Tiago 1.12 a
18
“Feliz é o
homem que persevera na provação, porque depois de aprovado receberá a coroa da
vida que Deus prometeu aos que o amam. Quando alguém for tentado, jamais deverá
dizer: "Estou sendo tentado por Deus". Pois Deus não pode ser tentado
pelo mal, e a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça,
sendo por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à
luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte. Meus amados irmãos,
não se deixem enganar. Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto,
descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes. Por sua
decisão ele nos gerou pela palavra da verdade, para que sejamos como que os
primeiros frutos de tudo o que ele criou”.
Introdução
Tentação na
Bíblia tem o sentido de colocar uma pessoa em prova, de submetê-la a um teste
árduo e espinhoso com o objetivo de mostrar a sua fraqueza, induzindo-a a um
procedimento negativo.
A Bíblia
apresenta satanás como o tentador, ou seja, como aquele que sabe usar como
ninguém mais as circunstâncias existenciais para induzir a pessoa na
concretização de objetivos maléficos.
A maior
intenção do diabo não é, na verdade, nos fazer pecar, mas sim a de criar em nós
uma sensação de ausência, de distanciamento, de Deus. Ao nos fazer sentir uma
espécie de alienação espiritual em relação a Deus o diabo nos escraviza no
pecado.
Marcos 1.13
“E ali esteve no deserto quarenta dias, tentado por Satanás. E vivia entre as
feras, e os anjos o serviam”
1 Coríntios
2.5 “Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder
de Deus”
Apocalipse
2.10 “Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns
de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez
dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida”
João 8.34
“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que
comete pecado é servo do pecado”
Romanos 6.17
a 23 “Mas, graças a Deus, porque, embora vocês tenham sido escravos do pecado,
passaram a obedecer de coração à forma de ensino que lhes foi transmitida. Vocês
foram libertados do pecado e tornaram-se escravos da justiça. Falo isso em
termos humanos por causa das suas limitações humanas. Assim como vocês ofereceram
os membros dos seus corpos em escravidão à impureza e à maldade que leva à
maldade, ofereçam-nos agora em escravidão à justiça que leva à santidade. Quando
vocês eram escravos do pecado, estavam livres da justiça. Que fruto colheram
então das coisas das quais agora vocês se envergonham? O fim delas é a morte! Mas
agora que vocês foram libertados do pecado e se tornaram escravos de Deus, o
fruto que colhem leva à santidade, e o seu fim é a vida eterna. Pois o salário
do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo
Jesus, nosso Senhor”
Romanos 7.17
“De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em
mim”
Em Mateus
6.13 o termo tentação tem o sentido de ação satânica para nos fazer pecar. Este
termo aparece 21 vezes no Novo Testamento e sempre tem o sentido de comprovar a
qualidade, submeter à prova ou teste, com a intenção de induzir ao pecado.
Creio ser
importante ressaltar sobre a tentação o seguinte.
A tentação surge da nossa presunção
de força:
A tentação
se torna mais eficaz quando presumimos ter forças suficientes para não cairmos
em pecado, ou para vencê-la quando assim bem entendermos.
A autoconfiança é um atalho para a derrota.
Precisamos aprender a nos afastarmos da aparência do mal, bem como do próprio
mal.
O
autoconhecimento e de nossas limitações, associado ao conhecimento de Deus e de
sua Palavra nos ajuda para evitarmos a presunção de força em relação à
tentação. Além disso, 1 Coríntios 10.12 (“Assim, aquele que julga estar firme,
cuide-se para que não caia”) nos alerta e nos ajuda para evitarmos a presunção
de força que nos deixa vulneráveis à tentação.
A tentação nos cega:
Quando somos
tentados fazemos coisas que em circunstâncias normais jamais faríamos. A
tentação obscurece a nossa visão e a nossa mente, nos fazendo enxergar as
coisas sob um único prisma, o da satisfação pessoal e do prazer.
Vemos no
Salmo 73.1-3 que enquanto a visão do salmista estava presa na prosperidade dos
ímpios ele se consumia de inveja (“Certamente Deus é bom para Israel, para os
puros de coração. Quanto a mim, os meus pés quase tropeçaram; por pouco não
escorreguei. Pois tive inveja dos arrogantes quando vi a prosperidade desses
ímpios”).
Em 2 Samuel
vemos que enquanto a visão de Davi estava fixada na beleza física de Bate-Seba
e no prazer sexual, ele não enxergou a maldição que cometera contra Deus, 2
Samuel 11.27 (“Passado o luto, Davi mandou que a trouxessem para o palácio; ela
se tornou sua mulher e teve um filho dele. Mas o que Davi fez desagradou ao
Senhor”). Somente depois de exortado espiritualmente pela Palavra de Deus,
através do profeta Natã, foi que as vendas caíram de seus olhos e, arrependido,
Davi confessou o seu pecado, 2 Samuel 12.13 (“Então Davi disse a Natã:
"Pequei contra o Senhor! " E Natã respondeu: "O Senhor perdoou o
seu pecado. Você não morrerá”).
Somente a
Palavra de Deus nos faz recuperar a visão espiritual e nos auxilia a
identificarmos a tentação e suas conseqüências em nossas vidas. Vale à pena ler
os Salmos 32, 38 e 51, que Davi escreveu no momento de seu arrependimento, após
ter recobrado a visão e consciência espiritual.
A tentação visa destruir a Palavra de
Deus em nós:
Não seria
diferente. Se é a Palavra que nos esclarece, a tentação, que obscurece, atua
contra ela. Na parábola do semeador fica evidente este aspecto da tentação, pois
o texto mostra claramente que na hora da tentação as pessoas que não estão
enraizadas na Palavra se desviam.
Quando a
Palavra de Deus não esta enraizadas em nossos corações, e nós nela, temos as
nossas próprias soluções para os problemas e os nossos próprios projetos para a
vida. Consideramos-nos senhores do nosso destino e acreditamos que os nossos
métodos são melhores do que os de Deus.
A tentação
nos ataca fazendo com que a Palavra de Deus deixe de ser o manual de
compreensão da realidade e do direcionamento para a nossa vida. Neste caso, a
Palavra de Deus perde a relevância existencial e vivencial para nós e, por
isso, cedemos às tentações.
A tentação visa a enfraquecer a nossa
fé:
Este aspecto
é uma decorrência do anterior, pois quando a Palavra de Deus perde o
significado para nós perdemos a fé, visto que a fé vem pelo ouvir a Palavra de
Deus. (Romanos 10.17 “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de
Deus” e Efésios 2.8 “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto
não vem de vocês, é dom de Deus”).
Essa questão
se confirma na expressão de Davi, no Salmo 13.1 (“Até quando, Senhor? Para
sempre te esquecerás de mim? Até quando esconderás de mim o teu rosto?”),
quando ele se lamenta do sentimento de ausência de Deus. Qual o Cristão sincero
que, passando por um longo período de crise, não sentiu esse “abandono” de
Deus? O segredo para não sucumbirmos é não perder a fé. O clamor angustiado de
Davi revela a sua fé de forma vivida. Ele se dirige a Deus em seu lamento. Davi
não busca auxilio humano. Apesar das perdas humanas ele permanece na fé.
Satanás
utiliza-se de todos os recursos para abater a nossa fé e para nos enfraquecer
espiritualmente, induzindo-nos para direções erradas e nos desviando de Jesus,
o autor e consumidor da fé, Hebreus 12.2 “Olhando para Jesus, autor e
consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz,
desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus”.
Com relação
a este tópico, recomendo a leitura do livro do profeta Habacuque e de Hebreus
10.19 a 11.40.
A tentação nos entristece:
A tentação
dói, gera tensão violenta e toca em questões vitais da nossa existência. O
processo tentatório e a luta interior para não cedermos a tentação nos fazem
chorar lágrimas amargas, o mesmo ocorrendo quando caímos e chegamos a
consciência de que não resistimos. Porém, a tristeza produzida pela tentação e
temporária, embora amargurante e cruel, Gênesis 3.4 a 6 “Disse a serpente à
mulher: Certamente não morrerão! Deus sabe que, no dia em que dele comerem,
seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal.
Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos
olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu
fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também”, Salmo 32.3 “Enquanto
escondi os meus pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer”, Salmo 51.1, 8 e
12 “Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor; por tua grande compaixão
apaga as minhas transgressões, Faze-me ouvir de novo júbilo e alegria; e os
ossos que esmagaste exultarão, Devolve-me a alegria da tua salvação e
sustenta-me com um espírito pronto a obedecer” e Mateus 27.1 a 5 “De manhã
cedo, todos os chefes dos sacerdotes e líderes religiosos do povo tomaram a
decisão de condenar Jesus à morte. E, amarrando-o, levaram-no e o entregaram a
Pilatos, o governador. Quando Judas, que o havia traído, viu que Jesus fora
condenado, foi tomado de remorso e devolveu aos chefes dos sacerdotes e aos
líderes religiosos as trinta moedas de prata. E disse: Pequei, pois traí sangue
inocente. E eles retrucaram: Que nos importa? A responsabilidade é sua. Então
Judas jogou o dinheiro dentro do templo, saindo, foi e enforcou-se”.
A tristeza
promovida pela tentação e tão intensa que pode desembocar numa depressão
profunda, como no caso de Judas Iscariotes, que cometeu suicídio, mas, em
contra partida, essa tristeza não pode ser comparada a alegria e a exultação
espiritual que nos advém quando resistirmos à tentação,
Tiago 1.2 a 3 “Meus
irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas
provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança”, 1 Pedro
1.6 e 7 “Nisso vocês exultam, ainda que agora, por um pouco de tempo, devam ser
entristecidos por todo tipo de provação. Assim acontece para que fique
comprovado que a fé que vocês têm, muito mais valiosa do que o ouro que perece,
mesmo que refinado pelo fogo, é genuína e resultará em louvor, glória e honra,
quando Jesus Cristo for revelado”, 1 Pedro 4.12 e 13 “Amados, não se
surpreendam com o fogo que surge entre vocês para os provar, como se algo
estranho lhes estivesse acontecendo. Mas alegrem-se à medida que participam dos
sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for revelada, vocês
exultem com grande alegria” e Tiago 1.12 “Feliz é o homem que persevera na
provação, porque depois de aprovado receberá a coroa da vida que Deus prometeu
aos que o amam”.
Podemos usar
a tristeza provocada pela tentação de maneira positiva, glorificando e louvando
a Deus por participarmos dos sofrimentos de Cristo.
Conclusão:
Para
encerrar, ao invés de recapitular tudo, apenas desejo fazer algumas
considerações que creio relevantes sobre este tema. São elas:
A tentação é
universal e inevitável. Todos, sem exceção, em todo o lugar, passam pelo crivo
da tentação, João 17.15 “Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do
Maligno”.
Apesar de
Satanás nos tentar com a intenção de nos fazer sucumbir, devemos crer que os
propósitos de Deus podem reverter a situação, Gênesis 50.20 “Vocês planejaram o
mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para que hoje fosse preservada a vida
de muitos”.
A tentação é
sempre uma prova, um teste muito difícil, que testa a nossa resistência, a
nossa fé, a nossa firmeza na Palavra de Deus, bem como a nossa própria
concupiscência, Tiago 1.14 e 15 “Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça,
sendo por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à
luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte”.
Devemos orar
como Jesus nos ensinou em Mateus 6.13 (“E não nos deixes cair em tentação, mas
livra-nos do mal, porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém”)diuturnamente,
ou seja, 1440 minutos por dia, se desejamos resistir e vencer a tentação.
Dentro do
processo tentatório não existe o “não posso” ou o “eu resisto”, ou ainda o “eu
venço essa”. Não podemos nada contra a tentação. É Deus quem nos capacita e não
permite que o diabo nos destrua, 1 Coríntios 1.13 “Acaso Cristo está dividido?
Foi Paulo crucificado em favor de vocês? Foram vocês batizados em nome de
Paulo”.
Devemos
parar com a atitude de fixarmos os olhos nas crises e na tentação, passando a
fixar os nossos olhos em Deus e em Jesus Cristo, Salmo 3 “Senhor, muitos são os
meus adversários! Muitos se rebelam contra mim! São muitos os que dizem a meu
respeito: "Deus nunca o salvará! Mas tu, Senhor, és o escudo que me
protege; és a minha glória e me fazes andar de cabeça erguida. Ao Senhor clamo
em alta voz, e do seu santo monte ele me responde. Eu me deito e durmo, e torno
a acordar, porque é o Senhor que me sustém. Não me assustam os milhares que me
cercam. Levanta-te, Senhor! Salva-me, Deus meu! Quebra o queixo de todos os
meus inimigos; arrebenta os dentes dos ímpios. Do Senhor vem o livramento. A
tua bênção está sobre o teu povo” e Hebreus 12.2 “tendo os olhos fitos em
Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta,
suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de
Deus”.
Não temos
como evitar a tentação, porém, podemos resisti-la e vencê-la, em nome de Jesus,
Tiago 4.7 a 10 “Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá
de vocês. Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem
as mãos, e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração.
Entristeçam-se, lamentem e chorem. Troquem o riso por lamento e a alegria por
tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará”.
Que Deus nos
ajude nesta intensa batalha contra a tentação e o nosso próprio desejo de ceder
a ela.