14/04/2017

A aliança da graça de Deus


Gênesis 12.1 a 3 “Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra”.

Nas escrituras, as alianças são acordos solenes, negociados ou impostos unilateralmente, que ligam as partes umas às outras em relações permanentes, definidas, com promessas especificas, com reivindicações e obrigações de ambos os lados (por ex: a aliança do casamento, em Malaquias 2.14 “E dizeis: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança”).
Quando Deus faz uma aliança com suas criaturas, só ele estabelece as condições, como mostra sua aliança com Noé e seus descendentes (Gênesis 9.9 “E eu, eis que estabeleço a minha aliança convosco e com a vossa descendência depois de vós”). Quando Adão e Eva fracassaram em obedecer aos termos da aliança da obras (Gênesis 3.6 “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela”). Deus não os destruiu, mas revelou a sua aliança da graça, prometendo-lhes um Salvador (Gênesis 3.15 “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”). A aliança de Deus descansa sobre sua promessa, como fica claro da sua aliança com Abraão. Ele chamou Abraão para ir á terra que ele lhe daria e prometeu abençoá-lo e a todas as famílias da terra através dele (Gênesis 12.1 a 3 “Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra”). Abraão atendeu a chamada de Deus, porque creu na promessa de Deus, foi a sua fé na promessa de Deus que lhe foi creditada com justiça (Gênesis 15.6 “E creu ele no SENHOR, e imputou-lhe isto por justiça”, Romanos 4.18 a 22 “O qual, em esperança, creu contra a esperança, tanto que ele tornou-se pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência. E não enfraquecendo na fé, não atentou para o seu próprio corpo já amortecido, pois era já de quase cem anos, nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara. E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus, E estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer. Assim isso lhe foi também imputado como justiça”). Aliança de Deus com Israel, no Sinai, esta na forma dos tratados de suserania do antigo oriente próximo. Estas são alianças impostas unilateralmente por um poderoso rei vassalo e um povo servo.

Ainda que a aliança de Deus do Sinai exigisse obediência às leis de Deus, sob a ameaça de maldição, ela era uma continuação da aliança da graça (Êxodo 3.15 “E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração”, Deuteronômio 7.7 e 8 “O SENHOR não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos; mas, porque o SENHOR vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o SENHOR vos tirou com mão forte e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito”, Deuteronômio 9.5 e 6 “Não é por causa da tua justiça, nem pela retidão do teu coração que entras a possuir a sua terra, mas pela impiedade destas nações o SENHOR teu Deus as lança fora, de diante de ti, e para confirmar a palavra que o SENHOR jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó. Sabe, pois, que não é por causa da tua justiça que o SENHOR teu Deus te dá esta boa terra para possuí-la, pois tu és povo obstinado”). Deus deu os mandamentos a um povo que ele já havia redimido e reivindicado  como seu (Êxodo 19.4 “Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim”, Êxodo 20.2 “Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”). A graciosa promessa da aliança de Deus foi posteriormente definida por meio de tipos e sombras da lei dada a Moisés. O fracasso dos israelitas em guardar a aliança de Deus mostrou necessidade de uma nova aliança que assegurasse o poder de obedecer (Jeremias 31.31 a 34 “Eis que dias vêm, diz o SENHOR, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o SENHOR. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao SENHOR; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados”, Jeremias 32.38 a 40 “E eles serão o meu povo, e eu lhes serei o seu Deus; E lhes darei um mesmo coração, e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem, e o bem de seus filhos, depois deles. E farei com eles uma aliança eterna de não me desviar de fazer-lhes o bem; e porei o meu temor nos seus corações, para que nunca se apartem de mim”, Gênesis 17.7 “E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti”, Êxodo 6.7 “E eu vos tomarei por meu povo, e serei vosso Deus; e sabereis que eu sou o SENHOR vosso Deus, que vos tiro de debaixo das cargas dos egípcios”.

Aliança de Deus com Israel foi uma preparação para a vinda do próprio Deus, na pessoa do seu filho, para cumprir todas as suas promessas e para dar substancia ás sombras apresentadas pelos tipos (Isaías 40.10 “Eis que o Senhor DEUS virá com poder e seu braço dominará por ele; eis que o seu galardão está com ele, e o seu salário diante da sua face”, Malaquias 3.1 “Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos”, João 1.14 “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”). Jesus Cristo, o mediador da nova aliança, ofereceu-se a si mesmo como o verdadeiro e definitivo sacrifício pelo pecado. Ele obedeceu à lei de modo perfeito e, como o segundo Adão (segundo representante da raça humana), ele se tornou o herdeiro com todos os que pela fé, se unem a ele de todas as bênçãos relativas à aliança, paz e comunhão com Deus na sua criação renovada. Os arranjos temporários do Antigo testamento para comunicar essas bênçãos tornaram-se obsoletos, quando se concretizou aquilo que eles prefiguravam.

Como a carta aos Hebreus (capitulos. 7 ao 10) explica através de Cristo, Deus inaugurou uma melhor versão da sua única e eterna aliança com pecadores (Hebreus 13.20 “Ora, o Deus de paz, que pelo sangue da aliança eterna tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande pastor das ovelhas”) uma aliança melhor com melhores promessas (Hebreus 8.6 “Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas”), baseada num melhor sacrifício (Hebreus 9.23 “De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes”) oferecido por um melhor sumo sacerdote num melhor santuário (Hebreus 7.26 “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus”, Hebreus 8.6,11 e 13 “Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas; E não ensinará cada um a seu próximo, Nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; Porque todos me conhecerão, Desde o menor deles até ao maior; Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar”). Essa melhor aliança garante com uma esperança melhor do que aquela explicitada na versão anterior da aliança, glória com Deus numa “pátria superior, isto é celestial” (Hebreus 11.16 “Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade”).

O cumprimento da velha aliança em Cristo abre a porta da fé aos gentios. A “semente de Abraão” a comunidade com a qual aliança foi feita, foi redefinida em Cristo, que é a Semente final e definitiva de Abraão, os gentios e os judeus que se unem pela fé tornam-se semente de Abraão (Gálatas 3.26 a 29 “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa”), ao passo que ninguém fora de Cristo, pode estar num relacionamento salvador de aliança com Deus (Romanos 4.9 a 17 “Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente, ou também sobre a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão. Como lhe foi, pois, imputada? Estando na circuncisão ou na incircuncisão? Não na circuncisão, mas na incircuncisão. E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que crêem, estando eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada; E fosse pai da circuncisão, daqueles que não somente são da circuncisão, mas que também andam nas pisadas daquela fé que teve nosso pai Abraão, que tivera na incircuncisão. Porque a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não foi feita pela lei a Abraão, ou à sua posteridade, mas pela justiça da fé. Porque, se os que são da lei são herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é aniquilada. Porque a lei opera a ira. Porque onde não há lei também não há transgressão. Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós, (Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí) perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem”, Romanos 11.13 a 24 “Porque convosco falo, gentios, que, enquanto for apóstolo dos gentios, exalto o meu ministério; Para ver se de alguma maneira posso incitar à emulação os da minha carne e salvar alguns deles. Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos? E, se as primícias são santas, também a massa o é; se a raiz é santa, também os ramos o são. E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado. Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também. Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado. E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar. Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira”).

A estrutura da aliança abrange toda a economia da graça soberana de Deus. O ministério celestial de Cristo continua a ser o de “Mediador da nova aliança” (Hebreus 12.24 “E a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel”). A salvação é a salvação da aliança; regeneração, justificação, adoção e santificação são misericordiosas das alianças; a eleição foi a escolha de Deus dos membros da comunidade da aliança, que é a igreja. O batismo e a ceia do Senhor, que correspondem aos ritos da circuncisão e da Páscoa da antiga aliança e os substituem, são ordenanças da aliança. A lei de Deus é a lei da aliança, e observa, lá é a mais verdadeira expressão da gratidão pela graça da aliança e da lealdade ao nosso Deus da aliança. A nossa aliança com Deus, em resposta à sua aliança conosco, deve ser o exercício devocional regular de todos os crentes, tanto em particular como na Mesa do Senhor. Uma compreensão da aliança da graça nos conduz através de todas as maravilhas do amor redentor de Deus e nos ajuda a apreciá-las.


Fonte: Bíblia de Estudo de Genebra

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