Romanos 12.6 e 7 “Temos diferentes dons, de acordo com a
graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção
da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine”.
De todos os dons
concedidos por Deus, o do ensino merece destaque especial. O dom de ensino
merece ser destacado porque a essência da vida cristã é o aprendizado, sendo
inconcebível um cristão que tenha parado no tempo, que não tenha mais crescido
na graça e no conhecimento do Senhor.
O ministério de ensino de Jesus
Marcos 6.2 “E chegando o sábado, começou a ensinar na
sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se admiravam, dizendo: De onde lhe vêm essas
coisas? E que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas
por suas mãos?”
Ninguém esteve mais preparado e se mostrou mais idôneo para
exercer o ministério de ensino do que Jesus.
Introdução
Jesus ensinava com autoridade, clareza e originalidade. Era
o Mestre por excelência. Seu ensino ocupou grande parte do seu ministério
terreno. Foi Ele quem ordenou aos discípulos: “ide, ensinai todas as nações
[...] ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado"
(Mateus 28.19 e 20).
1 - Ensino nas escrituras
O que é ensinar? Segundo o pastor e teólogo Myer Pearlman,
ensinar "é despertar a mente do aluno para captar e reter a verdade".
A educação e o ensino sempre foram prioridades entre os judeus. A Bíblia está
repleta de referências ao ensino e aos mestres. O ministério de ensino ocupa espaço
relevante no cristianismo e aparece na lista dos dons da graça de Deus: Romanos
12.7b "se é ensinar, haja dedicação ao ensino".
O ensino no Antigo Testamento: O vocábulo "ensino"
aparece no Antigo Testamento com o sentido de "doutrina" (Deuteronômio
32.2 “Que o meu ensino caia como chuva e as minhas palavras desçam como
orvalho, como chuva branda sobre o pasto novo, como garoa sobre tenras
plantas”, Jó 11.4 “Pois dizes: A minha doutrina é pura, e limpo sou aos teus
olhos” e Provérbios 4.2 ““ Apegue-se às minhas palavras de todo o coração;
obedeça aos meus mandamentos, e você terá vida”), e "entendimento" (Provérbios
1.5 e 29 “O sábio ouvirá e crescerá em conhecimento, e o entendido adquirirá
sábios conselhos; Visto que desprezaram o conhecimento e recusaram o temor do
Senhor”,
Provérbios 2.3 “se clamar por entendimento e por discernimento gritar
bem alto”).
Com o passar do tempo, a palavra veio a significar o
"ensino de Moisés" que se encontra no Pentateuco. Tão logo o povo de
Israel atravessou o mar Vermelho, Deus chamou Moisés e responsabilizou-o de,
juntamente com os anciãos e os sacerdotes, ensinar ao povo os seus mandamentos
(Deuteronômio 3.2 como já lemos acima, 1 Samuel 12.23 “E longe de mim esteja
pecar contra o Senhor, deixando de orar por vocês. Também lhes ensinarei o
caminho que é bom e direito”, 2 Crônicas 15.3 “Durante muito tempo Israel
esteve sem o verdadeiro Deus, sem sacerdote para ensiná-lo e sem a Lei”). Esta
responsabilidade também cabia aos pais. Eles deveriam ensinar seus filhos no
temor do Senhor (Deuteronômio 6.6 e 7 “Que todas estas palavras que hoje lhe
ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos.
Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo
caminho, quando se deitar e quando se levantar” e Deuteronômio 11.19 “E
ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo
caminho, e deitando-te, e levantando-te”).
O ensino no Novo Testamento: As duas principais palavras no
original para ensino são didaché, "instrução, ensino" e didaskalia,
"ensino, doutrina". Esses termos transmitem a ideia tanto do ato de
ensinar como do conteúdo do ensino. A primeira aparece para indicar os ensinos
de Jesus (Mateus 7.28 “Quando Jesus acabou de dizer essas coisas, as multidões
estavam maravilhadas com o seu ensino” e João 7.16 e 17 “Jesus respondeu: O meu
ensino não é de mim mesmo. Vem daquele que me enviou. Se alguém decidir fazer a
vontade de Deus, descobrirá se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim
mesmo”) e também para realçar a "doutrina dos apóstolos" (Atos 2.42
“Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às
orações”). A segunda, para indicar a "doutrina dos homens" (Mateus
15.9 “Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por
homens” e Marcos 7.7 “Em vão, porém, me honram, Ensinando doutrinas que são
mandamentos de homens”). Todavia, é nas epístolas pastorais que elas aparecem
com o sentido mais rígido de crenças ou corpo doutrinal da igreja.
O ensino na pregação do Evangelho: O ensino bíblico
acompanha a pregação do Evangelho. Na passagem bíblica da "Grande
Comissão" (Mateus 28.19 e 20), são usados dois verbos para
"ensinar". O primeiro é "ensinai todas as nações",
"fazer discípulos", pois o discipulado acompanha, necessariamente, a
evangelização. O segundo, "ensinado-as a guardar todas as coisas que eu
vos tenho mandado", inclui ética e teologia. O Senhor Jesus ensinou, nesse
sentido, durante todo o seu ministério.
2 - Jesus, o mestre dos mestres
Jesus ensinava a todos: Ele ensinava sempre que surgia a
oportunidade. Ensinava a pequenos (João 3.3 a 21 “Digo-lhe a verdade: Ninguém
pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo...") e a grandes grupos (Marcos
6.34 “Quando Jesus saiu do barco e viu uma grande multidão, teve compaixão
deles, porque eram como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar-lhes muitas
coisas”), ensinava no Templo (Marcos 12.35 “Ensinando no templo, Jesus
perguntou: "Como os mestres da lei dizem que o Cristo é filho de Davi?”),
nas casas (Marcos 2.1 e 2 “Poucos dias depois, tendo Jesus entrado novamente em
Cafarnaum, o povo ouviu falar que ele estava em casa. Então muita gente se
reuniu ali, de forma que não havia lugar nem junto à porta; e ele lhes pregava
a palavra”), ou ao ar livre (Mateus 5.1 “Vendo as multidões, Jesus subiu ao
monte e se assentou. Seus discípulos aproximaram-se dele, e ele começou a
ensiná-los”). O Mestre empregou vários métodos e recursos para ensinar. Muitos
dos seus métodos são utilizados até os dias atuais, parábolas, preleção,
perguntas e respostas, etc.
Jesus ensinava com autoridade: O Sermão do Monte é o melhor
exemplo dessa autoridade, pois ninguém jamais ousaria expressar: "Ouvistes
que foi dito... Eu, porém, vos digo" (Mateus 5.21,22, 27, 28,31-34, 38,
39, 43,44). O povo ficava admirado da doutrina de Jesus, ou melhor, do seu
ensino. Ele ensinava com autoridade (Mateus 7.29 “porque ele as ensinava como
quem tem autoridade, e não como os mestres da lei”). O povo percebia a
autoridade divina no ensino de Jesus e a reverenciava.
Jesus era pertinente: A mensagem de Jesus era relevante e
válida pelo fato de ter sido revelada. Ele satisfazia às necessidades das
pessoas. Mas, de acordo com o autor de Hebreus, Jesus não era um mero
ensinador: Hebreus 4.15 "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa
compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi
tentado, mas sem pecado". Ele também explica: Hebreus 2.18 "Porque,
naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são
tentados". Os ensinos de Jesus eram de ordem prática. Atraíam a atenção e
o interesse das multidões (Mateus 7.28 “Quando Jesus acabou de dizer essas
coisas, as multidões estavam maravilhadas com o seu ensino”). Até mesmo os que
não gostavam dEle voltavam dizendo: João 7.46 "Nunca homem algum falou
assim como este homem".
Jesus ensinava por parábolas (Marcos 4.1 a 3 “E outra vez
começou a ensinar junto do mar, e ajuntou-se a ele grande multidão, de sorte
que ele entrou e assentou-se num barco, sobre o mar; e toda a multidão estava
em terra junto do mar. E ensinava-lhes muitas coisas por parábolas, e lhes
dizia na sua doutrina: Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear”). Jesus utilizou
vários métodos em seu ministério de ensino. Um dos mais utilizados foi o de contar
parábolas. O Mestre deixou claro por que utilizou esse método: Mateus 13.13 "Por
isso, Ihes falo por parábolas, porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não
ouvem, nem compreendem". Nem todos os que seguiam a Jesus estavam
preocupados com o Reino de Deus e muito menos interessados em aprender. O
propósito do Mestre era atrair os verdadeiros interessados por sua mensagem,
pois, não entendendo, iam pedir-lhe explicações (Mateus 13.10 “Os discípulos
aproximaram-se dele e perguntaram: "Por que falas ao povo por parábolas?”).
Como toda a Palavra de Deus, as parábolas do Senhor Jesus eram como espada de
dois gumes. Se por um lado explicava os mistérios do Reino de Deus aos pequenos
e humildes (Lucas 10.21 “Naquela hora Jesus, exultando no Espírito Santo, disse:
"Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas
coisas dos sábios e cultos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, pois assim
foi do teu agrado”), por outro, ocultava esses mesmos mistérios aos sábios e
inteligentes. Se quisermos aprender os mistérios do Reino de Deus, devemos nos
prostrar aos pés do Mestre divino e, assim, em profunda humildade, guardar seus
ensinamentos em nosso coração.
3 - A prática do ensino de Jesus (Mateus 7.24 a 27
“Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem
prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu à chuva, transbordaram os
rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque
tinha seus alicerces na rocha. Mas quem ouve estas minhas palavras e não as
pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu à
chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e
ela caiu. E foi grande a sua queda).
Jesus conclui o sermão do Monte com a parábola dos construtores
ou dois alicerces. O contraste entre os dois tipos de ouvintes é representado
nesses construtores. O insensato procura livrar-se do incômodo de ter que
trabalhar a rocha para fazer o alicerce; assim, sua construção é vulnerável à
chuva ou a qualquer tempestade. Isso mostra que o cristão meramente
intelectual, que professa uma fé artificial, não resiste às intempéries da
vida. Qualquer dificuldade abala a sua fé, porque construiu sua casa na areia.
Porém, o que constrói sobre a rocha representa o cristão que ouve o ensino de
Jesus e o pratica.
Conclusão
Depois da ascensão de Jesus, os apóstolos deram continuidade
ao seu ministério de ensino (Atos 18.11 “Assim, Paulo ficou ali durante um ano
e meio, ensinando-lhes a palavra de Deus”, Atos 20.31 “Por isso, vigiem!
Lembrem-se de que durante três anos jamais cessei de advertir a cada um de
vocês disso, noite e dia, com lágrimas”.
Deus ainda hoje tem concedido a muitos em sua Igreja o dom
de ensinar, a fim de que o Corpo de Cristo seja aperfeiçoado e edificado (Efésios
4.12 “E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos
para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado”).
Pra. Regina – I.E.Q. cervezão (www.ieqcervezao.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário