06/02/2018

Explicação de provérbios 1



Provérbios 1.1 a 33

1.1 - O prólogo do livro de Provérbios (Provérbios 1.1 a 7) tem três partes: 1º título (v. 1), 2º objetivo (v. 2 a 6) e 3º tema (v. 7). O título, Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel (v. 1), pode sugerir três coisas: (1) Salomão é autor do livro, (2) Salomão foi autor das principais contribuições ao livro, ou (3) Salomão é o patrono da sabedoria em Israel, então seu nome esta neste título como honorífico. Como há outros autores (Ex: Agur, cap. 30 e Lemuel em Provérbios 31.1 a 10), e algum material de Salomão foi editado muitíssimo depois de sua morte (Provérbios 25.1), parece mais sensato interpretar as palavras de abertura do livro como uma combinação da segunda e terceira opções. Salomão não pode ser o autor de todo o livro, mas é seu contribuinte mais notável e o modelo do ideal de sabedoria de Israel.

1.2 e 3 - Os versículos 2 a 6 explicam o objetivo do livro de Provérbios. Os verbos “conhecer”, “entenderem” e “receber” referem-se às formas de adquirir sabedoria. A palavra sabedoria se refere à capacidade, o que pode ser adquirida em sua vida quando se põe em pratica os ensinamentos dados por Deus. O termo instrução também pode ser traduzido como “disciplina” [NVI]; refere-se ao processo de recepção de conhecimento e posterior aplicação a sua vida diária.

1.3 - A expressão traduzida como “instrução do entendimento”, assim como a sabedoria, denota uma habilidade em prática, tal como a de um artesão ou músico. Ou seja, a sabedoria afeta a vida como a habilidade dos artistas afeta a prática de sua arte. As palavras justiça, juízo e equidade dão um contexto moral a sabedoria, instrução e palavras que dão entendimento. A sabedoria bíblica permeia a vida inteira; exige uma mudança de comportamento e comprometimento com a justiça.

1.4 - Os simples ou ingênuos são os jovens inexperientes, com tendência ao erro. Os termos “prudência” e “bom senso” incluem os fatos mais duros da vida. O sábio já aprendeu com a experiência a distinguir o que e verdadeiro, louvável e bom do que e falso, vergonhoso e ruim (Romanos 12.1 e 2).

1.5 e 6 - A expressão crescer em sabedoria vem destacar que o homem que adquiriu alguma compreensão deve continuar desenvolvendo-se em discernimento; sempre há mais o que aprender. O versículo 6 fala das lições que a pessoa mais madura obtém por meio do estudo de provérbios, interpretação, palavras dos sábios e adivinhações.

1.7 - O temor do Senhor é o ingrediente mais básico da sabedoria, uma virtude que só pode ser alcançada quando se conhece Deus e submete-se a Sua vontade. Ter conhecimento sobre algo e nenhum de Deus aniquila o valor de possuir esse conhecimento. Só os loucos rejeitaram o temor ao Senhor. O verbo “desprezar” tem uma forte carga negativa e dá mais peso ao fato de que não temer a Deus equivale a rejeitar toda sabedoria (Daniel 11.32 e João 17.3).

1.8 e 9 - As palavras de abertura deste trecho bíblico soam como o apelo de um pai ao seu filho, um tema que esta presente em todo o resto do livro. O versículo 8 destaca a responsabilidade de instruir tanto do pai como da mãe.

1.10 a 14 - Aqui está a primeira passagem de advertência. Neste trecho bíblico, o autor alerta que não devemos misturar-nos com os criminosos. Isto espelha uma situação desregrada da sociedade atual em que é comum ver jovens fracos se deixarem envolver pela rede de violência.

1.15 a 18 - Nestes versículos, o autor aconselha cautela. Ele destaca que cada passo no caminho perigoso é um passo em direção à destruição ao ilustrar com o ato de estender uma rede para capturar uma ave. Neste caso seria uma tarefa inútil, pois a ave, espiando a armadilha sendo preparada, desvia-se dela. Só que existe o louco, que e mais tolo do que o pássaro; ele vê a armadilha ser montada e ainda assim cai nela.

1.19 - Prendera a alma. Estas palavras concluem a advertência do autor aos jovens e apresentam um tema que os trechos seguintes abordarão: o estudo da sabedoria é uma questão de vida ou morte.

1.20 e 21 - A palavra Sabedoria aqui esta com letra maiúscula porque não foi traduzida da mesma palavra hebraica que deu origem ao termo sabedoria no versículo 2, mas sim do vocábulo hebraico hokhmoth (que também e encontrado em Provérbios 9.1, 14.1, 24.7 e Salmos 49.4). Neste caso, a palavra hebraica provavelmente e a forma plural de hokhmah (Provérbios 1.2), e não um substantivo abstrato separado, apontando para as multiformes excelências da sabedoria.

1.22 a 27 - Este trecho bíblico se dirige aos néscios aqueles que pouco sabem sobre o temor do Senhor e ainda não encontraram uma direção certa na vida. São ensinamentos que repreendem o que e mal e apontam para o que e bom, ressaltando que os que rejeitaram a sabedoria serão ridicularizados quando chegar a hora de enfrentarem o juízo inevitável de sua insensatez (Salmos 2.4). Ainda assim, a Sabedoria da risadas de júbilo diante da obra de Deus e deleita-se por causa do povo de Deus (Provérbios 8.30,31).


1.28 a 33 - Eu não responderei. Esta e a conseqüência que enfrentara aquele que escolheu desprezar a sabedoria; o Senhor não atendera as orações. O louco costuma rejeitar os sábios conselhos do Senhor porque se recusa a temer a Deus (v. 29). Os versículos 31 e 32 retomam o tema do versículo 19 sobre a orientação dos pais: os loucos atraem sua própria destruição. Rejeitar a sabedoria os destruirá. Este tenebroso alerta termina com a promessa de vida aos poucos que derem ouvidos as palavras de sabedoria; estes encontrarão segurança e paz.

Explicação de provérbios 2



Provérbios 2.1 a 22

2.1 a 4 - Este capítulo descreve os frutos produzidos pela busca de sabedoria e atrelam os conceitos de sabedoria e conhecimento de Deus com mais propriedade.

2.5 a 8 - Quando se busca a sabedoria, entende o temor do Senhor e encontra o conhecimento de Deus. Quem conhece Deus teme (reverência) a Ele. Os versículos 6 a 8 se assemelham as palavras dos Salmos (compare ao Salmos 91). A expressão “a verdadeira sabedoria” usa outro sinônimo para sabedoria, uma palavra que pode ser traduzida como “sucesso permanente” ou “vitória”.

2.8 a 13 - A expressão “veredas do juízo” (versículo 8) contrasta fortemente com caminhos das trevas (versículo 13). Este contraste apresenta um dos principais temas de Provérbios, o contraste entre dois caminhos. Jesus falou de dois caminhos, um estreito e outro largo (Mateus 7.13 e 14). A estrada certa é marcada pelas demandas da justiça, do juízo e da equidade (versículo 9). Estas são as demandas da lei de Deus.

2.10 e 11 - Entrará no teu coração. Estas palavras ressaltam a internalização da sabedoria. Os conhecimentos ensinados pelos provérbios devem ser aprendidos e praticados.

2.12 a 15 - A expressão “mau caminho” (versículo 12) contrasta diretamente com o caminho da sabedoria, e caracteriza-se pelas coisas perversas, por mentiras e distorções, por deformações e enganações, e por trevas e desvios.


2.16 a 22 - A expressão mulher estranha faz referência a mulher adultera, sedutora, imoral. O adultério é incompatível com o ideal da lei de Deus. A palavra estranha também conotava prostituição, porque a mulher estrangeira dos antigos cultos de fertilidade do Oriente Médio participava de praticas sexuais nos seus ritos de adoração.

Explicação de provérbios 3



Provérbios 3.1 a 35

3.1 e 2 - Lei e mandamentos são palavras que, como no Provérbio 1.8, chamam a atenção para a ligação entre a sabedoria e a Lei mosaica. Os provérbios são a Lei aplicada.

3.3 e 4 - Benignidade e fidelidade são duas palavras de peso dentro da Bíblia, pois descrevem o caráter de Deus (Salmos 100.5) e os valores que Ele exige de Seu povo. O apóstolo João empregou o equivalente grego destas palavras, graça e verdade, para descrever o caráter de Jesus (João 1.14).

3.5 e 6 - As palavras “confia no Senhor” ecoam a ordem de Deuteronômio 6.5 para amar Deus com todo o nosso ser. O verbo “confiar” e complementado pelo verbo “estribar-se” (“sustentar-se”). Confiar em Deus e depender conscientemente Dele, da mesma forma que e preciso apoiar os pés no estribo para não perder o equilíbrio ao andar a cavalo. A idéia e reforçada com a exortação para reconhecê-lo em todos os teus caminhos, o que significa observá-lo e conhecê-lo enquanto se vive. Ao fazê-lo, a pessoa percebera que, cada vez mais, Deus facilita os seus caminhos.

3.7 a 10 - As promessas destes versículos tratam de padrões genéricos, e não de regras sem exceções. São os resultados típicos de quem assume um compromisso com Deus. A ordem para louvar ao Senhor com a tua fazenda [recursos, na NVI] e dar-lhe as primícias de toda a tua renda e uma parte do significado de adorar ao Senhor. Sendo assim, da mesma forma que no pacto de Deus com Israel, Ele prometeu, entre tantas coisas, manter seus celeiros e lagares cheios.

3.11 e 12 - A correção do Senhor é o outro lado da Sua graça. Devemos apreciar a correção de Deus em nossas vidas, porque Ele só disciplina aqueles a quem ama (Hebreus 12.7 a 10).

3.13 a 18 - Confira as bem-aventuranças proferidas por Jesus no Sermão da Montanha (Mateus 5.2 a 12). O termo hebraico traduzido como “bem-aventurado” [feliz, na NVI] possui uma ideia explosiva de múltipla felicidade (Salmos 1.1). Fica implícito, então, que Deus fica muito contente ao ver Seus filhos seguindo os princípios da sabedoria. A pessoa que encontra sabedoria descobre um tesouro incalculável. Adão e Eva foram expulsos do jardim do Éden e proibidos de tocar na árvore da vida (Gênesis 3.22 a 24), mas a sabedoria e outra árvore da vida, que começara a restaurar a felicidade perdida no Paraíso.

3.19 e 20 - A expressão “com sabedoria, fundou a terra” revela um dos temas centrais de Provérbios, que é a associação de sabedoria e criação. O capítulo 8 é dedicado a este assunto.

3.21 - Este versículo estimula a conservar tanto a fé como a sabedoria. O intuito e semelhante ao de Shemá Israel [Ouça Israel] (ver comentário em Deuteronômio 4.39 e 6.4). Também se assemelha as idéias básicas do Salmo 91 (compare o versículo 26 com o Salmos 91.10 a 13).

3.22 a 26 - Boa parte do capítulo 3 contem conselhos parecidos com as da parte posterior do livro. Estes conselhos soam como aperitivo do que virá depois, mas no momento aparecem no contexto da benção concedida ao homem que se aproximou da Sabedoria. Tais provérbios revelam-nos um grande senso de orientação, que não estão distantes do contexto teológico. Concentram-se no conhecimento de Deus; baseiam-se no caminho para a sabedoria. Conforme lemos estes provérbios, vamos situando-nos para os que começam no capitulo 10.

3.27 a 30 - Este trecho bíblico se refere ao tratamento respeitoso para com o nosso próximo, um dos principais ensinamentos de Jesus (Lucas 10.25 a 37). Da mesma forma, não se deve evitar fazer o bem ao nosso próximo quando se tem o poder de fazê-lo (Provérbios 3.27). E falta de caráter poder pagar uma dívida e não fazê-lo (versículo 28), e não há piedade para tramóias interesseiras (versículo 29) ou palavras de intriga (versículo 30) contra companheiros pacíficos.


3.31 a 35 - De nada vale a pena ter inveja do homem violento, porque Deus abomina a perversidade. Só um tolo desejaria ser detestável aos olhos do Senhor! Este trecho bíblico termina com um contraste da benção de Deus para os justos com Sua maldição sobre os ímpios (Gênesis 12.3).

Explicação de provérbios 4



Provérbios 4.1 a 27

4.1 a 4 - A expressão correção do pai deixa implícita ternura e afeição, bem como preocupação e disciplina por parte dos pais. A introdução do capítulo 4 lembra o início da primeira orientação por parte dos pais feita em Provérbio 1.8 [Filho meu], mas o interlocutor agora é plural, “filhos”. Assim como seu pai o instruiu, o filho ensinara aos seus filhos, uma geração apos a outra. O apelo aos pais para ensinarem as coisas de Deus aos seus filhos baseia-se em Deuteronômio 6.7 e reflete os Salmos (ex: Salmos 78.3 e 4).

4.5 a 7 - Os versículos 5 a 9 apresentam um apelo apaixonado do pai aos filhos para que adquiram a sabedoria a qualquer custo. A introdução dos primeiros capítulos de Provérbios segue um padrão: afirmativa, repetição e embelezamento. Fazendo amplo uso da reafirmação criativa, as idéias são entendidas bem claramente. As palavras do versículo 7 são particularmente fortes: a sabedoria é a coisa principal. A palavra principal é traduzida como “o princípio” está em Provérbio 1.7, mas aqui tem o valor de primeira em importância.

4.8 e 9 - Estes versículos ressaltam o valor absoluto da sabedoria. A pessoa que tem a sabedoria e lhe obedece sem hesitar será exaltada e honrada; sua presença se tomará um diadema de graça e uma coroa de glória. Estas metáforas são apelos eficazes por uma resposta do coração (Provérbios 1.9 e 3.3).

4.10 a 19 - Estes versículos apresentam um novo apelo de pai para filho para andar no caminho da sabedoria e evitar a vereda dos ímpios a todo custo. O contraste entre essas duas carreiras [veredas, na NVI] e profundo. O caminho da sabedoria e reto, sem obstáculos e seguro. O caminho dos ímpios é tortuoso, perigoso e marcado por violência. Uma estrada é um caminho de luz, a outra, de escuridão; uma conduz a promessa, e outra, a uma estrondosa destruição.


4.20 a 27 - Este trecho bíblico orienta a cuidar das vontades e das emoções, e a manter a fala honesta, o olhar atento e o bom senso no proceder. Adentrar o caminho da sabedoria não é um acaso. Boa parte deste capitula reforça e refina os temas encontrados nos capítulos 1 a 3. A ênfase na virtude nos prepara para as advertências do capitulo 5.

Explicação de provérbios 5



Provérbios 5.1 a 23

5.1 a 6 - O capítulo 5 volta ao tema da mulher estranha (Provérbios 2.16-19). Este trecho fala veementemente a favor da fidelidade conjugal. Se você quer conservar a discrição, ouça estas palavras, senão seus pés descerão a morte.

5.7 a 14 - A Bíblia ensina em varias partes que a tentação como um todo é inevitável, mas algumas devem ser evitadas a qualquer preço. A pessoa ajuizada sabe disso e não se aproxima da mulher estranha [imoral]. As instruções do apóstolo Paulo a Timóteo para fugir dos desejos da mocidade (2 Timóteo 2.22) ensinam o mesmo tema. Envolver-se com tal pecado desonra e consome aqueles que tombam nele.

5.15 - Em um país árido como Israel, um poço era um bem valioso e um privilégio a ser resguardado. O cônjuge também era. A expressão “bebe a água” é uma referencia oblíqua a conjunção sexual (Provérbios 9.17), e “da tua cisterna” é um claro apelo à fidelidade conjugal, um homem e uma mulher juntos pelo matrimônio. Os autores da Bíblia, às vezes, falam da salvação como uma fonte (Isaías 12.3); chamar o cônjuge de fonte d’água era um gesto afetivo (Cantares 4.15).

5.16 e 17 - Nestes dois versículos, há uma pequena “virada de mesa”. Como seria, pergunta o professor, se sua própria esposa se tornasse a mulher estranha de outros homens? Por acaso sua “fonte d’água” deveria correr pelas ruas? Ou “sua água” estar em praça publica? “Não!”, diz o professor. Faça com que estas águas sejam só suas, e não algo que partilha com estranhos (versículo 17).

5.18 a 20 - As palavras “alegra-te com a mulher da tua mocidade” compreendem uma ordem e um estímulo para se achar alegria na felicidade mutua do casamento. De fato, ter prazer no leito conjugal é bendito por Deus (Cantares; Hebreus 13.4).


5.21 a 23 - Na expressão “os olhos do Senhor” reside um ponto decisivo: o que se faz em secreto não passa despercebido aos olhos de Deus, que tudo vê. Nisto, incluem-se também as praticas de adultério, que só leva a ruína. Uma vida insensata termina em morte amarga. O caminho secreto do perverso e um escândalo às claras no céu; termina com a solidão de um inferno particular.

Explicação de provérbios 6



Provérbios 6.1 a 35

6.1 a 5 - Estes versículos alertam sobre o perigo de ser fiador (Provérbios 11.15) ou coassinar um empréstimo. Isto não significa que nunca devamos ser generosos ou ajudar os outros caso possamos, mas que não devemos prometer o que não podemos cumprir. No tempo de Salomão, um consignatário que não pudesse pagar perderia tudo o que tinha e, ainda por cima, seria reduzido à escravidão. Mesmo que as leis de hoje sejam diferentes, a incapacidade de quitar uma divida é ainda uma forma de escravidão e pode ser um problema sério.

6.6 a 11 - Este trecho alerta contra a armadilha da preguiça. O preguiçoso é refém do lazer. Tudo de que ele precisa para sobreviver pode ser aprendido com a formiga, uma criatura humilde que se ocupa em armazenar comida no verão para enfrentar o inverno que virá. Como a formiga, a pessoa sábia trabalha duro. Por outro lado, o preguiçoso é viciado em dormir e perdeu todo o interesse em trabalhar (Provérbios 26.13 a 16).

6.12 a 15 - O homem vicioso é criador de casos. Diferentemente do preguiçoso, cujo único desejo é encontrar outro lugar para cochilar, o criador de problemas mal pode esperar para se meter em novos apuros. Diferentemente do preguiçoso (versículo 6), ele se ocupa até demais, mas planejando coisas erradas. Ele se alegra em semear a intriga. Mas como o preguiçoso, ele não percebe que a destruição está próxima.

6.16 a 19 - Este trecho é um provérbio numérico (Provérbios 30.15-31) que descreve sete coisas que aborrece o Senhor. O uso de progressão numérica, seis coisas aborrece o Senhor, e a sétima..., nestes provérbios é um mecanismo retórico que embeleza a poesia, ajuda a memorizar e constrói um clímax. Dá a impressão de que há mais a ser dito sobre o assunto. A progressão incorpora não apenas os números, mas também as palavras que descrevem a resposta divina; o vocábulo aborrece progride para abomina. O termo “abomina” é a expressão mais forte da Bíblia de “ódio” pela perversidade (compare com Levítico 18.22). Em uma lista desse tipo, o último item é o mais importante. Assim, o leitor saberá que o que semeia contendas entre irmãos (versículo 19) é o que mais desagrada Deus.Compare com a benção de Deus aos irmãos que vivem juntos em paz (Salmos 133.1).

6.20 a 24 - Este trecho vincula os ensinamentos do pai com os da mãe (Provérbios 1.8). A instrução materna deve estar atada ao coração e ao pescoço da pessoa, como companhia permanente e guia confiável, como a Lei de Deus (compare com Deuteronômio 6.4 a 9 e 11.18 a 21). (Para as palavras lâmpada e luz, veja Salmos 119.105.)

6.25 - O termo “olhos” refere-se aos olhares sedutores.

6.26 - O contraste ressalta a terrível devastação que uma adúltera traz à vida de um homem. Comparada a confusão causada por uma prostituta, a adúltera consome a vida de sua vítima.


6.27 a 35 - Furta para saciar-se, tendo fome. Este trecho não apóia o roubo. Simplesmente compara o roubo, que poderia ser uma ação até compreensível se a razão for à fome, com o adultério, que nunca faz sentido. Jogar fora o compromisso com sua companheira da vida inteira é loucura. Para os antigos israelitas, fidelidade conjugal era sinal de fidelidade a Deus. Mas vale ressaltar que naquela época se um homem roubasse alimento era condenado a restituir sete vezes o valor roubado.

Explicação de provérbios 7



Provérbios 7.1 a 27

7.1 a 5 - O problema da imoralidade (Provérbios 2.16 a 19, 5.1 a 23 e 6.20 a 35) tem solução: “Guarda os meus mandamentos [...] como a menina dos teus olhos.” As pessoas devem guardar as palavras sábias como protegem a pupila dos seus olhos. Deus cuida do Seu povo com o mesmo zelo (Deuteronômio 32.10).

7.14 a 21 - Tudo o que a adúltera faz é perverso. Ela procura seduzir e mostrar suas ações supostamente boas, fazendo um convite ao jovem que ele não consegue recusar. Uma das estratégias dela é convidá-lo para um banquete, que teria como cardápio parte da oferta que ela apresentara ao Senhor como sacrifícios pacíficos [de comunhão, na NVI]. Afinal, este tipo de oferta era realizado para agradecer por uma misericórdia alcançada, e a carne do sacrifício tinha de ser comida no mesmo dia. Estes preparativos e convite seriam aceitáveis entre uma esposa e seu marido; seriam honrados por Deus. Porém, no caso da mulher imoral, e nada menos do que pura perversidade.

7.22 e 23 - Este trecho emprega varias metáforas desfavoráveis para descrever como um jovem tolo recai na imoralidade. A expressão “como o louco ao castigo das prisões” poderia ser traduzida “como um cervo que pateia até se ver preso”. A idéia é de que o jovem não tem noção do seu destino. Ele é tão insensato que nem tem noção de sua insensatez.


7.24 a 27 - O capítulo 7 termina com um epílogo (versículos 24 a 27) no qual se arremata a lição: “Agora, pois, filhos, dai-me ouvidos.” Em outras palavras, fique longe da mulher imoral! Ela é fatal, e já fez muitas vítimas.

Explicação de provérbios 8



Provérbios 8.1 a 36

8.1 a 11 - Este capítulo é um hino de louvor à maravilha de possuir sabedoria. A expressão, “não clama, porventura, a sabedoria?” atesta que a sabedoria deseja chegar a todos; por isso, dissemina sua mensagem publicamente, diferentemente da mulher imoral, que busca seus objetivos as ocultas e com mentiras. Pode-se confiar nas palavras de sabedoria; seus conselhos são gratuitos e benignos. Suas palavras de verdade contrastam com as mentiras da impiedade (Provérbios 7.21 a 023). A sabedoria cumpre as suas promessas; ela não é uma provocadora espalhafatosa. O que a sabedoria oferece tem valor inestimável, muito mais rico do que prata e ouro; não há pedra preciosa nem nada de valor que se compare a ela (uma expressão parecida se encontra em Provérbios 3.14 e 15).

8.12 e 13 - As palavras “eu, a sabedoria, habito com a prudência” abrem a segunda parte deste trecho sobre a excelência da sabedoria (versículo 12-21). Novamente, neste contexto, vemos a sabedoria atada diretamente ao temor do Senhor. A oferta de sabedoria só está aberta aos que temem a Deus. Aproximar-se da sabedoria requer aproximar-se do Altíssimo, o que significa afastar-se de tudo o que Ele abomina, o mal, o orgulho, a arrogância, o mau comportamento e a fala perversa. Jesus disse que a verdade está nele (João 8.32).

8.14 a 21 - Neste trecho bíblico, fala-se de príncipes, nobres e juízes. Para que as autoridades possam exercer seu poder com idoneidade é preciso o uso da sabedoria, um de seus apelos mais requintados. Além disso, a sabedoria leva aqueles que a seguem a riquezas e honra (Provérbios 9.1 a 6). É um contraste chocante com o destino do tolo (Provérbios 6.33 e 35).

8.22 a 31 - Esta parte do capítulo 8 descreve o papel da sabedoria na criação. O Senhor me possuiu no princípio de seus caminhos. Nesta expressão, o termo “possuiu” em hebraico pode significar “trouxe” ou “criou”. Melquisedeque usou a mesma palavra para identificar Deus como o Criador do universo (Gênesis 14.19). O Senhor, sempre sábio, produziu a sabedoria; O Senhor, dono de todo conhecimento, criou o conhecimento. A sabedoria só teve um princípio no sentido de que Deus, naquele momento, separou-a para exibi-la; na medida em que é uma das perfeições de Deus, ela sempre existiu (versículo 23). Estes versículos fornecem parte do contexto para o retrato de Cristo no NT como a Palavra divina (João 1.1 a 3) e como a sabedoria de Deus (1 Coríntios 1.24 e 30 e Colossenses 2.3).

8.30 e 31 - Usando de sabedoria, Deus criou o universo. Logo, um estudo devido sobre o universo é uma descoberta progressiva da sabedoria de Deus (Romanos 1.20). A palavra “delicias” expressa a exuberância brincalhona e infantil da Sabedoria, como um filho querido. E sua maior alegria está no ápice da obra de Deus, os filhos dos homens, ou seja, na humanidade.


8.32 a 36 - Esta parte é o epílogo do hino de louvor do capítulo 8. Apela para que todos o ouçam: “Agora, pois, filhos, ouvi-me.” A sabedoria oferece bênçãos e vida a todos os que lhe seguem, mas amaldiçoa e mata os que a odeiam. O gentil convite da sabedoria e mais desejável do que qualquer coisa e leva-nos a uma vida bem-aventurada.

Explicação de provérbios 9



Provérbios 9.1 a 18

9.1 - Aqui reside o contraste definitivo entre loucura e sabedoria. Cada uma delas oferece um banquete para a vida (versículo 1 a 6) e outro para a morte (versículo 13 a 18). Entre essas duas seções há uma parte (versículo 7 a 12) que fala das conseqüências da vida de sabedoria versus a de insensatez. Assim como em Provérbio 1.20, no versículo 1 do capitulo 9 o termo hebraico traduzido como “sabedoria” esta no plural, e não no singular, para chamar a atenção. “Sete colunas”. Nesta expressão, o número sete representa a completude, conforme é comum na poesia semítica. Ou seja, não é que houvesse literalmente sete colunas, mas sim que a casa da sabedoria tinha firmeza e caráter substancial.

9.2 e 3 - Dentre os alimentos do banquete da sabedoria constavam carne e vinho, servidos sobre uma bela mesa (Provérbios 7.14). A carne recém-abatida era o diferencial do banquete nos tempos bíblicos. Já o vinho era um gênero precioso no antigo Israel; mas em banquetes especiais, o anfitrião acrescentava temperos aromáticos ao vinho, acentuando o aroma e melhorando o gosto (Cantares 8.2). Tudo isso contrasta com a atitude da mulher insensata. Enquanto a sabedoria ocupa-se em cuidar de cada detalhe como uma anfitriã zelosa, a insensatez se senta a porta de casa sem ter o que fazer (versículo 14) A sabedoria manda suas criadas correrem a cidade para convidar as pessoas para o jantar.

9.4 a 6 - A sabedoria faz questão de convidar para o seu banquete os simples, quer dizer, aqueles que ainda não se decidiram pelo caminho que tomarão na vida (Provérbios 1.4 e 7.6). Com as palavras “pão e vinho”, a sabedoria promete vida. A pessoa que se aproxima da sabedoria não tem nada a perder senão sua ingenuidade. Leia Hebreus 5.14, onde fala da pessoa madura como aquela que é capaz de desfrutar bem do alimento sólido e alcançar o crescimento espiritual, enquanto a ingênua só consegue beber leite e continuar sendo menino na fé (Hebreus 5.13).

9.7 a 9 - “Escarnecedor” ou “zombador” é quem se opõe frontalmente a sabedoria (Provérbios 1.22), escarnecendo do que é de Deus (SI 1.1). Como a pessoa deve reagir ao zombador? O melhor é nem dar resposta. O sábio, por sua vez, aceita ser corrigido e reage com gratidão ao que apontou o seu erro. O sábio sempre aceita criticas construtivas; fica implícito que ele é uma pessoa humilde (Provérbios 3.7, 9.10 e 11.2).

9.10 a 12 - O temor do Senhor é o tema central do livro dos Provérbios (Provérbios 1.7). A única maneira apropriada de aproximar-se do santo Deus é com temor, ou seja, reverência. O termo “Santo” é um nome plural e majestoso da palavra hebraica que poderia ser traduzido como o Santíssimo ou a quintessência da santidade. A expressão para ti mostra que você mesmo sentirá os efeitos de sua sabedoria ou insensatez; é impossível escapar deles.


9.13 a 18 - Esta parte faz uma paródia dos versículos 1 a 6. Nos seis primeiros versículos deste capítulo, a sabedoria personifica o valor da sabedoria. Já nesta segunda parte (versículo 13 a 18), é a vez de a insensatez ser personificada, comparada neste caso com uma mulher louca. Ela fala em voz alta, e inconsequente, estridente, indisciplinada e não sabe coisa alguma (Provérbios 7.10 a 12). Ela grita as mesmas palavras que a sabedoria usa (compare o versículo 16 com o versículo 4), mas com uma diferença: ela não tem nenhum banquete maravilhoso para seus convidados, mas apenas comida ordinária, furtada e escassa. Embora receba muita atenção, seu convite só faz sentido para os faltos de entendimento.

Explicação de provérbios 10



Provérbios 10.1 a 32

10.1 - Os provérbios de Salomão concentram-se no filho sábio, como nos capítulos 1 a 9, e o comparam com o filho louco. O termo “filho” é genérico, a questão central não é ser filho em vez de filha, mas sim se ele (a) é sábio (a) ou louco (a). O comportamento de um filho afeta ambos os pais. Os pais têm sua fonte de alegria ou tristeza no filho que demonstra capacidade para a vida. O tempo dos verbos sugere que o filho sábio alegra seus pais continuamente e que o filho louco traz contínuos dissabores aos seus pais.

10.2 - Este versículo é um alerta contra confiar na riqueza, e não na retidão pessoal. Os perversos podem ser ricos, mas essa riqueza não lhes adiantará de nada depois de mortos. Neste caso, a morte é algo a temer, se a pessoa não conhece Deus. O fato de a integridade libertar da morte pressagia certa esperança de vida após a morte.

10.3 - Este versículo fala de como Deus generosamente provê as necessidades da alma dos justos, mas retribui com Sua justiça aos ímpios. Provérbios assim ressaltam (1) as circunstâncias como deveriam ser e (2) o fim dos ímpios (SaImos 73.17). Não indicam necessariamente a vida como ela sempre é, nem o que os ímpios estão vivendo neste momento.

10.4 - Muitas vezes os Provérbios vinculam preguiça à pobreza, e trabalho duro à riqueza (versículo 2). Este provérbio determina a norma.

10.5 - A expressão “ajunta no verão” compara a pessoa habilidosa a vergonhosa, baseando-se no quanto trabalham durante a época da colheita. A descrição da segunda pessoa é particularmente dura: o que dorme na sega.

10.6 - A idéia apresentada por este provérbio põe em contraste uma aura abençoada que paira sobre o justo com o cheiro pútrido da violência que emana do ímpio.

10.7 - Naquela época, o nome da pessoa era significativo e importante. Quando o nome da pessoa era lembrado pelas gerações futuras como bom, atribuía-se grande valor a vida dessa pessoa. Mas quando a memória de um nome era poluída, era como se esta pessoa jamais tivesse vivido.

10.8 - O termo hebraico traduzido como “será transtornado” significa “está arruinado”, e provem da mesma raiz de “apodrecerá” no versículo 7. Este tipo de paralelismo poético deve ter agradado os israelitas da Antiguidade.

10.9 - Muitos provérbios comparam dois caminhos na vida. A expressão “anda em sinceridade” significa obedecer a Lei de Deus como um plano de vida. Escolher caminhos tortuosos e desdenhar do propósito da Lei que Deus generosamente nos apresentou.

10.10 - Embora muitos provérbios comparem dois comportamentos, as duas partes deste provérbio falam de más ações. Além disso, a segunda parte deste provérbio é idêntica a segunda parte do versículo 8. Trata-se de um vínculo que dá liga ao trecho.

10.11 - Aqui há mais um provérbio tratando da boca (Provérbios 10.6,8 e 10). Este versículo apresenta a fala como produto externo da realidade interna. A expressão manancial de vida é praticamente uma imagem divina, uma antítese bastante forte a palavra “violência”.

10.12 - Este versículo trata das relações interpessoais, e não da salvação. O ódio é uma arma do diabo para gerar contendas, mas a pessoa sábia reage às transgressões ou desentendimentos com amor, tolerância e desejo forte de fazer o bem. Caso o indivíduo revidasse as ofensas de forma negativa, o ódio seria despertado no coração de ambas as pessoas envolvidas na situação, configurando em uma atitude sem sabedoria.

10.13 - Este provérbio declara que as palavras podem ter um papel positivo, o de comunicar sabedoria. A palavra “vara” se refere ao castigo, neste caso, merecido. As palavras “falto de entendimento” vem da expressão idiomática hebraica “falto de coração”. Aquele a quem “falta coração” e é comparado desfavoravelmente ao que e sábio de coração (versículo 8).

10.14 e 15 - A expressão “escondem” [“acumulam”, na NVI] a sabedoria é um tema forte nos textos de orientação dos capítulos 1 a 9 (Provérbios 1.1 a 3 e 3.1). O versículo 14 compara a busca de conhecimento do sábio com a fala vazia do tolo. Já no versículo 15, a fazenda [“riqueza”, na NVI] é comparada a uma fortaleza. Neste caso, quer dizer que uma cidade rica terá maior segurança para suportar os ataques inimigos do que uma cidade pobre. Naquela época, só as cidades muradas estavam preparadas para resistir às forcas adversárias.

10.16 e 17 - Estes versículos apresentam a doutrina dos dois caminhos: o do justo, que leva a vida; e o do ímpio, que conduz ao pecado. A expressão “as produções do ímpio” assemelha-se com o que Paulo escreveu em Romanos 6.23: o salário do pecado e a morte.

10.18 a 21 - Estes versículos falam dos perigos da fala, especialmente a mentira e a difamação. Para evitar estes pecados é preciso praticar a autocontenção.

10.22 - O vínculo da riqueza com a benção do Senhor é explicitado neste versículo. Nesta sentença, Yahweh concede ausência de tristezas e fartura de riquezas. Que benção!

10.23 e 24 - A palavra traduzida como “divertimento” geralmente significa “riso alegre” (Salmos 126.2). Às vezes, quer dizer “risada vazia” (Provérbios 14.13, Eclesiastes 7.3 e 6). Aqui, o provérbio emprega a palavra de forma completamente negativa. Para o tolo, a perversidade não passa de um jogo. Ele inventa as regras conforme progride. Para ele, só perderia se fosse pego. Mas quem tem entendimento tem uma perspectiva de longo prazo. No fim, ele consegue o que deseja, enquanto a justiça se abate sobre o ímpio.

10.25 - A natureza breve dos perversos é comparada a estabilidade dos justos. Assim como o Salmos 1.3 e 4, onde os justos são comparados a uma árvore, e os ímpios, a moinha, neste provérbio a tempestade sopra e espalha os ímpios, mas não tira os justos do lugar. O perpetuo fundamento dos justos é a fé em Deus, assim como as águas que alimentam a árvore do Salmos 1.3.

10.26 - O preguiçoso é uma figura cômica nos provérbios. Aqui o preguiçoso irrita aquele que o mandou cumprir uma tarefa. Ele é como o sabor ácido do vinagre na boca, como uma fumaça que irrita a vista.

10.27 - Este versículo contem a primeira aparição da expressão temor do Senhor nos capítulos 10 a 22 (Provérbios 1.7 e 29, 2.5, 8.13 e 9.10). O vinculo da devoção com a vida longa e da perversidade com a morte precoce é outro tema comum em Provérbios 3.1 e 2.

10.28 - O justo tem algo por que esperar com alegria; o ímpio não (versículo 24)

10.29 - Cada pessoa vê o caminho do Senhor de forma diferente. Quem é inocente o vê como refugio da tempestade e do calor do dia. Os iníquos o vêem somente como fonte de terror. A perspectiva de quem vê faz toda a diferença; o caminho do Senhor continua sempre o mesmo, puro.

10.30 - Este provérbio demonstra forte confiança na sobrevivência definitiva dos justos e no juízo final dos ímpios. Em nossa experiência limitada, podemos ver os ímpios com sucesso e os justos batalhando para sobreviver. Mas no juízo final (Salmos 73) inverterão os seus destinos.


10.31 e 32 - Estes versículos formam outro par de sentenças sobre a fala verdadeira e a falsa. Podem ser comparados a Provérbio 10.11,13, 20 e 21 e Tiago 3. Esta repetição com variações indica a importância da verdade e da mentira tanto naquela época como no mundo moderno.

Explicação de provérbios 11



Provérbios 11.1 a 31

11.1 - Tratar o próximo de forma justa é um prolongamento do mandamento para amar o próximo como a si mesmo (Levítico 19.18), que, por sua vez, é um prolongamento do mandamento principal a Israel: amar somente a Deus (Deuteronômio 6.4 a 9). É por isso que balança enganosa é uma abominação para Deus, um termo que descreve uma aversão de revirar o estômago.

11.2 - Muitos provérbios comparam o arrogante ao humilde, assim como podemos ver aqui. A palavra “soberba” em hebraico provem de uma raiz que significa “ferver”; refere-se a uma arrogância ou insolência exagerada. Esta imagem é da postura presunçosa ou arrogante da pessoa sem Deus. Esta postura conduz sempre a afronta.

11.3 a 6 - Estes versículos formam uma série de provérbios que comparam os resultados da retidão com os da perversidade na vida das pessoas. Assim como se compara o orgulho a humildade no versículo 2, a sinceridade e a perversidade são comparadas no versículo 3.

11.4 a 6 - Ocasionalmente, os provérbios falam da morte como uma época de recompensa e castigo. As riquezas não tem qualquer poder sobre isto. Somente a retidão tem sentido e poder após a morte.

11.7 - Enquanto a pessoa viver, há razão para esperança. Mas se a pessoa viveu sem Deus, quando sua vida acaba, a esperança também cessa.

11.8 - Neste versículo, talvez também se esteja falando de questões mortais; os problemas do qual o justo escapa são aqueles que o ímpio terá.

11.9 - O homem profano pode jogar o nome de seu vizinho na lama com suas palavras, assim como o justo é liberto pelo conhecimento. Os poderes negativos e positivos da fala são dos mais impressionantes conceitos destas sentenças.

11.10 e 11 - Os verdadeiros justos trazem justiça a todos da cidade, e a cidade vivencia a verdadeira paz, isto é, shalom, que traz o sentido de “ser completo”, “ser cheio” ou “ser pleno”. Muitos salmistas clamavam pela redenção dos justos e pelo fim do mal (SaImos 69.22 a 28). (Leia a historia de Sodoma e Gomorra em Gênesis 18.22 a 33 para saber o que acontece com uma cidade em que não há justos.)

11.12 - A paciência e o controle fazem parte da sabedoria. Alguém falto de sabedoria, a quem “falta coração” (Provérbios 10.13), despreza o seu próximo. Mas a pessoa que possui entendimento tem juízo para controlar seu lado passional e ficar calada (Provérbios 17.28).

11.13 - O amigo fiel encobre os assuntos delicados que o infiel revela. O amor cobre todas as transgressões (Provérbios 10.12; Tiago 5.20 e 1 Pedro 4.8).

11.14 - Tanto na Antiguidade como na atualidade, os líderes das nações precisam de conselheiros. Na verdade, todas as pessoas precisam de conselhos de pessoas sabias e confiáveis.

11.15 e 16 - Estes provérbios equilibram um ao outro. O primeiro alerta contra ficar por fiador ou dar aval a estranhos. O segundo elogia a generosidade, de onde provem a honra. Uma das maiores virtudes é não ser possessivo. Os membros da igreja do primeiro século doavam generosamente aos necessitados (Atos 2.44 e 45 e 4.32 a 35).

11.17 - Mais um versículo sobre generosidade fala do bem que volta para o benfeitor. A avareza, por sua vez, tende a reduzir a pessoa cruel ao mesmo tamanho de seu coração mesquinho.

11.18 - O trabalho fraudulento provem da iniqüidade; o bom trabalho, da retidão. O justo faz por merecer seu salário; o ímpio apenas rouba.

11.19 - Provérbios como este nos recordam que a busca da retidão é uma questão de vida ou morte.

11.20 - Os conceitos contrastantes de abominação e deleite de Yahweh (Provérbios 11.1) reaparecem aqui com respeito aos valores contrastantes da perversidade e benignidade da alma e da trajetória do homem na vida. E possível fazer o Senhor sorrir pela forma como se viveu a vida. Também é possível causar-lhe revolta.

11.21 - A expressão “junte mão a mão” é literal; significa “juntar forças”. Opor-se coletivamente aos propósitos de Deus é completamente sem sentido (Salmos 2.1 a 4).

11.22 - Uma joia de ouro no focinho de uma porca não teria sentido. Os antigos israelitas julgavam os porcos sujos e repelentes. A pessoa imoral e comparada a este animal, não importa qual seja a aparência externa.

11.23 - O termo “desejo” é usado em alguns provérbios num sentido negativo (Provérbios 13.12 e 19, 18.1 e 19.22), mas aqui ele é usado em sentido positivo. O justo deseja o bem.

11.24 a 27 - Estes provérbios precisam ser modelos da nossa postura em relação à riqueza: deve ser repartida. A mesquinharia pode levar a perda. Já a generosidade tem o efeito oposto. Ser egoísta é insensatez, porque só cria inimigos e desonra Deus.

11.28 - Este provérbio fala da insensatez de confiar nas riquezas. A segunda parte deste versículo pode ser às vezes mal-interpretada como se dissesse que a retidão sempre leva ao sucesso. O provérbio na verdade fala da postura de uma pessoa em relação à riqueza. É tolice por a confiança em riquezas em vez de confiar em Deus.

11.29 - Certos atos insensatos prejudicam ativamente a família. Eis ai uma estrada certa para a ruína para herdar o vento.

11.30 - Conforme Provérbio 3.18, a imagem da árvore de vida denota a árvore do jardim do Éden (Gênesis 2 e 3). A retidão e a sabedoria são formas de recuperar a árvore da vida perdida.


11.31 - Como os justos vão receber sua recompensa no final (2 Coríntios 5.10), deduz-se que os ímpios, que desafiam Deus e entram em conflito com Sua obra, certamente serão julgados.

Explicação de provérbios 12



Provérbios 12.1 a 28

12.1 - O sábio sabe que a disciplina e a orientação são a sua própria recompensa. Mas quem abomina ser repreendido é um bruto (literalmente, imbecil).

12.2 - Este versículo fala sobre a repreensão de Deus aos homens de pensamentos perversos. O Evangelho de João fala de alguém já condenado por ter feito o mal, e que se agarra propositalmente a escuridão embora a luz já tenha chegado (João 3.16 a 21).

12.3 - Este provérbio fala sobre o fim definitivo do ímpio e do justo. O que seguir a impiedade terminara em ruína, mas os justos restarão de pé, como à imagem da árvore em Salmo 1.3.

12.4 - A mulher virtuosa (“mulher exemplar”, na NVI) e a mesma expressão hebraica empregada no famoso acróstico de Provérbios 31.10 a 31. O homem que se casa com uma mulher virtuosa deve agradar-se, porque o caráter nobre dela é uma honraria para ele.

12.5 e 6 - Devemos estar atentos aos pensamentos que rondam nossa mente, pois são eles que determinam o que falamos e dizemos. Por isso, no mínimo, precisam não ser enganosos e perversos. O versículo 6 lembra que as palavras dos ímpios são como uma tocaia mortal, pois elas provem de pensamentos perversos.

12.7 - Aqui, o poeta mostra o fim dos ímpios e dos justos. Os perversos estão com os dias contados e serão totalmente derrotados, mas os justos resistem às adversidades e permanecem eternamente com o Senhor.

12.8 - Eis aqui um elogio adequado a quem demonstra ser sábio, especialmente quando usa esta sabedoria para o bem do próximo. Em contrapartida, o ímpio não merece qualquer louvor, a não ser o desprezo por seu coração desviado.

12.9 - Este é mais um provérbio que usa a comparação com a expressão “melhor é... do que”.Este versículo ressalta que o homem humilde que trabalha para se sustentar (e não tem servos) é melhor do que o que exalta a si mesmo achando ser superior aos outros e não coloca o alimento na mesa. A pretensão e a arrogância destroem o ser humano.

12.10 - O homem bom é sensível para respeitar e cuidar do bem-estar dos animais, mas o ímpio, mesmo sendo sensível, não se preocupa e é cruel ate mesmo com os seres humanos.

12.11 - Muitos provérbios destacam o contraste do trabalho duro com a preguiça. O sábio trabalha duro, enquanto que o tolo perde tempo.

12.12 e 13 - A perversidade faz mal aos ímpios; a retidão ajuda os justos (versículo 14). Isto é outra forma de dizer que tudo o que o homem semear, isso também ceifara (Gálatas 6.7). A expressão “a raiz dos justos” também aparece no versículo 3.

12.14 - A satisfação não vem por causa do exotismo ou estranheza de alguma coisa, mas sim por falar e agir com retidão. Sentir que realizou um trabalho bem-feito e recompensa suficiente para os sábios.

12.15 - O auto engano do tolo é notório. Ele gosta de estar do lado errado e não procura conselhos quando precisa. Afinal, buscar ajuda e admitir uma necessidade, algo que o tolo nunca é capaz de assumir por ter um ego extremamente inflado.

12.16 - Um homem insensato não tem autocontrole e deixa-se provocar facilmente, externando afrontas. Cuidado com as palavras descuidadas, pois podem tornar-nos tolos. Então é aconselhável pensar antes de falar. O rei Davi demonstrava esta preocupação (2 Samuel 16.5 a 12).

12.17 - Justiça e engano são características presentes na testemunha fidedigna e na mentirosa, respectivamente.

12.18 e 19 - Muitos provérbios elogiam aqueles que falam cuidadosa e verdadeiramente. A fala espelha o caráter da pessoa. As palavras do justo são confiáveis e verdadeiras (versículo 17), e apaziguam quem as ouve.

12.20 - O modo como as pessoas agem ou se expressam reflete o que há no coração delas. Os que planejam o mal tem engano no seu coração; os que advogam a paz tem alegria.

12.21 - O medo do castigo só vale para os ímpios. O justo não tem nada a temer. Apesar de também enfrentar calamidades, o justo pode sempre contar com a provisão e intercessão divina para superar os problemas da vida cotidiana. Outra possível interpretação deste versículo é que nenhum agravo se refira à realidade última [quando os salvos em Cristo desfrutarão da vida eterna e não mais sofrerão as dores deste mundo], e não a nossa experiência enquanto vivemos aqui na terra.

12.22 e 23 - O termo “abominável” significa ódio extremo, e isto enoja o Senhor (Provérbios 11.20). Portanto, é melhor ficar em silencio do que ter lábios mentirosos.

12.24 - Qualquer um que procure obter um alto cargo não pode dar-se ao luxo de ser enganador (versículo 11 e 14).

12.25 - A solicitude [“coração ansioso”, na NVI] perde um pouco de sua força em face de uma palavra positiva de incentivo. As palavras de encorajamento de Barnabé a Paulo são um grande exemplo disso (Atos 4.36, 9.27, 11.2 a 30 e Gálatas 2.1).

12.26 - Nossos amigos ajudam-nos a determinar quem havemos de tornar-nos (1 Coríntios 15.33).

12.27 - O preguiçoso trabalha, mas não termina aquilo que começa. A cura para a preguiça é ser diligente, seguir em frente até terminar.


12.28 - Adequadamente, o último provérbio deste capítulo fala outra vez em questões de vida ou morte.

Explicação de provérbios 13



Provérbios 13.1 a 25

13.1 - O filho sábio ouve a instrução (Provérbios 10.1 e 17) e é melhor do que o escarnecedor, o pior tipo de insensato (Salmos 1.1). Alguns tolos são ingênuos e inexperientes, mas abertos a sugestões; às vezes até os que já são insensatos há tempos repensam sua posição. O escarnecedor, porém, ri da justiça e não gosta de censuras.

13.2 e 3 - É destacado aqui o uso apropriado da fala, tornando-se assim um recurso valioso. Entretanto, quando a fala não é usada de forma adequada, pode gerar contendas e dissensões. Às vezes, dizer a palavra errada pode até por uma vida em risco.

13.4 - O preguiçoso é consumido por desejos insaciáveis porque nunca são realizados. A pessoa laboriosa pode conseguir seus objetivos e encontrar a satisfação.

13.5 - A pessoa que aborrece a palavra de mentira não se sente simplesmente mal com isso, mas a evita a todo custo.

13.6 - Nos provérbios, a justiça é retratada como amiga e a impiedade como inimiga (Provérbios 11.27). A impiedade nos fere, mas a justiça nos ampara.

13.7 - Há quem se faça rico, não tendo coisa nenhuma. Este paradoxo de a ganância levar à pobreza e a generosidade conduzir à riqueza é um tema recorrente nas Escrituras (Provérbios 11.24 e Mateus 6.19 a 21). A questão não é quanto dinheiro se tem, mas como é usado.

13.8 - Uma pessoa muito rica pode ter de gastar essa riqueza para pagar um resgate. Porém, o pobre tem pouca probabilidade de passar um apuro pelo qual tenha de pagar um resgate. Boa parte dos pobres poderia querer correr este risco, mas há algum valor de proteção pessoal na pobreza.

13.9 - Para o antigo israelita, a candeia era a única fonte de luz a noite. Sem ela, a pessoa não tinha como enxergar o caminho a sua frente (Provérbios 20.20 e 24.20).

13.10 - A palavra soberba (Provérbios 11.2) não se refere à auto estima ou a uma postura mental positiva, mas a arrogância e a recusa de adorar a Deus. Este tipo de orgulho é egoísta e leva a conflitos.

13.11 - Este provérbio descreve as conseqüências naturais a longo prazo de trapacear. As pessoas que comprometem sua honestidade para ficarem ricas simplesmente adiam a necessidade inevitável de trabalhar para ganhar o seu pão. Chega o dia em que sua trapaça é exposta, momento em que, provavelmente, os colegas honestos já obtiveram algo digno e duradouro por meio da labuta.

13.12 - A árvore de vida (Provérbios 11.30) simboliza o alcance de um desejo profundamente sentido. É como retornar ao jardim do Éden.

13.13 - Uma pessoa pode desprezar a instrução ou reagir com reverencia a ela, compreendendo que o Orientador maior é Deus. A correção só existe para o bem de cada um.

13.14 - Seguir a sabedoria é algo que nos conduz direto para a fonte de vida (Provérbios 10.11). Se pesquisarmos sobre a antiga Judá, descobriremos que em sua terra árida havia uma fonte para saciar a sede das pessoas e dos rebanhos. Era uma necessidade, uma fonte de vida, assim como a sabedoria é indispensável ao ser humano. A fonte também servia como ilustração da salvação (Isaias 12.1 a 3).

13.15 - A graça de Deus e de outras pessoas, a boa reputação, é altamente desejável, porque ela assegura que você não estará só em sua vida. A graça provem do bom entendimento.Uma boa reputação era a primeira qualificação listada pelos apóstolos para os diáconos da igreja do primeiro século (Atos 6.3).

13.16 - Mais um provérbio em que coloca o prudente e o tolo frente a frente. Neste versículo, destaca-se que o primeiro costuma agir com entendimento, o que é adquirido no estudo da Palavra, e que o segundo vive segundo a sua insensatez.

13.17 - Naquela época, era comum contratarem mensageiros particulares quando os serviços postais do governo não estavam funcionando. Esses homens tinham de ser diligentes e fieis em seu ofício. Só que, durante a viagem, o mensageiro era surpreendido por imprevistos ou envolvia-se com coisas prejudiciais. Assim, ele se desviava de seu propósito principal e não cumpria sua missão com êxito, prejudicando quem o contratou. Por isso, este versículo faz uma retaliação ao mau mensageiro. É preciso ser um mensageiro fiel, bem-sucedido.

13.18 - Este é mais um provérbio sobre o desprezo a instrução (Provérbios 13.1). Fala da pobreza como conseqüência lógica daquele comportamento inconseqüente.

13.19 - Poucas coisas agradam tanto quanto a realização de um desejo. Entretanto, a insensatez dos tolos é tão profundamente enraizada que, se ele abandonar seu caminho autodestrutivo, sente-se enfermo. O termo usado para esta sensação ruim, “abominação”, é o mesmo usado para falar do sentimento do Senhor diante das atitudes tolas em outras passagens (Provérbios 11.1).

13.20 - A escolha de amigos (Provérbios 12.26) é extremamente importante, pois a influência destes sobre nossa vida é muito mais forte do que a maior parte das pessoas percebe.

13.21 - O mal é inimigo do pecador (versículo 6), e não amigo; ele é seu perseguidor, e não companheiro.

13.22 - No livro dos Provérbios, riqueza é um tópico com muitos desdobramentos. Dentre as diversas abordagens, vemos que a riqueza pode ser um beneficio da vida reta (Provérbios 13.11 e 10.22), mas isso não é garantido (Provérbios 28.6); notamos que ela não pode tornar a pessoa boa (Provérbios 11.4), e, no fim, importa menos do que alcançar graça aos olhos de Deus (Provérbios 11.28). O homem de bem sabe disso e confia no Senhor para suprir suas necessidades. Em contrapartida, o pecador tenta amealhar e conservar a riqueza, mas no fim fracassa.

13.23 - Este provérbio aborda a injustiça; observa que alguns pobres até têm bens, mas estes lhe foram tomados por falta de juízo [falta de justiça, na NVI].

13.24 - Este é o primeiro de vários provérbios sobre disciplina familiar. Quando os pais disciplinam os filhos com amor, estão copiando o exemplo da correção com amor exercida por Deus (Provérbios 3.11 e 12).


13.25 - A satisfação genuína esta ligada a retidão; o fracasso abjeto está ligado à perversidade.

Explicação de provérbios 14



Provérbios 14.1 a 35

14.1 - A mulher sábia edifica a sua casa, ou seja, ela cria um ambiente pacífico para zelar por sua família.

14.2 - A expressão “teme ao Senhor” contrasta fortemente com “despreza-o”. O amor pela sinceridade coincide naturalmente com o amor e o respeito pelo mais sincero de todos, o próprio Deus. Por outro lado, o apreço pela perversidade resulta em ódio por Ele. O temor ao Senhor como princípio da sabedoria é o tema central de Provérbios (Provérbios 1.7).

14.3 - Este versículo alerta para o perigo da fala impulsiva e as compensações por se pensar antes de falar. As palavras do tolo tomam a forma de uma vara pronta para seus inimigos aplicarem contra ele. Este provérbio recorda que há muita gente que é a pior inimiga de si mesma.

14.4 - O fazendeiro precisa tolerar um pouco de bagunça no celeiro se quiser criar boi para ajudá-lo na colheita ou servir de fonte de alimento. Não se trata de uma desculpa para ser desleixado, mas de um incentivo para trabalhar com afinco.

14.5 - Este versículo reafirma a lei de Deus: “Não dirás falso testemunho contra seu próximo” (Êxodo 20.16 e Deuteronômio 5.20).

14.6 - A imagem do escarnecedor retorna neste versículo (Provérbios 13.1) como um truque poético para demonstrar a validade da busca por sabedoria pelos prudentes.

14.7 - O tolo não é um mero incomodo; ele é um risco para a alma. A insensatez não é simplesmente desagradável; é um perigo para a vida. Assim, a reação prudente a insensatez enraizada é evitá-la como o perigo que é. Só o tolo corteja o desastre brincando com a insensatez.

14.8 - Este provérbio põe em contraste as pessoas prudentes e as tolas. Os sábios sabem o que estão fazendo e por que. Têm motivos sábios para suas ações, baseados no conhecimento que têm de suas opções. Os tolos, por sua vez, enganam com tanta freqüência que se enrolam na própria mentira. Não sabem para aonde estão indo.

14.9 - A profundidade da estultícia é vista quando o tolo zomba do pecado e de suas conseqüências; é a pior forma de auto-engano. O sábio, por sua vez, concentra-se em agradar ao Senhor.

14.10 - Um dos provérbios mais significativos sobre os sentimentos e as reações do individuo é este: ninguém conhece as dores ou alegrias do outro. A empatia é uma ciência de aproximação, jamais exata. Ainda assim, devemos recordar as palavras do hino maravilhoso: “Ninguém sabe..., a não ser Jesus!”

14.12 - Só quando é tarde demais, a pessoa iludida descobre que esta na engarrafada estrada que leva a morte. Não está implícito que ela tenha sido enganada, mas que ela confiou demais na sua própria sabedoria, em vez de recorrer, humildemente, a Deus. Diversos provérbios apresentam sua mensagem em termos de dois caminhos — um que leva a vida, e outro que conduz a morte (Provérbios 16.25).

14.13 - Raramente, as emoções mais profundas são simples. São inúmeras as complexidades da maravilhosa configuração da personalidade humana.

14.14 - A pessoa que tiver o coração desleal saciar-se-á com os produtos de suas perversões. Da mesma forma, o homem de bem se saciara com os produtos de sua sinceridade. O bem triunfara, e o mal será julgado.

14.15 - Uma característica da pessoa ingênua é a facilidade de acreditar em qualquer coisa. A pessoa prudente tem mais cuidado.

14.16 - A expressão “teme e desvia-se do mal” sugere temor de Deus (versículo 2).

14.17 - Tanto os irritadiços [NVI] como os que tencionam o mal são tolos. Os sábios não se misturam com eles para que não tenham parte em suas loucuras.

14.18 - Os contrastes entre o ingênuo e o prudente (Provérbios 14.15) continuam neste versículo. A pessoa simples ou ingênua tem um legado de tolices que ela pensa que vai ajudá-la a melhorar sua vida. O prudente está como que coroado pelo seu conhecimento; ou seja, a característica que mais chama atenção nele é a sabedoria que ele compartilha.

14.19 - Dentro das antigas cidades muradas, a área do portão seria normalmente a parte mais frágil da muralha. Os engenheiros da antiga Canaã elaboraram estruturas complexas para fortificar este ponto. Controlar o portão da cidade significava controlar a cidade; ser subjugado pelo portão significava incapacidade de derrotar suas defesas. No fim das contas, os perversos se submeterão as portas do justo.

14.20 - Este é outro provérbio espirituoso (Provérbios 14.11 e 12.27). Neste caso, fala ironicamente de como o dinheiro atrai vários amigos.

14.21 - Jesus assinalou que o mandamento de amar os outros e não odiá-los só é menos importante que o de amar Deus (Mateus 22.39). (Veja Levitico 19.13 e 17, para a lei que adverte o não desprezo ao próximo.)

14.22 - As duas palavras de devoção mais importantes da Bíblia são beneficência e fidelidade. Juntas, elas significam fidelidade constante ou lealdade verdadeira. No Novo Testamento, o equivalente grego desta expressão é traduzido como “graça e verdade” (João 1.14) e é usado para se referir ao Senhor Jesus. Quem trama o mal nada conhece destas virtudes.

14.23 - Falar que vai fazer não é a mesma coisa que fazê-lo. Apenas falar leva a pobreza. Só o agir leva as vantagens tão procuradas.

14.24 - Este versículo precisa ser balanceado por outros que aconselham mais prudência. Uma coisa é certa: insensatez só gera mais insensatez, e esta proliferação se dá em alta velocidade.

14.25 - Não devemos esperar mais de uma falsa testemunha do que a falsidade (Provérbios 14.5), mas podemos descobrir que a verdadeira testemunha não apenas diz a verdade, como também pode salvar inocentes.

14.26 e 27 - Estes versículos contem a idéia central do livro de Provérbios, o temor do Senhor (Provérbios 14.2). O temor de Deus proporciona tanto proteção como fonte de vida (Provérbios 13.14 e 18.10) para as pessoas, uma imagem que relembra o jardim do Éden.

14.28 - Não há muito a dizer de um rei sem súditos, exceto, talvez, que ele é um impostor no trono. Quanto maior o povo, maior a glória do rei.

14.29 - Trabalhar para não ter “pavio curto” não é sinal de letargia, mas de sabedoria. O tolo perde a calma sempre, confirmando sua estultícia.

14.30 - Da mesma forma pela qual um coração sadio garante a saúde do corpo todo, a inveja pode apodrecer os ossos (que representam a parte física e psicológica).

14.31 - Por vezes, as Escrituras ressaltam que a forma como você trata as pessoas é a mesma com a qual lida com Deus (Êxodo 22.22 a 24, Mateus 25.31 a 46 e 1 João 4.20).

14.32 - Alguns provérbios descrevem a libertação da própria morte (Provérbios 11.4). O ensinamento da vida após a morte não é muito disseminado no Antigo Testamento, mas também não foi completamente deixado de lado.

14.33 - Este provérbio observa que a sabedoria não é totalmente desconhecida pelos tolos, porque, de vez em quando, ela se deixa perceber de relance por eles. No entanto, o verdadeiro lar da sabedoria é junto daquele que possui um coração compreensivo. O contraste de um relance ocasional de sabedoria com o repouso permanente dela junto a pessoa que possui entendimento é gritante.

14.34 - Embora cada indivíduo seja o responsável por suas próprias ações, os efeitos destas se estendem a sua comunidade.


14.35 - Quando o servo trabalha direito, o rei se agrada extremamente dele. No entanto, o rei também demonstra raiva e animosidade pessoal contra aquele que o envergonha.