16/05/2021

16 - A motivação do amor - Parte 1

 


 

Filemom 1.17 a 25 Assim, se você me considera companheiro na fé, receba-o como se estivesse recebendo a mim. Se ele o prejudicou em algo ou lhe deve alguma coisa, ponha na minha conta. Eu, Paulo, escrevo de próprio punho: Eu pagarei, para não dizer que você me deve a sua própria pessoa. Sim, irmão, eu gostaria de receber de você algum benefício por estarmos no Senhor. Reanime o meu coração em Cristo! Escrevo-lhe certo de que você me obedecerá, sabendo que fará ainda mais do lhe que peço. Além disso, prepare-me um aposento, porque, graças às suas orações, espero poder ser restituído a vocês. Epafras, meu companheiro de prisão por causa de Cristo Jesus, envia-lhe saudações, assim como também Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores. A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o espírito de todos vocês”.

Cartas da Prisão

John Bunyan, pregador e escritor batista, viveu no século XVII, entre 1628 e 1688 na Inglaterra. Teve pouca educação escolar. Era muito pobre. Seguiu os passos do pai na profissão e trabalhou como funileiro, consertando potes e panelas quebrados. Sua especialidade, portanto, eram peças de barro, ferro e madeira que lhe eram levados para reparos. Após servir o exército (dos 16 aos 19 de idade), casou-se aos 20 anos, em 1649. Viveu em Elstow até 1655, quando sua esposa morreu, deixando-lhe quatro filhos. Mudou-se com a família para Bedford, cerca de 80 quilômetros ao norte de Londres, e se casou pela segunda vez.

Converteu-se ao cristianismo pouco antes de completar 25 anos, durante os anos do primeiro casamento. Logo começou a pregar como um leigo, isto é, sem treinamento teológico ou ordenação ao ministério da Palavra. Bunyan rapidamente percebeu o quanto sua pregação era popular, posto que cada vez mais recebia convites de todos os lugares para ir pregar. Também se destacou imediatamente como escritor de obras polêmicas por contestar o status quo religioso do anglicanismo, que era a Igreja da Inglaterra.

Àquela época, a Inglaterra estava em guerra civil. Como o rei havia sido deposto, o país estava sendo governado pelo militar Oliver Cromwell. Cromwell morreu em 1658 e seu filho liderou a nação por mais algum tempo. Carlos II, esperando em Paris, cruzou o canal de volta e foi recolocado no trono como o rei da Inglaterra em 1660. Em outubro daquele mesmo ano, foi ordenado que o Livro de Oração Comum, cartilha oficial da Igreja Anglicana, fosse adotado e lido nos cultos de todas as igrejas de Bedfordshire, que era o condado de Bunyan. Durante o tempo em que a nação ficou sem rei, houve grande liberdade religiosa para que se fizesse tudo o que se achasse edificante como cristãos, desde que não fosse o catolicismo romano (ou seja, não havia tanta liberdade assim); mas fora isso, era permitido qualquer expressão de culto cristão com decência e ordem. No entanto, com a ascensão do rei ao trono e a implementação da nova liturgia, tudo mudou.

Em 12 de novembro de 1660, ano no qual se havia instituído a nova regra anglicana, Bunyan viajou para o interior para participar de um culto, no qual ele pregaria como convidado. Chegando ao local, encontrou os cristãos reunidos normalmente, mas ele os percebeu visivelmente tensos. Explicaram-lhe que estavam recebendo ameaças de prisão, caso ele pregasse. Tentaram dissuadi-lo de subir ao púlpito, mas ele respondeu:

“Não, de maneira nenhuma, não vou me intimidar, nem vou mandar encerrar a reunião por isso. Venham, tenham bom ânimo; não nos assustemos; nossa causa é boa, não precisamos ter vergonha disso; pregar a Palavra de Deus é uma obra tão boa, que seremos bem recompensados, se sofrermos por isso; ou por esse propósito”. (Bunyan, John. Grace Abounding To The Chief Of Sinners, p. 95. Edição do Kindle).

Bunyan sabia que se recuasse por causa da ameaça de prisão, sua atitude significaria que todos os demais fariam o mesmo quando estivessem sob a mesma pressão. Viu-se, então, na obrigação de permanecer firme e fiel à causa do evangelho. Por outro lado, ele também sabia de suas responsabilidades com esposa e quatro filhos, cada um dos quais com menos de nove anos de idade, sob os seus cuidados. Essa realidade torturava a sua mente, mas ele não via como poderia se recusar a pregar o evangelho simplesmente por medo de ser preso. Então ele resolveu pregar.

Tão logo começou a proferir sua mensagem, alguns homens invadiram a casa de cultos e o levaram preso. Enquanto era levado, Bunyan fazia alusão à primeira carta de Pedro, capítulo 2, destacando que ele não estava sofrendo por qualquer coisa má que tivesse praticado, mas por seguir os passos de Jesus (1 Pedro 2.21).

O jovem Bunyan, contando apenas 32 anos de idade, foi levado perante o magistrado para receber uma reprimenda por ter violado a lei, posto que não tinha licença legal para pregar. Todos esperavam que ele se retratasse e abandonasse a ideia de pregar, mas Bunyan continuou na contramão. Expôs à corte que estava apenas cumprindo aquilo para o que Deus mesmo o havia chamado a fazer; estava apenas exercendo os dons que Deus mesmo tinha dado a ele para pregar o evangelho em benefício de outros cristãos. O juiz perdeu a paciência e garantiu a Bunyan que exterminaria aquelas reuniões. Bunyan respondeu a tudo sem perder a calma. Manteve firme a convicção de jamais deixar de pregar e foi conduzido à prisão de Bedford. Preso, ele refletiu:

“Apesar dessas ajudas (das passagens bíblicas nas quais ele meditava), achava-me um homem cercado de debilidades; a separação de minha esposa e de meus filhos sempre me tem sido como arrancar a carne dos meus ossos, enquanto estou neste lugar. Isso não somente porque amo demais essas grandes misericórdias, mas porque sempre sou lembrado das muitas privações, misérias e da grande falta que minha pobre família provavelmente terá, se eu for tirado deles, especialmente minha pobre filha cega, que está mais perto de meu coração do que qualquer outra coisa. Ah! Pensar nas privações que minha filha cega pode passar quebra o meu coração em pedaços! Pobre criança, pensei, que sofrimento você provavelmente terá como sua porção neste mundo! Você poderá ser esbofeteada, mendigar, passar fome, frio, não ter o que vestir e milhares de outras calamidades, embora eu não possa fazer muito mais que impedir o vento de soprar sobre você. Mas, controlando-me, pensei: devo confiar todos vocês a Deus, mesmo que deixá-los fira-me até ao âmago. Ah, vi que nesta situação, eu era como um homem que derrubava sua casa na cabeça de sua esposa e de seus filhos! Apesar disso, pensei, preciso fazer isso, preciso fazer isso. Então, pensei naquelas duas vacas que carregaram a Arca de Deus para outra terra, deixando seus bezerros para trás (1 Samuel 6.10 a 12)”. Várias considerações me auxiliaram nesta tentação, (uma delas foi a esperança deste versículo) “Deixa os teus órfãos, e eu os guardarei em vida; e as tuas viúvas confiem em mim” (Jeremias 49.11).

(Bunyan, John. Grace Abounding To The Chief Of Sinners, p. 89-90. Edição do Kindle).

Foi nesta esperança que Bunyan se estribou ao longo dos 12 anos que ele permaneceu na prisão, salvo alguns breves períodos de liberdade, até que ele fosse libertado definitivamente em 1675.

Eu me pergunto: Como seria ter 12 anos tirados de minha vida assim dessa maneira? Lembre-se: Bunyan passou 12 na cadeia não porque fosse culpado de roubou ou assassinato, por exemplo. A culpa era por ter pregado o evangelho. Como seria ter 12 anos de minha vida tomados de mim daquele jeito? Como seria para você?

Eu conheço meu próprio coração bem o bastante para supor que talvez eu lutaria com amargura e ansiedade. Especialmente por saber que gente muito pior do que eu estaria em liberdade; pessoas que de fato haviam cometido crimes estariam em liberdade; mas eu, pelo simples fato de ter pregado o evangelho e me recusar a dizer que nunca mais pregaria o evangelho, estava amargando aquela prisão, enquanto minha família era privada de minha presença, provisão e proteção. Inda mais, a qualquer momento eu poderia ser liberto, desde que assumisse o compromisso de não pregar mais o evangelho. Como você se sentiria? De que maneira você empregaria aqueles 12 anos de prisão?

Olhe para Bunyan mais uma vez: após cinco anos livre para pregar, ele foi preso por 12 anos por ter pregado sem a licença do Estado, e por se recusar a parar de pregar. No entanto, aquele puritano abençoou o povo de Deus ainda mais, para muito além de seu contexto e geração. Isto porque, ainda que preso, escreveu um dos livros cristãos mais maravilhosos da história do cristianismo: O Peregrino, que é considerada uma das obras de ficção religiosa e teológica mais significativas da literatura inglesa e mundial; estima-se que ele foi traduzido para mais de 200 idiomas e nunca ficou fora de catálogo.

Pare e pense por um instante. Tome fôlego e reflita. Se Bunyan tivesse dado um jeitinho para não continuar preso, se ele tivesse contornado e agido com meias verdades apenas para se ver liberto da prisão, se ele tivesse dito, apenas proforma, que se comprometia a não mais pregar, se ele tivesse pensado apenas nele mesmo e no sofrimento da família, especialmente nas privações da filha mais velha, Mary, que era cega, certamente ele poderia ter ficado fora da prisão, e teria nos empobrecido grandemente. Sim, pois fora da cadeia, Bunyan provavelmente não teria escrito os clássicos O Peregrino, Guerra Santa, Graça Abundante ao Principal dos Pecadores e outros cinco livros pelo menos (estima-se que ao todo ele tenha escrito nove livros na prisão). Em poucas palavras: a liberdade de Bunyan teria empobrecido a literatura cristã.

Responda-me: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom, o que essas cartas do Novo Testamento têm em comum? Todas elas foram escritas da prisão. Paulo as escreveu de Roma, durante o seu primeiro período de prisão, aproximadamente entre 60 e 62 d.C. E por que Paulo estava preso? Assim como John Bunyan (ou John Bunyan como ele), o apóstolo estava na prisão por pregar o evangelho. Portanto, se Paulo tivesse optado pela liberdade, tivesse ele pensado apenas a curto prazo ou apenas nele mesmo, o custo não teria sido apenas que ele não poderia sair pregando livremente, mas que também nós jamais teríamos essas Cartas da prisão. Já pensou o Novo Testamento sem Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom? Que desperdício teria sido a liberdade de Paulo! Tome um tempo para ler as Cartas da prisão (Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom) e perceba, por você mesmo, o que o mundo teria perdido se não tivéssemos esses documentos compostos em uma masmorra em Roma.

Pois bem, a pequena carta de Paulo a Filemom tem sido o nosso objeto de estudo já há alguns domingos. Estamos caminhando para a sua conclusão (Deus permitindo), e a primeira lição que eu desejo extrair para nós é que aquelas liberdades que, em Cristo, nós acabamos perdendo, todas elas podem ser revertidas para o nosso bem e o progresso do evangelho. Já pensou sobre isto? Portanto, pare de se amargurar ou de ficar ansioso e olhe para a sua prisão como uma oportunidade para você se preservar, amadurecer e frutificar para a glória de Jesus Cristo, o Filho eterno de Deus.

A carta do perdão

Henrique VIII da Inglaterra (1491-1547) decidiu que anularia seu casamento com Catarina de Aragão para se casar com Ana Bolena na esperança de que a segunda esposa lhe desse um herdeiro. Thomas More (1478-1535) atuava como Senhor Chanceler da Igreja na Inglaterra, uma espécie de Arcebispo. Sendo profundo conhecedor de teologia e do direito canônico, além de homem piedoso, More via na anulação do casamento do rei uma matéria da jurisdição do papado, e a posição do Papa Clemente VII era claramente contra o divórcio em razão da doutrina sobre a indissolubilidade do matrimônio. A opção que sua consciência julgou ser a melhor foi a de deixar o cargo de Senhor Chanceler do rei. O desdobramento deste ato culminou com sua injusta e sumária condenação à morte. Pela sentença o réu era condenado “a ser suspenso pelo pescoço” e cair em terra ainda vivo. Depois seria esquartejado e decapitado. Em atenção à importância do condenado, o rei, “por clemência”, reduziu a pena a “simples decapitação”.

A sua cabeça foi exposta na ponte de Londres durante um mês, e posteriormente recolhida por sua filha, Margaret Roper. A execução de Thomas More na Torre de Londres, no dia 6 de julho de 1535, ordenada por Henrique VIII, foi considerada uma das mais graves e injustas sentenças aplicadas pelo Estado contra um homem de honra, consequência de uma atitude despótica e de vingança pessoal do rei. (Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_More).

As palavras de More aos juízes injustos ficaram famosos na história:

“Como o bem-aventurado apóstolo São Paulo, consentiu com a morte de São Estêvão, e segurou os mantos daqueles que o apedrejaram até a morte, e ainda assim estão os dois santos no céu, e continuarão lá amigos para sempre, então eu realmente confio, e, portanto, orarei com toda a sinceridade, para que, embora Vossas Senhorias tenham agora aqui na terra sido os juízes da minha condenação, ainda possamos, daqui em diante no céu, todos nos encontrar alegremente, para a nossa salvação eterna. (Fonte: MacArthur, p. 225).

Ô, meu povo, a beleza do perdão! A beleza do perdão de Thomas More, valendo-se do exemplo de Estêvão. A beleza do perdão do próprio Estêvão, que disse: “Senhor, não os culpes por este pecado”! Enquanto eles esmagavam seu corpo com pedras brutas (Atos 7.60). A beleza do perdão do Senhor Jesus, que olhou para seus crucificadores e disse: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lucas 23.34). A beleza do perdão conforme está posta nesta nossa pequena carta de Paulo a Filemom.

Embora nunca mencione a palavra “perdão”, a carta nos ensina uma lição viva de perdão. Ela nos ensina alguns elementos essenciais do perdão da maneira mais gentil, prática e sutil possível. É o que nós temos estudado ao longo deste texto. Paulo já nos ajudou a ver que o perdão é possível por causa do amor que nasce do evangelho, por isso que estudamos sobre a importância da comunidade do amor (vs. 1 a 3); a necessidade da influência do amor (vs. 4 a 7); como deve ser a prática do amor (vs. 8 a 18); como se dá a intervenção do amor (vs. 8 a 22) e agora nós aprenderemos sobre as motivações do amor (vs. 17 a25).

Chegamos agora aos versículos finais desta carta, versículos 17 a 25, onde Paulo nos abre uma visão sobre os motivos para o perdão. Em outras palavras: Por que perdoar? Qual é a motivação interna impulsionadora do amor que nos faz pedir perdão ou perdoar? Há neste texto pelo menos cinco motivações para se perdoar:

A visibilidade do evangelho (vs. 17 a 19); a possibilidade de abençoar (v. 20); a necessidade de obediência (v. 21); a importância de se manter comunhão (vs. 22 a 24); a medida da graça que recebemos de Cristo (v. 25).

1 - A visibilidade do evangelho

Filemom havia sido lesado por Onésimo. Para fugir e arcar com suas despesas, o servo deve ter pegado dinheiro ou algum bem do seu senhor. A lei de Moisés dizia expressamente que nesses casos, restituição deveria ser feita, conforme se lê (Números 5.6 a 8 “Diga aos israelitas: Quando um homem ou uma mulher prejudicar outra pessoa e, portanto, ofender ao Senhor, será culpado. Confessará o pecado que cometeu, fará restituição total, acrescentará um quinto a esse valor e entregará tudo isso a quem ele prejudicou. Mas, se o prejudicado não tiver nenhum parente próximo para receber a restituição, está pertencerá ao Senhor e será entregue ao sacerdote, juntamente com o carneiro com o qual se faz propiciação pelo culpado”). Ora, até que Onésimo conseguiria confessar o pecado e pedir o devido perdão, mas pagar indenização com acréscimo de 20% ao valor devido a Filemom, conforme ditava a lei, era impossível para aquele miserável fugitivo.

Daí que Paulo escreveu (vs. 17 a 19 “Assim, se você me considera companheiro na fé, receba-o como se estivesse recebendo a mim. Se ele o prejudicou em algo ou lhe deve alguma coisa, ponha na minha conta. Eu, Paulo, escrevo de próprio punho: Eu pagarei, para não dizer que você me deve a sua própria pessoa”).

Meu Deus! Que palavra forte! Paulo estava dizendo a Filemom para tratar Onésimo da mesma forma como ele o trataria. Queria que Onésimo desfrutasse da mesma retidão que o apóstolo aos olhos de Filemom: receba-o como você me receberia, perdoe-o como você me perdoaria, sinta-se obrigado a ele da mesma forma que você se sentiria obrigado a mim, receba-o da mesma forma que você receberia a mim, e se ele te deve, cobre tudo de mim, eu mesmo pagarei a conta por Onésimo.

Você percebeu o que Paulo estava fazendo? Ele estava tornando o evangelho visível. O apóstolo estava desempenhando um papel redentor, salvífico na vida de Filemom e Onésimo. De fato, o mesmo papel que Jesus Cristo desempenha no relacionamento entre o pecador e Deus. Filemom, assim como Deus Pai, foi defraudado. Foi ofendido. Onésimo é como o pecador que fugiu de Deus, que defraudou a Deus, que desperdiçou sua vida no pecado e precisa se reconciliar. Alguém deve pagar o preço, certo? Quem? Jesus Cristo.

Paulo conhecia muito bem a realidade da morte substitutiva de Jesus Cristo. Ele tinha pregado isso por anos, inclusive para Filemom e Onésimo. O que ele estava, então, fazendo era dizer aos dois, especialmente a Filemom: Eu quero ser como Cristo. Quero assumir a dívida e o pecado de Onésimo para que ele se reconcilie com você. Quero tornar o evangelho visível aos olhos de vocês e através da vida de vocês.

Pare e pense. Isso lhe dá algum insight sobre o coração ou as motivações de Paulo? Você se lembra quando ele disse em várias ocasiões: “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo”? Aqui você o vê como o substituto para a reconciliação. Muito parecido com Cristo! Nunca somos mais semelhantes a Deus do que quando perdoamos. Nunca somos mais semelhantes a Cristo do que quando carregamos a dívida para que o perdão e a reconciliação possam ocorrer. Paulo estava agindo como Cristo. Ele disse: vou assumir a consequência do pecado de Onésimo; você, Filemom, apenas o receba de volta. Que coisa linda, linda de morrer!

Toda vez que alguém peca contra nós, ficamos com a chance de tornar o evangelho visível: pegamos a dívida, o prejuízo, o que for (mesmo que sejamos nós mesmos os lesados) e levamos conosco tudo para a cruz; entregamos de volta amor, perdão e reconciliação.

Que motivação nós devemos ter para perdoar? A visibilidade do evangelho. Tornar visível em nossa própria vida o que Cristo fez por nós e por todos os pecadores.

2 - A possibilidade de abençoar

O que nos motiva a amar e perdoar é, em primeiro lugar, tornar visível o evangelho na nossa própria vida. Mas tem mais: motiva-nos a amar e a perdoar a possibilidade que temos de abençoar com o nosso amor e perdão. Ouça mais uma vez o que Paulo escreveu a Filemom (v. 20 “Sim, irmão, eu gostaria de receber de você algum benefício por estarmos no Senhor. Reanime o meu coração em Cristo).

Paulo sabia que Filemom tinha o dom de abençoar o próximo. No versículo 7 ele já tinha escrito o seguinte: “Seu amor, meu irmão, tem me dado muita alegria e conforto, pois sua bondade tem revigorado o coração do povo santo”. Assim como Filemom por tanto tempo já havia reanimado ou revigorado o coração de tantas pessoas, agora era a vez de Paulo mesmo ser revigorado ou reanimado por ele. Mas como?

O ato de perdão de Filemom alegraria Paulo por demonstrar que seu filho na fé estava crescendo na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.

Quer ver uma coisa?

Você se lembra das palavras de Paulo em Filipenses 2.2, quando ele disse: “completem minha alegria”? De que maneira eles completariam a alegria de Paulo? O versículo continua: “concordando sinceramente uns com os outros, amando-se mutuamente e trabalhando juntos com a mesma forma de pensar e um só propósito”. Em outras palavras, no espírito de Filipenses 2.3 e 4: “Filemom, se você não for egoísta, nem tentar impressionar ninguém, se for humilde e considerar Onésimo mais importante que você, se você não se preocupar apenas com seus próprios interesses, mas preocupar-se também com os interesses de Onésimo e os meus, você me alegrará, reanimará meu coração”.

Por outro lado, caso Filemom se recusasse a perdoar Onésimo, ele levaria pesar ao coração de Paulo, entristeceria o coração do apóstolo. Paulo amava os dois, e amava também a igreja, a unidade da igreja. Logo, qualquer falha em perdoar prejudicaria aquela relação, prejudicaria a igreja. Prejudicaria também a eficácia do ministério de Paulo e o poder do evangelho aos olhos do mundo que os estava observando. Então, o apóstolo simplesmente diz: muito me alegrará se você perdoar, será uma bênção para Onésimo, para você, para a igreja e para mim, será uma bênção para o evangelho.

Que motivos nós temos para amar e perdoar? O amor que promove o perdão torna visível o evangelho e abençoa todos ao redor. Quê mais?

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