O crescimento é um processo natural de qualquer ser vivo
saudável. A Igreja sendo um organismo vivo saudável. É natural que ela cresça.
Se a Igreja de que você faz parte não está crescendo, você deve perguntar o porquê.
Rick Warren diz: “O problema com muitas igrejas é que elas começam com a
pergunta errada”. Elas perguntam: "O que fará a nossa igreja
crescer"? É um mau começo. A pergunta que devemos fazer é: O que está
impedindo o crescimento de nossa igreja?
A Igreja em Jerusalém estava crescendo.
A Igreja começou recebendo "quase três mil"
membros de uma vez (Atos 2.41), e recebia novos acréscimos "dia a dia”
(Atos 2.47). Além disso, segundo Lucas, "crescia mais e mais a multidão de
crentes” (Atos 5.14). Mas o crescimento tem o seu preço ou as suas consequências
naturais. Como crescimento surgem conflitos e problemas. Em Atos 6.1 a 7; Lucas
nos registra um problema oriundo do crescimento.
1. A igreja que cresce é uma igreja problemática
À medida que a Igreja em Jerusalém crescia, ia integrando
elementos novos e diferentes: outra etnia, outra língua, outros costumes,
outras tradições. E foi ai que surgiu a murmuração entre helenistas e hebreus. “Ora,
naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos
helenistas contra os hebreus”. Porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas
na distribuição diária. (Atos 6.1)
Havia na comunidade um caixa comum para Atender aos
necessitados. Conforme se vê em Atos
2.44, os crentes "tinham tudo em
comum". Os que possuíam propriedades, voluntariamente, vendiam e
depositavam os recursos "aos pés dos apóstolos" (Atos 4.34 e 35).
Nenhum necessitado havia entre eles. Mas crescendo, ou
"multiplicando" o número dos membros, surgiu um problema. Os
helenistas se deram conta de que as viúvas deles estavam sendo esquecidas ou
preteridas na distribuição diária. Havia uma discriminação racial na hora da
assistência social da Igreja.
A diversidade racial (Hebreus, Helenistas e Prosélitos)
resultante do crescimento, gerou um clima de tensão, de murmuração, de
desconfiança. O coração e a alma do povo já não era mais um.
Qualquer igreja quando começa a experimentar um crescimento
sadio ou natural, começa a enfrentar problemas. O pastor não consegue Atender o
número de visitas, de aconselhamentos, de programações internas. O templo fica
pequeno e torna-se obrigatória a ampliação física do templo e das dependências
da igreja.
Os conflitos tornam-se mais freqüentes entre os membros.
Sempre haverá uma necessidade não Atendida. O crescimento sempre traz
"santos problemas".
Portanto, se você deseja uma Igreja sem problemas, não
busque o crescimento da sua Igreja.
2. A igreja que cresce deve democratizar suas ações
"Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos
...” (Atos 6.2)
Como resolver o problema?
Observam-se claramente na Igreja dois grupos: os doze
apóstolos (líderes) e a comunidade dos discípulos (liderados). Os apóstolos
perceberam que o assunto mexia com a sensibilidade dos envolvidos e qualquer
decisão autoritária produziria a quebra da unidade da igreja. Havia uma questão
racial envolvida. Os helenistas eram os judeus da dispersão que pensavam,
falavam e agiam como gregos (judeus gregos). Os hebreus só falavam o aramaico e
eram de cultura totalmente judaica. Então os doze propuseram uma solução para a
comunidade a fim de que ela decidisse o que fazer. Fica evidente a opção pela
liderança democrática, na qual a decisão da maioria deveria prevalecer.
"Não é razoável que abandonemos a palavra de Deus para
servir às mesas" (Atos 6.2). Ficam evidentes duas funções ministeriais: a
palavra de Deus e servir às mesas. A proposta dos apóstolos não é criar uma
hierarquia de funções, mas uma definição de tarefas. Assim, definise o papel
de cada parte na busca de solução para o conflito: "mas, irmãos, escolhei
dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos
quais encarregaremos deste serviço" (Atos 6.3).
O termo "serviço" ou "servir às mesas"
não indica a constituição do ofício de diáconos (Filipenses 1.1; 1 Timóteo
3.6), mas o Ato de servir. Assim como o "ministério" (serviço) da
palavra é o Ato de servir ministrando a palavra. É por isso que a exigência
para "servir às mesas" é de natureza espiritual. Os escolhidos
deveriam ser homens de "boa reputação", "cheios do Espírito e de
sabedoria” (v.3). As mesmas qualidades que, no contexto da Igreja Primitiva,
são exigidas dos bispos, presbíteros e diáconos. (1 Timóteo 3.1 a 10).
"O parecer agradou a toda a comunidade" (v.5). Não
foi uma solução imposta, mas um parecer discutido e aprovado por todos. A
comunidade elegeu sete homens: Estevão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão,
Parmenas e Nicolau. (Atos 21.8). O fato de que os escolhidos têm nomes gregos,
levanta a suposição de que a comunidade com o objetivo de superar as
divergências, escolheu somente pessoas do grupo dos helenistas (refere-se aos
judeus de fala grega).
"Apresentaram-nos perante os apóstolos, e estes,
orando, Ihes impuseram as mãos" (Atos 6.6). A comunidade reconhecia a
autoridade dos apóstolos, pois os sete foram apresentados para imposição das
mãos. A imposição de mãos simboliza a doação de responsabilidade e autoridade
para o serviço (Atos 13.3; 2 Timóteo 1.6; Números 27.18 a 20). “A partir
daquele momento, os sete estavam investidos de autoridade para a missão
específica de servir às mesas”. O curioso é que Estevão e Filipe exerceram
outras funções. (Atos 7; 8.4-8).
Em suma, a igreja que cresce precisa democratizaras suas
decisões, a fim de preservar a unidade “e não impedir o crescimento da igreja:
(Efésios 4.1 a 3)”. Democratizar significa -definir competências, compartilhar,
decisões, reconhecer autoridade.
3. A igreja que cresce continua crescendo
"Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se
multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à
fé" (Atos 6 e 7).
E a igreja em Jerusalém continuou crescendo. O problema da
murmuração dos helenistas foi resolvido com sabedoria pela comunidade. Com
certeza a resolução do problema não foi tão simples como Lucas registrou.
Contudo fica claro que os problemas não são empecilhos para o crescimento de
uma Igreja. "Crescia" e se "multiplicava" indica um
crescimento fenomenal.
Mas, o que é mais importante para a Igreja, à quantidade ou
a qualidade?
Segundo Rick Warren, este é infelizmente um mito bastante
propagado quando se fala em crescimento de Igreja. É como se a Igreja tivesse
de escolher entre quantidade e qualidade. Ele define:
“Qualidade se refere ao tipo de discípulos que uma Igreja
produz”. Quantidade se refere ao número de discípulos que uma Igreja está
produzindo. ''Toda Igreja deve buscar o maior número de pessoas possíveis e
também desejar que estas pessoas se tornem crentes de qualidade. Qualidade
produz quantidade e quantidade cria qualidade.
É impressionante observar que a Igreja em Jerusalém possuía
qualidade e quantidade.
Conclusão
Rick Warren, em seu livro Uma Igreja com Propósitos, levanta
uma questão importante sobre a motivação da Igreja:
Qual é a força que direciona e motiva sua Igreja?
Exemplos:
Igrejas dirigidas pela tradição: "Nós sempre fizemos
isso desse jeito".
Igrejas dirigidas por personalidades: "O que o líder da
Igreja quer?"
Igrejas dirigidas pelas finanças: "Quanto isto vai
custar?"
Igrejas dirigidas por programas: "Devemos concentrar no
que foi planejado" .
Igrejas dirigidas por construções: "Formamos os nosso
prédios e depois o prédios nos formam" .
Igrejas dirigidas por eventos: "A meta é manter o povo
ocupado" .
Igrejas dirigidas por sem- Igrejas: "O” que os sem-Igrejas
querem?”
O modelo Bíblico: Uma Igreja dirigida por propósitos.
O segredo do crescimento da igreja Primitiva, Igreja em
Jerusalém, é que a mesma era dirigida pelos propósitos de Deus.
É por essa razão que ela superava os obstáculos, e crescia: "Julgai
se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois nós
não podemos deixar de falar das cousas que vimos e ouvimos" (Atos 4.19 e 20).
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