16/05/2021

6 - A influência do amor - Parte 1

 


 

Filemom 1.4 a 7 “Dou graças ao meu Deus, lembrando sempre de você nas minhas orações, porque tenho ouvido falar da fé que você tem no Senhor Jesus e do seu amor por todos os santos. Oro para que a comunhão da sua fé se torne eficaz no pleno conhecimento de todo o bem que há em nós, para com Cristo. Pois, irmão, o seu amor me trouxe grande alegria e consolo, visto que o coração dos santos tem sido reanimado por você”.

O poder da influência

A Universidade de Chicago, lá nas primeiras décadas do século XX, realizou uma pesquisa com o propósito de identificar o que os adultos desejavam estudar. Lowell Thomas escreveu que: “o estudo revelou que o primeiro interesse de um adulto é a saúde. Também demonstrou que o segundo interesse reside no desenvolvimento de sua habilidade nas relações humanas; os adultos querem aprender a técnica para prosperar e para influenciar pessoas”.

Influenciar pessoas! Por que esse desejo tão proeminente nos adultos? Quando se verifica a definição do termo tudo se esclarece. Influenciar é “exercer uma ação psicológica, uma ascendência sobre (alguém ou algo) ou deixar subjugar-se por esta ação”. Influência, portanto, é poder, “poder de produzir um efeito sobre os seres ou sobre as coisas”, ou ainda, “ação de um agente físico sobre alguém ou alguma coisa, suscitando-lhe modificações”. (Fonte: Definições de Oxford Languages na internet).

Não é por acaso que um dos livros mais vendidos de todos os tempos seja Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie. Já está na 53ª edição, desde sua publicação em 1936, e vendeu mais de 50 milhões de exemplares em 38 idiomas, sendo considerado pelo The Times “o livro de autoajuda mais bem-sucedido de todos os tempos”.

Influência não é só poder. Influência também produz dinheiro. É tanto que, tendo em vista a perda de influência de propagandas nos canais abertos de televisão, uma das ferramentas que mais chama a atenção no momento é o marketing de influência. Trata-se de uma estratégia que, por meio de plataformas digitais (especialmente Facebook, Instagram e Youtube), torna possível ao influenciador digital exercer sua influência ou liderança sobre potenciais clientes para o consumo de marcas ou de produtos, interferindo diretamente nas decisões de compra daquelas pessoas. Isso acontece porque os influenciadores inspiram ou estabelecem uma relação de confiança com seus públicos.

(Fonte: Cassio Politi, O que é marketing de influência? Disponível em: https://www.influency.me/blog/o-que-e-marketing-de-influencia/).

Cassio Politi, autor do primeiro livro sobre marketing de conteúdo no Brasil (lançado em 2013), escreveu que o marketing de influência começou, de fato, no século XIX, quando marcas americanas decidiram contratar celebridades com o intuito de endossar seus produtos, especialmente cigarros e produtos de limpeza. Nesse período a popularidade dos filmes exibidos no cinema estava ampliando o poder da influência de atores e atrizes. Consequentemente, os fãs começaram a imitar as estrelas que assistiam nos cinemas, falando como elas, vestindo-se como elas e consumindo o que elas consumiam.

Essa massificação da informação pelos meios de comunicação fez sociólogos e psicólogos, ainda nas primeiras décadas do século passado, perceberem a necessidade que as pessoas têm de “líderes de opinião”, uma vez que a comunicação de massa tem um efeito limitado sobre os telespectadores, ou seja, não são todos os produtos que são bem-vendidos em todos os lugares e para todas as pessoas. Então os profissionais de publicidade e propaganda começaram a vender, preste atenção! Não mais produtos, mas “novos estilos de vida”.

Em vez de simplesmente dizerem ou mostrarem aos consumidores as características dos produtos, do que ele é feito e o que ele faz, por exemplo, em vez de apenas exibir o produto, a beleza de sua embalagem ou algo assim, a publicidade se reinventou e apostou em uma nova abordagem: fazer pessoas em potencial consumirem produtos por se assemelharem àqueles influenciadores que também os consumem. Por exemplo: a pessoa comprará o shampoo porque desejará cabelo igual ao da mulher da propaganda; comprará a pasta dental porque desejará o mesmo sorriso brilhante do homem da propaganda; comprará o carro porque desejará a mesma experiência do casal da propaganda; etc.

Em outras palavras: líderes e influenciadores são bem-sucedidos na medida em que mudam a crença e o comportamento dos outros pela semelhança com aqueles que se busca influenciar, e isto por inspiração. Trocando em miúdos: eu, como líder ou influenciador, serei bem-sucedido ao tempo que eu conseguir inspirar você a mudar sua opinião ou pensamento e levar você a pensar, fazer ou consumir as mesmas coisas que eu faço ou consumo. Isso é marketing de influência. Esse é o poder da influência.

Nosso chamado para influenciar

Somos, enquanto cristãos, chamados para influenciar. Influência é o nosso negócio. De fato, nosso chamado é para fazer discípulos (Mateus 28.19 e 20); isto é, exercer influência sobre outras pessoas “até Cristo ser formado” nelas (Gálatas 4.19); influência que produza nas pessoas transformação da cabeça, do coração e do comportamento, transformação completa, para que “experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para” eles (Romanos 12.1).

Paulo tinha essa consciência e vivia sob essa perspectiva. Aos coríntios, ele escreveu assim (1 Coríntios 11.1 “Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo”). O apóstolo era intencional na forma como vivia, ele não era apenas piedoso, ele transparecia piedade e ensinava piedade com palavras e posturas. Por exemplo:

1 Tessalonicenses 2.9 a 12 “Irmãos, certamente vocês se lembram do nosso trabalho esgotante e da nossa fadiga; trabalhamos noite e dia para não sermos pesados a ninguém, enquanto lhes pregávamos o evangelho de Deus. Tanto vocês como Deus são testemunhas de como nos portamos de maneira santa, justa e irrepreensível entre vocês, os que creem. Pois vocês sabem que tratamos cada um como um pai trata seus filhos, exortando, consolando e dando testemunho, para que vocês vivam de maneira digna de Deus, que os chamou para o seu Reino e glória”.

Essa era a forma como Paulo vivia e buscava influenciar, a mesma que ele ensinou Timóteo a multiplicar (2 Timóteo 2.2 “E as coisas que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar a outros”).

E como Timóteo deveria ensinar e transmitir aquilo que ele havia aprendido sob a influência de Paulo? Veja, 2 Timóteo 2.23 a 26, preste atenção no poder da influência de palavras ditas em viva voz e de posturas vividas a olhos nus no poder do Espírito Santo: “Evite as controvérsias tolas e fúteis, pois você sabe que acabam em brigas. Ao servo do Senhor não convém brigar, mas, sim, ser amável para com todos, apto para ensinar, paciente. Deve corrigir com mansidão os que se lhe opõem, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento, levando-os ao conhecimento da verdade, para que assim voltem à sobriedade e escapem da armadilha do diabo, que os aprisionou para fazerem a sua vontade”.

Nós somos chamados para influenciar com o amor que flui do evangelho de Jesus Cristo. Somos chamados para fazer discípulos. Fazer discípulos vai além de ensinar sã doutrina. Envolve ensinar pessoas a enxergar a vida pelas lentes da sã doutrina (cosmovisão) e aplicar a sã doutrina às situações reais da vida em todas as áreas (santificação). Inclui ensiná-las a levar o evangelho para o cotidiano (discipulado). Esse é o nosso chamado: fazer amigos e influenciar pessoas com e pelo evangelho de Jesus Cristo. Isto foi o que Paulo, tendo aprendido de Cristo, fez durante a vida toda, e ensinou outros a fazer de igual forma, principalmente pelos relacionamentos.

O relacionamento íntimo foi um instrumento para um dos elementos cruciais no treinamento de Paulo dado a Timóteo, imitação. (Cf. A Treliça e a Videira: A Mentalidade de Discipulado que Muda Tudo. Editora Fiel. Capítulo 6: O âmago do treinamento).

2 Timóteo 3.10 e 11 Por isso, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus, com glória eterna. Esta palavra é digna de confiança: Se morremos com ele, com ele também viveremos”.

Foi não somente o bom depósito do evangelho que Paulo passou a Timóteo, e sim uma maneira de viver. E Timóteo deveria, por sua vez, ser modelo desta maneira de viver evangélica para os outros.

1 Timóteo 4.12 e 13 Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza. Até a minha chegada, dedique-se à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino”.

Paulo exortou um de seus outros pupilos, Tito, em termos semelhantes. Tito 2.7 e 8 “Em tudo seja você mesmo um exemplo para eles, fazendo boas obras. Em seu ensino, mostre integridade e seriedade; use linguagem sadia, contra a qual nada se possa dizer, para que aqueles que se lhe opõem fiquem envergonhados por não terem nada de mal para dizer a nosso respeito”.

Não deixe de observar que o ensino e o comportamento exemplares de Tito se refletiam também em Paulo (v. 8 “não terem nada de mal para dizer a nosso respeito”), porque Tito estava ensinando e se comportando em imitação de Paulo. Cabe aqui reforçar que esta metodologia de ser modelo, exemplo e imitação era elementar em todo o ministério de Paulo.

Filipenses 3.17 e 18 “Irmãos, sigam unidos o meu exemplo e observem os que vivem de acordo com o padrão que lhes apresentamos. Pois, como já lhes disse repetidas vezes, e agora repito com lágrimas, há muitos que vivem como inimigos da cruz de Cristo”.

1 Tessalonicenses 1.4 a 7 Sabemos, irmãos, amados de Deus, que ele os escolheu porque o nosso evangelho não chegou a vocês somente em palavra, mas também em poder, no Espírito Santo e em plena convicção. Vocês sabem como procedemos entre vocês, em seu favor. De fato, vocês se tornaram nossos imitadores e do Senhor; apesar de muito sofrimento, receberam a palavra com alegria que vem do Espírito Santo. E, assim, tornaram-se modelo para todos os crentes que estão na Macedônia e na Acaia”.

Colin Marshall e Tony Payne resumiram o nosso chamado para influenciar da seguinte maneira:

“Por meio de relacionamento pessoal, oração, ensino, ser exemplo e instrução prática, queremos ver pessoas crescendo em: convicção, o conhecimento de Deus e o entendimento da Bíblia; caráter, o caráter e a vida santos que se harmoniza com a sã doutrina; competência, a habilidade de falar a Palavra de Deus aos outros em maneiras diferentes”.

(Fonte: A Treliça e a Videira: A Mentalidade de Discipulado que Muda Tudo. Editora Fiel. Cap. 6).

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