08/11/2017

Uma vez semeada... Cresce


O tema central da pregação de Jesus Cristo era o reino de Deus. No inicio do seu ministério afirmou que com a sua presença o mundo estava nos umbrais de uma nova era e aquele era o momento decisivo para a história humana. "O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo (ou é chegado); arrependei­-vos e crede no Evangelho" (Marcos 1.15).

Jesus contou a parábola do grão de mostarda (Marcos 4.30 e 32). Mostra que o Reino de Deus poderia parecer um fato de pouca importância e desprezível; ainda assim está destinado a ocupar "toda a terra com seu império e dominar, no seu vôo, os gentios de longe".

Do estudo das parábolas e, em especial, dessa pequena parábola do grão de mostarda, fica muito claro no nosso espírito que Jesus ensinou que seu reino cresceria. Bastaria que a semente do Reino (a palavra) fosse Semeada, entendendo a Igreja como aquela parte do Reino de Deus onde Jesus Cristo já é reconhecido como Senhor e Rei, poderemos aplicar essa característica do Reino à Igreja dizendo que é de sua natureza crescer. O crescimento faz parte da vida do Reino e da Igreja. "Uma vez semeada cresce ... e se torna maior ...”

Exposição

1. Desfazendo mal-enten­didos

Todas as vezes que falamos em crescimento da Igreja encontramos certa resistência. Muitos dizem que devemos estar mais interessados no crescimento espiritual e consideram quase uma heresia falar-se em crescimento numérico da comunidade cristã.
Admitimos que estas pessoas tenham razão em parte. Não é desejável que aconteça em nossa igreja a paródia de crescimento como é o caso de Simão, o Mago, mencionada em Atos 8.9 a 24, ou crescimento numérico pela força bruta das cruzadas, das imposições sociais “e econômicas para conseguir adeptos, nem por qualquer tipo de manipulação”. Não nos referimos a esse tipo de crescimento numérico.

Outro problema que enfrentamos é o da motivação. Algumas frases encontradas hoje como títulos de livros parecem-me apresentar o assunto com certa banalidade dos assuntos comerciais. Sabemos que a única motivação válida para o programa do Evangelho é o AMOR. Como disse Paulo, "o amor de Cristo nos constrange" (2 Coríntios 5.14): E quando Paulo colocou o assunto nesta perspectiva estava simplesmente refletindo o amor de Deus ao mundo (João 3.16). Crescimento pelo crescimento não é assunto nosso.

Qual então nosso objetivo ao tratar desse assunto?      

Desejo colocar também uma pergunta: nossa resistência em falar no crescimento da igreja local não seria uma forma de racionalizar e aceitar nosso fracasso “no cumprimento da missão evangelizado da igreja”?E esta também: como justificar tanto dinheiro para sustentar uma igreja que não cresce em número de membros?

2. O que aconteceu na igreja primitiva

No dia em que Jesus Cristo ressuscitou, os discípulos estavam reunidos numa casa em Jerusalém.
Eram poucos, bem poucos. Talvez apenas dez. O evangelista não faz menção do número. Considerando que Tomé estava ausente e que. Judas estava morto, em termos numéricos seriam dez. (João 20.19 e 30). Alguns dias mais tarde; quando da escolha de Matias, ,encontramos um parêntese estatístico muito esclarecedor: "Naqueles dias, levantou-se Pedro no meio dos irmãos (ora compunha-se a assembléia de umas cento e vinte pessoas), e disse" (Atos 1.15).
Coma descida do Espírito Santo e o sermão de Pedro no dia dê Pentecoste, houve um acréscimo na da desprezível:
"Então os que lhe aceitaram a palavra foram batizados; havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas". (Atos 2.41).                                     

No final do capítulo 2 de Atos dos Apóstolos há um resumo que descreve como viviam os cristãos nos dias apostólicos. Enquanto se desenvolvia a vida normal da comunidade "acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos" (Atos 2.47).
Entendendo que o crescimento da igreja em número fazia parte da vida diária da1greja e era uma rotina e não uma exceção o historiador Lucas teve o cuidado de registrar várias referências ao crescimento numérico. Vejam, por exemplo, o texto de Atos 4.4: "Muitos porém, dos que ouviram a palavra, a aceitaram subindo o número de homens a quase cinco mil".
O terceiro, resumo que descreve a comunidade.cristã está em Atos 5.14:
"E crescia mais e mais a multidão de crentes, tanto homens como mulheres, agregados ao Senhor".
O crescimento era tal que a referência agora a ele é em termos de multiplicação; esta palavra parece descrever melhor o rápido crescimento dos cristãos: "Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número de discípulos" (Atos 6.1), houve problemas estruturais; criou-se um grupo de "servos", com funções bem definidas. Mas a igreja continuava a crescer. "Crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém, se multiplicava o número de discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé" (Atos 6.7).
O quinto resumo da vida da Igreja Primitiva encontramos em Atos 9.31: "A Igreja na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando se e caminhando no temor do Senhor e, no conforto do Espírito, crescia em número". Várias outras passagens poderíamos mostrar que se referem ao crescimento numérico como uma decorrência da fidelidade da Igreja aos objetivos deixados por Cristo. “Estas, porém, já são suficientes para demonstrar que” a palavra do Senhor crescia e se multiplicava" (Atos 12.24).

3. Por que cresceu a igreja primitiva?

Admitamos que a Igreja Primitiva cresceu em número. Por que cresceu?
Era o seguinte: quando uma pessoa se convertia a Jesus Cristo, não apenas recebia uma boa vida para si .mesma, mas era treinada para viver a vida cristã e transmiti-Ia a outras pessoas num processo de reprodução espiritual que jamais se interrompia.
Tomemos o texto de Atos 11.19 e 26.

Ai conta como surgiu a Igreja em Antioquia. Quem iniciou o trabalho em Antioquia? O versículo 19 diz que "os que foram dispersas" é que pregaram o evangelho naquela cidade. "Entrementes, os que foram dispersas iam portada a parte pregando a palavra". (Atos 8.4).
Pensando nos que foram dispersas: alguns deles se converteram com a pregação de Pedro no dia de Pentecoste. Pedro, por sua vez, convertera-se com o testemunho de seu irmão André que o levara a Jesus (João 1.40 a 42). André tinha se despertado para a realidade de Cristo através do trabalho de João Batista. E a corrente ininterrupta se estabelece; cada crente faz parte dessa corrente de redenção: os cristãos de Antioquia, os dispersos, Pedra, André, João Batista, Jesus Cristo.

Paulo descreveu muito bem o que se fazia nos seus dias, quanto ao treinamento dos pastores e dos crentes. "E o que da minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros" (2 Timóteo 2.2).

4. Axioma strachan

Um dos movimentos que mais têm feito pela evangelização dos países da América Latina é aquele iniciado pelo Dr. Kenneth Strachan. É denominado "Evangelismo a Fundo" ou "Evangelismo em Profundidade". O seu pensamento é conhecido como axioma de Strachan:
"Todo e qualquer movimento cresce na medida em que mobiliza todos e cada um dos seus componentes na propagação de suas crenças".
Estas coisas estão acontecendo com igrejas que acreditam que a melhor coisa é treinar cada e todos os membros da igreja até que sejam capazes de levar uma pessoa a Cristo e depois prepara-Ia para que ela mesma leve outra pessoa a Cristo e assim por diante. A palavra chave é treinamento. Para esta tarefa quem é idôneo?

Conclusão

Nesta lição, partimos da afirmação de que crescer é parte inerente ao Reino de Deus. A Igreja, como célula do Reino, possui em si esta capacidade de crescer. Vimos que a Igreja apostólica cresceu adotando o método de treinar cada crente não apenas para evangelizar outro, mas para treinar esse outro na evangelização, estabelecendo-se assim uma corrente de reprodução espiritual que jamais se interrompe. Mostramos que alguns movimentos de hoje estão tentando levar a pratica esse método antigo e bíblico.


E agora, deixamos a cada leitor um desafio: que é que podemos fazer para reviver essa prática na vida de nossa igreja hoje?

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