O livro de Jó traz um dado curioso, a palavra esperança
aparece mais do que em qualquer outro livro da Bíblia.
Quais seriam as
esperanças de um homem arrasado por um turbilhão de acontecimentos
catastróficos?
Morte dos filhos, perda dos bens e da saúde. Solidão e dor. Como
olhar para um futuro próspero, com o presente destruído? Jó fora consolado por
sua esperança, uma expectativa cultivada por ele mesmo,
porque ninguém mais foi
capaz de lhe proporcionar tal consolo.
Jó tinha convicção de que apesar dos dias de luto, e da
incompreensão do sofrimento que lhe sobreveio, Deus poderia mudar sua sorte.
Assim, ele apela para o tribunal Divino, quer ouvir de Deus uma sentença de
libertação da dor, e mesmo quando fala na morte mantém a esperança na
misericórdia Divina. Ele retira forças da dor e declara que a morte não o
vencerá, sua esperança se cumprirá:
Jó 19.23 a 27 "Quem dera que as minhas palavras fossem
escritas! Que fossem gravadas num livro! Que, com pena de ferro, e com chumbo, fossem
para sempre esculpidas na rocha! Pois eu sei que o meu Redentor vive, e que por
fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida esta minha pele, então
fora da minha carne verei a Deus; vê-lo-ei ao meu lado, e os meus olhos o
contemplarão, e não mais como adversário. O meu coração desfalece dentro de
mim!".
Um coração despedaçado, contudo em oração constante, regado
por esperança. E por que conhecemos a história desse servo valoroso de Deus?
Porque suas palavras foram escritas no livro Sagrado de Deus, na Bíblia. O
Redentor se apresentou para Jó, o levantou do pó e o reergueu. E ele viu a Deus
com os próprios olhos, O contemplou em vida:
Jó 42.5 "Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora
te veem os meus olhos".
Deus ouvia a Jó e cumpriu suas petições.
Os ecos do mundo
De forma explicita a palavra esperança, aparece pelo menos
oito vezes nos relatos de Jó, de forma implícita, podemos dizer que a esperança
é constante nas palavras de Jó, nos diálogos com os amigos Elifaz, Bildade,
Zofar e Eliú. Estes procuravam a causa do sofrimento de Jó, acusando-o de
pecador. Buscavam de todas as formas desfalecer a esperança de Jó, porque não
conseguiam ver outro desfecho para ele, além da morte:
Bildade: Jó 8.13 “São assim as veredas de todos quantos se
esquecem de Deus; a esperança perecerá”.
Jó: Jó 17.15 “Onde está a minha esperança? Quem poderá ver
alguma esperança para mim?”.
Quantas pessoas hoje não vivem ou já viveram situações
semelhantes à de Jó? De sofrimento profundo, perdas de pessoas amadas, status
social, amigos, bens. Deus deixou que a história de Jó fosse escrita e
conhecida para devolver ânimos e esperança aos que atravessam vales escuros. Jó
se agarrou a esperança, como um náufrago se agarra ao bote salva vidas. Ele
conservou a fé na fidelidade Divina, mesmo quando os martelos da sentença de
morte ecoavam em seus ouvidos.
Palavras de vida
A crise existencial que envolve Jó é também marcada e
agravada por seus conselheiros. Um exemplo claro e real do que acontece entre
nós. Aguardamos palavras de amor, conforto, queremos ouvir Deus através das
pessoas mais próximas, mas nos frustramos. Ainda bem que a bíblia nos da
consolo.
Isaias 50.10 "Quando andar em trevas, e não tiver luz
nenhuma, confie no nome do Senhor, e firme-se sobre o seu Deus".
Romanos 15.4 “Pois tudo o que foi escrito no passado foi
escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo
procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança”.
Os montes Lhe pertencem
O livro de Jó foi escrito, inclusive, para nos ensinar sobre
esperança. Olhe através das frestas de luz desse cortiço escuro e apertado e
enxergue o futuro no horizonte. Firme-se em Deus e confie em Sua Palavra que é
Bálsamo para os humilhados.
Há um Salmo que diz: Salmos 95.4 “Nas Suas mãos estão às
profundezas da terra, e as alturas dos montes lhe pertencem”. Deus está nos
lugares altos e baixos, conosco na alegria e na tristeza.
No livro de Jó podemos encontrar respostas para o que não
temos respostas. Jó não compreendia que estava sob ataque de Satanás, nem que
Deus o guardava da morte. Também não sabia que naquele redemoinho, estava Deus,
poderoso para trazer de volta, porção dobrada do que havia perdido.
Mas nós sabemos de todas essas coisas, porque estão
escritas.
E para quem foram escritas? Para os que sofrem, e que a
exemplo de Jó, procuram ser fies e obedientes a Deus. Para estes a esperança
não deve morrer.
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