11/11/2017

O crescimento da igreja gera conflitos


O crescimento é um processo natural de qualquer ser vivo saudável. A Igreja sendo um organismo vivo saudável. É natural que ela cresça. Se a Igreja de que você faz parte não está crescendo, você deve perguntar o porquê. Rick Warren diz: “O problema com muitas igrejas é que elas começam com a pergunta errada”. Elas perguntam: "O que fará a nossa igreja crescer"? É um mau começo. A pergunta que devemos fazer é: O que está impedindo o crescimento de nossa igreja?

A Igreja em Jerusalém estava crescendo.

A Igreja começou recebendo "quase três mil" membros de uma vez (Atos 2.41), e recebia novos acréscimos "dia a dia” (Atos 2.47). Além disso, segundo Lucas, "crescia mais e mais a multidão de crentes” (Atos 5.14). Mas o crescimento tem o seu preço ou as suas consequências naturais. Como crescimento surgem conflitos e problemas. Em Atos 6.1 a 7; Lucas nos registra um problema oriundo do crescimento.

1. A igreja que cresce é uma igreja problemática

À medida que a Igreja em Jerusalém crescia, ia integrando elementos novos e diferentes: outra etnia, outra língua, outros costumes, outras tradições. E foi ai que surgiu a murmuração entre helenistas e hebreus. “Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus”. Porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. (Atos 6.1)

Havia na comunidade um caixa comum para Atender aos necessitados. Conforme se vê em Atos 
2.44, os crentes "tinham tudo em comum". Os que possuíam propriedades, voluntariamente, vendiam e depositavam os recursos "aos pés dos apóstolos" (Atos 4.34 e 35). Nenhum necessitado havia entre eles. Mas crescendo, ou "multiplicando" o número dos membros, surgiu um problema. Os helenistas se deram conta de que as viúvas deles estavam sendo esquecidas ou preteridas na distribuição diária. Havia uma discriminação racial na hora da assistência social da Igreja.

A diversidade racial (Hebreus, Helenistas e Prosélitos) resultante do crescimento, gerou um clima de tensão, de murmuração, de desconfiança. O coração e a alma do povo já não era mais um.
Qualquer igreja quando começa a experimentar um crescimento sadio ou natural, começa a enfrentar problemas. O pastor não consegue Atender o número de visitas, de aconselhamentos, de programações internas. O templo fica pequeno e torna-se obrigatória a ampliação física do templo e das dependências da igreja.

Os conflitos tornam-se mais freqüentes entre os membros. Sempre haverá uma necessidade não Atendida. O crescimento sempre traz "santos problemas".
Portanto, se você deseja uma Igreja sem problemas, não busque o crescimento da sua Igreja.

2. A igreja que cresce deve democratizar suas ações

"Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos ...” (Atos 6.2)
Como resolver o problema?

Observam-se claramente na Igreja dois grupos: os doze apóstolos (líderes) e a comunidade dos discípulos (liderados). Os apóstolos perceberam que o assunto mexia com a sensibilidade dos envolvidos e qualquer decisão autoritária produziria a quebra da unidade da igreja. Havia uma questão racial envolvida. Os helenistas eram os judeus da dispersão que pensavam, falavam e agiam como gregos (judeus gregos). Os hebreus só falavam o aramaico e eram de cultura totalmente judaica. Então os doze propuseram uma solução para a comunidade a fim de que ela decidisse o que fazer. Fica evidente a opção pela liderança democrática, na qual a decisão da maioria deveria prevalecer.

"Não é razoável que abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas" (Atos 6.2). Ficam evidentes duas funções ministeriais: a palavra de Deus e servir às mesas. A proposta dos apóstolos não é criar uma hierarquia de funções, mas uma definição de tarefas. Assim, defini­se o papel de cada parte na busca de solução para o conflito: "mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço" (Atos 6.3).

O termo "serviço" ou "servir às mesas" não indica a constituição do ofício de diáconos (Filipenses 1.1; 1 Timóteo 3.6), mas o Ato de servir. Assim como o "ministério" (serviço) da palavra é o Ato de servir ministrando a palavra. É por isso que a exigência para "servir às mesas" é de natureza espiritual. Os escolhidos deveriam ser homens de "boa reputação", "cheios do Espírito e de sabedoria” (v.3). As mesmas qualidades que, no contexto da Igreja Primitiva, são exigidas dos bispos, presbíteros e diáconos. (1 Timóteo 3.1 a 10).

"O parecer agradou a toda a comunidade" (v.5). Não foi uma solução imposta, mas um parecer discutido e aprovado por todos. A comunidade elegeu sete homens: Estevão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau. (Atos 21.8). O fato de que os escolhidos têm nomes gregos, levanta a suposição de que a comunidade com o objetivo de superar as divergências, escolheu somente pessoas do grupo dos helenistas (refere-se aos judeus de fala grega).
"Apresentaram-nos perante os apóstolos, e estes, orando, Ihes impuseram as mãos" (Atos 6.6). A comunidade reconhecia a autoridade dos apóstolos, pois os sete foram apresentados para imposição das mãos. A imposição de mãos simboliza a doação de responsabilidade e autoridade para o serviço (Atos 13.3; 2 Timóteo 1.6; Números 27.18 a 20). “A partir daquele momento, os sete estavam investidos de autoridade para a missão específica de servir às mesas”. O curioso é que Estevão e Filipe exerceram outras funções. (Atos 7; 8.4-8).

Em suma, a igreja que cresce precisa democratizaras suas decisões, a fim de preservar a unidade “e não impedir o crescimento da igreja: (Efésios 4.1 a 3)”. Democratizar significa -definir competências, compartilhar, decisões, reconhecer autoridade.

3. A igreja que cresce continua crescendo

"Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé" (Atos 6 e 7).

E a igreja em Jerusalém continuou crescendo. O problema da murmuração dos helenistas foi resolvido com sabedoria pela comunidade. Com certeza a resolução do problema não foi tão simples como Lucas registrou. Contudo fica claro que os problemas não são empecilhos para o crescimento de uma Igreja. "Crescia" e se "multiplicava" indica um crescimento fenomenal.
Mas, o que é mais importante para a Igreja, à quantidade ou a qualidade?
Segundo Rick Warren, este é infelizmente um mito bastante propagado quando se fala em crescimento de Igreja. É como se a Igreja tivesse de escolher entre quantidade e qualidade. Ele define:

“Qualidade se refere ao tipo de discípulos que uma Igreja produz”. Quantidade se refere ao número de discípulos que uma Igreja está produzindo. ''Toda Igreja deve buscar o maior número de pessoas possíveis e também desejar que estas pessoas se tornem crentes de qualidade. Qualidade produz quantidade e quantidade cria qualidade.
É impressionante observar que a Igreja em Jerusalém possuía qualidade e quantidade.

Conclusão

Rick Warren, em seu livro Uma Igreja com Propósitos, levanta uma questão importante sobre a motivação da Igreja:

Qual é a força que direciona e motiva sua Igreja?

Exemplos:
Igrejas dirigidas pela tradição: "Nós sempre fizemos isso desse jeito".
Igrejas dirigidas por personalidades: "O que o líder da Igreja quer?"
Igrejas dirigidas pelas finanças: "Quanto isto vai custar?"
Igrejas dirigidas por programas: "Devemos concentrar no que foi planejado" .
Igrejas dirigidas por construções: "Formamos os nosso prédios e depois o prédios nos formam" .
Igrejas dirigidas por eventos: "A meta é manter o povo ocupado" .
Igrejas dirigidas por sem- Igrejas: "O” que os sem-Igrejas querem?”

O modelo Bíblico: Uma Igreja dirigida por propósitos.

O segredo do crescimento da igreja Primitiva, Igreja em Jerusalém, é que a mesma era dirigida pelos propósitos de Deus.


É por essa razão que ela superava os obstáculos, e crescia: "Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das cousas que vimos e ouvimos" (Atos 4.19 e 20). 

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