Filemom 1.4 a 7 “Dou graças ao meu Deus, lembrando sempre de
você nas minhas orações, porque tenho ouvido falar da fé que você tem no Senhor
Jesus e do seu amor por todos os santos. Oro para que a comunhão da sua fé se torne
eficaz no pleno conhecimento de todo o bem que há em nós, para com Cristo.
Pois, irmão, o seu amor me trouxe grande alegria e consolo, visto que o coração
dos santos tem sido reanimado por você”.
O poder da influência do amor
A melhor forma de influenciar é pelo amor. As pessoas não
nos ouvirão se não sentirem em nós amor, não enxergarem em nós amor e não
ouvirem palavras ditas por nós em amor, especialmente se o que temos a dizer a
elas é algo que as toca lá no fundo, mexendo com estruturas e valores. Aliás,
se não for em amor, não diga o que você terá para dizer.
Paulo falava em amor. Leia comigo mais uma vez o nosso
texto, Filemom 1.4 a 7 (Acima).
Quando Filemom entregou sua vida a Jesus Cristo ele não
tinha ideia de como aquele ato de arrependimento e fé, fruto de um novo
coração, de regeneração espiritual, de novo nascimento promovido pelo Espírito
Santo, transformaria sua vida por completo, mudando suas afeições e cosmovisão,
impactando diretamente sua vida, inclusive no mundo dos negócios e seus relacionamentos.
Pois é isso que o evangelho faz na vida da gente, penetra lá no fundo e vira o
mundo da gente de cabeça para baixo, de dentro para fora e em todas as áreas,
inclusive aquelas mais “mundanas”, as quais nós costumamos pensar que Deus não
tem nada a ver com elas (trabalho e relacionamentos, por exemplo).
Filemom, como a maioria dos homens prósperos de sua época,
possuía escravos, mas agora, sendo cristão, aquela prática tornara-se inviável.
Afinal, Paulo o instruía de forma contundente (vs. 16 e 17 “não mais como
escravo, mas, acima de escravo, como irmão amado. Para mim ele é um irmão muito
amado, e ainda mais para você, tanto como pessoa quanto como cristão. Assim, se
você me considera companheiro na fé, receba-o como se estivesse recebendo a
mim”).
Em outras palavras, Paulo anulava a relação senhor-escravo e
construía, em seu lugar, uma relação irmão-irmão, na qual o ex-escravo é
tratado com toda a dignidade com que o próprio apóstolo seria. Logo, mesmo
antes de a própria instituição da escravidão ser abolida, a obra do evangelho
já abolia as suposições e os preconceitos que a tornavam possível. Mas no
primeiro momento tudo aquilo era muito difícil de Filemom digerir.
Eugene Peterson escreveu que:
“A carta a Filemom foi escrita, por volta de 61 d.C. Em
muitas cidades, às vezes um terço da população era de escravos. Eles faziam boa
parte do trabalho que mantinha o império funcionando, mas eram legalmente
propriedades, não pessoas. Os donos tinham o direito de tratá-los da maneira
que preferissem. A maioria dos donos percebia que os escravos trabalhavam
melhor quando tinham permissão para se casar e possuíam alguns bens. Havia
ainda algumas leis contra a crueldade, mais parecidas com os direitos dos
animais hoje que com direitos humanos. Muitos escravos trabalhavam duro para
comprar sua liberdade; em geral, com o dinheiro que seus donos os deixavam
acumular. O liberto ocupava um degrau um pouco mais alto que o escravo, mas,
ainda assim, tinha obrigações sociais para com o antigo dono, agora seu patrono/patriarca”.
(Fonte: Eugene H. Peterson, The Message: the Bible in
contemporary language, Colorado Springs: NavPress, 2005), Introduction to
Philemon).
Esse era o mundo em que vivia Filemom, o senhor de escravos.
Mas sob a influência de Paulo ele convertera-se a Cristo, tornara-se cristão! E
agora?
Seu novo status afetaria a vida dele toda, inclusive seus
negócios e seus relacionamentos. Essa nova vida implicaria em nova forma de se
relacionar e de trabalhar. O evangelho teria que mudar a cosmovisão e as ações
de Filemom daquele momento em diante. Aquela era uma transformação radical.
Portanto, Paulo, o discipulador, o influenciador de Filemom, teria que abordar
esse assunto com ele, especialmente agora que o escravo, Onésimo, após ter
roubado do amo e fugido para Roma, também se convertera a Cristo. O apóstolo
usaria sua influência para ajudar Filemom a fazer sentido de sua nova vida em
Cristo, acolhendo, perdoando e libertando Onésimo. E o apóstolo exerceria sua
influência sobre Filemom com base no amor (v. 9).
Essa carta nos ensina que cada movimento que fazemos em
resposta a Deus tem o efeito de uma onda, tocando tudo na vida da gente, toca o
eu, a família, os negócios, os amigos, a sociedade… A fé em Deus que brota do
evangelho de Jesus Cristo altera nossa visão de mundo e nossos afetos. E deve
alterar. O amor de Deus afeta nossos relacionamentos diários. A esperança do
evangelho adentra nosso trabalho e se espalha. A nova criatura que nós vamos
nos tornando pelo evangelho, no poder do Espírito de Deus, não pode se confinar
à alma. Ela ultrapassa o mundo interior e faz história. Do contrário, essa fé
não passará de fantasia, na melhor das hipóteses, ou de hipocrisia, na pior. (Peterson).
Eugene Peterson nos lembra que a nossa fé é histórica. Os
cristãos sempre insistiram, ao custo da própria vida, na historicidade de
Jesus, nascimento constatável, morte datável, ressurreição testemunhada,
acontecimentos em locais e cidades localizáveis. Portanto, deve haver também
uma historicidade paralela nos seguidores de Jesus. Enquanto absorvem o que
Jesus disse e praticou, como revelação pessoal de Deus (o Verbo eterno) no
tempo e no espaço, tudo o que os cristãos dizem e fazem deverá, de alguma
forma, influenciar a história local e, no final das contas, a história mundial.
Doutro modo, a fé professada será morta (cf. Tiago 2.14 a 26).
Filemom e Onésimo, o senhor e o escravo, que aparecem de
maneira tão proeminente nesta carta de Paulo, não faziam ideia de que crer em
Jesus os envolveria (além da mudança profunda de coração e cosmovisão) numa
mudança social radical, isto porque as sementes para o fim da escravidão foram
plantadas por esta carta (que envolvia a vida de ambos) e os frutos seriam
colhidos definitivamente com a abolição da escravidão no século XIX (a demora,
infelizmente, não por falha no cristianismo ou em sua mensagem, mas por causa
da dureza do coração dos homens): em 1834 ocorreu a abolição na Inglaterra e em
todo o Império Britânico (graças aos esforços de um cristão chamado William
Wilberforce); entre 1863-1865 foi nos EUA; e em 1888, aqui no Brasil.
Onésimo, ao se converter a Cristo, precisava encarar a
humilhante situação de voltar e pedir perdão, e até ter que restituir todo mal
que causara, caso Filemom não abrisse mão de ter seu prejuízo de alguma forma
reparado (vs. 18 e 19). Filemom, por sua vez, uma vez cristão, teria que também
se humilhar, descer de sua posição e até perder financeiramente, abrindo mão de
tudo que lhe fora roubado e de Onésimo como escravo, para recebê-lo como irmão
e cooperador no evangelho (vs. 8 a 16). Era muito difícil para os dois, mas era
possível pelo poder do amor que jorra e escorre do evangelho de Jesus Cristo.
Paulo escreveu para ajudar a ambos, tanto a Filemom como a
Onésimo, mas especialmente a Filemom. Uma vez que, tendo Filemom recebido a
carta das mãos do próprio Onésimo, este (portador e entregador da carta) já
tinha engolido orgulho e agido no poder do amor do evangelho, e estava pronto
para pedir perdão. Mas Paulo sabia que para ajudar Filemom era necessário que
este (recebendo a carta) se beneficiasse da comunidade do amor (vs. 1 a 3), da
presença do irmão, do papel da igreja local e do poder do evangelho (como já
vimos em mensagens anteriores) e também se submetesse à influência do amor (vs.
4 e 5); ou seja, submetesse-se à influência amorosa de Paulo na vida dele.
Ô meu povo! A vida cristã é impossível de ser vivida apenas
por nós mesmos. Há coisas que precisam ser tocadas e transformadas em nós que
só serão possíveis se estivermos vivendo sob a influência amorosa de outras
pessoas na nossa vida. Sim, nós precisamos do poder do Espírito Santo, mas nós
precisamos também da influência do irmão que, em amor, diz a verdade e modela para nós a verdade. Não se esqueça,
crente: a fé cristã, para produzir em nós a devida transformação e promover
através de nós o devido impacto no mundo, requererá que vivamos sob o poder da
influência do amor que surge do evangelho de Jesus Cristo e chega a nós através
da comunidade do amor, a convivência na igreja local.
A forma como nós devemos influenciar
O que faremos agora, no restante desta mensagem, é olhar
para a forma como Paulo influenciou Filemom. O modo de o apóstolo agir é tão
perfeito que nos ensina, além da forma, o conteúdo de nossa influência. Em
outras palavras: como influenciar e com o que influenciar as pessoas na arte de
fazer discípulos? Lembrando que fazer discípulos, influenciar e modelar com o
evangelho de Jesus Cristo, é um chamado para todos os cristãos, de todas as
idades e em todas as esferas, não apenas para pastores, missionários ou líderes
da igreja. Então, como fazer, como influenciar? Para influenciarmos com amor,
algumas posturas deverão ser por nós assumidas. Olhe para Paulo aqui nestes
versículos e veja. Observe que essas posturas, na verdade, são parte de um novo
estilo de vida (que não é natural para o ser humano pecador e egoísta),
produzido pelo Espírito na vida do cristão.
Oração
Primeiro, Paulo ensina que para influenciar em amor nós
devemos, antes de tudo, ser homens e mulheres de oração. (Vs. 4 e 6 “Sempre dou
graças a meu Deus, lembrando-me de você nas minhas orações”; “Oro para que a
comunhão que procede da sua fé seja eficaz no pleno conhecimento de todo o bem
que temos em Cristo”).
As qualidades da vida cristã não são obras carnais ou naturais,
mas espirituais. Elas são obras da graça de Deus na vida das pessoas, é tudo
fruto do Espírito (Gálatas 5.22 e 23). Daí a necessidade que temos de orar
pelas pessoas que desejamos ajudar, aconselhar, discipular e ver transformadas.
Paulo orava por Filemom. Antes mesmo de enviar Onésimo de volta com a carta na
mão e dizer o que precisava ser dito em amor, Paulo já estava acompanhando
Filemom em oração, intercedendo por ele, levando-o a Deus em oração (Vs. 4 e
6).
Como nos falta essa prática, a prática da intercessão!
Geralmente, queremos mudar as pessoas na força, no grito, com jeitinhos,
técnicas ou manobras, sem oração. Achamos que as pessoas mudarão por conta
própria, dependendo da persuasão ou da força de nossos argumentos, mas não é
assim. Paulo, por exemplo, sabia que as coisas acontecem por causa da oração e
da influência do Espírito Santo. Aos filipenses ele escreveu:
Filipenses 1.19 “pois sei que o que me aconteceu resultará
em minha libertação, graças às orações de vocês e ao auxílio do Espírito de
Jesus Cristo”.
Aos efésios, ele declarou que dependia das orações deles
para ser bem-sucedido na proclamação do evangelho.
Efésios 6.19 e 20 “Orem também por mim, para que, quando eu
falar, seja-me dada a mensagem a fim de que, destemidamente, torne conhecido o
mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador preso em correntes. Orem para
que, permanecendo nele, eu fale com coragem, como me cumpre fazer”.
Paulo os estava incentivando a interceder por ele. A oração
intercessória é quando você para e dedica um tempo para pedir a Deus que faça
coisas pelos outros ou nos outros. Vemos exemplos regulares dessa prática nas
cartas de Paulo (Colossenses 1.9 a 12; Filipenses 1.3 a 11; Efésios 1.15 a 23;
3.14 a 21), e nesta a Filemom não é diferente (vs. 4 a 7). Tudo o que almejava
em termos de transformação na vida dos outros, Paulo, primeiro, levava a Deus
em oração. Portanto, para influenciar com o amor do evangelho nós devemos,
antes de tudo, ser homens e mulheres de oração, de intercessão.
Gratidão
Segundo, Paulo ensina que aqueles que influenciam com amor
são os que sabem expressar gratidão, tanto em ações de graças a Deus como em
palavras ao irmão. (Vs. 4 “Sempre dou graças a meu Deus, lembrando-me de você
nas minhas orações”). Paulo não tinha vergonha, nem se sentia vulnerável, ao
expressar gratidão a Filemom. Note que o tempo do verbo não é passado, mas
denota ação contínua: “sempre”.
Um dos elementos mais ausentes nas relações interpessoais de
nossos dias é a gratidão. Como as pessoas são ingratas! No mínimo,
indiferentes. Elas não sabem agradecer. Têm medo de agradecer. Não querem
agradecer. Paulo, no entanto, ensina que relacionamento saudável é nutrido com
gratidão. E se quisermos influenciar com amor nós deveremos saber agradecer, a
Deus e aos outros.
Afirmação
Terceiro, para influenciar as pessoas, Paulo ensina que nós
devemos saber afirmá-las, reconhecendo suas qualidades. (Vs. 5 “porque ouço
falar da sua fé no Senhor Jesus e do seu amor por todos os santos”).
Vivemos em um tempo onde todo mundo tem um pé atrás com todo
mundo. Por isso os relacionamentos são tão superficiais. Relacionamentos e
amizades crescem, florescem e frutificam no solo do reconhecimento, da
afirmação. Trocando em miúdos: para se construir um relacionamento profundo,
não será suficiente apenas deixarmos claro que nós apreciamos a pessoa ou que
somos gratos por ela ou a ela, teremos que deixar claro também o porquê de
nossa apreciação. A pessoa precisa ter a confirmação de que nós gostamos dela
pelo que ela é diante de Deus e, consequentemente, pela bênção que ela é para
nós e para os outros (para a glória de Deus). Foi exatamente isso o que Paulo
fez com Filemom (v. 5).
Paulo disse à Filemom que ouvia bem o testemunho que os
outros davam a respeito dele; ouvia que Filemom tinha uma fé genuína no Senhor
Jesus; e ouvia que essa fé se comprovava na prática, pela forma como Filemom
dedicava amor aos crentes (por todos os santos). Em outras palavras: “Filemom,
eu sou grato a Deus pela sua vida, pois conheço você, vejo você e sei como você
tem crescido. Eu acompanho a sua vida e tenho orgulho do que vejo e ouço sobre
você”!
Para influenciar as pessoas, Paulo ensina que nós devemos
saber afirmá-las, reconhecendo suas qualidades. (Vs. 7 “Seu amor me tem dado
grande alegria e consolação, porque você, irmão, tem reanimado o coração dos
santos”).
Exortação
Quarto, para influenciar as pessoas, Paulo ensina que nós
devemos também exortá-las, encorajá-las ou motivá-las a fazer o que é devido.
Oramos, agradecemos e afirmamos, mas também exortamos em amor. (Vs. 6 “Oro para
que a comunhão que procede da sua fé seja eficaz no pleno conhecimento de todo
o bem que temos em Cristo”). Em outras palavras: “Filemom, eu louvo a Deus pela
sua vida, agradeço por você existir e poder ser seu amigo e tê-lo como
discípulo (v. 4). Tenho ouvido e visto o quanto você tem crescido em Cristo e
abençoado a vida dos irmãos, inclusive a minha (v. 5). Mas eu vou além, oro
para que você continue crescendo em amor e prove da comunhão que vem da fé;
lembrando que para tanto você terá que crescer na compreensão e no regozijo do
evangelho de Cristo (v. 6)”.
A influência do amor nos faz orar pelo outro, agradecer ao
outro e a Deus pelo outro, além de afirmar o outro, mas não deixa de, em amor,
exortar o outro na Palavra centrada no evangelho de Cristo. Essa é a influência
que nós devemos exercer uns sobre os outros no contexto da comunidade do amor.
No entanto, sejamos honestos: como nos falta, povo de Deus, esse equilíbrio!
Equilíbrio entre dependência de Deus (oração), simpatia (gratidão e afirmação)
e verdade (exortação). Falta-nos essa sinergia.
Falta-nos saber dizer a verdade em amor. Falta-nos saber ser
simpáticos. Falta-nos orar e orar mais pelos outros. Como nós somos prontos
para falar e tardios para ouvir; elogiamos e não exortamos; afirmamos e não
corrigimos; exortamos, mas sem simpatia; agimos, mas não oramos… Falta-nos ser
completos na forma como devemos ser para conseguir, de fato, influenciar em
amor: gente que ora, agradece, afirma ou reconhece, mas que também exorta em
amor à luz do evangelho.
Para conseguirmos influenciar, completos assim é que nós
devemos ser. Mas tem algo mais a aprender com essas palavras de Paulo: o que se
espera influenciar na vida dos outros; o conteúdo da nossa influência.
O conteúdo da nossa influência
Precisamos ser um pouco mais específicos, para não perdermos
a profundidade dessas palavras de Paulo. Lembre-se: ele está preparando o
terreno do coração de Filemom para tratar com ele da necessidade de perdoar
Onésimo. Antes, porém, ele precisa fisgar ou manter fisgada a simpatia desse
seu discípulo, e o faz dizendo que ora por ele, demonstrando gratidão pela vida
dele, afirmando-o e exortando-o.
Nessa afirmação (vs. 4-7), que foi composta com notas de um
espírito de oração, Paulo destaca duas coisas em particular a respeito do
caráter de Filemom. Você notou? Veja: “Dou graças ao meu Deus, lembrando sempre
de você nas minhas orações, porque tenho ouvido falar da fé que você tem no
Senhor Jesus e do seu amor por todos os santos. Oro para que a comunhão da sua
fé se torne eficaz no pleno conhecimento de todo o bem que há em nós, para com
Cristo. Pois, irmão, o seu amor me trouxe grande alegria e consolo, visto que o
coração dos santos tem sido reanimado por você”.
Paulo destaca a fé e o amor de Filemom. A fé é a fonte. O
amor é o fruto. Fé e amor, portanto, é o que devemos influenciar na vida das
pessoas. Mas que tipo de fé? Que tipo de amor? Veja comigo quais são os objetos
da fé e do amor de Filemom. Eles são, observe, o Senhor Jesus e os santos da
igreja (v.5): “porque tenho ouvido falar da fé que você tem no Senhor Jesus e
do seu amor por todos os santos”.
Fé no Senhor Jesus Cristo e amor pelo Senhor Jesus Cristo
que faz transbordar amor nos irmãos. Essa é a influência que devemos ter nas
pessoas, ajudá-las a crescer na fé e no amor de nosso Senhor Jesus de uma forma
que elas transbordem em amor pelos irmãos da igreja. Ouça, crentes: quem não te
influencia a crescer na fé e no amor por Jesus, e no amor pelos santos de Deus,
a igreja local, não é digno ou digna de sua amizade ou convivência íntima. E se
você não tem influenciado assim dessa maneira você não está sendo uma boa influência.
Simples assim.
Para muitas pessoas, não sem razão, a igreja é uma grande
decepção. Não é verdade? Talvez os membros tenham decepcionado você. Talvez
você tenha se tornado cínico ou cético em relação à igreja ao longo dos anos e
por isso se pegue dizendo coisas do tipo: “Jesus, eu amo. É a igreja que eu não
consigo suportar. Eu creio no evangelho. Não creio é nos cristãos”. Antes de
julgar as pessoas que dizem algo desse tipo, devemos ser solidários com as
feridas abertas dessas pessoas.
Às vezes, fica-se com a impressão de que a igreja é o único
hospital que negligencia seus próprios feridos, deixando-os morrer. Sim, há
aqueles casos incuráveis, gente calejada, doentes crônicos que não querem cura.
Mas muitos, de fato, já sofreram bastante com a língua ferina e a maldade dos
“santos”, e agora são tentados a se afastar e manter distância do convívio com
a igreja. Mas eu quero que você veja em nosso texto que o compromisso com a
igreja, apesar de toda a sua feiúra e confusão, é essencial para ser discípulo
de Jesus. Você não pode ter Cristo e não ter seu corpo, a igreja.
É um oximoro, uma contradição em termos, uma aberração falar
de um cristão sem igreja. De fato, pode revelar uma profunda disfunção
espiritual na alma desse que se diz crente, mas sem igreja. Se você acha que é
possível crer e servir a Cristo, ter amor e fé pelo Senhor Jesus, ao mesmo
tempo em que se distancia de todos os santos, saiba que não dá, como o apóstolo
João colocou em 1 João 2.9 “Quem afirma estar na luz, mas odeia seu irmão,
continua nas trevas”. O amor pelo irmão é uma evidência da realidade espiritual
de quem confessa o nome do Senhor Jesus; essa pessoa amará o povo de Deus, com
rugas e verrugas, pecados e tudo mais, e buscará viver sob a influência do amor
na igreja e influenciando em amor aos demais.
Paulo tanto identificava essa qualidade de fé e amor em
Filemom que o exortou a praticá-la mais uma vez; desta vez acolhendo, perdoando
e libertando Onésimo, quando lhe chegasse a oportunidade (vs. 4 a 6 “Sempre dou
graças a meu Deus, lembrando-me de você nas minhas orações, porque ouço falar
da sua fé no Senhor Jesus e do seu amor por todos os santos. Oro para que a
comunhão (com Onésimo, agora, nosso irmão; cf. v. 16) que procede da sua fé
seja eficaz no pleno conhecimento de todo o bem que temos em Cristo”).
Essa qualidade de fé e de amor por Jesus Cristo, que
transborda em amor pelos irmãos da igreja, serve de fonte de refrigério para
todos os que vivem sob a influência do amor nos laços da comunidade do amor.
Ouça: (vs. 7 “Seu amor me tem dado grande alegria e consolação, porque você,
irmão, tem reanimado o coração dos santos”).
Essa é a influência que nós queremos ter uns nos outros:
Um tipo de comunidade, unida pelos laços do amor pelo e no
evangelho que influencia um ao outro com fé, esperança e amor por Jesus Cristo
e uns pelos outros;
Um tipo de fé, esperança e amor que permita ao outro, que
encoraje ao outro a se submeter a essa influência do amor que tem como
propósito fazer uns aos outros colocar “em prática a comunhão que vem da fé, à
medida que entendermos e experimentarmos todas as coisas boas que temos em
Cristo” (v. 6);
Um tipo de fé, esperança e amor que permita que promova
alegria e conforto, um tipo de culto e de convivência (em reuniões e atividades
da igreja), que de tão bom e amável, de tão cheio de Cristo, revigora, refresca
o coração do povo santo (v. 7).
A influência do amor
Em qual área da sua vida o evangelho ainda não penetrou com
poder para te transformar? Você se importa com essa necessidade? Você tenta e
não consegue mudar? Quais são seus métodos para conseguir ser diferente? Você
se colocou soba a influência do amor e permitiu que outros se aproximem para
orar por você ou com você, afirmar você e exortar você pelo evangelho de Jesus
Cristo?
Quem exerce influência sobre a sua vida? A quem você recorre
como modelo?
A quem você tem servido de influência? Você busca
influenciar? Como? Você vive de forma a influenciar com palavras e posturas?
Paulo estava prestes a abordar com Filemom (v. 8 em diante)
uma questão muito delicada, o perdão devido a Onésimo. Antes, porém, o apóstolo
fez questão de destacar o amor que ele nutria pelo amigo; ele estabeleceu um
contexto amoroso para que fosse possível viver a prática da responsabilidade
que todos temos de prestar contas ao irmão no contexto da igreja local. Paulo
fez isso orando, agradecendo, afirmando e exortando, foi o que lemos e
estudamos nos versículos 4 a 7.
Antes de entrar no coração de Filemom e esculpi-lo com a
verdade, Paulo precisava, primeiro, bater e amolecer o coração com amor. E
assim ele o fez.
No restante da carta (v. 8 em diante), como veremos a
seguir, Deus permitindo, Paulo pressionará Filemom com força e nos empurrará
com força para a prática da reconciliação pelo evangelho. Mas, para ser
possível, o apóstolo nos ensina, precisamos, antes, criar e nos colocar sob uma
atmosfera de comunhão, ministério e serviço que reconheça que maturidade,
crescimento e profunda experiência espiritual duradoura só são possíveis quando
servimos e nos unimos à obra do reino sob a influência do amor (vs. 4 a 7) no
contexto da comunidade do amor, a igreja local (vs. 1 a 3).
Quando começamos a ver a vida cristã como algo para se viver
juntos, na comunhão do amor, compartilhando, tendo companheirismo,
influenciando e sendo influenciado, servindo e sendo servidos, então manter
outras pessoas à distância ou tratá-las de alguma forma como inferiores ou
mesmo ameaçadoras se tornará impossível. Sob a influência do amor e na
atmosfera de uma comunidade amorosa, não haverá coração que resista ao
evangelho e que não seja transformado, de dentro para fora, e transborde em
práticas de amor para redimir o mundo (vs. 8 a 16).
Que Deus se compraza de nos tornar um povo de influência,
marcados pelo amor e a fé no Senhor Jesus e por todos os santos, para que cada
um de nós seja influenciado a crescer no conhecimento e no regozijo espiritual
e, por sua vez, viva para influenciar pelo amor de Cristo. Que Deus se agrade
de fazer de nós uma igreja do evangelho da reconciliação, jamais alienada do
poder do evangelho suficiente e poderoso para transformar vidas e sociedades
para a glória e o louvor de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, o trino
Deus a quem adoramos e servimos. Amém.
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