14/11/2017

Estruturando igrejas como celeiros missionários


Romanos 15.25 a 29 “Mas agora vou a Jerusalém para ministrar aos santos. Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém. Isto lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes dos seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais. Assim que, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha. E bem sei que, indo ter convosco, chegarei com a plenitude da bênção do evangelho de Cristo”.

Introdução

Ate aqui creio que começamos a entender que missões transculturais é responsabilidade das igrejas locais. Nas duas épocas históricas em que Cristo mais foi propagado no mundo, tal aconteceu a partir de igrejas locais: A igreja Nestoriana no mundo oriental e a igreja Moraviana em todo o mundo conhecido da época.

Os Moravianos começaram seu ministério transcultural no século 18 com dois jovens que sentiram-se chamados para evangelizar uma pequena ilha na costa oeste da África. Aquela porém, era uma “ilha de escravos” onde nativos africanos trabalhavam forçosamente em minas até a morte. Não vendo outra forma de chegarem até aquele lugar estes dois jovens venderam-se com escravos e falando longamente acerca de Cristo. Muitos se converteram, porém, eles nunca mais foram vistos pelos seus.
A igreja que ficou começou a orar por eles e enviaram muitos outros a tantos outros lugares. E durante 120 anos esta igreja moraviana realizou uma corrente de oração pelos povos não alcançados ininterruptamente. Fizeram de tal forma que a qualquer momento, de dia ou de noite, havia alguém no pequeno templo de joelhos dobrados rogando ao Senhor pelo mundo sem Cristo e durante estes anos esta pequena igreja enviou mais missionários ao mundo do que todo o cristianismo, desde o século 17.

Desta forma o evangelho foi espalhado pelo mundo em locais que a cada dia são descobertos, e nos surpreendem. Com certeza teremos ainda muitas surpresas devido a esta pequena igreja que, movida pela palavra, resolveu orar e enviar missionários transformando-se no maior “Celeiro Missionário” de todas as épocas.

Exposição

1 – Exposições bíblicas:

Para estruturarmos igrejas como celeiros missionários é necessário entendermos, antes de mais nada, que um despertamento missionário não acontece através de informações da necessidade mundial, ou de exposições históricas de exemplos missionários, ou ainda de sessões de “slides” sobre o campo, com apelos entusiastas.

O despertamento missionário ocorre em uma igreja quando a palavra do Senhor é exposta. É esta Palavra que, gerando fé, sensibiliza os corações transformando pedra em carne (Jeremias); a mesma Palavra que produz interesse e paixão pelas almas perdidas(Paulo dores de parto), que incomoda as vidas infrutíferas (Saulo perseguidor); que impulsiona a igreja a ser pratica em seu envolvimento com a obra; que chama vocacionados; que desperta ministérios; que da os valores de Deus e leva a igreja até onde vai a visão do Senhor: até os confins da terra.

2 - Oração

Algo que move a igreja paralelamente à exposição bíblica é a oração. Jesus Cristo não era um idealista ou demagogo; era prático e realista e certa vez Ele disse aos seus discípulos: “A seara na verdade é grande, mas poucos são os trabalhadores. Rogai pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para sua seara”(Mt 9.37,38).

Por que Ele diria Isto? Com certeza porque era prático, funcional, realizável. Deus enviaria trabalhadores se nós rogássemos. E creio que eles rogaram e santos homens após eles também; e durante toda a história da Igreja creio que homens foram levantados e seguiram para a seara, talvez em resposta às orações de Pedro, Paulo, Barnabé e tantos outros após eles.
Orar dá certo! Gostaria de fazer algumas sugestões práticas nesta área:

2.1 - Levem informações específicas sobre o campo missionário ou sobre os missionários pelos quais irão interceder nas reuniões de oração;

2.2 - Sejam práticos na intercessão. Vou lembrar alguns pontos que devem ser explorados quando orarem.

Com respeito as nossas igrejas:

A - Edificação espiritual das Igrejas fracas e débeis;
B - Despertamento missionário envolvendo todos os membros;
C - Consciência e visão missionárias aos pastores e líderes;
D - Pessoas chamadas e vocacionadas para serem enviadas aos campos carentes;
E - Fidelidade das Igrejas no sustento financeiro;
F - Uma visão de prioridades: almas são mais importantes que templos ou bancos.

Com respeito ao campo missionário, antes de intercedermos é necessário:

A - Termos informações precisas sobre a realidade do país ou do povo pelo qual iremos orar; Situação e necessidades sociais, políticas e especialmente espirituais;
B - Localização e contexto no qual vivem e aspectos culturais importantes;
C - Esforço missionário ativo naquele país ou povo.

Com respeito aos missionários, após personificar (conheça o máximo sobre aqueles pelos quais você irá interceder), alguns pontos principais para a oração:

A - Saúde física, intelectual, espiritual e emocional;
B - Sustento financeiro necessário para suas necessidades;
C - Apoio familiar e da Igreja local;
D - Adaptação à região e condições de vida
E - Discernimento sobre problemas culturais, costumes, cerimônias etc.;
F - Sabedoria para o trabalho lingüístico, cultural e especialmente para a comunicação do evangelho evitando confrontos desnecessários à cultura que o recebe;
G - União da família;
H - Acolhimento da Igreja e familiares durante férias;
I - Conservação íntegra da vocação perante as provações;
J - Frutos. Por bênçãos sobre o seu ministério seja em plantio de Igrejas, apoio missionário, saúde, educação etc.
K - Pela formação espiritual, social e acadêmica de seus filhos.

3 – Conselhos missionarios

Conselho missionário é um grupo de pessoas, membros da igreja local que se agrupam com o fim específico de promover o envolvimento prático e funcional da Igreja com Missões. Independente da fórmula que usem creio ser importante a participação do(s) pastor(es) e alguns líderes reconhecidos pela Igreja em tal grupo.

A formação de conselhos missionários tem sido uma bênção em várias Igrejas e, em geral, com as seguintes finalidades:

3.1 - Promover estudos, palestras e encontros com o fim de despertar a Igreja para Missões com profundidade bíblica;

3.2 - Colher informações sobre os campos missionários e sobre os próprios missionários, informando sempre à Igreja sobre tais trabalhos tendo em mãos cartas ou relatórios de diferentes campos;

3.3 - Levar a Igreja a interceder por Missões, enfatizando motivos personificados, específicos, citando lugares, nomes, números etc.;

3.4 - Promover a vinda de missionários à Igreja, fazendo com que a mesma conheça as diferentes realidades do campo missionário e a realidade de vários campos no mundo;

3.5 - Criar um “espaço missionário” nos cultos. Se Missões fazem parte da vida da Igreja deve também fazer parte da liturgia da Igreja;

3.6 - Promover encontros sobre “Conscientização missionária” com líderes da Igreja, afim de se debater sobre o que seria mais prático para a Igreja realizar na área de Missões;

3.7 - Ser um “crivo” que condensa e envia sugestões práticas de envolvimento missionário em âmbito de comunidade para a liderança executiva da Igreja tais como: adoção de grupos étnicos específicos e/ou missionários para intercessão, envolvimento financeiro ou apoio pessoal etc.;

3.8 - Promover palestras e estudos sobre vocação missionária a toda a Igreja crendo que Deus responderá o “rogai ao Senhor da seara” a partir de sua Igreja local;

3.9 - Incentivar a formação de uma classe de Missões e grupos de estudo;

3.10 - Incentivar a leitura de livros que tratam de Missões por toda a Igreja;

3.11 - Investir na “formação missionária” do(s) pastor(es) e líderes locais possibilitando-lhes participar de eventos missionários, visita a campos transculturais etc.

Garantir a fidelidade de intercessão, apoio pessoal e sustento financeiro, àqueles sobre os quais a igreja impõe as suas mãos e envia.

Conclusão

Há vários motivos Bíblicos para realizarmos a Obra Missionária Transcultural. Permitam-me citar rapidamente alguns:

1 - É ordem de Jesus - “Fazei discípulos de todas as nações”. Se o “Campo é o Mundo” e nós somos a “Luz do Mundo”, qualquer visão menor que o mundo estará fora da visão de Deus.

2 - A volta de Jesus - A volta de Cristo é outra grande motivação bíblica para fazermos Missões, “esperando e apressando a vinda do dia de Deus” (2 Pd 3:12). Mateus 24:14 ensina-nos que o “fim” não virá até que o evangelho do reino seja pregado por todo o mundo “em testemunho a todas as nações”.

3 - Paixão pelas almas “Como ouvirão se não há quem pregue?” De todos os obreiros evangélicos no mundo, cerca de 97% atuam entre os 16.000 povos já alcançados; realizam um trabalho importante no Reino de Deus, entretanto apenas 3% de todos os obreiros mundiais atuam hoje entre os 8.000 não alcançados pelo evangelho.

Pelo menos 1,5 bilhão de pessoas vivem sem qualquer testemunho do evangelho; há vários países como Mauritânia e Saara Ocidental, com a média de 1 crente para cada 3.000.000 de pessoas; há ainda outras regiões como no Oriente Médio onde testemunhar a Cristo implica em sentença de morte e regiões com mais de 3.000 pessoas que vivem totalmente isoladas da civilização exterior (povos ocultos), sem qualquer contato com o evangelho.

O mundo precisa ouvir a mensagem do evangelho e isto é um bom motivo para fazer Missões. (Rm 15.25-27).

Estes são três bons motivos para enviarmos missionárias aos povos além fronteiras, entretanto creio que a principal motivação para a Obra Missionária Transcultural encontra-se em Romanos 16.25-27 quando o apóstolo, encerrando esta carta de grande profundidade missiológica, diz: “Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho” (fala de Deus), “conforme a revelação do mistério” (o mistério é o Messias prometido a todos os povos), “e foi dado a conhecer por meio das Escrituras Proféticas” (este é o meio de Revelação), “segundo o mandamento do Deus eterno” (este é o meio de Eleição), “para a obediência por fé” (este é o meio de Salvação), “entre todas as nações” (isto é Missões).

Mas qual é o motivo para todo este plano divino que visa a redenção de todos os povos? Qual o principal motivo para se fazer Missões?

“Ao Deus único e sábio seja dada glória...”

É a Glória de Deus!

Este é o maior e mais importante motivo para entregarmos nossos filhos à obra de evangelização mundial; para financiarmos ação missionária transcultural; para intercedemos, empreendermos esforços, lutarmos com todo o nosso ser para que as nações ouçam de Jesus: A glória de Deus!
Somente olhando para a glória de Deus é que entenderemos os mártires, as lutas, os sacrifícios, as vitórias e chamados missionários. Deus tem levantado um povo na terra para erguer-se em Seu Nome, proclamar ao mundo o Messias prometido, a todas as etnias revelar-lhes as Escrituras Proféticas, falar-lhes do seu mandamento eterno levá-los à obediência por fé e isto a todas as nações, motivados por um desejo profundo, chocante e inenarrável de Glorificar o Seu Nome.

A Glória de Deus é a chama que acenderá o ardor missionário no coração da Igreja de nossa geração (Adaptado do Livro “Entre todos os Povos”, com a devida autorização do autor).

Pontos para discutir:

1 - “Missões Transculturais é responsabilidade das Igrejas Locais”?

2 - Qual a importância da oração para missões?


3 - Como estruturar um Conselho Missionário em minha Igreja?

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