ensinamentos dados por Deus. O termo
instrução também pode ser traduzido como “disciplina” [NVI]; refere-se ao
processo de recepção de conhecimento e posterior aplicação a sua vida diária.
1.3 - A
expressão traduzida como “instrução do entendimento”, assim como a sabedoria,
denota uma habilidade em prática, tal como a de um artesão ou músico. Ou seja,
a sabedoria afeta a vida como a habilidade dos artistas afeta a prática de sua
arte. As palavras justiça, juízo e equidade dão um contexto moral a sabedoria,
instrução e palavras que dão entendimento. A sabedoria bíblica permeia a vida
inteira; exige uma mudança de comportamento e comprometimento com a justiça.
1.4 - Os
simples ou ingênuos são os jovens inexperientes, com tendência ao erro. Os
termos “prudência” e “bom senso” incluem os fatos mais duros da vida. O sábio
já aprendeu com a experiência a distinguir o que e verdadeiro, louvável e bom
do que e falso, vergonhoso e ruim (Romanos 12.1 e 2).
1.5 e 6 - A
expressão crescer em sabedoria vem destacar que o homem que adquiriu alguma
compreensão deve continuar desenvolvendo-se em discernimento; sempre há mais o
que aprender. O versículo 6 fala das lições que a pessoa mais madura obtém por
meio do estudo de provérbios, interpretação, palavras dos sábios e
adivinhações.
1.7 - O
temor do Senhor é o ingrediente mais básico da sabedoria, uma virtude que só
pode ser alcançada quando se conhece Deus e submete-se a Sua vontade. Ter
conhecimento sobre algo e nenhum de Deus aniquila o valor de possuir esse
conhecimento. Só os loucos rejeitaram o temor ao Senhor. O verbo “desprezar”
tem uma forte carga negativa e dá mais peso ao fato de que não temer a Deus
equivale a rejeitar toda sabedoria (Daniel 11.32 e João 17.3).
1.8 e 9 - As
palavras de abertura deste trecho bíblico soam como o apelo de um pai ao seu
filho, um tema que esta presente em todo o resto do livro. O versículo 8
destaca a responsabilidade de instruir tanto do pai como da mãe.
1.10 a 14 -
Aqui está a primeira passagem de advertência. Neste trecho bíblico, o autor
alerta que não devemos misturar-nos com os criminosos. Isto espelha uma
situação desregrada da sociedade atual em que é comum ver jovens fracos se deixarem
envolver pela rede de violência.
1.15 a 18 -
Nestes versículos, o autor aconselha cautela. Ele destaca que cada passo no
caminho perigoso é um passo em direção à destruição ao ilustrar com o ato de
estender uma rede para capturar uma ave. Neste caso seria uma tarefa inútil,
pois a ave, espiando a armadilha sendo preparada, desvia-se dela. Só que existe
o louco, que e mais tolo do que o pássaro; ele vê a armadilha ser montada e
ainda assim cai nela.
1.19 -
Prendera a alma. Estas palavras concluem a advertência do autor aos jovens e
apresentam um tema que os trechos seguintes abordarão: o estudo da sabedoria é
uma questão de vida ou morte.
1.20 e 21 -
A palavra Sabedoria aqui esta com letra maiúscula porque não foi traduzida da
mesma palavra hebraica que deu origem ao termo sabedoria no versículo 2, mas
sim do vocábulo hebraico hokhmoth (que também e encontrado em Provérbios 9.1, 14.1,
24.7 e Salmos 49.4). Neste caso, a palavra hebraica provavelmente e a forma
plural de hokhmah (Provérbios 1.2), e não um substantivo abstrato separado,
apontando para as multiformes excelências da sabedoria.
1.22 a 27 -
Este trecho bíblico se dirige aos néscios aqueles que pouco sabem sobre o temor
do Senhor e ainda não encontraram uma direção certa na vida. São ensinamentos
que repreendem o que e mal e apontam para o que e bom, ressaltando que os que
rejeitaram a sabedoria serão ridicularizados quando chegar a hora de
enfrentarem o juízo inevitável de sua insensatez (Salmos 2.4). Ainda assim, a
Sabedoria da risadas de júbilo diante da obra de Deus e deleita-se por causa do
povo de Deus (Provérbios 8.30,31).
1.28 a 33 -
Eu não responderei. Esta e a conseqüência que enfrentara aquele que escolheu
desprezar a sabedoria; o Senhor não atendera as orações. O louco costuma
rejeitar os sábios conselhos do Senhor porque se recusa a temer a Deus (v. 29).
Os versículos 31 e 32 retomam o tema do versículo 19 sobre a orientação dos
pais: os loucos atraem sua própria destruição. Rejeitar a sabedoria os
destruirá. Este tenebroso alerta termina com a promessa de vida aos poucos que
derem ouvidos as palavras de sabedoria; estes encontrarão segurança e paz.