14/04/2017

Que haja dedicação ao ensinar


Romanos 12.6 e 7 “Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine”.
 De todos os dons concedidos por Deus, o do ensino merece destaque especial. O dom de ensino merece ser destacado porque a essência da vida cristã é o aprendizado, sendo inconcebível um cristão que tenha parado no tempo, que não tenha mais crescido na graça e no conhecimento do Senhor.

O ministério de ensino de Jesus

Marcos 6.2 “E chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se admiravam, dizendo: De onde lhe vêm essas coisas? E que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?”

Ninguém esteve mais preparado e se mostrou mais idôneo para exercer o ministério de ensino do que Jesus.

Introdução

Jesus ensinava com autoridade, clareza e originalidade. Era o Mestre por excelência. Seu ensino ocupou grande parte do seu ministério terreno. Foi Ele quem ordenou aos discípulos: “ide, ensinai todas as nações [...] ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado" (Mateus 28.19 e 20).

1 - Ensino nas escrituras

O que é ensinar? Segundo o pastor e teólogo Myer Pearlman, ensinar "é despertar a mente do aluno para captar e reter a verdade". A educação e o ensino sempre foram prioridades entre os judeus. A Bíblia está repleta de referências ao ensino e aos mestres. O ministério de ensino ocupa espaço relevante no cristianismo e aparece na lista dos dons da graça de Deus: Romanos 12.7b "se é ensinar, haja dedicação ao ensino".

O ensino no Antigo Testamento: O vocábulo "ensino" aparece no Antigo Testamento com o sentido de "doutrina" (Deuteronômio 32.2 “Que o meu ensino caia como chuva e as minhas palavras desçam como orvalho, como chuva branda sobre o pasto novo, como garoa sobre tenras plantas”, Jó 11.4 “Pois dizes: A minha doutrina é pura, e limpo sou aos teus olhos” e Provérbios 4.2 ““ Apegue-se às minhas palavras de todo o coração; obedeça aos meus mandamentos, e você terá vida”), e "entendimento" (Provérbios 1.5 e 29 “O sábio ouvirá e crescerá em conhecimento, e o entendido adquirirá sábios conselhos; Visto que desprezaram o conhecimento e recusaram o temor do Senhor”, 
Provérbios 2.3 “se clamar por entendimento e por discernimento gritar bem alto”).

Com o passar do tempo, a palavra veio a significar o "ensino de Moisés" que se encontra no Pentateuco. Tão logo o povo de Israel atravessou o mar Vermelho, Deus chamou Moisés e responsabilizou-o de, juntamente com os anciãos e os sacerdotes, ensinar ao povo os seus mandamentos (Deuteronômio 3.2 como já lemos acima, 1 Samuel 12.23 “E longe de mim esteja pecar contra o Senhor, deixando de orar por vocês. Também lhes ensinarei o caminho que é bom e direito”, 2 Crônicas 15.3 “Durante muito tempo Israel esteve sem o verdadeiro Deus, sem sacerdote para ensiná-lo e sem a Lei”). Esta responsabilidade também cabia aos pais. Eles deveriam ensinar seus filhos no temor do Senhor (Deuteronômio 6.6 e 7 “Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar” e Deuteronômio 11.19 “E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te”).

O ensino no Novo Testamento: As duas principais palavras no original para ensino são didaché, "instrução, ensino" e didaskalia, "ensino, doutrina". Esses termos transmitem a ideia tanto do ato de ensinar como do conteúdo do ensino. A primeira aparece para indicar os ensinos de Jesus (Mateus 7.28 “Quando Jesus acabou de dizer essas coisas, as multidões estavam maravilhadas com o seu ensino” e João 7.16 e 17 “Jesus respondeu: O meu ensino não é de mim mesmo. Vem daquele que me enviou. Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo”) e também para realçar a "doutrina dos apóstolos" (Atos 2.42 “Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações”). A segunda, para indicar a "doutrina dos homens" (Mateus 15.9 “Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens” e Marcos 7.7 “Em vão, porém, me honram, Ensinando doutrinas que são mandamentos de homens”). Todavia, é nas epístolas pastorais que elas aparecem com o sentido mais rígido de crenças ou corpo doutrinal da igreja.

O ensino na pregação do Evangelho: O ensino bíblico acompanha a pregação do Evangelho. Na passagem bíblica da "Grande Comissão" (Mateus 28.19 e 20), são usados dois verbos para "ensinar". O primeiro é "ensinai todas as nações", "fazer discípulos", pois o discipulado acompanha, necessariamente, a evangelização. O segundo, "ensinado-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado", inclui ética e teologia. O Senhor Jesus ensinou, nesse sentido, durante todo o seu ministério.

2 - Jesus, o mestre dos mestres

Jesus ensinava a todos: Ele ensinava sempre que surgia a oportunidade. Ensinava a pequenos (João 3.3 a 21 “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo...") e a grandes grupos (Marcos 6.34 “Quando Jesus saiu do barco e viu uma grande multidão, teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar-lhes muitas coisas”), ensinava no Templo (Marcos 12.35 “Ensinando no templo, Jesus perguntou: "Como os mestres da lei dizem que o Cristo é filho de Davi?”), nas casas (Marcos 2.1 e 2 “Poucos dias depois, tendo Jesus entrado novamente em Cafarnaum, o povo ouviu falar que ele estava em casa. Então muita gente se reuniu ali, de forma que não havia lugar nem junto à porta; e ele lhes pregava a palavra”), ou ao ar livre (Mateus 5.1 “Vendo as multidões, Jesus subiu ao monte e se assentou. Seus discípulos aproximaram-se dele, e ele começou a ensiná-los”). O Mestre empregou vários métodos e recursos para ensinar. Muitos dos seus métodos são utilizados até os dias atuais, parábolas, preleção, perguntas e respostas, etc.

Jesus ensinava com autoridade: O Sermão do Monte é o melhor exemplo dessa autoridade, pois ninguém jamais ousaria expressar: "Ouvistes que foi dito... Eu, porém, vos digo" (Mateus 5.21,22, 27, 28,31-34, 38, 39, 43,44). O povo ficava admirado da doutrina de Jesus, ou melhor, do seu ensino. Ele ensinava com autoridade (Mateus 7.29 “porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os mestres da lei”). O povo percebia a autoridade divina no ensino de Jesus e a reverenciava.
Jesus era pertinente: A mensagem de Jesus era relevante e válida pelo fato de ter sido revelada. Ele satisfazia às necessidades das pessoas. Mas, de acordo com o autor de Hebreus, Jesus não era um mero ensinador: Hebreus 4.15 "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado". Ele também explica: Hebreus 2.18 "Porque, naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados". Os ensinos de Jesus eram de ordem prática. Atraíam a atenção e o interesse das multidões (Mateus 7.28 “Quando Jesus acabou de dizer essas coisas, as multidões estavam maravilhadas com o seu ensino”). Até mesmo os que não gostavam dEle voltavam dizendo: João 7.46 "Nunca homem algum falou assim como este homem".

Jesus ensinava por parábolas (Marcos 4.1 a 3 “E outra vez começou a ensinar junto do mar, e ajuntou-se a ele grande multidão, de sorte que ele entrou e assentou-se num barco, sobre o mar; e toda a multidão estava em terra junto do mar. E ensinava-lhes muitas coisas por parábolas, e lhes dizia na sua doutrina: Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear”). Jesus utilizou vários métodos em seu ministério de ensino. Um dos mais utilizados foi o de contar parábolas. O Mestre deixou claro por que utilizou esse método: Mateus 13.13 "Por isso, Ihes falo por parábolas, porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem compreendem". Nem todos os que seguiam a Jesus estavam preocupados com o Reino de Deus e muito menos interessados em aprender. O propósito do Mestre era atrair os verdadeiros interessados por sua mensagem, pois, não entendendo, iam pedir-lhe explicações (Mateus 13.10 “Os discípulos aproximaram-se dele e perguntaram: "Por que falas ao povo por parábolas?”). Como toda a Palavra de Deus, as parábolas do Senhor Jesus eram como espada de dois gumes. Se por um lado explicava os mistérios do Reino de Deus aos pequenos e humildes (Lucas 10.21 “Naquela hora Jesus, exultando no Espírito Santo, disse: "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado”), por outro, ocultava esses mesmos mistérios aos sábios e inteligentes. Se quisermos aprender os mistérios do Reino de Deus, devemos nos prostrar aos pés do Mestre divino e, assim, em profunda humildade, guardar seus ensinamentos em nosso coração.

3 - A prática do ensino de Jesus (Mateus 7.24 a 27 “Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu à chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha. Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu à chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande a sua queda).

Jesus conclui o sermão do Monte com a parábola dos construtores ou dois alicerces. O contraste entre os dois tipos de ouvintes é representado nesses construtores. O insensato procura livrar-se do incômodo de ter que trabalhar a rocha para fazer o alicerce; assim, sua construção é vulnerável à chuva ou a qualquer tempestade. Isso mostra que o cristão meramente intelectual, que professa uma fé artificial, não resiste às intempéries da vida. Qualquer dificuldade abala a sua fé, porque construiu sua casa na areia. Porém, o que constrói sobre a rocha representa o cristão que ouve o ensino de Jesus e o pratica.

Conclusão

Depois da ascensão de Jesus, os apóstolos deram continuidade ao seu ministério de ensino (Atos 18.11 “Assim, Paulo ficou ali durante um ano e meio, ensinando-lhes a palavra de Deus”, Atos 20.31 “Por isso, vigiem! Lembrem-se de que durante três anos jamais cessei de advertir a cada um de vocês disso, noite e dia, com lágrimas”.

Deus ainda hoje tem concedido a muitos em sua Igreja o dom de ensinar, a fim de que o Corpo de Cristo seja aperfeiçoado e edificado (Efésios 4.12 “E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado”).


Pra. Regina – I.E.Q. cervezão (www.ieqcervezao.com.br)

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