Filemom 1.4 a 7 “Dou graças ao meu Deus, lembrando sempre de
você nas minhas orações, porque tenho ouvido falar da fé que você tem no Senhor
Jesus e do seu amor por todos os santos. Oro para que a comunhão da sua fé se
torne eficaz no pleno conhecimento de todo o bem que há em nós, para com
Cristo. Pois, irmão, o seu amor me trouxe grande alegria e consolo, visto que o
coração dos santos tem sido reanimado por você”.
O poder da influência
A Universidade de Chicago, lá nas primeiras décadas do
século XX, realizou uma pesquisa com o propósito de identificar o que os
adultos desejavam estudar. Lowell Thomas escreveu que: “o estudo revelou que o
primeiro interesse de um adulto é a saúde. Também demonstrou que o segundo
interesse reside no desenvolvimento de sua habilidade nas relações humanas; os
adultos querem aprender a técnica para prosperar e para influenciar pessoas”.
Influenciar pessoas! Por que esse desejo tão proeminente nos
adultos? Quando se verifica a definição do termo tudo se esclarece. Influenciar
é “exercer uma ação psicológica, uma ascendência sobre (alguém ou algo) ou
deixar subjugar-se por esta ação”. Influência, portanto, é poder, “poder de
produzir um efeito sobre os seres ou sobre as coisas”, ou ainda, “ação de um
agente físico sobre alguém ou alguma coisa, suscitando-lhe modificações”. (Fonte:
Definições de Oxford Languages na internet).
Não é por acaso que um dos livros mais vendidos de todos os
tempos seja Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie. Já está
na 53ª edição, desde sua publicação em 1936, e vendeu mais de 50 milhões de
exemplares em 38 idiomas, sendo considerado pelo The Times “o livro de
autoajuda mais bem-sucedido de todos os tempos”.
Influência não é só poder. Influência também produz
dinheiro. É tanto que, tendo em vista a perda de influência de propagandas nos
canais abertos de televisão, uma das ferramentas que mais chama a atenção no
momento é o marketing de influência. Trata-se de uma estratégia que, por meio
de plataformas digitais (especialmente Facebook, Instagram e Youtube), torna
possível ao influenciador digital exercer sua influência ou liderança sobre
potenciais clientes para o consumo de marcas ou de produtos, interferindo
diretamente nas decisões de compra daquelas pessoas. Isso acontece porque os
influenciadores inspiram ou estabelecem uma relação de confiança com seus
públicos.
(Fonte: Cassio Politi, O que é marketing de influência? Disponível
em: https://www.influency.me/blog/o-que-e-marketing-de-influencia/).
Cassio Politi, autor do primeiro livro sobre marketing de
conteúdo no Brasil (lançado em 2013), escreveu que o marketing de influência
começou, de fato, no século XIX, quando marcas americanas decidiram contratar
celebridades com o intuito de endossar seus produtos, especialmente cigarros e
produtos de limpeza. Nesse período a popularidade dos filmes exibidos no cinema
estava ampliando o poder da influência de atores e atrizes. Consequentemente,
os fãs começaram a imitar as estrelas que assistiam nos cinemas, falando como
elas, vestindo-se como elas e consumindo o que elas consumiam.
Essa massificação da informação pelos meios de comunicação
fez sociólogos e psicólogos, ainda nas primeiras décadas do século passado,
perceberem a necessidade que as pessoas têm de “líderes de opinião”, uma vez
que a comunicação de massa tem um efeito limitado sobre os telespectadores, ou
seja, não são todos os produtos que são bem-vendidos em todos os lugares e para
todas as pessoas. Então os profissionais de publicidade e propaganda começaram
a vender, preste atenção! Não mais produtos, mas “novos estilos de vida”.
Em vez de simplesmente dizerem ou mostrarem aos consumidores
as características dos produtos, do que ele é feito e o que ele faz, por
exemplo, em vez de apenas exibir o produto, a beleza de sua embalagem ou algo
assim, a publicidade se reinventou e apostou em uma nova abordagem: fazer
pessoas em potencial consumirem produtos por se assemelharem àqueles
influenciadores que também os consumem. Por exemplo: a pessoa comprará o
shampoo porque desejará cabelo igual ao da mulher da propaganda; comprará a
pasta dental porque desejará o mesmo sorriso brilhante do homem da propaganda;
comprará o carro porque desejará a mesma experiência do casal da propaganda;
etc.
Em outras palavras: líderes e influenciadores são
bem-sucedidos na medida em que mudam a crença e o comportamento dos outros pela
semelhança com aqueles que se busca influenciar, e isto por inspiração.
Trocando em miúdos: eu, como líder ou influenciador, serei bem-sucedido ao
tempo que eu conseguir inspirar você a mudar sua opinião ou pensamento e levar
você a pensar, fazer ou consumir as mesmas coisas que eu faço ou consumo. Isso
é marketing de influência. Esse é o poder da influência.
Nosso chamado para influenciar
Somos, enquanto cristãos, chamados para influenciar. Influência
é o nosso negócio. De fato, nosso chamado é para fazer discípulos (Mateus 28.19
e 20); isto é, exercer influência sobre outras pessoas “até Cristo ser formado”
nelas (Gálatas 4.19); influência que produza nas pessoas transformação da
cabeça, do coração e do comportamento, transformação completa, para que
“experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para” eles (Romanos
12.1).
Paulo tinha essa consciência e vivia sob essa perspectiva.
Aos coríntios, ele escreveu assim (1 Coríntios 11.1 “Tornem-se meus imitadores,
como eu o sou de Cristo”). O apóstolo era intencional na forma como vivia, ele
não era apenas piedoso, ele transparecia piedade e ensinava piedade com
palavras e posturas. Por exemplo:
1 Tessalonicenses 2.9 a 12 “Irmãos, certamente vocês se
lembram do nosso trabalho esgotante e da nossa fadiga; trabalhamos noite e dia
para não sermos pesados a ninguém, enquanto lhes pregávamos o evangelho de
Deus. Tanto vocês como Deus são testemunhas de como nos portamos de maneira
santa, justa e irrepreensível entre vocês, os que creem. Pois vocês sabem que
tratamos cada um como um pai trata seus filhos, exortando, consolando e dando
testemunho, para que vocês vivam de maneira digna de Deus, que os chamou para o
seu Reino e glória”.
Essa era a forma como Paulo vivia e buscava influenciar, a
mesma que ele ensinou Timóteo a multiplicar (2 Timóteo 2.2 “E as coisas que me
ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie a homens fiéis que sejam
também capazes de ensinar a outros”).
E como Timóteo deveria ensinar e transmitir aquilo que ele
havia aprendido sob a influência de Paulo? Veja, 2 Timóteo 2.23 a 26, preste
atenção no poder da influência de palavras ditas em viva voz e de posturas
vividas a olhos nus no poder do Espírito Santo: “Evite as controvérsias tolas e
fúteis, pois você sabe que acabam em brigas. Ao servo do Senhor não convém brigar,
mas, sim, ser amável para com todos, apto para ensinar, paciente. Deve corrigir
com mansidão os que se lhe opõem, na esperança de que Deus lhes conceda o
arrependimento, levando-os ao conhecimento da verdade, para que assim voltem à
sobriedade e escapem da armadilha do diabo, que os aprisionou para fazerem a
sua vontade”.
Nós somos chamados para influenciar com o amor que flui do
evangelho de Jesus Cristo. Somos chamados para fazer discípulos. Fazer
discípulos vai além de ensinar sã doutrina. Envolve ensinar pessoas a enxergar
a vida pelas lentes da sã doutrina (cosmovisão) e aplicar a sã doutrina às
situações reais da vida em todas as áreas (santificação). Inclui ensiná-las a
levar o evangelho para o cotidiano (discipulado). Esse é o nosso chamado: fazer
amigos e influenciar pessoas com e pelo evangelho de Jesus Cristo. Isto foi o
que Paulo, tendo aprendido de Cristo, fez durante a vida toda, e ensinou outros
a fazer de igual forma, principalmente pelos relacionamentos.
O relacionamento íntimo foi um instrumento para um dos
elementos cruciais no treinamento de Paulo dado a Timóteo, imitação. (Cf. A
Treliça e a Videira: A Mentalidade de Discipulado que Muda Tudo. Editora Fiel.
Capítulo 6: O âmago do treinamento).
2 Timóteo 3.10 e 11 Por isso, tudo suporto por causa dos
eleitos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus, com
glória eterna. Esta palavra é digna de confiança: Se morremos com ele, com ele
também viveremos”.
Foi não somente o bom depósito do evangelho que Paulo passou
a Timóteo, e sim uma maneira de viver. E Timóteo deveria, por sua vez, ser
modelo desta maneira de viver evangélica para os outros.
1 Timóteo 4.12 e 13 Ninguém o despreze pelo fato de você ser
jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor,
na fé e na pureza. Até a minha chegada, dedique-se à leitura pública da
Escritura, à exortação e ao ensino”.
Paulo exortou um de seus outros pupilos, Tito, em termos
semelhantes. Tito 2.7 e 8 “Em tudo seja você mesmo um exemplo para eles,
fazendo boas obras. Em seu ensino, mostre integridade e seriedade; use
linguagem sadia, contra a qual nada se possa dizer, para que aqueles que se lhe
opõem fiquem envergonhados por não terem nada de mal para dizer a nosso
respeito”.
Não deixe de observar que o ensino e o comportamento
exemplares de Tito se refletiam também em Paulo (v. 8 “não terem nada de mal
para dizer a nosso respeito”), porque Tito estava ensinando e se comportando em
imitação de Paulo. Cabe aqui reforçar que esta metodologia de ser modelo,
exemplo e imitação era elementar em todo o ministério de Paulo.
Filipenses 3.17 e 18 “Irmãos, sigam unidos o meu exemplo e
observem os que vivem de acordo com o padrão que lhes apresentamos. Pois, como
já lhes disse repetidas vezes, e agora repito com lágrimas, há muitos que vivem
como inimigos da cruz de Cristo”.
1 Tessalonicenses 1.4 a 7 Sabemos, irmãos, amados de Deus,
que ele os escolheu porque o nosso evangelho não chegou a vocês somente em
palavra, mas também em poder, no Espírito Santo e em plena convicção. Vocês
sabem como procedemos entre vocês, em seu favor. De fato, vocês se tornaram
nossos imitadores e do Senhor; apesar de muito sofrimento, receberam a palavra
com alegria que vem do Espírito Santo. E, assim, tornaram-se modelo para todos
os crentes que estão na Macedônia e na Acaia”.
Colin Marshall e Tony Payne resumiram o nosso chamado para
influenciar da seguinte maneira:
“Por meio de relacionamento pessoal, oração, ensino, ser
exemplo e instrução prática, queremos ver pessoas crescendo em: convicção, o
conhecimento de Deus e o entendimento da Bíblia; caráter, o caráter e a vida
santos que se harmoniza com a sã doutrina; competência, a habilidade de falar a
Palavra de Deus aos outros em maneiras diferentes”.
(Fonte: A Treliça e a Videira: A Mentalidade de Discipulado
que Muda Tudo. Editora Fiel. Cap. 6).
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