29/04/2017

“Eu Sou o que Sou”: A auto revelação de Deus



Êxodo 3.15 “E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração”.

No mundo moderno, o nome de uma pessoa pode ser apenas um rótulo, sem revelar nada a respeito dela. Os nomes bíblicos, contudo, têm como fundo uma ampla tradição, segundo a qual o nome de uma pessoa oferece significativa informação a respeito de quem o usa. O Antigo Testamento, freqüentemente, celebra o fato de Deus tornar seu nome conhecido a Israel, e os Salmos, muitas vezes, elevam louvores ao nome de Deus (Salmos 8.1 “O Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus!”, Salmos 113.1 a 3 “Louvai ao Senhor. Louvai, servos do Senhor, louvai o nome do Senhor. Seja bendito o nome do Senhor, desde agora para sempre. Desde o nascimento do sol até ao ocaso, seja louvado o nome do Senhor”, Salmos 145.1 e 2 “Eu te exaltarei, ó Deus, rei meu, e bendirei o teu nome pelos séculos dos séculos e para sempre. Cada dia te bendirei, e louvarei o teu nome pelos séculos dos séculos e para sempre”, Salmos 148.5 e 13 “Louvem o nome do Senhor, pois mandou, e logo foram criados, Louvem o nome do Senhor, pois só o seu nome é exaltado; a sua glória está sobre a terra e o céu”). “Nome”, aqui, significa o próprio Deus, como ele se revelou por palavras e ações. No centro dessa auto-revelação está o nome pelo qual Deus autorizou Israel a invocá-lo, nome comumente traduzido por “O Senhor” (tradução do termo hebraico Javé, como os eruditos modernos o pronunciam, ou “Jeová”, como é, às vezes escrito).

Deus declarou esse nome a Moisés, quando lhe falou a partir da sarça que se queimava, mas não se consumia. Deus primeiro identificou-se como o Deus que tinha se comprometido numa relação de aliança com os patriarcas (Gênesis 17.1 a 14 “Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o Senhor a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito. E porei a minha aliança entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente. Então caiu Abrão sobre o seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo: Quanto a mim, eis a minha aliança contigo: serás o pai de muitas nações;

E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações te tenho posto; E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti; E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti. E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Deus. Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado. E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós. O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência. Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua. “E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança”, depois, quando Moisés lhe perguntou o que deveria dizer ao povo quando este quisesse saber qual era o seu nome (pois os antigos supunham que a oração só seria respondida se o destinatário fosse nomeado corretamente), Deus, primeiro, respondeu: “Eu Sou o que Sou”; depois, abreviou para “Eu Sou”. O nome “Javé” (Senhor) soa como “Eu Sou” em hebraico; e Deus, finalmente, chamou-se a si mesmo “O Senhor, o Deus de vossos pais” (Êxodo 3.15 e 16 “E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração. Vai, e ajunta os anciãos de Israel e dize-lhes: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, me apareceu, dizendo: Certamente vos tenho visitado e visto o que vos é feito no Egito”). O nome, em todas as suas formas, proclama a realidade eterna e soberana que se auto-sustenta e se auto-determina, ou seja, o seu modo sobrenatural de existência, que a sarça ardente representou (Êxodo 3.2 “E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia”). A sarça que não se consumia ilustrava a própria vida inesgotável de Deus. Ao designar “Javé” como “o meu nome eternamente” (Êxodo 3.15 “E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração”), Deus indicou que seu povo deveria sempre pensar nele como o Rei vivo, poderoso e sempre reinando, Rei que a sarça ardente o mostrava ser.

Mais tarde, Moisés pediu para ver a glória de Deus. Em resposta, Deus proclamou o “o nome”: Êxodo 34.6 e 7 “Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado”.

Na sarça ardente, Deus tinha respondido à pergunta pelo modo de sua existência. Aqui ele responde à questão de como podemos descrever as suas ações. Essa proclamação fundamental do seu caráter moral ecoa, com freqüência, em passagens posteriores das Escrituras (Neemias 9.17 “E recusaram ouvir-te, e não se lembraram das tuas maravilhas, que lhes fizeste, e endureceram a sua cerviz e, na sua rebelião, levantaram um capitão, a fim de voltarem para a sua servidão; porém tu, ó Deus perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar-te, e grande em beneficência, tu não os desamparaste”, Salmos 86.15 “Porém tu, Senhor, és um Deus cheio de compaixão, e piedoso, sofredor, e grande em benignidade e em verdade”, Joel 2.13 “E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal”, Jonas 4.2 “E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal”). Todas essas revelações são parte do seu “nome” e revelam a sua natureza, em função da qual ele deve ser reverenciado e glorificado para sempre.

No Novo Testamento, as palavras e atos de Jesus, o Filho encarnado de Deus, constituem a plena revelação da mente, do caráter e do propósito de Deus, o Pai (João 14.9 a 11 “Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras”). A frase “Santificado seja o teu nome“, na oração do Pai Nosso (Mateus 6.9 “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome”), expressa o desejo de que Deus seja reverenciado e louvado como merece o esplendor da totalidade de sua auto-revelarão.

Fonte: Bíblia de Estudo de Genebra

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