Mateus 18.21 a 35
Queremos ministrar ao seu
coração sobre um dos temas mais libertadores da Bíblia: O perdão. Diante dele
nenhum inimigo escravizador pode triunfar. Ele retira todos os argumentos, faz
cessar toda a contenda e calar toda contrariedade. O perdão traz alívio e
sossego para a alma aflita. Ele revela o amor de Deus e por isso é tão poderoso
assim. Desfrute desse maravilhoso tema e seja grandemente abençoado pelo Pai.
Na estrutura deste estudo
queremos responder à seguinte pergunta:
Por que devo perdoar? Porque o Perdão é Um dos Temas Principais do
Reino dos Céus.
Mateus 18.23 “... O Reino
dos céus é como um rei que desejava acertar contas com seus servos...”.
Antes de qualquer coisa,
precisamos entender que não podemos experimentar o Reino dos céus e seus
benefícios sem passarmos pela experiência do perdão. A parábola tanto fala do
perdão recebido por Deus quanto da necessidade de se perdoar o próximo. Assim
como só podemos entrar no Reino dos céus através do perdão dos nossos pecados,
só podemos nele permanecer se tivermos a mesma atitude perdoadora para com os
nossos ofensores.
Por que devo perdoar? Porque a Minha Dívida Para Com Deus era
Infinitamente Maior do que a Dívida do Meu Próximo Para Comigo.
Mateus 18.24 e 28 “Passando
a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos... Saindo, porém,
aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários...”.
Quando o rei foi acertar
contas com seus servos, ele encontrou alguém que lhe devia um valor altíssimo,
dez mil talentos, que não tinha como pagar. Um talento era equivalente a seis
mil dias de trabalho. A dívida desse homem era de dez mil talentos, ou seja, o
equivalente a aproximadamente 164.383 anos de trabalho. Tamanha era a dívida
que seria necessária à venda como escravos do devedor, sua mulher, seus filhos
e de tudo quanto possuísse, a fim de se restituir todos os valores devidos ao
rei.
Isso ilustra a nossa
condição de pecadores diante de Deus. O preço da nossa dívida espiritual era
altíssimo. Não tínhamos condições de pagar porque já nascemos com essa herança
e vivemos a vida toda com ela. Nada seria suficiente para saldá-la: nem boas
obras, nem o possuir uma religião ou coisa parecida. Porém, assim como o rei,
movido de compaixão, perdoou seu servo de tão grande saldo devedor, assim o Pai
Celestial agiu para conosco. Fomos perdoados e declarados livres de toda a
culpa, sem que tivéssemos de pagar coisa alguma. Glória a Deus por isso!
Um pouco mais adiante,
porém, esse mesmo servo que havia acabado de ser liberado, encontrou um amigo,
um conservo seu, que lhe devia apenas cem denários, um valor referente a cem
dias de trabalho (somente três meses e dez dias). E agindo para com ele de
forma violenta, exigiu o pagamento imediato.
Isso ilustra a
possibilidade de alguém ter recebido tamanha graça perdoadora da parte de Deus,
e não ter a mesma capacidade de agir com misericórdia para com os outros. O
problema mais grave aqui abordado é o fato do devedor perdoado não ter a
consciência de ser a dívida dele para com o rei infinitamente maior do que o
que lhe devia o conservo. Precisamos entender o que Jesus nos quer ensinar. Não
importa o que alguém tenha feito de mal para comigo ou contra alguém que amo. O
meu pecado para com Deus era maior, e dele fui liberado. Quando penso assim, e
só quando penso assim, é que terei condições de sentir compaixão de quem falhou
ou pecou contra mim. Quando digo: “não perdoarei tamanha transgressão dessa
pessoa”, estou deixando de ver a minha própria condição anterior que também era
lastimável e miserável.
Por que devo perdoar? Porque o perdão revela a compaixão divina no coração,
e o contrário, o domínio de uma vontade humana não redimida.
Mateus 18.27 e 30 “E o
senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora, e perdoou-lhe a
dívida... Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até
que saldasse a dívida”.
Depois de ouvir as
súplicas por misericórdia, o rei, movido de íntima compaixão pelo devedor,
decide liberá-lo em paz, perdoando toda a dívida. Não exigiu mais que fosse
paga qualquer quantia. Não se ressentiu pelo prejuízo assumido, nem ameaçou
vingança em ocasião oportuna. Nenhumas dessas atitudes negativas tiveram lugar
no coração do rei, porque ele era dominado por outro espírito, muito mais
nobre.
O sentimento de íntima
compaixão por alguém é divino. Toda a vez que Jesus se moveu de íntima
compaixão por alguém, algum milagre extraordinário aconteceu: 1) A multidão
enferma e a cura de suas doenças, Mateus 14.14, 2) A viúva e a ressurreição de
seu único filho, Lucas 7.11 a 15, 3) O pai em busca do filho perdido – Lucas 15.20,
em todos esses casos a íntima compaixão esteve fortemente presente e os
resultados foram maravilhosos: Cura, libertação, restauração, provisão, e até
mesmo, ressurreição. Para perdoar alguém também precisamos desse sentimento
divino e sobrenatural. Ele já está presente e disponível no coração de alguém
que já foi redimido pelo sangue de Jesus Cristo. Portanto, basta decidir
perdoar, que isso será plenamente possível, hoje e agora. Algumas pessoas dizem
que para perdoar alguém, somente se for através de um milagre. Pois bem, já
vimos acima que a compaixão de Deus transbordante no coração resultou em
milagres extraordinários. É assim porque ela vem de Deus, e só Ele pode liberar
o poder necessário para remover tamanhos obstáculos.
Por outro lado, o que fora
perdoado pelo rei, encontrando um conservo seu que lhe devia alguma coisa,
simplesmente não se compadeceu dele como o rei havia se compadecido em seu
favor. O texto bíblico nos relata que o conservo também suplicou por paciência
que tudo seria pago. Mas ele não quis!
O “não querer perdoar”
revela uma vontade humana não redimida pelo sangue de Jesus. O mover-se de
íntima compaixão, sim. Alguém que não quer ter paciência, ou misericórdia, ou
liberar perdão, ainda está sob o domínio de uma vontade escravizada pelo
pecado. Essa vontade prisioneira precisa conhecer a liberdade de Cristo. Quando
isso acontece, ela começa a experimentar a compaixão de Deus em relação às
pessoas, a fim de vê-las como o Senhor as vê.
Por que devo perdoar? Porque o perdão nos livra de transformar o nosso
coração em uma prisão.
Mateus 18.30 “Ele,
entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a
dívida”.
Não querendo perdoar a
dívida, o passo seguinte foi lançar o devedor na prisão, até que todo o valor
fosse pago. Em vez de soltar através do perdão, decidiu prender através da
retenção do perdão. O perdão solta, libera. O contrário, prende, retém. O pior
de tudo é que as pessoas a quem não perdoamos não ficam presas em algum lugar
físico deste mundo em que vivemos. Elas ficam presas em nosso coração e em
nossas emoções. Para onde vamos levamos conosco nossos agressores. Acordamos,
trabalhamos, descansamos e dormimos com eles em nossas lembranças. Se elas
fossem boas até valeria a pena conservá-las durante toda a vida. Porém, trata-se
de memórias que gostaríamos de apagar por nos trazerem mal estar. Mas a
ausência do perdão, infelizmente, prende o agressor, o mal praticado e todas as
impressões negativas que fizeram parte daquele ato, todos eles juntos, dentro
do nosso coração, fazendo dele uma prisão.
Quando, porém, liberamos o
perdão, estamos deixando sair livres não somente o agressor, mas a lembrança do
mal praticado bem como todas as impressões negativas que ficaram impregnadas a
partir do ocorrido. Portanto, é muito mais saudável para o corpo, para a alma e
para o espírito, perdoar, do que não perdoar. Devemos sempre nos perguntar
sobre o que queremos fazer do nosso coração: uma prisão ou um jardim?
Por que devo perdoar? Porque o perdão nos livra de nos tornarmos dependentes
da atitude dos outros.
Mateus 18.30 “ Ele,
entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida”.
O homem que deixou de
perdoar, antes preferindo prender, o fez “até que” o outro fizesse alguma coisa
para resolver o problema. Fazendo isso, tornou-se dependente do outro. Quando
perdoamos agimos na nossa liberdade de perdoar independentes da atitude do
outro. Se a pessoa me pedir perdão, perdoo; se não pedir, também perdoo. Se o
outro quiser conversar comigo, perdôo; senão, perdoo mesmo assim. Quando não
perdoamos, porém, nos tornamos reféns das decisões e das escolhas de quem nos
ofendeu. Ficamos colocando condições e sempre esperando alguma atitude positiva
da outra parte. Caso nada aconteça, ficamos sujeitos à escravidão emocional e a
ressentimentos devastadores para a nossa alma, talvez, por toda a vida.
Por que devo perdoar? Porque o perdão fecha a porta da tristeza para outras
pessoas.
Mateus 18.31 “Quando os
outros servos, companheiros dele, viram o que havia acontecido, ficaram muito
tristes e foram contar ao seu senhor tudo o que havia acontecido”.
Até então a história
contava com as seguintes personagens: o rei, o servo e o conservo. Mas agora,
um novo grupo de pessoas surgiu: os amigos do servo. A recusa de se perdoar o
conservo não ficou apenas entre eles dois. Os amigos dele ficaram sabendo e se
entristeceram muito pelo ocorrido. Certamente, eles sabiam do grande favor que
seu amigo havia recebido da parte do rei e se alegraram por isso. Mas agora,
viram que a atitude para com o conservo havia sido totalmente destituída de
graça. Daí a grande tristeza.
Geralmente nos conflitos
de relacionamentos não resolvidos, sofrem mais pessoas do que somente as
envolvidas diretamente no caso. Quase sempre filhos pagam pelo conflito entre
os pais; amigos de longos anos de repente se vêem privados do convívio amistoso
com todo o grupo; etc. Enfim, queremos dizer que a retenção do perdão não
prejudica somente aquele que não foi perdoado. Prejudica quem não perdoou e
também pessoas que acabam ficando sabendo da situação e que se entristecem por
alguma relação que mantenham com pelo menos uma das pessoas envolvidas. Levando
ainda mais para o lado espiritual, os anjos de Deus também acompanham nossas
atitudes e também se entristecem quando não perdoamos. Há uma indicação de que
os anjos comunicam ao Pai o que fazemos ou deixamos de fazer em relação às
pessoas: Mateus 18.10 “Vede, não desprezeis a nenhum destes pequeninos; pois eu
vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai, que está nos
céus.” As escrituras ensinam que os anjos guardam e ministram ao povo de Deus
(Salmo 91.11 “Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te
guardarem em todos os teus caminhos” e Hebreus 1.14 “Não são porventura todos
eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de
herdar a salvação?”) Vimos então que, a falta de perdão entristece a quem não
perdoa, a quem não foi perdoado, a quem pertence ao círculo familiar ou de
amizade dos envolvidos, bem como, aos anjos de Deus que sempre comparecem
perante o Pai.
Por que devo perdoar? Porque o perdão nos livra dos atormentadores espirituais.
Mateus 18.34 “Irado, seu
senhor entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo o que devia”.
Quando o rei ficou sabendo
da falta de misericórdia por parte de seu servo em relação ao conservo, não
apenas ficou triste, mas irado. A ira geralmente nos leva a uma ação. Se for
bem direcionada nos levará a agir para corrigir algum problema. Será a energia
necessária para enfrentar uma situação problemática a fim de colocá-la em
ordem. Assim agiu o rei para com o seu servo a quem já havia liberado o perdão.
Diante do que ouviu, decidiu agir para com ele da mesma forma como o servo
agira em relação ao conservo: Encerrando-o na prisão até que se pagasse toda a
dívida. Seria bom rever o ensino de Jesus na oração do Pai Nosso: Mateus
6.12,14 e 15 “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos
devedores. Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também
lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes
perdoará as ofensas”.
A atitude não perdoadora
do servo em relação ao conservo, foi uma péssima semeadura que ele lançou
contra si mesmo. Agindo daquela forma, sem saber, estava fechando a porta da
graça e da misericórdia para ele, sua esposa, seus filhos e tudo o que possuía.
O perdão da dívida que já havia sido liberado, agora foi revogado. Lançado na
prisão foi entregue aos atormentadores. Os atormentadores são espíritos
demoníacos que agem na vida de quem não perdoa o seu próximo. São eles os
responsáveis pelo agravamento da mágoa, pelos acessos de raiva e explosões de
ira quando se mergulha nas lembranças do ocorrido, ou que acabam lançando a
pessoa num profundo poço de depressão. Eles também atormentam através das
lembranças, lançando dúvidas, medo, ódio, insegurança e culpa. Muitas pessoas
que se tornaram prisioneiras desses espíritos já cometeram suicídio ou
homicídio. Outras se tornaram frias e amargas nos seus relacionamentos. Em
todas elas percebe-se o destilar da amargura, seja no olhar, no falar ou no
andar. Somente o perdão pode realmente facilitar todas as coisas e fechar todas
as brechas. Se alguém tem achado ser um preço muito alto perdoar a outra
pessoa, diante do que já mencionamos, fica claro que paga muito mais caro quem
não perdoa do que aquele que perdoa.
Conclusão
Nós vimos que o perdão é
um dos temas principais do Reino de Deus. Por meio do perdão dos nossos pecados
ingressamos nele, e somente mantendo a mesma atitude de Quem nos perdoou é que
podemos nele permanecer. A dívida de alguém para comigo sempre será menor do
que a dívida que eu tinha para com Deus. Somente um coração redimido pelo
sangue de Cristo poderá ser canal da íntima compaixão divina em favor dos
outros. O coração perdoador é semelhante a um jardim bem tratado e cultivado.
Nele não há lugar para ressentimentos nem aprisionamentos de vidas. É esse tipo
de coração que devemos ter como modelo para a nossa existência aqui na terra. A
pessoa que perdoa é livre para perdoar em qualquer tempo. Não depende das
pessoas nem das atitudes delas. O perdão é gerador de contentamento e plena
satisfação que só o Reino de Deus pode trazer. Ele faz transbordar de alegria o
coração de quem perdoa, de quem é perdoado, dos amigos do perdoador e do
perdoado, dos anjos de Deus que acompanham nossas vidas, e acima de tudo, do
próprio Pai Celestial que considera bom e suave que os irmãos vivam em união,
Salmo 133.1. Na função de libertar as vidas, o perdão nos retira totalmente da
zona de perigo e de acesso a espíritos atormentadores. Eles não têm legalidade
para agir na vida de alguém que perdoa. São totalmente livres de toda e
qualquer influência maligna nessa área, os que entram pelo caminho da
obediência através da liberação dos seus devedores. Efésios 4.32 “Antes sede
bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros,
como também Deus vos perdoou em Cristo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário