05/03/2019

Conhecendo a Armadura de Deus



A armadura de Deus é a completa virtude espiritual provida por Deus aos crentes a fim de capacitá-los para a guerra contra as forças do mal. A ordem bíblica é para que os cristãos estejam revestidos de toda a armadura de Deus. Através do estudo bíblico do capítulo 6 da Epístola aos Efésios, podemos estar conhecendo a armadura de Deus da forma correta (Efésios 6.10 a 20).

O significado da armadura de Deus

A expressão “armadura de Deus” traduz uma palavra grega que se refere ao equipamento completo de um soldado de infantaria. A palavra para armadura no texto é o grego panóplia que vem de pan, que significa “toda”, e hopla, que significa “armas”. Por isso o apóstolo Paulo enfatiza que os crentes devem tomar “toda a armadura de Deus”. Essa armadura espiritual é formada por diferentes elementos, mas é também uma perfeita unidade.
Isso significa que no ensino bíblico não faz sentido usar apenas uma ou outra arma espiritual e desprezar as demais. Ou alguém está vestido com toda a armadura de Deus ou está completamente vulnerável aos ataques de Satanás.

Por que devemos vestir a armadura de Deus?

Devemos estar vestidos de toda a armadura de Deus porque cada cristão verdadeiro está envolvido em uma intensa batalha espiritual. Antes de falar especificamente sobre a batalha espiritual que todo crente está envolvido, Paulo já havia falado algumas coisas fundamentais que nos ajudam a entender por que é necessário que o crente esteja vestido de toda armadura de Deus.
Primeiro, ele falou sobre a beleza do plano eterno e soberano de Deus para a salvação. Depois, ele falou sobre a posição da Igreja em Cristo; destacando as bênçãos e os privilégios desfrutados pelo salvos, bem como os deveres em sua caminhada na fé em direção à santidade em todas as esferas da vida através da capacitação do Espírito Santo.
Mas Paulo também explica que tudo isso não seria algo fácil e sem oposição. Os crentes seriam desafiados e teriam que provar dia após dia que realmente foram chamados por Deus. A vida cristã não se resume apenas às bênçãos da salvação, mas também inclui nossa posição contra os desejos pecaminosos da carne e as forças espirituais das trevas.
Satanás e seu exército demoníaco se dedicam completamente a fazer oposição a Cristo e seu povo. As forças do mal querem destruir a obra de Deus. A realidade dessa guerra não pode ser subestimada. Não se trata de uma simples luta contra meros seres humanos. O apóstolo Paulo diz que “nossa luta não é contra carne e sangue, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais” (Efésios 6.12).
Isso explica perfeitamente por que devemos estar vestidos com a armadura de Deus. Sem essa armadura providenciada pelo Senhor não temos qualquer chance nessa guerra. O texto bíblico explica a importância fundamental dessa armadura para a vida cristã.
Por duas vezes o texto diz: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderes ficar firmes contra as ciladas do diabo”; e: “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis” (Efésios 6.11 e 13).

O que significa vestir toda a armadura de Deus?

A Bíblia diz que estar vestido de toda a armadura de Deus significa estar fortalecido no Senhor e na força do seu poder (Efésios 6.10). Revestir-se da armadura de Deus implica em viver a vida cristã da forma correta e plena; significa estar de pé no poder sustentador de Deus.
À parte de Cristo, o cristão nada pode fazer. A fonte do poder do cristão é o próprio poder de Deus (João 15.1 a 5). As Escrituras revelam claramente o quão infinito é o poder de Deus. Mas o que Paulo quer dizer com “a força do seu poder”? Nessa expressão o apóstolo basicamente usa as mesmas palavras de quando ele fala sobre o poder que ressuscitou Jesus dentre os mortos; bem como ressuscitou os crentes de seu estado de morte espiritual (Efésios 1.19, 2.4 a 6).
Então vestir toda a armadura de Deus é buscar esse poder de Deus, e ser infundido por ele. O mesmo apóstolo certa vez disse: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Filipenses 4.13). Esta declaração explica de forma prática o que significa revestir-se da armadura de Deus. Somente alguém vestido com toda a armadura de Deus pode dizer algo assim.

Usando a armadura de Deus

Dissemos que vestir a armadura de Deus significa estar apto, pelo poder e virtude do Senhor, a resistir aos ataques malignos. Essa verdade reforça a ideia de que precisamos conhecer muito bem o contexto em que usamos a armadura de Deus.

Em primeiro lugar, foi Cristo quem derrotou definitivamente Satanás e conquistou na cruz o poder do pecado e da morte (Romanos 5.18 a 21, 1 Coríntios 15.56 e 57, Hebreus 2.14). Portanto, lutamos numa guerra cuja vitória já foi conquistada.

Em segundo lugar, apesar de ser um exército derrotado, as forças das trevas se empenham em causar o máximo de estrago possível antes de sua ruína final no dia do glorioso retorno de Cristo. Satanás e os demônios não podem escapar do destino que já lhes foi decretado por Deus. Por onde quer que vão eles arrastam sobre si a maldição do juízo divino. Mas enquanto eles caminham para o local de sua condenação eterna, eles atacam os soldados do Reino de Deus.
Então vestidos da armadura de Deus, nosso papel é semelhante a um soldado que monta guarda num território conquistado. A luta do crente é fundamentada na vitória conquistada por Cristo. Por isso Paulo é enfático ao falar: Estais firmes! Resistam! Vigiem e perseverem! (Efésios 6.10, 13, 14 e 18). Mas não confunda isto com um papel meramente passivo e defensivo. Em sua resistência os crentes se defendem, mas também atacam. É uma resistência ofensiva que faz com que o inimigo fuja em retirada (Tiago 4.7).

Além disso, vestir-se da armadura de Deus também é algo que inclui tanto a soberana graça de Deus como a responsabilidade humana. É o crente quem deve vestir-se com essa armadura; é o crente quem deve usá-la completamente em sua vida diária. Contudo, Deus é quem providenciou essa armadura; Ele é quem forjou essas armas e como uma dádiva Ele entregou sua armadura aos seus filhos. Por isso sem o poder divino, ninguém é capaz de usar a armadura de Deus.

Conhecendo a armadura de Deus

O apóstolo Paulo usou certas armas que equipavam um soldado da infantaria nos tempos antigos como figura das armas espirituais que equipam os crentes. É possível que ele tivesse em mente um soldado romano; embora o equipamento pessoal de guerra dos romanos em sua época tivesse algumas pequenas diferenças da armadura que ele descreve.
Por isso que alguns comentaristas dizem que provavelmente Paulo tenha combinado essa figura do soldado romano com algumas referências do Antigo Testamento que retratam Deus, ou o Messias, como um guerreiro. Por exemplo: o profeta Isaías fala de Deus vestido de justiça como de uma couraça, e com o capacete da salvação na cabeça (Isaías 59.17, Isaías 11.5, 49.2). De forma maravilhosa e extraordinária, Paulo explica que agora Deus dá aos crentes essas armas.

Outra questão discutida sobre a armadura de Deus é como devemos entender o seu caráter. Há duas interpretações. 

A primeira diz que a armadura de Deus deve ser vista como sendo o próprio Cristo e tudo aquilo que Ele conquistou na cruz em nosso favor. Então a armadura de Deus são os méritos de Cristo imputado por Deus em nós.
Nesse aspecto vestir a armadura de Deus é vestir-se do próprio Cristo. Por exemplo: vestir a couraça da justiça é vestir-se da justiça de Cristo; vestir o cinturão da verdade é vestir-se da verdade de Cristo etc.

A segunda interpretação diz que a armadura de Deus deve ser vista como um conjunto de virtudes morais que os crentes devem demonstrar em suas vidas a fim de não dar ocasião ao diabo. Por exemplo: vestir a couraça da justiça significa ter uma conduta de vida reta e justa.
A primeira interpretação sem dúvida parece ser a que melhor se harmoniza ao contexto; afinal, Paulo diz que os crentes devem ser fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Contudo, a segunda interpretação não deve ser completamente anulada. Isto porque aquele que está vestido da justiça de Cristo, por exemplo, necessariamente procurará ter uma vida caracterizada pela retidão. Então a segunda pode ser vista como uma consequência da primeira.

Cinturão da verdade

O primeiro elemento da armadura de Deus citado por Paulo é o cinturão da verdade. Ele diz: “Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade” (Efésios 6.14). Aqui o apóstolo tinha em mente o cinturão de couro que os soldados usavam. Esse cinturão protegia a região do baixo abdômen e tinha papel fundamental para todo restante da armadura. Ele prendia a túnica do soldado, sustentava a couraça e servia de suporte para a espada.
Na armadura de Deus, essa verdade não é outra senão a verdade de Cristo; a veracidade do Evangelho. O próprio Jesus declara: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará“; e ainda: “Eu sou o caminho a verdade e a vida“ (João 8.33, 14.6).
Vestir o cinto da verdade é se vestir da verdade de Cristo. É ter sua vida sustentada pela verdade da Palavra de Deus. Consequentemente, aquele que está vestido da verdade de Cristo também terá uma vida marcada pela autenticidade, pela sinceridade. Ele jamais apoiará o engano.

Couraça da justiça

Após falar do cinturão da verdade, Paulo diz que o crente deve vestir a couraça da justiça (Efésios 6.14). A couraça era um traje feito de metal ou um combinado de couro duro, e que protegia o tronco do soldado, onde estavam o coração e outros órgãos vitais.
Como já foi exemplificada aqui, a couraça da justiça fala da própria justiça de Cristo imputada no crente. Mas essa justiça imputada obviamente irá conduzir o crente a uma justiça prática e diária.

Calçados com o Evangelho da paz

Paulo diz: “Calçai os pés com a preparação do Evangelho da paz” (Efésios 6.15). Os soldados romanos usavam calçados feitos de couro duro com o solado cravejado com pregos agudos. Esses calçados davam estabilidade ao soldado, pois se prendiam ao chão.
Ao usar a analogia do calçado do soldado como figura da prontidão do Evangelho da paz, o apóstolo fala da segurança, da confiança e do conforto que há nas boas novas da reconciliação com Deus pela obra de Cristo. O crente só pode lutar na batalha espiritual se tiver em paz com Deus através de Cristo.

Escudo da fé

O crente deve estar embraçando sempre o escudo da fé, com o qual ele poderá apagar os dardos inflamados do Maligno (Efésios 6.16). Paulo aqui usa a figura do escudo romano retangular que tinha pouco mais de um metro de altura. Ele era grande o suficiente para cobrir todo o corpo do soldado que se escondia atrás dele.
Esses escudos muitas vezes eram umedecidos para poder apagar as flechas incendiárias lançadas pelos inimigos. Paulo compara essas flechas que causavam grande estrago com as tentações lançadas por Satanás contra os crentes. Mas a plena confiança em Deus e em Sua Palavra é um escudo eficaz contra essas setas. A fé salvadora é o escudo forte do crente.

Capacete da salvação

O texto bíblico diz que o crente deve tomar o capacete da salvação (Efésios 6.17). Nem é preciso explicar o quão importante é o capacete para um soldado num campo de batalha. Na armadura de Deus, o capacete é o capacete da salvação.
Um dos principais intentos de Satanás é lançar dúvidas quanto à salvação do crente. Mas equipado com o capacete da salvação, o Cristão permanece firme nas promessas de Deus acerca da segurança eterna de sua salvação.

Espada do Espírito

Vestido com o capacete da salvação, o crente também deve estar empunhando a espada do Espírito. Naquele tempo, a espada era a arma mais eficaz de um soldado da infantaria. Nenhum soldado ia para o campo de batalha sem portar uma espada.
Assim também deve ser o crente na batalha espiritual. O tipo de espada usada por Paulo em sua analogia era uma arma curta e letal, usada tanto para se defender quanto para atacar. O próprio apóstolo claramente explica que a espada do Espírito é a Palavra de Deus (Efésios 6.17).

Como vestir e usar a armadura de Deus?

O apóstolo Paulo termina sua analogia sobre a armadura de Deus ensinando como o cristão pode vestir essa armadura. Ele diz que é somente por meio de ter uma vida de oração que o crente pode estar devidamente equipado com a armadura de Deus e pronto para a guerra espiritual.
Já dissemos que o cristão nada pode fazer por suas próprias forças. A fonte de sua força é o poder do próprio Deus. Assim como um soldado deve estar em completa comunhão com seu comandante através de uma comunicação apropriada, o crente deve estar em plena comunhão com Deus através da oração.

O apóstolo ainda é bem específico em falar sobre como deve ser a vida de oração do soldado de Deus. Ela deve incluir orações e súplicas, isto é, uma variedade que inclui adoração, ação de graças, confissão, intercessão e petição. Quanto à frequência, ela deve ser em todo tempo.
A vida de oração daquele que veste a armadura de Deus deve ser no Espírito. Isso significa que a oração do crente deve estar submissa e alinhada à vontade de Deus. Paulo ainda aponta a vigilância como o modo que caracteriza a vida de oração do cristão, e fala da necessidade da perseverança.
Então vestido da armadura de Deus, os alvos da oração do crente deve ser “todos os santos” (Efésios 6.18). Num campo de batalha, um bom soldado sempre deve ser solidário, encorajador e comprometido aos companheiros que lutam ao seu lado. Então que possamos entender esta urgente verdade bíblica, e que tomemos posse cada vez mais da armadura de Deus que nos foi providenciada por Ele.