Atos 5.42 “Todos os dias, no templo e de casa em casa, não
deixavam de ensinar e proclamar que Jesus é o Cristo.” Nesse versículo vemos
que era todos os dias, quando não estavam no templo, estavam em alguma casa
ensinando e proclamando a Jesus Cristo.
Introdução
Hoje em dia há uma discussão muito comum no Brasil e fora,
que coloca o discipulado como o propósito principal da igreja. Acredito, porém,
que essa colocação carece de um exame mais profundo sobre a essência do
discipulado e a missão da igreja. Quando penso em missão ou propósito da igreja
vejo mais uma ligação com o que Paulo fala em 2 Coríntios 5.18 a 20 “Tudo isso
provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu
o ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando
consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens, e nos confiou à
mensagem da reconciliação. Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus
estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes
suplicamos: Reconciliem-se com Deus. Deus tornou pecado por nós aquele que não
tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus”, isto é, no
ministério da reconciliação. Por isso, não concordo que o discipulado seja a
missão da igreja, mas sim a estratégia para que a mesma cumpra a sua missão.
Então entendemos que a verdadeira missão da igreja e levar
as pessoas a se reconciliarem com Deus se tornando novamente seus filhos, e que
o discipulado é uma das estratégias usada pela igreja, assim como os pequenos
grupos, círculos de oração, visitas, campanhas de evangelismos, entre outras.
Exposição
1 – O propósito ou a missão da igreja em relação ao mundo
O propósito ou a missão de Deus para a igreja em relação ao
mundo é o ministério da reconciliação.
Efésios 1.10,22 e 23 “De tornar a congregar em Cristo todas
as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus
como as que estão na terra...,... e sujeitou todas as coisas a seus pés, e
sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a
plenitude daquele que cumpre tudo em todos.”
Romanos 5.10 e 11 “Se quando éramos inimigos de Deus fomos
reconciliados com ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo
sido reconciliados, seremos salvos por sua vida! Não apenas isso, mas também
nos gloriamos em Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante quem
recebemos agora a reconciliação.”
Colossenses 1.18 a 23 “Ele é a cabeça do corpo, que é a
igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha
a supremacia. Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e
por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na
terra quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado
na cruz. Antes vocês estavam separados de Deus e, em suas mentes, eram inimigos
por causa do mau procedimento de vocês. Mas agora ele os reconciliou pelo corpo
físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos,
inculpáveis e livres de qualquer acusação, desde que continuem alicerçados e
firmes na fé, sem se afastarem da esperança do evangelho, que vocês ouviram e
que tem sido proclamado a todos os que estão debaixo do céu. Esse é o evangelho
do qual eu, Paulo, me tornei ministro.”
Reconciliar Do grego katallassō, sugere a ideia de trocar,
mudar (neste caso específico, a inimizade com Deus está sendo trocada por
relações pacíficas).
A igreja deve conquistar o controle dos homens e das
instituições de fato para Cristo (Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo
está sob o poder do Maligno.), (isso é uma coisa seria imagina se tivéssemos um
presidente evangélico, com suporte de uma câmara de deputados e um senado com a
maioria sendo servos de Deus).
Deve-se lembrar que este controle esta nas garras de satanás
apenas em caráter temporário e parcial. Jesus afirma em Mateus 28.18 “toda
autoridade me foi dada o céu e na terra”. Paulo confirma: Filipenses 2.9 a 11 “Por
isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo
nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e
debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a
glória de Deus Pai”.
Este é o propósito eterno de Deus para a igreja, na pratica.
Há de se fazer, portanto, uma diferença entre propósito e estratégia da igreja.
2 – A estratégia de Deus para a igreja
A estratégia de Deus para a igreja alcançar o seu propósito
é o discipulado. Vejamos o que ensina Jesus:
Mateus 28.18 a 20 “Então, Jesus aproximou-se deles e disse:
Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto, vão e façam
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu
estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”.
Nestes versículos estão os cinco pontos básicos da
estratégia bíblica para o discipulado ou o desenvolvimento do reino de Deus.
Orar, evangelizar, batizar, edificar e enviar.
2.1 – Orar em dois sentidos: Para que se abram as portas a
fim de encontrarmos pessoas a serem evangelizadas (1 tessalonicenses 5.17 “Orai
sem cessar” - 1 João 5.14 e 15 “Esta é a confiança que temos ao nos
aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a sua vontade, ele
nos ouve. E se sabemos que ele nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que
temos o que dele pedimos” – Colossenses 4.3 e 4 “Orando também juntamente por
nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério
de Cristo, pelo qual estou também preso; para que o manifeste, como me convém
falar” – 1 Coríntios 16.8 e 9 “Mas permanecerei em Éfeso até o Pentecoste,
porque se abriu para mim uma porta ampla e promissora; e há muitos
adversários”), para que a pregação seja feita com intrepidez e unção (Atos 4.29
“Agora, Senhor, considera as ameaças deles e capacita os teus servos para
anunciarem a tua palavra corajosamente” – Efésios 6.18 e 20 “Orem no Espírito
em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam
atentos e perseverem na oração por todos os santos. Orem também por mim, para
que, quando eu falar, seja-me dada a mensagem a fim de que, destemidamente,
torne conhecido o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador preso em
correntes. Orem para que, permanecendo nele, eu fale com coragem, como me
cumpre fazer” – 1 Coríntios 2.1 a 5 “E eu, irmãos, quando fui ter convosco,
anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de
sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este
crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.
A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de
sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; Para que a vossa
fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”).
2.2 – Evangelizar ou ir fazer discípulos: É a atividade da
igreja (Marcos 16.15 “E disse-lhes: Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a
todas as pessoas” – Mateus 28.19 “Portanto, vão e façam discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”).
2.3 – Batizando: É o ato de incorporar o novo membro na
igreja (Marcos 16.15 e 16 “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não
crer será condenado” - Atos 2.41 “Os que aceitaram a mensagem foram batizados,
e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas” – Atos 8.36 a 38
“Prosseguindo pela estrada, chegaram a um lugar onde havia água. O eunuco
disse: Olhe, aqui há água. Que me impede de ser batizado? Disse Filipe: Você
pode, se crê de todo o coração. O eunuco respondeu: Creio que Jesus Cristo é o
Filho de Deus. Assim, deu ordem para parar a carruagem. Então Filipe e o eunuco
desceram à água, e Filipe o batizou”).
2.4 – Edificar: É “ensinar a guardar”, ou seja, equipar,
treinar e preparar novos discípulos ou novos “pescadores de homens” (Atos 20.27
“Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus” – 2 Timóteo 2.2
“E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis,
que sejam idôneos para também ensinarem os outros”).
2.5 – Enviar: É o ato de comissionar o crente treinado a
formar novas células de evangelização. É a multiplicação das células
evangelísticas. Tudo isso é feito através de relacionamento e de continuidade,
visando formação e, não apenas informação do novo crente.
3 – Pequenos grupos ou células evangelísticas de
discipulado, o carro chefe da estratégia da igreja
Para todos estes relacionamentos e continuidade do trabalho
o carro chefe é composto dos pequenos grupos ou células de evangelismo e
discipulado, localizados nos bairros, nas empresas, nas escolas, nas
repartições públicas, etc. É onde os problemas das pessoas são colocados,
estudados e resolvidos com maior facilidade. As células evangelísticas também
facilitam o ensinar a guardar, o ajudar, o interceder, a comunhão e o envio
posterior de membros do grupo para formar um novo grupo.
Facilitam o
evangelismo em lugares difíceis e condomínios fechados.
Possibilitam relacionamento ideal pai-filho, evitando
desenvolver somente os relacionamentos: patrão-empregado, professor-aluno, que
não trabalham tanto a afinidade, e nem a formação das pessoas. Ser grande sem
pequenos grupos, é ser grande sem ser profundo.
Exemplo da Coréia – Paul Yong Cho – igreja de 700.000
membros=números de grupos 10.000 (são grupos com 70 pessoas, que no meu ver
para nós aqui não daria muito certo pois não seria pequeno grupo e sim uma igreja,
acho que bom para nós é até umas 15 pessoas e depois multiplicar)
4 – A base bíblica dos pequenos grupos especificamente: o
discipulado é só na base de uns aos outros, através de pessoas, e não só
através de livros; assim relacionamentos nos pequenos grupos ou células
tornam-se uma estratégia de Deus na bíblia, exemplos:
Moisés aconselhado por Jetro (Êxodo 18.1 a 27)
Jesus = plano = pequeno grupo = 12 homens = evangelho no
mundo todo.
Igreja primitiva = depois da morte de Estevão até
Constantino. A igreja funcionou apenas nas casas dos cristãos ou em lugares públicos
através de pequenos grupos clandestinos, até quando se tornou religião oficial,
no 3º século. Não tinha templo na época, e só depois do terceiro século com
Constantino é que o cristianismo se tornou publico e autorizado. Com isso não
quero dizer que é para vender-se o templo, mas para experimentar a verdadeira
Eclésia do novo testamento, através dos pequenos grupos de evangelismo e
discipulado.
Conclusão
Ao concluir queremos apresentar os objetivos específicos das
células evangelísticas:
1 – Oração: entendemos que uma igreja, para ser forte,
precisa entre outras coisas, orar muito. Devemos buscar a orientação divina
para as famílias e para a comunidade, no que diz respeito a quem evangelizar e
quais respostas alcançar para as pessoas da célula.
2 – Comunhão: como família de Deus que somos, temos de nos
conhecermos mais e melhor. Uma igreja que pretende ser grande e continuar a
crescer, com pequenos grupos, abrirá os meios para comunhão e o desenvolvimento
de afinidade entre os que discipulam e os não crentes que estiverem sendo
discipulados.
3 – Estudo e ensino da palavra: só através de estudos
práticos da palavra de Deus, é que podemos alcançar crescimento espiritual,
equipando assim os lideres e os novos que forem sendo ganhos para ganhar
outros, mantendo sempre vivo o movimento de propagação do evangelho da graça de
Deus.
4 – Integração: os novos convertidos serão melhor acolhidos
e atendidos em suas necessidades físicas, matérias, emocionais e espirituais se não se perderem
no meio da multidão. Os membros nominais e inativos também poderão ter mais
espaço num grupo pequeno, cumprindo todos assim o ministério da reconciliação.
Pontos para discutir
1 – A igreja primitiva se reunia em pequenos grupos, por uma
questão de necessidade ou era uma estratégia de crescimento?
2 – Qual deve ser o tamanho limite de uma igreja local?
3 – Como são integradas as pessoas que se convertem em sua
igreja?
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