O tema central da pregação de Jesus Cristo era o reino de
Deus. No inicio do seu ministério afirmou que com a sua presença o mundo estava
nos umbrais de uma nova era e aquele era o momento decisivo para a história
humana. "O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo (ou é
chegado); arrependei-vos e crede no Evangelho" (Marcos 1.15).
Jesus contou a parábola do grão de mostarda (Marcos 4.30 e 32).
Mostra que o Reino de Deus poderia parecer um fato de pouca importância e desprezível;
ainda assim está destinado a ocupar "toda a terra com seu império e
dominar, no seu vôo, os gentios de longe".
Do estudo das parábolas e, em especial, dessa pequena
parábola do grão de mostarda, fica muito claro no nosso espírito que Jesus ensinou
que seu reino cresceria. Bastaria que a semente do Reino (a palavra) fosse
Semeada, entendendo a Igreja como aquela parte do Reino de Deus onde Jesus
Cristo já é reconhecido como Senhor e Rei, poderemos aplicar essa
característica do Reino à Igreja dizendo que é de sua natureza crescer. O
crescimento faz parte da vida do Reino e da Igreja. "Uma vez semeada
cresce ... e se torna maior ...”
Exposição
1. Desfazendo mal-entendidos
Todas as vezes que falamos em crescimento da Igreja
encontramos certa resistência. Muitos dizem que devemos estar mais interessados
no crescimento espiritual e consideram quase uma heresia falar-se em
crescimento numérico da comunidade cristã.
Admitimos que estas pessoas tenham razão em parte. Não é
desejável que aconteça em nossa igreja a paródia de crescimento como é o caso
de Simão, o Mago, mencionada em Atos 8.9 a 24, ou crescimento numérico pela
força bruta das cruzadas, das imposições sociais “e econômicas para conseguir
adeptos, nem por qualquer tipo de manipulação”. Não nos referimos a esse tipo
de crescimento numérico.
Outro problema que enfrentamos é o da motivação. Algumas
frases encontradas hoje como títulos de livros parecem-me apresentar o assunto
com certa banalidade dos assuntos comerciais. Sabemos que a única motivação
válida para o programa do Evangelho é o AMOR. Como disse Paulo, "o amor de
Cristo nos constrange" (2 Coríntios 5.14): E quando Paulo colocou o
assunto nesta perspectiva estava simplesmente refletindo o amor de Deus ao
mundo (João 3.16). Crescimento pelo crescimento não é assunto nosso.
Qual então nosso objetivo ao tratar desse assunto?
Desejo colocar também uma pergunta: nossa resistência em
falar no crescimento da igreja local não seria uma forma de racionalizar e
aceitar nosso fracasso “no cumprimento da missão evangelizado da igreja”?E esta
também: como justificar tanto dinheiro para sustentar uma igreja que não cresce
em número de membros?
2. O que aconteceu na igreja primitiva
No dia em que Jesus Cristo ressuscitou, os discípulos estavam
reunidos numa casa em Jerusalém.
Eram poucos, bem poucos. Talvez apenas dez. O evangelista
não faz menção do número. Considerando que Tomé estava ausente e que. Judas
estava morto, em termos numéricos seriam dez. (João 20.19 e 30). Alguns dias
mais tarde; quando da escolha de Matias, ,encontramos um parêntese estatístico
muito esclarecedor: "Naqueles dias, levantou-se Pedro no meio dos irmãos (ora
compunha-se a assembléia de umas cento e vinte pessoas), e disse" (Atos
1.15).
Coma descida do Espírito Santo e o sermão de Pedro no dia dê
Pentecoste, houve um acréscimo na da desprezível:
"Então os que lhe aceitaram a palavra foram batizados;
havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas". (Atos
2.41).
No final do capítulo 2 de Atos dos Apóstolos há um resumo
que descreve como viviam os cristãos nos dias apostólicos. Enquanto se
desenvolvia a vida normal da comunidade "acrescentava-lhes o Senhor, dia a
dia, os que iam sendo salvos" (Atos 2.47).
Entendendo que o crescimento da igreja em número fazia parte
da vida diária da1greja e era uma rotina e não uma exceção o historiador Lucas
teve o cuidado de registrar várias referências ao crescimento numérico. Vejam,
por exemplo, o texto de Atos 4.4: "Muitos porém, dos que ouviram a
palavra, a aceitaram subindo o número de homens a quase cinco mil".
O terceiro, resumo que descreve a comunidade.cristã está em
Atos 5.14:
"E crescia mais e mais a multidão de crentes, tanto
homens como mulheres, agregados ao Senhor".
O crescimento era tal que a referência agora a ele é em
termos de multiplicação; esta palavra parece descrever melhor o rápido
crescimento dos cristãos: "Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número
de discípulos" (Atos 6.1), houve problemas estruturais; criou-se um grupo
de "servos", com funções bem definidas. Mas a igreja continuava a
crescer. "Crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém, se multiplicava o
número de discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé" (Atos
6.7).
O quinto resumo da vida da Igreja Primitiva encontramos em
Atos 9.31: "A Igreja na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e
Samaria, edificando se e caminhando no temor do Senhor e, no conforto do
Espírito, crescia em número". Várias outras passagens poderíamos mostrar que
se referem ao crescimento numérico como uma decorrência da fidelidade da Igreja
aos objetivos deixados por Cristo. “Estas, porém, já são suficientes para
demonstrar que” a palavra do Senhor crescia e se multiplicava" (Atos
12.24).
3. Por que cresceu a igreja primitiva?
Admitamos que a Igreja Primitiva cresceu em número. Por que
cresceu?
Era o seguinte: quando uma pessoa se convertia a Jesus
Cristo, não apenas recebia uma boa vida para si .mesma, mas era treinada para
viver a vida cristã e transmiti-Ia a outras pessoas num processo de reprodução
espiritual que jamais se interrompia.
Tomemos o texto de Atos 11.19 e 26.
Ai conta como surgiu a Igreja em Antioquia. Quem iniciou o
trabalho em Antioquia? O versículo 19 diz que "os que foram
dispersas" é que pregaram o evangelho naquela cidade. "Entrementes,
os que foram dispersas iam portada a parte pregando a palavra". (Atos
8.4).
Pensando nos que foram dispersas: alguns deles se
converteram com a pregação de Pedro no dia de Pentecoste. Pedro, por sua vez,
convertera-se com o testemunho de seu irmão André que o levara a Jesus (João
1.40 a 42). André tinha se despertado para a realidade de Cristo através do
trabalho de João Batista. E a corrente ininterrupta se estabelece; cada crente
faz parte dessa corrente de redenção: os cristãos de Antioquia, os dispersos,
Pedra, André, João Batista, Jesus Cristo.
Paulo descreveu muito bem o que se fazia nos seus dias,
quanto ao treinamento dos pastores e dos crentes. "E o que da minha parte
ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e
também idôneos para instruir a outros" (2 Timóteo 2.2).
4. Axioma strachan
Um dos movimentos que mais têm feito pela evangelização dos
países da América Latina é aquele iniciado pelo Dr. Kenneth Strachan. É
denominado "Evangelismo a Fundo" ou "Evangelismo em
Profundidade". O seu pensamento é conhecido como axioma de Strachan:
"Todo e qualquer movimento cresce na medida em que
mobiliza todos e cada um dos seus componentes na propagação de suas
crenças".
Estas coisas estão acontecendo com igrejas que acreditam que
a melhor coisa é treinar cada e todos os membros da igreja até que sejam
capazes de levar uma pessoa a Cristo e depois prepara-Ia para que ela mesma
leve outra pessoa a Cristo e assim por diante. A palavra chave é treinamento.
Para esta tarefa quem é idôneo?
Conclusão
Nesta lição, partimos da afirmação de que crescer é parte
inerente ao Reino de Deus. A Igreja, como célula do Reino, possui em si esta
capacidade de crescer. Vimos que a Igreja apostólica cresceu adotando o método
de treinar cada crente não apenas para evangelizar outro, mas para treinar esse
outro na evangelização, estabelecendo-se assim uma corrente de reprodução
espiritual que jamais se interrompe. Mostramos que alguns movimentos de hoje
estão tentando levar a pratica esse método antigo e bíblico.
E agora, deixamos a cada leitor um desafio: que é que
podemos fazer para reviver essa prática na vida de nossa igreja hoje?
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