Texto básico: 1 Coríntios 9.18 “Logo, que prêmio tenho? Que,
evangelizando, proponha de graça o evangelho de Cristo para não abusar do meu
poder no evangelho”
Introdução
É profundamente preocupante a posição de Missões dentro da Igreja
Evangélica Brasileira. Este tema, Missões, tem sido debatido em congressos,
expostos em palestras e discutido nas Igrejas. Porem preocupa-me a
possibilidade deste tema estar se tornando em grande parte um mero ‘’modismo’’ em
nosso meio.
‘’Modismo’’ é algo que causa um grande agitamento em determinadas
épocas, porém, não possui raízes e nem deixa marcas. E pior: é improdutivo.
Somente de aborígenes, ainda não alcançados pelo evangelho, possuímos
no mundo hoje cerca de 300 milhões. Isto é quase o dobro da população
brasileira. Perante isto devemos indagar:
1 - Onde
estão os que têm se levantado para ir, movidos por uma ardente paixão pelas
almas?
2 - Onde
estão os que têm se levantado, dispostos a se desgastarem para levar o
evangelho até o ultimo povo perdido sobre a terra?
3 – Onde
estão os crentes de corações vibrantes que desejam se envolver?
Necessitamos compreender que não fazem Missões com sensacionalismo,
quando ficamos comodamente sentados nos bancos de nossas igrejas emocionados
com narrações românticas do campo missionário. O mundo necessita mais de
trabalho do que de lagrimas. Quando entendermos isto talvez passemos a nos
importar mais em alcançar almas e menos em construir templos. E, neste dia
também, descobriremos que milhões já morreram sem conhecer o Evangelho,
enquanto nos ainda não sentíamos a urgência da proclamação; e então choraremos,
porque para eles é tarde demais.
Exposição
1 - Evangelho:
Recipiente dos Valores de Deus Para a Igreja Germinante
O ponto central da Missiologia do N.T é o Evangelismo.
O evangelismo é o ato de proclamar o evangelho (Euangélion), ação esta
realizada pelo evangelista (Euangelistes). Vamos, portanto analisar e entender
melhor este Evangelho, já que ele é o conteúdo do Evangelismo.
Voltemos há cerca de 2.000 anos no tempo, especificamente na região da
Palestina, nos lugares onde Cristo passaria. Imagine um homem forte, vestido de
peles de camelo, sandálias gastas, barbas sujas, cabelos longos, carregando em
sua bolsa apenas um pouco de mel. Seu nome era João Batista e ele prega ao
povo. Seus sermões eram duros; ele falava sobre o “fogo consumidor”, o “machado
posto à raiz das arvores” e da “palha queimada em fogo inextinguível”, durante
seus apelos ele usava termos fortes como “raça de víboras”.
De repente aparece perante o povo outro homem, vestido simplesmente,
rodeado por um grupo de homens também simples e com uma voz suave. Era Jesus.
Ele, ao contrario de João, vem falando sobre “boas novas” (evangelho) e “boas
novas do reino”. Sua mensagem é estranha; ele vem falando sobre uma forma
diferente de viver, uma forma “evangélica”. Uma vida em que o marido não domina
sua esposa, ama-a;na qual o perseguido ano odeia aquele que o persegue, antes
ora por ele; em que o líder cristão não exerce domínio sobre seu rebanho, mas
serve-o; em que a comunidade dos santos não organiza revoluções contra as más
autoridades, porem, intercede por elas; em que o menor é o maior, em que morrer
é um ganho; na qual só se tornam fortes os que reconhecem a fraqueza; em que se
obriga a andar uma; em que não há apego a este mundo, pois todos são
peregrinos; na qual a terra natal é desconhecida, a garantia é uma promessa e
só alcança a vida de quem primeiro morre. Isto é Evangelho, um recipiente de
valores a um povo, os “do caminho”.
E dentro dessas pregações Jesus enfatizava muito o “reino” e até
quando falava sobre Evangelho, falava sobre o “evangelho do reino”. Há uma
ligação entre duas coisas que veremos depois. Porém, o mais importante agora é
entendermos que o Evangelho nos primeiros séculos era um “recipiente dos
valores de Deus, os quais reivindicavam um modo transformado de vida”. Era
pratico.
Homens ricos paravam de roubar devolveram o dinheiro até quatro vezes
mais aos que foram por eles ludibriados; mulheres adulteras largavam suas vidas
de promiscuidade e transformavam-se instantaneamente em testemunhas; pescadores
largavam suas redes para seguirem um carpinteiro de Nazaré; muitos vendiam tudo
o que tinham para distribuírem entre os que nada possuíam; milhares morriam
crucificados ou queimados por se recusarem a negar ao seu Senhor, que nunca
havia visto a face a face. Isto é vida pratica!!!
Infelizmente, após os séculos, ser “evangélico” passou a significar
apenas um estado denominacional. Gostaria, portanto que entendêssemos que o
Evangelho, desta forma, não era apenas “boas novas”, “boas noticias”, mas “boas
novas que reivindicam um modo de vida transformado, segundo os valores de
Deus”.
1 - Evangelho:
cumprimento da promessa
Há duas coisas que necessitamos entender aqui sobre o Evangelho, antes
de chegarmos ao ponto principal.
Sua procedência: No N.T. confrontamo-nos repetidas vezes com a
apresentação do Evangelho como
“evangelho de Deus”, apontando para a
procedência do evangelho, ou seja, ele não é invenção humana, mas sim uma
revelação divina.
Seu conceito: Em 1 Coríntios 9.18, quando Paulo expressa que
“evangelho” entendemos a principio que o conteúdo do evangelismo é o evangelho.
Mais adiante, no capitulo 15 da mesma carta, Paulo fala à igreja sobre o
evangelho que vos anunciei “(v.1) e no verso 3 ele começa a narrar sobre este
evangelho dizendo:
“... Que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as escrituras, e
que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia...” ou seja, Jesus Cristo é o
próprio evangelho! Desta forma, começamos a entender que o conteúdo do
evangelismo é o evangelho e o conteúdo do evangelho é Jesus Cristo.
Creio que agora podemos expor o ponto principal deste tema: a promessa
na qual entenderemos a perspectiva transcultural deste evangelho. Veja bem:
Promessa N.T é o termo grego “EPANGELIA” o qual possui um sentindo literal de
“prometer com antecedência” ou “criar expectativa pela mensagem” o que tem isto
a ver com Missões? Vamos ver o texto de Paulo aos Romanos 1.1 a 3. Este texto
fala sobre três pontos enfáticos:
Paulo foi “separado para o evangelho de Deus” (refere-se ao seu
ministério).
Este evangelho foi “por Deus outrora prometido por intermédio dos
profetas” (mostra que havia uma promessa sobre o evangelho).
Este evangelho prometido diz respeito ao “Seu Filho” (Jesus Cristo é o
conteúdo deste evangelho).
Paulo, portanto, iniciam Romanos falando da Promessa e seu
comprimento: Jesus Cristo. Se esta promessa é “Expectativa do Evangelho” e o
conteúdo do Evangelho é Jesus Cristo, a promessa portanto é a “Expectativa por
Jesus”.
A parte principal, porem, deste estudo é descobrirmos biblicamente a
extensão desta Promessa no A.T. Se a promessa da vinda do Salvador no A.T.
tiver sido dirigida apenas a Israel, somente este povo estaria impregnado por
esta “expectativa do evangelho” somente este povo estaria imbuído desta
“expectativa do evangelho”; somente eles viveriam sob a promessa. Se porem, a
Promessa de um Salvador tiver sido dirigida a todos os povos da terra, em todas
as épocas viveram e vivem numa expectativa, a expectativa das boas novas de
Jesus Cristo.
Tomando Isaias 42.5 a 6 como um dos textos mais claros que falam sobre
a Promessa central do A.T., a vinda do “Servo do Senhor”, veremos o “destino”
de tal promessa.
Logo no verso 1 deste texto, Deus apresenta o servo, o “escolhido” que
possui o seu “Espírito” e enfatiza que “ele promulgará o direito aos gentios”,
expressando a quem é dirigida a Promessa, não só a Israel, mas também aos
“gentios”.
Nos versos 2 e 3 Ele continua expondo sobre o Seu Servo e no verso 4
Ele afirma que:
“As terras do mar aguardarão a sua doutrina” o que deixa claro que Ele
não se refere somente aos gentios que estão perto do seu povo de Israel, mas
também os que estão em terras longínquas, além-mar. No verso 6 Deus diz que
fará do seu servo o “mediador da aliança com o povo” (referindo-se a Israel) e
“luz para os gentios”, referindo-se aos povos de longe.
No verso 10, em resultado da Promessa Ele diz:
“Cantai ao Senhor um cântico novo, e o seu louvor até as extremidades
da terra...vós terras do mar e seus moradores”.
Conclusão
Creio ser explicito neste texto, como em tantos outros, que a Promessa
messiânica é plenamente transcultural; a “Epangelia” estende-se até “as
extremidades da terra” onde haja terras do mar e povos de longe; e creio também
que isto implica no fato de que todos os povos da terra, em todas as épocas,
vivem em expectativa quanto a uma mensagem que possa saciar a sua sede do
evangelho.
Há uma amável Igreja no noroeste da África, localizada em um arquipélago
(Cabo Verde) que em seus templos possui um emblema pintado ao alto, para que
todos possam ver. Neste emblema esta escrito: Santidade ao Senhor. Talvez por causa desta preocupação eles tem
trabalhado tanto e feito tanto para a glória de Deus. Algo que precisamos
entender agora é que não se consegue proclamar realmente evangélico, no
conceito de Deus. Começaremos a fazer Missões à medida que formos santos perante
o Senhor!
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